quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Namoro entre PCs

  




                                                Namoro entre PCs



Para nós, até namorar é difícil !!! Um simples beijo... Não podemos abraçar juntos, corremos o risco de dar uma cabeçada ou uma braçada de esquerda. Essa é a maneira de namorar, recheada de emoções e algumas desconexões minhas devido aos meus movimentos involuntários.
Agora a desconexão do meu namorado é outra. Quando se emociona  estica-se todo e assim ele me prende, seria no caso uma luta de May Tay  ou vale tudo. Uma tesoura! Tudo isso pela desconexão dos pares.
Quando estamos emocionados ou com medo de algo ou alguém as reações são similares. Imagine na hora de seguirmos em frente. Fazer sexo como é... Complicado kkkk. Afinal para nós fazermos qualquer coisa é mais difícil do que as outras pessoas comuns desde a hora de levantar até a hora de deitar, mas com tantos desafios procuramos ser felizes por que temos o amor e o apoio de todas as famílias, parentes e amigos pois junto conosco apostaram no nosso amor ,com isso ganharam  mais parceiros para socializar nossas diferenças. Juntos somos mais fortes!!!
Bem, quanto ao preconceito daqueles que acham pelo fato de sermos deficientes motores não manifestarmos nossa sexualidade por termos dificuldades motoras estão enganados, na verdade outros seres humanos  possuem também dificuldades, problemas de relacionamentos potencialidades e capacidades para amar.
Temos muitas dificuldades sim! Mas amar não é físico e disso nós entendemos melhor que muitas pessoas que julgam ser “normais”.
Evidente que o um dos parceiros que tenha mobilidade para carregar o outro no colo não torna uma maneira facilitadora para o deslocamento ou possíveis outros movimentos, uma ideia genial principalmente quando envelhecemos. Mas quando o amor acontece entre nós não existe nada e nem ninguém para nos separar. Afinal SOMOS TODOS IGUAIS PERANTE DEUS!!!

Este depoimento é de nossa amiga e colaboradora do Futuro está Aqui, Jusssara Molina,48 e do seu namorado Carlos. Uma relação de comprometimento há mais de 20 anos.
Somos prova dessa parceria, respeito mútuo, paciência, exemplo para muitos casais, pois fortaleceram dessa união para viverem de um jeito moderno cada qual em sua casa, com a colaboração das famílias para propiciar a convivência nos grupos coletivamente ou reservar os momentos privativos e comemorativos a cada data significativa (Dia dos Namorados, Dia do ínicio do relacionamento, aniversários, Natal, enfim simplesmente aquele dia que bate a saudade).
Parabéns Jussara Molina e Carlos Roberto Jans,43 que neste mês comemoram uma união que começou bem antes do namoro, na primeira infância, quando surgiram as descobertas da escrita.




Do Amor considerações de Amauri Nolasco Sanches

"A pergunta inicial poderia ser: o que é o amor? Sensação muito estranha que nos envolve com seu suave véu, mas que nos faz refletir sobre as inúmeras sensações que nos envolvem. No dicionário está que o amor é um sentimento que induz a aproximação a aquele que sentimos atração, ou um sentimento que faz nós protegermos quem nós temos atração ou afinidade. Eu descordo com essa definição do dicionário na matéria da atração – muito embora temos essa atração por quem amamos – mas parece que o amor só há a libido e não há só, também há afetividade e deve haver afinidade. Onde começa essa afinidade? Na comunicação um com o outro, no dialogo."

https://www.facebook.com/amauri.n.sanches


Entrevista com a coordenadora de Projetos de Inclusão da SMPED, Márcia Marolo


Márcia Marolo é pedagoga e atua há 25 anos em projetos voltados para pessoas com deficiência.

Imagem do post
Márcia Marolo, coordenadora de Projetos de Inclusão.
À frente da Coordenadoria de Projetos de Inclusão (CPI), Márcia Marolo explica o funcionamento do setor, que integra a estrutura da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED).

Resumidamente qual é a função da CPI?

A CPI compõe a estrutura geral da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED). Possui atribuições que visam garantir a acessibilidade comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal em consonância com as políticas públicas. Desenvolve também métodos de avaliação destinados a orientar a implementação de projetos em diversos órgãos e entidades da Prefeitura, e subsidiar a CPA nos projetos a serem implementados pelo Município.

Para 2013 existe alguma proposta de mudança nos projetos de Inclusão, algo diferente do que já vem sendo feito pela CPI nos últimos anos?

