segunda-feira, 11 de abril de 2016

Paraplégico volta a andar depois de transplante inusitado

Há cinco anos, o búlgaro Darek Fidyka, 40 anos, foi esfaqueado e ficou paralisado da cintura para baixo. Dois anos depois, passou por uma inédita cirurgia de transplante de células ner­vosas do próprio nariz para a medula espinhal. Agora ele começa a recobrar os movimentos dos membros inferiores e já dá os primeiros passos para abandonar o andador. É o primeiro caso de recuperação de um rompimento total dos nervos da coluna vertebral.
Enquanto a maior parte do sistema nervoso dos mamíferos (incluindo os humanos, claro) não tem capacidade regenerativa, as células nervosas do nariz (chamadas neurônios receptores olfativos) vivem em constante substituição. Isso porque elas são expostas o tempo todo a diversas substâncias químicas presentes no ar. Para não perdermos a capacidade de sentir cheiros, essas células vivem apenas de seis a oito semanas, e depois disso são substituídas. Foi justamente essa propriedade que foi transferida à lesão medular de Fidyka.
Geoffrey Raisman, professor do Instituto de Neurologia do University College de Londres e responsável pela descoberta da regeneração das células olfativas, explica como funciona o processo: “Nós transplantamos as células para permitir que as fibras nervosas cortadas na medula espinhal cresçam em toda a lesão. É como a reparação de uma estrada: não adicionamos carros, só colocamos uma ponte sobre o problema na estrada para que os carros que estão bloqueados possam atingir toda a área danificada”.
 (Foto: Mauro Girão/ Editora Globo)
 http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/02/metendo-o-nariz-na-medula.html

Praia para todos no Rio de Janeiro


http://cadeiravoadora.com.br/
O Praia para Todos existe há 8 anos no Rio de Janeiro e funciona de dezembro a abril. Oferece banho de mar assistido, assim como stand up paddle e esportes adaptados. Neste post, te mostro por que você não pode deixar de conhecer esse projeto de jeito nenhum!

Entrando no mar com a cadeira anfíbia
Entrando no mar com a cadeira anfíbia

A praia tem sido um território distante do acesso da pessoa com deficiência.
Transitar com uma cadeira de rodas comum na faixa de areia é algo desafiador, quase impossível, dependendo do tipo de cadeira e de areia. A areia fofa faz com que seja necessário empregar uma força imensa a fim de tocar a própria cadeira ou empurrar a de outra pessoa. Além disso, dependendo do tipo de pneu, ela vai atolar mesmo. E ainda que você incline a cadeira para usar só as rodas de trás, o desafio diminui, mas não desaparece. E o que dizer de entrar no mar? Só se for carregado. Mas como entrar no mar com uma pessoa mais pesada? Tarefa nada simples.
Todas as vezes em que entrei no mar eu tive o auxílio de uma, duas e até três pessoas, seja de namorado, de familiares ou até de pessoas desconhecidas. Ganhava alguma autonomia quando era mar sem ondas, no estilo piscina, pois assim podia ficar sozinha sem riscos. Já tinha entrado também com colete salva-vidas, boia e até cadeira anfíbia, emprestada pelo hotel em que nos hospedamos em Aruba (leia aqui). Mas nenhuma dessas opções resolvia, porque o colete e a boia limitam os movimentos, e, no que se refere à cadeira anfíbia, é necessário que haja mais pessoas para equilibrá-la dentro da água, porque ela pode virar fácil, fácil…
O projeto Praia para Todos resolveu esses desafios todos de uma tacada só. Quer saber como?

Gente capacitada + organização + alegria = sucesso

Há muito tempo eu queria participar do projeto, e nesta última viagem ao Rio finalmente foi possível. Já ouvia falar desse pessoal há muito tempo – e falar bem – mas o fato é que eles ainda conseguiram me surpreender positivamente.
Escolhemos ir a Copacabana, mas há uma equipe do projeto também na Barra da Tijuca. Ao identificar o local em que eles ficam e me posicionar no início da rampa de madeira, um voluntário já me viu e se aproximou de modo muito acolhedor para me conduzir até a barraca amarela, tão característica do Praia para Todos: nós a vemos muitas fotos tiradas por quem participa. Da rampa até a barraca, há uma esteira azul, e a cadeira passa tranquilamente, sem se sujar e sem atolar.

O pessoal do Praia para Todos já me recebeu na rampa de entrada, de forma super acolhedora. Observe a esteira azul, que facilita o deslocamento na areia.
O pessoal do Praia para Todos já me recebeu na rampa de entrada, de forma super acolhedora. Observe a esteira azul, que facilita o deslocamento na areia. (Todas as fotos foram feitas por Marta Alencar – Alta Estima Fotografia Inclusiva)

Lá dentro, ficamos protegidos do sol, e há um “estacionamento” para as cadeiras de rodas. Isso porque vc deixará a sua lá e sairá na cadeira anfíbia, rumo ao mar. Se desejar ir ao banheiro, há um adaptado na loja de conveniência do posto BR, que fica em frente. Basta atravessar a avenida, no semáforo que fica pertinho.
Pronto! Os voluntários me colocaram na cadeira anfíbia e fomos para o mar, que estava bem sujo nesse dia, com muitas algas e plástico, coisas que os humanos adoram usar e jogar onde não devem, não é mesmo? Que pena. Por isso, os rapazes me levaram um pouco mais distante da faixa de areia, para que pudéssemos ficar livres do entulho. Eles são muito treinados e movimentam a cadeira quando a onda bate, de forma que vc faz o agradável movimento de subir e descer com as ondas. Não, isso não dá pra fazer se vc não é treinado; a cadeira viraria…
Então, me perguntaram se eu gostaria de sair da cadeira, e é claro que topei. Foi então que me pegaram no colo e me convenceram a boiar… Hehehe Estou contando isso porque sempre tive medo de água; foi uma luta de anos de terapia para dar conta de fazer natação e aprender alguma coisa, mesmo assim porque encontrei uma equipe competente. Mas o Denis me passou tanta segurança que acabei conseguindo boiar no mar e ter uma experiência decididamente transformadora, de abrir mão do controle e confiar – nele, na água e em mim.

