sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Síndrome de Down: um cromossomo a mais. De mais amor e mais carinho

Mães e pais de portadores da SD falam dos obstáculos e dos prazeres de ter um filho ou filha com o tempo diferente

Benjamin durante a aula de natação: com seu nascimento a mãe aprendeu a entender a relação diferente com o tempo dos filhos. “Benjamin me ensinou a ser mãe” (foto: Valquir Aureliano)
Benjamin tem 2 anos e não costuma faltar as aulas de natação às quartas-feiras pela manhã. Quem o observa de longe não percebe nada de diferente. É apenas um menino correndo para a piscina como as demais crianças da turma, que fazem a maior festa ao cair na água. “E não há mesmo, exceto pelo fato dele ter um tempo diferente para aprender as coisas e é muito fofinho, com aqueles olhinhos puxadinhos, comuns ao fenótipo down, e sempre muito brilhantes e sorridentes”, afirma a mãe orgulhosa.
Psicóloga por formação, Camila Guimarães, revela que o amor que sente pelo filho sempre foi o mesmo, mas no começo não era simples ser mãe de Benjamin. Ela revela que a referência que tinha sobre a Síndrome de Down (SD) era a pior possível, pois como é do interior, antigamente as pessoas se referiam ao down como mongoloide e simplesmente os escondiam. 
Da adolescência, Camila tem a memória de sempre passar correndo em frente à casa de um vizinho, quando saia da escola e ia para casa. “Ele sempre saia correndo atrás de quem passasse pela rua”, diz. “E foi essa a primeira coisa que veio à minha cabeça quando soube que meu filho era down”, relata ciente de que, apesar da evolução da sociedade, essa é ainda a visão de uma grande parcela da população a respeito da Síndrome de Down.
Camila afirma que o maior desafio de ter um down está neste “pré conceito” e na habilidade dessa mãe — ao mesmo tempo que trabalha dentro de si as referências que traz —, conseguir enxergar no filho apenas um bebê e ser para ele a sua mãe. “Um bebê que como qualquer outro precisa ser acolhido, aceito e respeitado”, explica.
A profissional que hoje trabalha como voluntária no Laboratório da Síndrome de Downs da América Latina, que funciona no Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e presta atendimento a familiares e as crianças portadoras da síndrome, reconhece que esse processo não é simples. E por mais esclarecida que uma mãe seja não tem como ela não sentir medo, pois faz parte da natureza das mães terem temor pelo futuro dos filhos.
Buscar informações para saber de que modo ela poderá atender as necessidades deste bebê é o caminho mais acertado. “É nele que essa mãe consegue desmistificar conceitos, desembaralhar o seu futuro e de seu filho”, diz. “Mas não é fácil, é preciso respeitar o tempo de luto, de entender que não precisamos atender às expectativas dos outros, mas as nossas e a de nosso filho e todo esse processo demora cerca de um ano”, conta.
Camila conta que os medos em relação a Benjamin cessaram após a festa de primeiro ano do filho. “Lembro que meu pai perguntou o que queria para o Benjamin e eu disse que uma grande festa de um ano”, relata. “Foi ali que comecei a distender, a deixar os medos de lado, viver e a ser mãe de verdade de meus filhos”, conta.
Hoje, ela resume à chegada de Benjamin a necessidade “dela” apreender a ser mãe. Camila conta que sempre foi meio perfeccionista e era deste modo, quase tirano, que levava a educação do filho mais velho, Henry que tinha quatro anos quando Benjamin nasceu. “O Benjamin me ensinou a ser mãe, apenas mãe. A ter uma relação diferente com o tempo e com os meus filhos”, diz.
Camila diz que quando perguntam a ela como é ser mãe de um down, ela costuma dizer que é como planejar férias para a Itália, comprar a passagem e descobrir já no desembarque que a operadora se enganou e, ao invés da Itália, a viagem vai para a Holanda. “Os dois países são maravilhosos e oferecem uma infinidade de possibilidades para aquela pessoa que esquecer que iria para a Itália e resolver apenas aproveitar a viagem”.
Bem Paraná

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Curso gratuito de Braille para multiplicadores


Mãos de uma pessoa com deficiência visual "lendo" um livro em Braille.