Ampliaremos os projetos com a maior participação social, identificando as demandas regionais e desenvolvendo um processo participativo no planejamento das ações.

Quais foram os principais projetos realizados pela CPI?

Destaco o Programa Censo-Inclusão que foi realizado para subsidiar as políticas públicas na cidade; o Guia de Encaminhamento com os serviços públicos destinados a pessoas com deficiência; além do Termo de Cooperação com a OAB/SP e o Tribunal de Justiça/SP, que disponibilizou 16 leis federais em Braille para as Secções da OAB/SP. Promovemos ainda o curso “Sem Barreiras - Inclusão Profissional das Pessoas com Deficiência”, em parceria com a Secretaria do Trabalho e destinado a funcionários de RH das empresas.

De que modo a população pode contribuir para o desenvolvimento dos projetos de inclusão realizado pela CPI?

A participação da população das Conferências Municipais, encontros regionais e efetivamente no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.

Além do curso “Sem Barreiras”, existe algum projeto de inclusão a ser feito, ou em andamento para pessoas com deficiência no mercado de trabalho?

Com o intuito de fomentar a efetiva contratação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, foi elaborado o Acordo Tripartite (Sindicato dos Empregados/Sindicato dos Empregadores/Ministério do Trabalho e Emprego), ação realizada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) em conjunto com a SMPED, Secretaria Municipal do Trabalho e do Empreendedorismo (SEMTE) e Câmara Municipal (CMSP), envolvendo as entidades sindicais e assim os potenciais empregadores. O Acordo tem validade de três anos, e ao longo desse período as empresas precisam apresentar os resultados gradativos (contratação de pessoas com deficiência) dessa ação em conjunta. Cabe à SMPED, por meio da Coordenadoria de Projetos de Inclusão (CPI), e a SEMTE, pelo Programa Inclusão Eficiente, bem como à CMSP, acompanhar e orientar os sindicatos e empregadores quanto à contratação da pessoa com deficiência, legislação e acessibilidade.

 

Nós podemos SIM


Ônibus terão de ser acessíveis até 2014, diz secretária


Hoje, em São Paulo, 8,9 mil veículos dos 15 mil estão adaptados. Para acelerar uma reforma ampla no calçamento público, a secretária defende ainda uma mudança na atual legislação que impõe multa ao contribuinte que não faz manutenção de sua calçada.

Ônibus acessível
Até o fim de 2014, todos os ônibus terão de ofereceracessibilidade a deficientes físicos. A obrigatoriedade, estipulada em decreto federal, será cobrada pela secretária especial da Pessoa com Deficiência, Marianne Pinotti (PMDB). Nesta segunda-feira (4), em entrevista à TV Estadão, ela disse que São Paulo está no caminho certo, mas, por enquanto, só alcançou metade do índice. Hoje, 8,9 mil veículos dos 15 mil estão adaptados.
— Há outros problemas: as pessoas precisam chegar até o ponto de ônibus e as interligações com metrô ou trem são feitas em estações não completamente acessíveis.
Para acelerar uma reforma ampla no calçamento público, a secretária defende ainda uma mudança na atual legislação que impõe multa ao contribuinte que não faz manutenção de sua calçada. Para Marianne, a autuação não deveria ser imediata, como ocorre hoje. — Dessa forma, ele poderia usar o dinheiro para arrumar a calçada.

A secretária ainda planeja espalhar pela cidade novas rotas de acessibilidade. — Elas visam a atender os centros dos bairros, onde estão comércio, sistema de saúde e de educação.
Em função da Copa de 2014, rotas sairão do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, com destino ao Vale do Anhangabaú, onde será montado um telão, e ao Itaquerão, estádio que receberá a primeira partida do Mundial.
Com R$ 12 milhões de orçamento, a pasta espera ter financiamento federal. A ideia é receber uma fatia do programa Viver sem Limite, que prevê R$ 7,6 bilhões em ações afirmativas. — Vamos elaborar os projetos e buscar os recursos.

Fonte: http://noticias.r7.comSite externo.

A Febeca é muito esperta



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Acesse a matéria:Políticas Públicas ignoram crianças com TDH!!!



