sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professores não se sentem preparados para inclusão

GAZETA DO POVO




Falta de capacitação profissional, escassez de material didático e salas de aula superlotadas são os principais motivos
24/08/2010 00:10 Maria Gizele da Silva, da sucursal

Ponta Grossa - O Paraná, e de modo geral o Brasil, ainda estão dando os primeiros passos para a inclusão de alunos com deficiência nas escolas normais. Conforme os próprios professores, é preciso aparar arestas. É o que sugere uma pesquisa feita via internet pelo Tribunal de Contas do Estado para elaborar o parecer prévio das contas do governo estadual referente ao ano passado. Os professores elencaram os motivos que dificultam a inclusão: falta de capacitação profissional, escassez de material didático e salas de aula superlotadas.
Dos 1.623 professores da rede estadual que responderam aos questionários, 75% dizem que não se sentem preparados para dar aulas para alunos deficientes. No curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por exemplo, os acadêmicos têm apenas 68 horas-aulas – o equivalente a duas aulas por semana – de educação inclusiva e a mesma quantidade de aulas sobre linguagem de sinais, chamada de Libras. A disciplina deveria ser aplicada em todas as licenciaturas, mas por enquanto, está restrita à Pedagogia. A Secretaria Estadual de Educação e as secretarias municipais promovem cursos de capacitação aos professores já formados. “Muitos professores não fazem os cursos, não se especializam”, diz Julia Maria Morais, da direção de educação especial da APP-Sindicato.


Em segundo e terceiro lugares na lista de queixas dos professores estão a falta de material didático (63,6%) e salas muito cheias que impedem o atendimento individualizado ao aluno com deficiência (56,3%). Além disso, os portadores de deficiência ainda têm de enfrentar barreiras físicas nas escolas (52,5%) e o preconceito de outros alunos e dos pais dessas crianças (52,3%).
Para a chefe do departamento de educação especial e inclusão educacional da Secretaria Estadual de Educação e presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência, Angelina Mattar Matiskei, os números não podem ser analisados sozinhos, mas dentro do contexto da educação inclusiva. “Estamos fazendo um processo de inclusão que é gradativo e crescente”, aponta. Em 2004 foi feito o primeiro concurso para contratar professores de educação especial. Angelina afirma que há uma década a realidade era outra. “Nenhum professor estava capacitado, não havia rede de apoio.” Das 2.126 escolas, a maioria foi construída há muitas décadas, quando ainda não se discutia acessibilidade.
Na opinião da pesquisadora e doutora em educação Esméria de Lourdes Savelli, o caminho está errado. “Do meu ponto de vista existe um equívoco muito grande. O aluno especial tem direito à inclusão no ensino regular, mas da maneira como ela acontece é irresponsável porque é preciso ter professores especializados. Eu sou a favor de o aluno especial ter aula no ensino regular, mas em uma turma menor e com professor especializado”, aponta. O professor Luiz Alberto Guimarães, que atua nessa área, diz que as escolas não estão preparadas para atender aos alunos com deficiência. “Acho difícil ter uma solução em curto prazo porque primeiro é preciso melhorar a estrutura física das escolas e segundo que todo profissional precisa abraçar essa causa, sendo que a oferta de cursos de capacitação tem que partir do estado ou das redes municipais”, opina. Hoje, a rede estadual do Paraná tem 37.086 alunos especiais.

Brasileiro “da inclusão” vira oportunidade de aprendizado


GAZETA DO POVO


Em Curitiba, pela primeira vez a competição terá a modalidade cadeirantes. Técnicas diferentes, mas que dialogam entre si
Publicado em 14/10/2010 Adriana Brum

Curitiba recebe, a partir de ho­­je, os principais esgrimistas brasileiros. Além de mostrarem técnica e habilidade no manuseio de espadas, sabres e floretes, eles terão muito o que ver e aprender. É a primeira vez que o Campeo­­nato Brasileiro da modalidade reúne, simultaneamente, a disputa de atletas e para-atletas.
De hoje até domingo, os cerca de 150 esgrimistas poderão acompanhar o desempenho de atletas cadeirantes em busca do título nacional. E devem se surpreender com a habilidade dos golpes deles, assim como o esgrimista Ivan Maran­­gon Schwantes, que, desde o início deste ano, treina seis para-atletas.
“É surpreendente a velocidade que têm nos movimentos de braço e o quanto desenvolvem a movimentação do tronco”, diz o atleta paranaense, que esteve na seleção que disputou o Pan-Americano do Rio, em 2007. Tal desenvoltura já fez com que o técnico levasse esgrimistas “convencionais” aos treinos dos paraesgrimistas com o objetivo de aprimorar suas técnicas.
A principal diferença nas regras é que o cadeirante compete com a cadeira de rodas fixada no chão, enquanto nas provas tradicionais o esgrimista pode se deslocar em uma pista de 14 me­­tros.
Além de técnico, Ivan disputará o Brasileiro na categoria espada, na qual pode, mais uma vez, con­­fron­­tar-se com seu ir­­mão, Athos, atual líder do ran­king nacional. Não serão os únicos representantes da família na disputa. A irmã, Lorana, é a 11.ª colocada no ran­­king da espada feminina. No do­­mingo, o pai, Ro­­naldo Schwantes, concorre na categoria veteranos.
“Será uma competição muito forte. Os melhores esgrimistas do Brasil estão se preparando há tempos para esse campeonato. Destaque para o pessoal de São Paulo, que tem uma equipe muita competitiva, e Porto Ale­­gre, com um time jo­­vem”, avalia Athos.
Serviço
Campeonato Brasileiro de Esgrima, em Curitiba, no ginásio do Colégio Bom Jesus (Rua 24 de Maio, 135, Centro). Entrada Gratuita.
Hoje: espada feminino (8h30) e sabre masculino (13 h).
Amanhã: espada masculino (8h30) e florete feminino (14 h).
Sábado: florete masculino (8h30) e sabre feminino (14 h). Finais sempre às 18 h.
Domingo: Competição por equipes e veteranos.
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