A ADEVA vai realizar um curso de Braille dirigido a pessoas que enxergam e que tenham interesse em ensinar este sistema de escrita e leitura tátil.
As inscrições estão abertas e devem ser feitas até o dia 4 de março, com Márcio Spoladore, das 8h às 15h, pelos tels. (11) 5084-6693 / 5084-6695.
Dias e horários: oito encontros, às sextas-feiras, das 13h30 às 16h30.
Carga horária: 24 horas.
Início: 6 de março de 2015.
Local: Centro de Treinamento da ADEVA, na rua São Samuel, 174, V. Mariana, São Paulo (SP), próximo da estação Santa Cruz do metrô.
Conteúdo programático: Histórico do sistema braille, alfabeto braille, o sistema braille no Brasil, a produção braille, a leitura braille, o sistema braille integral, roteiro para o aprendizado do sistema braille integral, letras simples, letras acentuadas, pontuações, sinais gráficos, normas de aplicação do sistema braille, dinâmica de leitura e escrita braille, técnicas de transcrição, Código Matemático Unificado (CMU), abordagem histórica, observações importantes a respeito do CMU, roteiro para o aprendizado do CMU, representação dos algarismos, prefixos alfabéticos, símbolos operatórios, números ordinais, números romanos, números fracionários, números decimais, símbolos unificadores e parênteses auxiliares, teoria de conjunto, símbolos de potência, símbolo de raiz, símbolos de medida, símbolos diversos.
 Fonte: site Rede Saci.

Equoterapia ajuda crianças com paralisia, autismo e síndromes

Daniela Venerando 
Do UOL, em São Paulo

  • Arthur Silva Nascimento, de seis anos, durante sessão de equoterapia
    Arthur Silva Nascimento, de seis anos, durante sessão de equoterapia
Com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, Arthur Silva Nascimento, de seis anos, não andava antes de praticar a equoterapia, método terapêutico que utiliza o cavalo para reabilitar pessoas com deficiência física, paralisia cerebral, autismo, síndromes variadas, além de vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
"Ele vivia curvado com o queixo no peito e só se arrastava no chão. Graças à equoterapia, meu filho hoje anda e brinca com os colegas da escola", conta a atendente Maria Aparecida Nascimento, 39 anos, mãe de Arthur, que conseguiu andar com ajuda de um andador após um ano e meio de terapia. Quando completou quatro anos e meio, ele já andava sem o apoio.
Segundo Alessandra Vidal Prieto, fisioterapeuta da Associação Nacional de Equoterapia, em Brasília, "nenhum aparelho na melhor clínica do mundo produz uma resposta tão rica e rápida como o cavalo".
A fisioterapeuta explica que o animal, do ponto de vista motor, oferece o movimento tridimensional, ou seja, a cada passo, a pessoa movimenta-se para direita e para esquerda, para cima e para baixo, para frente e para trás, ao mesmo tempo.
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Donos contam como suas vidas mudaram com a chegada de bichos de estimação10 fotos

