terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Mães de autistas criticam personagem Linda de "Amor à Vida": "É uma utopia"

Na reta final de "Amor à Vida", nem as pegações de Michel (Caio Castro) e Patrícia (Maria Casadevall) conseguiram ofuscar o romance entre Linda (Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete). A relação entre a autista e o advogado foi crescendo ao longo da trama de Walcyr Carrasco e alcançou seu ápice dramático com a prisão de Rafael após trocar um beijo com a jovem.

Autismo

Incentivada por Leila (Fernanda Machado), Neide (Sandra Corveloni) denunciou o advogado por abuso de incapaz. Procurada pelo UOL, Rita Valéria Brasil Santos, presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia, condenou a maneira como Walcyr tem conduzido a trajetória de Linda. "É uma utopia o que a novela apresenta no momento", opinou ela.
Mãe de um autista de 21 anos, Rita relembrou que Linda foi criada sob um rígido controle dos pais e longe da sociedade, tornando pouco crível a possibilidade de uma interação com o "namorado".
"O autor preferiu mostrar apenas a questão de sexualidade e não mostrou a luta da família para conseguir escola, tratamento, diagnóstico. Ele [Walcyr] é um formador de opinião e tenho medo de que mães de autistas tenham a ideia da Linda na cabeça", comentou.
A opinião foi corroborada por Ana Maria Mello, superintendente da Associação de Amigos do Autista de São Paulo, e mãe de um autista de 32 anos. "A realidade da Linda está muito distante do que é o autismo. Está muito romanceado. Não existe gente com autismo como a Linda, pelo menos que eu conheça", disse.
Segundo Ana Maria, da forma como é mostrado na trama, o relacionamento entre Linda e Rafael não deveria acabar em prisão – na vida real, porém, a situação seria diferente. "Dentro do enredo da novela, eu acharia uma injustiça denunciá-lo. Na vida real, seria abuso porque não existe a menor possibilidade de ser uma ação conjunta. O relacionamento é uma das maiores dificuldades que eles têm. É difícil você perceber um afeto. Até para demonstrarem afeto pela própria família é complicado".
Marisa Furia, presidente da Associação Brasileira de Autismo, contou que há um caso na Suécia envolvendo o casamento entre autistas, mas que a situação é rara, além de receber apoio do governo. "Na novela percebo que o rapaz [Rafael] está cuidando dela, proporcionando boas coisas, e por isso ela consegue interagir com ele, mas acho muito complexo falar de uma relação amorosa", ponderou ela, mãe de um homem autista de 36 anos.
Para Marisa, o descontrole de Neide com o fato é aceitável.  "Entendo que exista uma grande preocupação da família, é preciso de um acompanhamento intenso para que essa relação seja decente. Não sei dizer o percentual de 'Lindas' no Brasil, mesmo assim acredito que a discussão é interessante", ressaltou.
"Na vida real não é assim"
A doutora Carla Gikovate, neurologista e especialista em autismo, acredita que a trama envolvendo Linda ficou confusa. "A personagem tem características de autismo severo, mas também de autismo leve", considerou. Para ela, o namoro de Linda com Rafael jamais existiria na vida real.
"Não há chances de um rapaz normal se apaixonar por um autista moderado, como acredito ser o caso da Linda. Na vida real o cara ia perceber e cair fora", opinou. Indagada se os pais de Linda têm razão de manter Rafael longe da jovem, Carla brincou: "A denúncia não aconteceria porque essa situação [amorosa] também não aconteceria". Contudo, a simples abordagem do autismo em uma trama da Globo já é bem vista pela profissional.
"O número de crianças que apareceram no consultório em razão da abordagem demonstra o quanto o assunto é importante, mesmo sendo tratado dessa forma na novela", finalizou enfatizando que o caso da Linda não seria de um autista.
UOL

Faculdade de União da Vitória inclui disciplina de acessibilidade

A partir de 2014, curso de Engenharia Civil terá a cadeira em seu programa curricular
Por Adriana Mugnaini
acessibilidade_4_0A legislação brasileira determina que as instituições públicas, como as universidades, devem oferecer acesso. São regras estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que ditam, por exemplo, o grau de inclinação de uma rampa ou o número necessário de corrimões. Inclusive, há verba federal para que as universidades promovam essas adequações. Muitos profissionais que hoje executam esses projetos aprenderam no dia a dia a importância dessas adaptações e suas representatividades no convívio em sociedade. Além dos projetos estruturais nos espaços públicos, especialistas garantem que é imprescindível ensinar acessibilidade na sala de aula e formar profissionais mais preparados e conscientes.
Esta iniciativa será realidade em 2014 nas Faculdades Integradas Vale do Iguaçu, em União da Vitória. A matéria terá duração de um semestre, com 40 aulas, e o aluno receberá noções da norma NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Na prática,  realizará visitas a espaços públicos e empresas para averiguar as condições de acessibilidade. “Nesses locais, os acadêmicos utilizarão o check list aplicado pelo CREA-PR e, como resultado prático, apresentarão relatórios propondo mudanças nos espaços”, explica o coordenador dos cursos de Engenharias da instituição, engenheiro civil e químico Adailton Marcelo Lehrer. Em um primeiro momento, a ideia era incluir a cadeira como matéria optativa, mas a partir de conversas com o colegiado e o corpo diretivo da faculdade, a proposta foi adiante e a disciplina será obrigatória.
Para Lehrer, os benefícios residem no conhecimento de uma realidade cada vez mais pertinente ao dia a dia dos cidadãos. Inúmeras pessoas necessitam de condições diferenciadas para se locomover. “A referência não é apenas para as pessoas com deficiência de mobilidade permanente, mas, também gestantes, pessoas com carrinhos de bebê, com mobilidade temporária, idosos e deficientes visuais, entre outros”, afirma. A ideia é ampliar o conhecimento dos acadêmicos também em outras áreas. Por isso, o coordenador pretende organizar oficinas em que serão apresentados os trabalhos para acadêmicos de outros cursos, como Engenharia Mecânica, Fisioterapia, Enfermagem e Direito. “É uma forma de cumprirmos a missão da instituição, que é o ‘Ensino pra Valer com o Compromisso Social’. O dia em que as cidades atenderem às necessidades das pessoas com deficiência de mobilidade, todos teremos um lugar melhor para nos locomovermos”, finaliza Lehrer.
Do Fórum para a prática
A proposta de incluir a cadeira de acessibilidade no curso de Engenharia Civil das Faculdades Integradas Vale Iguaçu surgiu durante o Fórum de Acessibilidade realizado no início de outubro em União da Vitória. De acordo com Lehrer, de uma conversa informal com o coordenador do Fórum, engenheiro civil Antonio Borges dos Reis, surgiu a possibilidade de desenvolver a matéria.
O Fórum reuniu mais de 300 pessoas e foi realizado pelo CREA-PR, com o apoio da Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do Vale do Iguaçu (AEAVI), do Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv) e das Faculdades Integradas Vale do Iguaçu. Além das apresentações, um grupo de 160 acadêmicos participou de uma vivência realizada no campus da faculdade do Vale do Iguaçu.
http://revistacrea.crea-pr.org.br/faculdade-de-uniao-da-vitoria-inclui-disciplina-de-acessibilidade/