CLIQUE AQUI PARA LER O ARTIGO:http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/item/412-tdah-pol%C3%ADticas-p%C3%BAblicas-educacionais-no-brasil-ignoram-crian%C3%A7as-com-tdah-e-com-transtornos-de-aprendizagem.html

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IDOSOS + FISIOTERAPIA = SAÚDE

O uso da técnica como parte dos cuidados desse grupo ajuda a manter o bem-estar, a independência e autonomia
Envelhecer é inevitável. Mas é possível fazer com que a passagem do tempo não comprometa a saúde e o bem-estar. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a diminuição da mortalidade e o aumento da expectativa de vida, as condições de saúde da população daqui pra frente se modificará e é preciso estar atendo a isso. No ano de 2000, o Brasil já contava com quase 15 milhões de pessoas acima dos 60 anos - 8,6% da população. Nas próximas décadas este processo tende a se intensificar, e calcula-se que, em 2050, existam cerca de 64 milhões de idosos.

A fisioterapia, técnica que utiliza a aplicação de agentes físicos e mecânicos (como massagens, exercícios, águas, luz, calor, eletricidade), no tratamento das doenças, tem um papel muito importante nos cuidados com a saúde desse grupo. "O fisioterapeuta é um profissional responsável pelo diagnóstico, prevenção, recuperação e tratamento das disfunções do organismo humano, causadas por má formação genética, acidentes ou posturas incorretas no dia a dia", define Alex Yukio Nagamori, fisioterapeuta especialista em acupuntura (SP). O grupo de pesquisadores que estuda qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (OMS) define a fisioterapia como a percepção do indivíduo no contexto da cultura e do sistema de valores em que vive, relacionado aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Risco sob controle
De acordo com a especialista em fisioterapia neurofuncional e coordenadora do Curso de Especialização em Cuidados Integrativos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), "nos últimos 20 anos, muitos estudos têm comprovado que a prática de exercícios físicos para idosos, devidamente planejados e dirigidos por profissionais habilitados, diminui fatores de risco de todas as causas de morte e morbidade, em especial, para certas doenças.

Posso citar o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), que são influenciados positivamente. Os exercícios evitam ou diminuem o envelhecimento precoce". Como a fisioterapia atua na prevenção e na reabilitação, não é preciso ser idoso para tirar proveito das orientações práticas e preventivas que podem aprimorar as atividades quotidianas. Para quem já passou dos 60 anos, o trabalho de um fisioterapeuta ajudará na adequação do mobiliário, a lidar com as dificuldades motoras, respiratórias e até quedas recorrentes. O resultado dessa atuação é a melhora significativa da qualidade de vida.

Antes, durante e depois
Camila Montandon, fisioterapeuta especializada em microfisioterapia e Reeducação Postural Global (RPG) (SP), afirma ser importante que o idoso saiba das suas condições para que possa tomar providências para minimizar os efeitos da idade. Então, segundo Camila, "faz parte do nosso trabalho alertar os pacientes sobre como prevenir quedas, sobre quais são as atividades físicas e funcionais mais indicadas, bem como quais exercícios respiratórios e técnicas de relaxamento podem trazer-lhe alívio para seus determinados desconfortos".

O melhor cuidado é a prevenção, completa o fisioterapeuta Nagamori: "A fisioterapia é uma estratégia preventiva sempre. Não precisamos envelhecer para nos cuidar". A especialista Camila concorda: "Partindo do pressuposto de que a pessoa esteja desprovida de doenças, a fisioterapia se intersecciona com os programas de atividade física direcionada que podem ser realizadas em grupo". "Mas se o indivíduo já apresenta algum sinal ou sintoma, a meta será prevenir as possíveis consequências da patologia", acrescenta.

Trabalho conjunto
Qualquer doença que tenha como causa ou consequência alterações no movimento humano, sejam elas de origem cardiopulmonar, neurológica, musculoesquelética ou outras, podem beneficiar-se da fisioterapia. É importante que o paciente deixe claro suas necessidades e o motivo da procura pela fisioterapia. Depois disso, o médico deve traçar os objetivos do tratamento e selecionar as técnicas que atendam àqueles. Se for necessário, o fisioterapeuta deve trabalhar multiprofissionalmente ou até encaminhar a outro fisioterapeuta que conheça outras técnicas que eventualmente sejam mais adequadas.

A fisioterapia pode ser uma estratégia preventiva sempre. Não é preciso envelhecer para começar a se cuidar

Nesta fase da vida, as mais utilizadas são: a cinesioterapia (exercícios terapêuticos que trabalham a amplitude de movimento, a força muscular, a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade, a consciência corporal e a resistência aeróbia); a fisioterapia respiratória, que torna mais eficiente a entrada e saída de ar dos pulmões e melhora a troca gasosa; a hidroterapia (fisioterapia realizada dentro da água) e as técnicas da Medicina Tradicional Chinesa (acupuntura, fitoterapia, a tuiná e QiGong: exercícios físicos e respiratórios.