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O advogado Renato Waldomiro Liserre Jr, 43, de Campinas, tem um Golden Retriever, o Branco, de três anos (presente da namorada, Simone Sautchuk). "Como eu a chamo de Branca, dei o nome de Branco para o cachorro. Ele é de uma raça que desperta a atenção das pessoas, que acabam se aproximando para conversar. Foi assim que fiquei sabendo da ONG Atec (Instituto para Atividades, Terapias e Educação Assistida por Animais de Campinas). Lá, o Branco passou por exames e começou a atuar como co-terapeuta. O primeiro caso dele foi uma menina de oito anos com retardo mental. Foi como um preparativo para a chegada do meu sobrinho Pedro, de um ano e três meses, que tem síndrome de Down" Ricardo Lima/UOL
"As crianças que nunca tiveram oportunidade de andar vão se perceber pela primeira vez em um movimento tridimensional, que é 95% semelhante ao andar do homem. E assim elas têm a sensação de estarem realmente andando.  A gente brinca que são trocadas duas pernas paralisadas por quatro patas móveis", diz a equoterapeuta Andrea Ribeiro, coordenadora da Walking Equoterapia, em São Paulo.
A atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, além do desenvolvimento na linguagem.
"A cada aula de 30 minutos, o praticante recebe cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais, que são enviados pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Nesse processo ocorrem as sinapses e a formação de novas células nervosas. Após quatro meses, acontece uma mudança em toda a arquitetura cerebral de tantas células nervosas que surgiram", explica Andrea.  
Todos esses ganhos são ainda mais potencializados com o acompanhamento da equipe multidisciplinar formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos, instrutores de equitação, além de um médico responsável pelo centro de equoterapia.
Leonardo Soares/UOL
Amanda Oliveira, de cinco anos
Durante a aula, estes profissionais estimulam de forma lúdica os exercícios. Foi dessa maneira que Amanda Oliveira Ribeiro, de cinco anos, aprendeu a falar aos dois anos e meio de idade, após seis meses de tratamento.
"A melhora foi fenomenal. Antes, ela não falava e tinha o lado esquerdo do corpo paralisado. Hoje, a gente brinca que ela fala mais do que a boca. Ela se locomove com a ajuda de um andador, após dois anos de tratamento. E tenho esperança de que ela um dia vá andar", afirma Vanilda de Oliveira, de 46 anos, mãe de Amanda.
Após a aula, a criança alimenta o cavalo e o leva de volta à baia. Ou seja, aquele que é cuidado passa a cuidar.
A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e poderoso é outra vantagem do tratamento.
Existe uma frase que é muita conhecida por pessoas que trabalham com equitação e é atribuída ao comportamento dos cavalos: "eu te aceito do jeito que tu és", diz Andrea. Uma lição que todos nós deveríamos propagar. 

Onde encontrar a equoterapia?

São 300 centros de equoterapia espalhados pelo país, onde já foram atendidos 60 mil praticantes, de acordo com a Associação Nacional de Equoterapia. Em Brasília, na sede, as aulas são gratuitas; nas outra unidades é preciso verificar. 
Algumas escolas são pagas e outras, como a Walking Terapia, oferece 70% das aulas gratuitamente. Os outros 30% pagam pelo serviço, que custa R$ 360 por mês.
Para não aumentar a fila de espera, a Walking e muitos outros centros disponibilizam cartas de apadrinhamento, que podem ser pagos por empresas ou pessoas físicas.
É importante que o centro tenha um médico responsável (muitos não têm) para fazer uma avaliação rigorosa na criança, já que há contraindicação nos casos de epilepsia, luxação de quadril, doenças degenerativas, osteoporose grave, entre outros. 
Abaixo, veja a lista de sites de alguns centros especializados. No site da Associação Nacional de Equoterapia há uma lista completa dos filiados de todo o Brasil. 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

R$ 200 milhões em emenda de bancada de parlamentares do Rio de Janeiro para a construção de centros de referência para diagnóstico e tratamento pessoas com doenças raras no estado.



Anunciei com muita alegria agora há pouco no seminário do #DiaMundialDeDoençasRaras a destinação de R$ 200 milhões em emenda de bancada de parlamentares do Rio de Janeiro para a construção de centros de referência para diagnóstico e tratamento pessoas com doenças raras no estado. A ideia é começar no Rio é expandir em rede para todo o Brasil. 

Estamos aqui com um auditório cheio de pacientes, familiares, senadores, deputados e associações buscando saídas para melhorar nossa saúde. Infelizmente, por mais um ano, o ministro da Saúde não compareceu.

