segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Grupo orienta pacientes tetraplégicos na redescoberta do prazer sexual

   Sexo é pele, movimento, contrações. O gozo é objetivo, consequência, músculo, arranhões. E quando não há a capacidade de sentir? Quando membro algum responde ao desejo e à vontade? Para quem sempre teve uma vida comum, com um corpo “perfeito”, ver-se paraplégico ou tetraplégico poderia significar a morte de uma de nossas expressões mais carnais e humanas de carinho, prazer e liberdade. Mas é preciso reinventar o sexo. Do toque ao orgasmo. Reencontrar esse caminho do sexo representa uma busca por saúde.
    No Recife, uma iniciativa de fisioterapeutas e psicólogos vem mudando a forma como pessoas que têm comprometimento de movimentos lidam com a própria vida sexual. O grupo de orientação sexual para lesionados medulares funciona no centro de reabilitação física do Hospital Pedro Segundo e oferece uma troca de experiências entre pacientes e seus companheiros, que lidam diretamente com as limitações da doença. A iniciativa, criada há quatro meses, já atendeu cerca de 20 pacientes e busca estimular a redescoberta do sexo por parte dos integrantes.

   De acordo com a fisioterapeuta que coordena o grupo, Amanda Alcântara, como nem sempre há ereção ou excitação vaginal, o trabalho propõe o aprendizado de novas formas de prazer, com estímulos em áreas sensíveis do corpo. “Boca, pescoço, nuca, couro cabeludo, braços e mamilos são alguns dos pontos que, com a sensibilidade aguçada, podem ser utilizados na hora dessa relação sexual, que não necessariamente envolve a área genital. A possibilidade de ereção, por exemplo, vai depender do tipo de lesão sofrida pelo paciente”, explica.
   O orgasmo está na cabeça. É uma sensação. Um ápice de prazer que pouco tem a ver com a demonstração física de satisfação. Ter um orgasmo não é ejacular, mas ter o corpo invadido por um hormônios, um relaxamento além do normal, o que pouco tem a ver exatamente com os órgãos genitais propriamente ditos. De acordo com a psicóloga Raíssa Bittencourt, paciente e companheiro passam por um mesmo nível de dificuldade, ainda que a adaptação de cada caso seja diferente. “Inicialmente, a pessoa acha que nunca mais terá vida sexual ativa, mas o desejo e a vontade ainda existe. E o pior, a vergonha, timidez e a falta de conhecimento do próprio corpo podem atrapalhar nesse processo de recuperação, que exige criatividade”, explica.
   O preparo de paciente e parceiro também deve estar presente durante as tentativas. Por muitas vezes não ter controle do sistema excretor, é possível haver acidentes com urina e fezes. Compreendendo essa possibilidade, é possível se preparar para a reação, de forma a que isso não se torne um empecilho na relação. “É uma nova primeira vez, sem dúvidas. E há dificuldades no processo de adaptação, pelas quais todo mundo passa”, completa a psicóloga.

   Mesmo para quem, sem orientação, já se arrisca a explorar a intimidade, discutir, em grupo, as dificuldades e dúvidas acaba melhorando o relacionamento. É o caso de Fábio Fenelon, 29, e Patrícia Bezerra, 22. Ele é um ex-motoboy que, em um acidente no bairro de Boa Viagem, há quatro anos, acabou tetraplégico. Segundo os médicos, o comprometimento cervical de Fábio foi incompleto, o que permite a recuperação gradual de parte dos movimentos, mantendo, por exemplo, a capacidade de ereção. “No primeiro ano, eu não conseguia mexer mais do que o pescoço, mas sempre consegui ter sexo. Depois de 200 dias internado, assim que cheguei em casa, matamos a vontade. Era algo que eu tinha insegurança, porque era diferente, mas a gente foi se adaptando”, garante o morador de Camaragibe, que acaba de ser pai.



Posições recomendadas:
Fonte: Diário de Pernambuco

Dica de app: conheça o Peek, o exame de vista de bolso que vai até o paciente

Mirriam Waithara sendo submetida ao teste do Peek que detecta catarata
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 285 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com algum algum tipo de deficiência visual. Desses, 39 milhões são virtualmente cegas, e pior: 80% dos casos poderiam ser evitados. A OMS estima que de cada cinco casos de problemas de visão, quatro poderiam ser prevenidos ou curados.
Entretanto a grande maioria dos doentes está nos países pobres, em particular em lugares isolados onde falta tudo mesmo. Com isso o grande problema é levar médicos a todo mundo, e em casos extremos profissionais trabalham em situações precárias, onde até o acesso a água é limitado. Dispor de equipamentos para realizar exames oftalmológicos chega a ser luxo em alguns casos.
É aí que entra a ideia do dr. Andrew Bastawrous, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Ele e sua equipe usam o Peek (acrônimo de Portable Eye Examination Kit), um app que permite diagnosticar catarata em pacientes que morem em regiões mais afastadas, bastando apenas ter um smartphone.
O app utiliza a câmera para realizar a varredura do globo ocular e diagnosticar casos de catarata, além de acionar o LED e realizar uma oftalmoscopia (mais conhecido como exame de fundo de olho, mas de forma reduzida), capaz de prevenir doenças como o glaucoma e detectar outras como diabetes e hipertensão, que causam lesões na retina.
Peek realizando exame de funde de olho para verificar o estado da retina e nervo óptico
O app também pode realizar um exame de vista simples, exibindo letras na tela e reduzindo seu tamanho gradativamente. Com a distância correta, é possível determinar se o paciente precisa de óculos ou não.
O Peek pode armazenar os dados do paciente, inclusive a posição via GPS, e no caso de necessitar uma segunda opinião, ele pode mandar as informações via-email para outros médicos.
O dr. Bartawrous está testando o Peek na comunidade de Nakuru, no Quênia, e 5 mil pessoas estão sendo beneficiadas com o projeto. Mesmo que o exame não resolva o problema imediato de tratar uma catarata, ao diagnosticá-la em um lugar remoto e considerando que o paciente jamais seria capaz de se deslocar ao hospital para isso, daí para frente tudo tende a ficar mais fácil.
Os resultados do Peek estão sendo comparados a exames tradicionais e apesar do estudo ainda não estar completo, o app já tem demonstrado resultados: Mirriam Waithara, uma senhora da comunidade teve catarata diagnosticada pelo app, foi operada e voltou a enxergar.
Para o dr. Bastarwrous, “o que nós esperamos é levar tratamento ocular para os mais pobres dos pobres. (…) Muitos hospitais podem realizar cirurgias de catarata, que é a causa mais comum de cegueira, mas levar os pacientes até eles é o problema. Com o app, nós podemos mandar técnicos para suas casas, examiná-los e diagnosticá-los in loco”.
Claro que o app não substitui uma visita ao médico, mas em lugares como o Quênia e outros fins de mundo, não se encontra um “oculista” em cada esquina. Habilitando técnicos capazes de realizar o exame com smartphones, o trabalho dos médicos é agilizado e todos saem ganhando.
Caso deseje mais informações, acesse o site do projeto e entre em contato com a equipe nem que seja para elogiar, porque eles merecem.
Acompanhe o dr. Bastawrous explicando como o app funciona:
Fonte: BBC e Peek Vision via Ceticismo.