"Acredito que a grande novidade seja um atendimento transdisciplinar. Não é uma técnica, mas uma forma de atender o paciente em sua multidimensão. O cuidado não se restringe ao corpo. Ele engloba o nível mental, emocional e até espiritual", conclui Camila.

Fonte: Viva Saúde

Estudante com síndrome de Down é a 1ª do Brasil a se matricular em um curso de direito


Em casa, Aline divide o tempo entre os afagos da mãe, Regina Figueiredo Terrinha, e livros relacionados aos estudos ou obras de escritores famosos
Em casa, Aline divide o tempo entre os afagos da mãe, Regina Figueiredo Terrinha, e livros relacionados aos estudos ou obras de escritores famosos
“As pessoas me olham de um jeito estranho, como se eu fosse diferente”, percebe Aline. A professora se admirou quando, ainda criança, ela foi a primeira a aprender a ler em uma turma de escola regular. Muita gente se espanta ao descobrir que a moça acorda antes de o sol nascer e, sozinha, pega dois ônibus para chegar ao trabalho. Quem a conhece, porém, não se surpreende ao saber que ela quer estudar para ser advogada. Aos 25 anos, Aline Hélio Figueiredo Terrinha é a primeira pessoa com síndrome de Down a se matricular em um curso de direito no Brasil.
Até hoje, apenas 20 pessoas com a síndrome, classificada como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ingressaram no ensino superior no país, segundo levantamento da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (Febasd). Os cursos mais procurados foram educação física (quatro estudantes) e pedagogia (três). O Rio Grande do Sul é o estado campeão em número de universitários (quatro), seguido por São Paulo (três). Aline será a 21ª da lista, a primeira mineira. “Direito é um curso mais exigente, o estudante tem que ler muito. Ficamos felizes com a iniciativa da Aline”, diz a presidente da Febasd, Maria de Lourdes Marques Lima.
Em seu primeiro vestibular, Aline foi aprovada para ingressar em uma faculdade particular em Belo Horizonte. As aulas começam em 1º de fevereiro de 2013. No entanto, a moça não conseguiria pagar a mensalidade de R$ 650. “É quase meu salário”, explica. Ela tentará obter uma bolsa pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), programa federal mantido pelo Ministério da Educação. Se tudo der certo, frequentará as aulas à noite, depois de sair do supermercado no qual é atendente de caixa. Ela precisaria abandonar o curso de auxiliar administrativo, iniciado em maio, pois passaria a ter poucas horas de sono, já que precisa acordar às 5h para chegar ao trabalho.
A moça mora com os pais e uma irmã em uma casa simples no Bairro Bela Vitória, Região Nordeste. Por volta das 5h40, pega o primeiro ônibus e desce no Centro, onde toma outro até o supermercado, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul. O expediente não tem horário exato para terminar, geralmente entre as 18h e as 19h. Por causa da rotina corrida, a mãe, Regina Figueiredo Terrinha, não queria que a filha estudasse à noite. “Pra ser sincera, sou contra. Fico com muito dó de ela trabalhar o dia todo e depois ainda ter aula. Vai ser uma maratona muito puxada. Mas ela é bem cabeça dura: quando quer, quer mesmo”, resigna-se a mulher, que tem 56 anos e é auxiliar de enfermagem. Aline está decidida: “Sei que é um curso difícil, mas se tiver força de vontade, perseverança, a gente consegue, na força de Deus”.
Caçula de quatro irmãos, Aline poderá ser primeira da família a ter diploma de nível superior. Ela nasceu em Montes Claros, no Norte de Minas, a 424 quilômetros da capital. Com 4,6 quilos e 56 centímetros, era maior do que costumam ser bebês com síndrome de Down. O diagnóstico da doença foi difícil. “Um pediatra chegou a dizer que ela não tinha Down”, lembra a mãe. Os cabelos, geralmente finos e lisos, são crespos em Aline. Com o tempo, porém, algumas das características típicas se tornaram evidentes, como os olhos com pálpebras oblíquas para cima e a face mais plana. Manifestou também outro traço habitual: um problema na visão. “O olho direito quase não enxergava. Ela fez uma cirurgia, mas, por causa de um erro médico, precisou retirar (o globo ocular)”, conta Regina. No lugar, implantou-se uma prótese de silicone.