Confere lá no site a matéria sobre o centro:http://www.romario.org/news/all/romario-anuncia-recursos-para-rede-atendimento-pessoas-com-doencas-raras/

Confira 7 apps para crianças deficientes

ndependente do grau de proximidade com uma criança deficiente, é sabido de sua falta de agilidade para muitas atividades. Mas novas ferramentas digitais prometem facilitar a vida desses pequenos.
Divulgação
Divulgação
Site Belicosa separou apps que facilitam a vida de crianças com deficiência
Cão Guia – É navegação assistida para deficientes visuais que se direcionam através da geolocalizacao via smartphone. Fácil é indicado para adultos e crianças.
Short It Out – App que estimula a percepção visual dos pequenos pela interatividade de jogos.
Built it up – Auxilia o aprendizado da matemática com jogos pedagógicos digitais.
Let’s create – Interatividade visual que incentivam a percepção cognitiva aero espacial.
Hand Talk – Destinado a comunicação, facilita a interatividade pela linguagem em Libras.
Built a Toy – Estimula a criatividade no brincar. Ja que a crianças tem que construir seu próprio brinquedo para jogar.
Baby Chef – Através do universo da culinária incentiva crianças com pouca percepção das formas a se familiarizar com os alimentos. Brincando.
Families I e II – Jogos interativos estimulando as habilidade motoras e visuais dos deficientes, bem como crianças menores de 3 anos.
Para quem é fluente ou entende um pouco de inglês coloque a palavra “Disabilities” no buscador de aplicativos do seu ipad ou smart phone que encontrará uma infinidade de app que ajustaram o desenvolvimento das crianças com deficiência motora ou mental.

https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/sem-categoria/indicacao/confira-7-apps-para-criancas-deficientes/

Lei obriga prédios com elevador a terem cadeira de rodas em Santos

Não cumprimento da lei poderá gerar uma multa R$ 1 mil.
Sindicato dos Condomínios não aprovam a exigência.

Mariane RossiDo G1 Santos
Prédios com elevador devem ter cadeira de rodas (Foto: Mariane Rossi/G1)Prédios com elevador devem ter cadeira de rodas (Foto: Mariane Rossi/G1)
Todos os prédios com elevadores em Santos, no litoral de São Paulo, já são obrigados a manterem cadeiras de rodas em suas dependências. A lei nº 864/2014 foi publicada em dezembro de 2014 no Diário Oficial e os condôminos tiveram 45 dias realizar todos os processos de adaptação.

O projeto de lei foi de autoria do vereador Ademir Pestana (PSDB). Ele conta que a ideia surgiu de uma experiência pessoal. Segundo ele, a cadeira facilita a remoção do morador que precisa de assistência médica. “A cadeira poderia ser utilizada por pessoas diabéticas, que tiveram um AVC, uma trombose”, comenta ele. Mas, o vereador esclarece que a cadeira de rodas não tira a necessidade de socorro por parte do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), que é treinado para fornecer esse tipo de serviço médico.
Vereador Ademir Pestana foi o autor do projeto de lei (Foto: Mariane Rossi/G1)Vereador Ademir Pestana foi o autor do projeto de
lei (Foto: Mariane Rossi/G1)
Prédios com elevador precisam se adequar a nova lei (Foto: Mariane Rossi/G1)Prédios com elevador precisam se adequar a nova
lei (Foto: Mariane Rossi/G1)
Rubens José Reis Moscatelli, presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), diz que os condomínios não foram consultados sobre a lei. Ele entende que era preciso fazer audiências públicas e discutir a questão com a comunidade afetada. “Fomos pegos de surpresa como a maioria das pessoas. A preocupação não é o custo da cadeira, mas sim a sua manipulação”, disse ele. Para ele, a responsabilidade de ter uma cadeira de rodas não é do condomínio até porque não há pessoas treinadas para usar a cadeira e fazer o socorro do paciente. “Isso esta transferindo a responsabilidade para o condomínio. Ou vem preparado para fazer o resgate ou não vem”, falou.

De acordo com dados do Sicon, Santos tem 6 mil condomínios, sendo que apenas 10% não possuem elevador, o que significa que a lei irá atingir a maioria dos prédios da cidade. “As pessoas ainda estão muito desinformadas, não sabem da lei”, comenta Moscatelli. Os condomínios terão que se adaptar. O não cumprimento poderá gerar uma multa R$ 1 mil a ser cobrada em dobro em caso de reincidência. 

O condomínio Maison Cartier já tem cadeira de rodas. O síndico do prédio, o empresário Luiz Carlos dos Santos, diz que a administradora informou que seria necessário adquirir a cadeira por conta da lei municipal. A cadeira de rodas foi comprada por pouco mais de R$ 1 mil.