No mar, com o auxílio da equipe Praia para Todos.
No mar, com o auxílio da equipe Praia para Todos.

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Tomando uma chuveirada após o banho de mar

Após tomar uma chuveirada (a água é salgada, porque é de lençol freático, mas pelo menos é limpíssima) e descansar um pouco, pedi para fazer o stand up paddle. Novamente entrei no mar com a cadeira anfíbia; me passaram para a prancha e nos distanciamos bastante da faixa de areia, de tal modo que ficamos longe do lixo e das ondas, que ali não quebravam. Desci da prancha e novamente boiei com o auxílio do Denis, há quase 30m de profundidade, segundo ele me contou (eu pedi que ele não me informasse a profundidade, mas não teve jeito…). “O que a memória ama fica eterno”, nos contou a poeta Adélia Prado. Minha memória amou a experiência de cor, de silêncio e de muitas risadas!
Não usei boia nem colete, mas você pode usar um, para ficar mais seguro, principalmente se seu equilíbrio de tronco for mais difícil. Lembre-se: cada um é cada um.

De volta para o mar a fim de fazer stand up paddle
De volta para o mar a fim de fazer stand up paddle

Já estou na prancha...
Já estou na prancha…


O que eu achei da equipe

Não resta dúvida de que a equipe do Praia para Todos é bem preparada. Tanto isso é verdade que eles te passam a segurança necessária para tentar a experiência. Além disso, tudo é muito organizado, e a equipe trabalha em sintonia.
Aparece gente com todo tipo de limitação física, idades variadas, brasileiros e estrangeiros, moradores do Rio e turistas, entre os quais hóspedes dos hotéis da região. Os estrangeiros se assustam quando, ao querer pagar pela experiência, descobrem que é tudo de graça. É isso mesmo: esse preparo todo, essa organização, essa leveza e essa descontração saem de graça pra vc por causa dos patrocínios. E o que vc está fazendo aí que ainda não foi viver essa experiência?
O projeto, que disseminou o conceito de acessibilidade no Brasil, está no oitavo ano consecutivo de atividades, mostrando a que veio e incentivando o nascimento de programas semelhantes em todo o País. Só fui uma vez, mas fiquei fã, e vou voltar.
Acompanhe o site da galera, agende, recheie seu cofrinho e parta para o Rio na mais próxima oportunidade. Ninguém deve esperar pra ser feliz!

Estou com o Denis, que me ajudou a ter segurança e confiança para descer da prancha e boiar no mar...
Estou com o Denis, que me ajudou a ter segurança e confiança para descer da prancha e boiar no mar…

Adivinha que nós encontramos por lá? O Eduardo Câmara, do blog Mão na Roda! À minha direita, Marta Alencar e Tina Descolada, minhas grandes companheiras nesta e em outras aventuras por aí...
Adivinha quem nós encontramos por lá? O Eduardo Câmara, do blog Mão na Roda! À minha direita, Marta Alencar e Tina Descolada, minhas grandes companheiras nesta e em outras aventuras por aí…


Para saber mais:


Menina de 5 anos com doença terminal escolhe “ir para o céu em vez de voltar para o hospital”

Julianna Snow tem 5 anos, não consegue andar, mal pode segurar um brinquedo, precisa da ajuda de uma máquina para respirar e de um tubo para se alimentar. Toda vez que passa mal, ela precisa ir ao hospital, onde é submetida a uma série de procedimentos dolorosos e complicados.
Mas da próxima vez que isso acontecer, segundo os médicos, é muito provável que ela não aguente e morra em uma cama de hospital. Mas para ela, essa não é uma opção. Deliberadamente, a menina prefere ir para o céu a voltar ao hospital. Se a vida e, principalmente, a morte são assuntos delicados e polêmicos envolvendo adultos, o que dizer dessa situação, envolvendo uma criança pequena?
A menina sofre de uma doença neurodegenerativa chamada Charcot-Marie-Tooth (CMT), que torna lento o envio de impulsos nervosos até os músculos. A condição, hereditária, veio do pai, que apresenta sintomas tão reduzidos que não o impediram de trabalhar como piloto de caça. Mas para Julianna, a CMT apresentou consequências graves e, agora, pode ser fatal.
Assim que os médicos se deram conta do estado terminal da menina, conversaram com os pais e deram a eles duas opções em caso de nova infecção: ela poderia ser submetida, no hospital, a tratamentos dolorosos que a garantiriam um pouco mais de tempo de vida ou poderia ficar em casa e esquecer o tratamento, algo que provavelmente a levaria à morte, mas sem todas as intervenções médicas e o nada aconchegante ambiente hospitalar.
Julianna escolheu a segunda opção, mas não é só a ela que cabe essa decisão. Por enquanto ela passa bem e está em casa, mas os pais sabem que é questão de tempo. O que você faria no lugar deles?
UPDATE: Agradecendo o aviso da leitora Laura Zimmermann,o Hypeness alterou o termo “Eutanásia”, usado na versão original, substituindo-o por “Ortotanásia”.
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Todas as fotos © CNN
[Via CNN]