Jovem mineira portadora de síndrome, que trabalha como caixa de supermercado, é a a 21ª pessoa no Brasil e a primeira em Minas Gerais a se matricular em uma faculdade
Jovem mineira portadora de síndrome, que trabalha como caixa de supermercado, é a a 21ª pessoa no Brasil e a primeira em Minas Gerais a se matricular em uma faculdade
Convivência com o preconceito
Todavia, não se notou em Aline um dos sintomas mais corriqueiros: o déficit de desenvolvimento intelectual. “Nunca a diferenciei dos outros filhos. Cuidei dela sem frescura. Nunca tive tempo de ficar paparicando ninguém; trabalhava demais”, conta a mãe. Matriculada em uma escola regular, ela foi a primeira da sala a aprender a ler. “A professora se surpreendeu. Até eu me surpreendi. Não era tão estudiosa, mas nunca levou bomba, sempre teve boas notas”, ressalta Regina. No histórico escolar, as melhores notas era alcançadas em história, português, filosofia e sociologia. Apesar do bom desempenho, sofria preconceito dos colegas. “Eles me tratavam mal, me humilhavam, falavam que eu tinha problema, que era feia, que era demônio. Ser rejeitado é ruim demais”, diz Aline.
Ela concluiu o ensino médio em 2005, chegou a fazer cursinho pré-vestibular, pensava em tentar entrar na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Mas não me preparei muito bem. Não estava muito interessada. Quis descansar um pouco a cabeça depois de tantos anos de escola”, explica. Em 2008, ela decidiu procurar um emprego. “Queria minha independência financeira, conhecer pessoas diferentes.” Indicada pelo Serviço de Proteção Social à Pessoa com Deficiência, mantido pela Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social de BH, Aline conseguiu uma vaga em um supermercado. Começou na salsicharia, embalando embutidos. Depois, tornou-se empacotado e, afinal, foi para o caixa.
No trabalho, apesar de a funcionária ser eficiente, o preconceito persiste. “Uma vez, uma cliente disse que eu era lerda, tinha problema, não podia trabalhar ali. Foi até reclamar com o gerente”, recorda. Sem querer se identificar, uma colega confirma a discriminação. Alguns clientes do supermercado, quando podem escolher, evitam usar o caixa da moça. “Mal sabem eles que a Aline, mesmo sendo especial, é a única entre as caixas com conhecimento e preparo suficiente para fazer uma faculdade”, diz a colega. Aline chegou a pensar em cursar medicina veterinária, mas acabou se decidindo pelo direito. “Quero advogar. Quando estiver bem fera na área, quero entrar na Promotoria de Justiça”, ambiciona.
Livros
Aline tem qualidades caras a um bom advogado. Expressa-se com segurança, tem cuidado ao escolher as palavras. No começo da conversa, ela parecia tímida, mas logo desandou a falar. “Essa fala mesmo, igual pobre na chuva”, brinca a mãe, rindo. Nas horas vagas, a filha gosta de ler, sobretudo livros de história. Atualmente, está lendo Cartas para Hitler, de Henrik Eberle, que reproduz a correspondência enviada ao ditador e narra, a partir dela, a ascensão e a queda do nazismo. Foi um dos cinco livros que ela ganhou de presente de um cliente do supermercado. Aline é fã dos enredos misteriosos de Agatha Christie e adora o romance Capitães da areia, de Jorge Amado. “A história me chamou a atenção. As crianças que viviam na rua eram humilhadas, tratadas pior do que bicho”, narra.
Outra paixão são as artes plásticas. Ela frequenta o Palácio das Artes, no Centro, cujos funcionários já a reconhecem. Nas últimas férias, em outra galeria, visitou a exposição Caravaggio e seus seguidores e se deliciou com as obras do pintor italiano. Também gosta muito de ouvir música sertaneja e de torcer pelo Atlético. Satisfeita, sorri ao descobrir que seria a primeira pessoa com síndrome de Down a cursar direito, mas enfatiza não querer provar nada: “Sei o que sou, não tenho que dar satisfação. Não sou diferente de ninguém”. A iniciativa de Aline deve “abrir caminhos”, avalia Maria de Lourdes, presidente da Febasd: “Ela serve de exemplo para toda a sociedade, que deve respeitar mais quem tem a síndrome. Queremos parabenizar Aline. Que ela desempenhe bem suas atividades e brilhe muito, para orgulho de todos nós”.
Fonte: Tiago de Holanda, EM.com.br