Apesar disso, o síndico acredita que ter a cadeira de rodas é uma exigência falha. “Antes da cadeira de rodas deveria ter outros equipamentos como, por exemplo, uma maca. Em nenhum acidente você remove com cadeira de todas, mas com uma maca”, diz ele. A cadeira comprada pelo prédio ainda está na caixa, já que não precisou ser usada. E, na opinião do síndico, não terá muita utilidade. “Acredito que nem seja usada. Pelo menos não para a remoção de acidentados. Para mim, é uma lei falha”, reafirma.
G1 entrou em contato com a Prefeitura de Santos que, por meio de nota, informou que nessa primeira etapa irá  produzir material informativo para uma ampla campanha de divulgação da lei entre os condomínios de Santos. Somente após essa campanha,  a Prefeitura irá iniciar a fase de notificação e autuação de eventuais descumprimento da lei. A previsão é para que a campanha comece na segunda quinzena de março. A Prefeitura fará a fiscalização por meio das Subprefeituras.

Programador cria app para ajudar deficientes físicos.

João Santiago de 23 anos foi um dos participantes de uma Maratona de Negócios promovida pelo Sebrae na Campus Party 2015.
FOTO: Ligia Aguilhar/Estadão
FOTO: Ligia Aguilhar/Estadão
Ele participou da competição com o app que criou para ajudar pessoas que assim como ele usam cadeira de rodas. O app Dá para ir? é colaborativo e fornece informações sobre a acessibilidade de diferentes estabelecimentos, além de listas com as regiões mais acessíveis de diversas cidades brasileiras.
A ideia surgiu quando João Santiago, desenvolvedor do aplicativo e deficiente físico, precisou ir à um bar e ficou com medo por não saber se o local portava as condições necessárias ao seu acesso. Assim, Dá Pra Ir é um aplicativo que oferece as informações sobre recursos de acessibilidade sobre determinado lugar, seguindo as normas e leis brasileiras. Retirando os locais do Foursquare e Google Place, o deficiente irá verificar o nível de acessibilidade, listas das regiões mais acessíveis da cidade e informações sobre direitos e deveres.
Com a mãe, Eliza Santiago (E), e a mentora, Juliana (D). FOTO: Ligia Aguilhar/Estadão
Com a mãe, Eliza Santiago (E), e a mentora, Juliana (D). FOTO: Ligia Aguilhar/Estadão
“As pessoas acham que eu sou retardado por falar diferente”, diz. “Eu tento relevar porque eu sei que eles são limitados e eu tenho um entendimento melhor do que o deles”, diz com um sorriso.
Encantada com a história do garoto, Juliana Glasser fez sua equipe passar a madrugada de quarta para quinta-feira ajudando João a colocar o app no ar.
DaPraIr
DaPraIr
O app é free e você ainda com um site oficial Dá para ir?TwitterFacebook e Instagram.
Ligia Aguilhar autora da matéria ressalta que João
aprendeu a programar sozinho aos oito anos de idade,
lendo tutoriais na internet. Esse cara aí faz a diferença,
é um exemplo e inspiração para muitos desenvolvedores como eu.
✎ Estadão

DEVOTES – PESSOAS QUE SENTEM ATRAÇÃO POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Devoteísmo é um assunto complexo e controverso, no entanto, o debate é necessário. É um tema pouco discutido e pesquisado, talvez por tratar-se de um assunto em que uma discussão poderia cair em uma areia movediça, pois é um tema cheio de incertezas. Acredito que muitas pessoas nunca ouviram falar desse termo.
Devotee
Devotee ou devoto, segundo dicionário americano, significa aquele ardentemente devotado a algo ou a um defensor entusiasta. No dicionário brasileiro significa aquele que denota devoção ou um admirador. Dessa forma, penso que no campo da deficiência significa indivíduo ardentemente devotado ou defensor de pessoas com deficiência. Partindo dessa premissa, enquanto pessoa com deficiência, entendo que meus pais, irmãos, familiares e amigos são devotees. Se essas pessoas devotam um amor tão grande por mim e são defensores desse segmento da sociedade, logo são devotees.
Assim como devotees sentem amor paternal, maternal ou fraternal pela pessoa com deficiência, certamente eles também sentirão atração física ou paixão por essas mesmas pessoas. Então, entendo que meus ex-namorados sem deficiência são devotees. A partir dessa linha de pensamento, concluo que felizmente há milhares de devotees no mundo, que há milhares de pessoas que sentem prazer em se relacionar ou conviver com as diferenças individuais, que há diversas pessoas que apreciam a diversidade humana e as singularidades de cada corpo.
Ao meu ver, devotees sentem atração e desejo como qualquer outra pessoa sente por alguém que esteja fora do padrão de beleza idealizado pela sociedade ou até mesmo por uma questão de dizer não ao conservadorismo. Assim como há homens ou mulheres que sentem atração por pessoas muito altas ou muito baixas, muito gordas ou muito magras ou sentem atração pela pessoa do mesmo sexo, há os devotees que sentem atração por pessoas com deficiência. Acredito que cada pessoa é livre para fazer sua escolha.
Como há devotees interessados na pessoa com deficiência, com a intenção de um relacionamento efêmero ou duradouro, há também devotees interessados somente em satisfazer seus prazeres, seus fetiches, suas obsessões… Esses indivíduos estão interessados mais na deficiência do que na pessoa, certamente são casos patológicos e precisam ser tratados. Nesse caso a própria pessoa com deficiência deve ser cautelosa, a fim de evitar o envolvimento com essa pessoa. Se a pessoa com deficiência gosta de si mesma e se valoriza, certamente ela avaliará cuidadosamente a pessoa com quem pretende se envolver. Isso é muito importante. Quero ressaltar que assim como há devotees obsessivos e compulsivos, há também homens ou mulheres que não são devotees e têm a mesma doença.
Como disse no início do texto, há pouquíssima pesquisa sobre esse tema no Brasil. Entre os que conheço há o estudo da jornalista Lia Crespo. Seria muito interessante se houvesse mais pesquisadores interessados nesse assunto tão pertinente.
Para finalizar, no meu entendimento, não podemos afirmar que todo devotee que sente atração física por uma pessoa com deficiência é um predador, insensível e perverso. Como também acredito que a palavra “devotee” não pode ser rotulada como algo pernicioso. Tudo deve ser devidamente ponderado. Como tudo na vida, precisamos separar o joio do trigo.
E você, caro leitor, o que pensa a respeito disso tudo?
[ Fonte – APNEN ]

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Pier Cesare Rivoltella: "Falta cultura digital na sala de aula"

Especialista em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão diz que a tecnologia e seu conteúdo devem fazer parte do dia a dia escolar

Débora Didonê (novaescola@fvc.org.br)


Pier Cesare Rivoltella. Foto: João Santos
Pier Cesare Rivoltella
O Brasil ainda engatinha quando se fala em inclusão digital nas escolas públicas. Até o ano passado, das 143 mil instituições de Ensino Fundamental do país, cerca de 17 mil contavam com laboratórios de informática, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Porém cresce nas faculdades de Educação a preocupação em formar profissionais preparados para lidar teoricamente com a linguagem das novas mídias e seu significado nas salas de aula. É para apoiar projetos como esse que o filósofo italiano Pier Cesare Rivoltella - , especialista em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão, na Itália, visita o Brasil com freqüência. Ele orienta pesquisas sobre a relação entre jovens e internet do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde também dá aulas sobre Mídia e Educação, e acompanha pesquisas de mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina.

Para Rivoltella, os meios de comunicação dão impulso à inovação do ensino. "É a troca da abordagem tradicional - baseada na fala do professor à frente da sala de aula - pelo uso de mídias que favoreçam o trabalho em grupo mais ativo, dinâmico e criativo em todas as disciplinas." O especialista, que também forma docentes da rede pública italiana, ainda sente uma certa resistência cultural quando se fala em tecnologia na sala de aula. "Os professores não são formados para lidar com elas", afirma. No Brasil, o cenário não é muito diferente. "As experiências, geralmente, são voltadas para o conhecimento técnico dos meios de comunicação, não o crítico."

Como os jovens se relacionam com as novas tecnologias?Pier Cesare Rivoltella Uma das maiores características desse público é o que chamamos de uma disposição multitarefa. Ele responde às mensagens do celular, ouve música no iPod, vê TV e fala com os amigos no Messenger - tudo ao mesmo tempo. Da mesma forma, ele sabe que acessar a internet pelo computador de casa ou pelo telefone celular é muito diferente. O computador, geralmente, é de toda a família e fica na sala. O celular é pessoal. Além disso, o jovem de hoje reconhece as especificidades de cada tecnologia e se adapta a elas. Ele pode sair pela cidade enquanto olha a tela do celular - o que é impossível na frente da tela de um computador. Fazer tudo isso simultaneamente é uma característica típica das novas gerações. Por um lado, isso lhes confere uma elaboração cognitiva muito rápida. Por outro, acaba deixando-os na superficialidade, pois não dá tempo de se aprofundar nos assuntos.

Como as escolas se relacionam com esses jovens?Rivoltella Mal, muito mal. Hoje, as novas gerações estão completamente ligadas à tecnologia e aos meios de comunicação. Elas fazem parte de uma cidade que não é só real mas também digital. E nesse espaço você não é brasileiro nem italiano. Os jovens de hoje são criados numa sociedade digital. Por isso, educar para os meios de comunicação é educar para a cidadania. Daí vem a urgência de a escola se integrar a essa realidade.

O que significa dizer que a mídia deve fazer parte do cotidiano da escola?Rivoltella Que ela deve permear os processos de ensino e aprendizagem, como acontece com a escrita. O papel do professor que usa a tecnologia é parecido com o do diretor de um filme. Trata-se de um professor-diretor, que não se limita a falar, mas passa a direcionar o uso dos meios de comunicação pelos alunos.

Qual a melhor forma de levar o tema mídia para a sala de aula?
Rivoltella
 Como um tema transversal. Alguns pesquisadores defendem a criação de uma disciplina específica, mas já está provado que isso não funciona. Se apenas um professor responde pelo conhecimento da tecnologia e da mídia (como ocorre em muitas escolas que têm salas de informática), os outros tendem a se desinteressar pelo assunto. E, para ser eficaz, esse trabalho precisa ser feito em equipe. O professor de Língua Portuguesa trabalha com a análise do texto e o uso da linguagem na mídia. O de Arte, com a dimensão expressiva dos meios. O de Tecnologia, com as ferramentas. O de Matemática, com a representação da disciplina nos diferentes meios de comunicação. E assim por diante.

O professor que não fizer isso vai ficar para trás?Rivoltella Sim, já está ficando. E digo isso porque ele não compartilha com os alunos a mesma cultura, o que gera um abismo entre eles. A pior conseqüência disso é não conseguir estabelecer um diálogo educativo. Aqui, na Europa, é comum o professor ver os meios de comunicação como uma cultura popular e de baixo nível, em oposição aos livros, que são a alta cultura. No Brasil, me parece, a questão é outra: muitos educadores não têm sequer acesso a elas. Nesse caso, a situação é ainda pior.

Como os professores se relacionam com as novas mídias?Rivoltella Uma pesquisa que fizemos em 2006 revelou que 18% dos professores italianos só usam a internet para fazer pesquisas. Eles também não debatem com os alunos os problemas culturais ligados às novas tecnologias - ou porque não entendem que isso interessa a eles, ou porque não se consideram preparados para isso. Na escola, a tecnologia ainda é vista como um perigo, não como uma aliada.

O que o professor precisa para explorar as tecnologias em sala de aula?Rivoltella Precisa saber fazer análises críticas e organizar atividades de produção usando essas tecnologias (e também os meios de comunicação). Os computadores e celulares deixaram de ser apenas ferramentas de recepção. Hoje, são também de produção. Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com um celular e publicá-los na internet. Qualquer um pode editar e produzir conteúdo. Há cinco anos, éramos apenas consumidores de conteúdos prontos. Da mesma forma, é importante o professor organizar palestras e oficinas de produção multimídia, conhecer as linguagens da mídia, saber utilizar uma câmera e dominar a dinâmica dos textos na internet, com seus links para outros textos. Na Itália, trabalhos como esse são feitos nas disciplinas de Arte e Língua Italiana no Ensino Fundamental.

Os cursos de graduação em Pedagogia têm a preocupação de preparar os professores para lidar com as novas tecnologias?Rivoltella Na Itália, ainda não temos um curso de graduação que forme mídia-educadores - isso só existe em nível de mestrado e doutorado. No Brasil, essa preocupação parece ser maior. Na faculdade de Educação da PUC de São Paulo, há estudos sobre o tema desde meados dos anos 1990. O mesmo ocorre na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A PUC do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Santa Catarina também têm disciplinas de Mídia e Educação nos cursos de graduação em Educação. E acompanho projetos como orientador do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia da PUC carioca.

O que um curso desse tipo deve oferecer aos futuros professores?Rivoltella Em primeiro lugar, é essencial definir objetivos e metodologias para uma formação que abranja todos os meios de comunicação. Isso permite que o professor, quando passar a dar aula, saiba em que momento deve usar cada mídia com os alunos, o que facilita muito seu planejamento. Ele também precisa conhecer teorias da comunicação e da recepção e metodologias de pesquisa, como técnicas de entrevistas. E, finalmente, o curso deve ensinar a avaliar. Em mídia-educação, provas objetivas não permitem a mensuração do que o aluno vê numa imagem. É preciso observá-lo vendo TV. Analisar o comportamento no contexto real em que ele lida com a mídia ajuda o professor a perceber comportamentos reais e a propor debates e discussões.

Ao mesmo tempo, o senhor defende a criação de um novo tipo de profissional, o mídia-educador. Qual o papel dele?
Rivoltella
 Ele é um especialista no tema. Tem competências nas áreas de Comunicação e Pedagogia e, na escola, ajuda a formar os professores das outras disciplinas e atua em conjunto com eles no aprofundamento do trabalho educativo com os meios de comunicação. Na Europa, os mídia-educadores vêm da Comunicação e da Pedagogia - ou se formam em cursos como o de Mídia e Educação, que dirijo desde 1999. Eles já atuam em algumas escolas públicas italianas, embora o Ministério da Educação não tenha posição oficial sobre a questão. Muitos são consultores de escolas, sobretudo nas que têm autonomia financeira.

Muitos defendem que esse mídia-educador ajude a aprimorar a programação infanto-juvenil.Rivoltella Eu estou entre eles. O mídia-educador é o profissional que tem competências pedagógicas para preservar os valores e a ética necessários na produção audiovisual direcionada ao público infanto-juvenil. Há tentativas de inserir o mídia-educador nos canais de TV italianos, mas as empresas ainda estão completamente voltadas a interesses econômicos.

No Brasil, ainda há muita resistência ao uso da tecnologia na escola.Rivoltella Isso é muito ruim porque o Brasil fica para trás nessa questão que é crucial. Na Europa, ela já foi amplamente superada, pelo menos no que diz respeito a computadores. O que falta é formar professores que dominem as relações entre mídia e Educação. Hoje, o que existe é uma competência instrumental, o mínimo necessário para desenvolver um pensamento crítico sobre a internet, por exemplo.

Como atuar numa escola sem TV, DVD, computador?
Rivoltella É possível desenvolver bons trabalhos usando meios como a escrita e a fotografia. Até as rádios comunitárias, que são muito comuns no Brasil, podem ser bem aproveitadas em sala de aula.
Quer saber mais?
Contato
Pier Cesare Rivoltella, piercesare. rivoltella@unicatt.it

Internet
No site wwwusers. rdc.puc-rio.br/ midiajuventude, você encontra estudos do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia, da PUC-RJ.

Leia nos portais omero.unicatt.it e www.mediappro.org (ambos em italiano) artigos e pesquisas sobre mídia e Educação. 
Em www.medmedia education.it, você conhece a associação criada para disseminar práticas educativas sobre mídia na escola (em italiano). 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/pier-cesare-rivoltella-falta-cultura-digital-sala-aula-609981.shtml