terça-feira, 7 de maio de 2013

Ah…e o vídeo! Com vocês, a história do Theozão!

Ah…e o vídeo! Com vocês, a história do Theozão!



A história de Theo


Resolvi fazer um videozinho para contar a história do Theo hoje. Faz parte dos meus esforços para o dia 2 de Abril (World Autism Awareness Day).
A música que coloquei de fundo não poderia ser mais apropriada: The Story (I was made for you), da Brandi Carlile.
Conseguir resumir 3 anos e 9 meses de uma história intensa, assim, em 7 minutos, não foi fácil. Rever fotos antigas também não foi. E, como eu estou muito emocionada pra escrever mais alguma coisa, fica, aqui, a letra pra vocês.

http://lagartavirapupa.com.br/a-historia-de-theo/


O copo está meio cheio. Sempre.


Getty Images: http://bit.ly/YCu3QP
Getty Images: http://bit.ly/YCu3QP
É sábado de manhã e nos dirigimos à escola do Theo. Vai haver uma apresentação de Dia das Mães. Ao sair da padaria, onde tomamos café da manhã juntos, levo, comigo, um saco de jujubas. Isso pode servir de “suborno” caso o mocinho não fique muito empolgado com a situação!
Chegamos à escola e ele vai para junto dos coleguinhas sem protestar. Nós vamos para a parte reservada aos pais.
Enquanto aguardamos, combinamos que o Leandro vai filmar para que eu possa assistir à apresentação. E fico, ali, pronta para o que vier. É minha primeira apresentação de dia das mães na escola. Na do ano passado, estávamos viajando. Sinceramente: se ele ficar lá na frente, já vai me deixar muito feliz!
Entra a turma dos pequeninos do Jardim 1. Tão bonitinhos, desengonçados e esforçados. E já vejo pelo menos 2 crianças típicas chorando, lágrimas escorrendo pelas bochechas vermelhas, porque não querem estar ali. As mães as acodem após algum tempo, condescendentes, mas também frustradas por perceberem que o filho não vai mesmo fazer o show.
O Jardim 1 sai. Chega a turma do Theo. Ele entra analisando o local, como sempre faz. Olha todas as paredes, vê alguma coisa super interessante no teto e fica ali, olhando pra cima, enquanto segura a mão de sua AT querida (a tia Marina). A professora de música pede pra que as crianças se sentem no chão e peguem seus instrumentos. O do Theo é um par de pauzinhos, que ele tem que bater um no outro.
Theo e tia Marina (arquivo pessoal)
Theo e tia Marina (arquivo pessoal)
E, enquanto os coleguinhas cantam uma música (que, sinceramente, eu nem me lembro como era), Theo fica, ali, sentadinho no colo da tia Marina. E ela segura em suas mãos para ajudá-lo a fazer alguns gestos. Ele não está muito interessado nisso…prefere tentar abraçá-la, inclinando-se para trás, enrolando-se em seu cabelo e dando muitos beijos.
E a primeira música acaba. E começa uma segunda, com uma brincadeira de roda. Theo segura a mão da coleguinha ao lado, coisa que eu nunca o vi fazer. E se diverte, dá pulinhos quando tem que dar, observa a colega ao lado (outra coisa inédita) e, como não podia deixar de ser, agarra mais a tia Marina.
A apresentação acaba. Muitos aplausos! Fico, ali, emocionada, esperando o doce abraço que ele vem me dar ao final. Que delícia de abraço…e o sorrisão que ele deu quando, finalmente, percebeu que eu estava pertinho o tempo todo!
Tiramos umas fotos e fui conversar com a “tia Marina”. E ela me diz, exatamente com essas palavras: “nunca vi uma criança mais carinhosa”.
E eu vou pra casa tão feliz, tão realizada, tão orgulhosa do meu pequeno.
E, no meio do caminho, penso em como eu poderia ter tido uma manhã completamente diferente. Ruim, realmente péssima. Se, e somente se eu fosse uma pessoa que visse “o copo meio vazio”. Quer ver só? Vou começar a narrativa de novo, mas com uma outra ótica:

“É sábado de manhã e nos dirigimos à escola do Theo. Vai haver uma apresentação de Dia das Mães. Mas pode ser que o Theo nem queira subir no palco.
Chegamos à escola e, para a nossa surpresa, ele vai para junto dos coleguinhas sem protestar. E nós vamos para a parte reservada aos pais.
Enquanto aguardamos, combinamos que o Leandro vai filmar para que eu possa assistir à apresentação. E fico, ali, pensando no que vem pela frente. É minha primeira apresentação de dia das mães na escola. Na do ano passado, estávamos viajando. Então, sinceramente, não sei o que esperar. Ele vai ficar lá? Vai correr? Vai fazer alguma coisa da coreografia? Vai chorar?
Entra a turma dos pequeninos do Jardim 1. Tão bonitinhos, desengonçados e esforçados. E a maioria faz tudo o que a professora pediu. As mães olham orgulhosas.
O Jardim 1 sai. Chega a turma do Theo. Ele entra e nem parece se dar conta do que acontece ali. Olha, distraidamente, para o teto. A professora de música pede pra que as crianças se sentem no chão e peguem seus instrumentos. O do Theo é um par de pauzinhos, que ele tem que bater um no outro. 
Os coleguinhas cantam uma música sobre as mães. Theo é o único que não canta…porque ele ainda não fala. Na verdade, ele nem toca o instrumento. Também não faz nenhum gesto, apesar dos esforços da AT. Fica ali, olhando para o teto e, de vez em quando, para disfarçar, dá uns beijos na tia Marina. Ele é a única criança da turma sentada no colo de uma ajudante. E a voz das outras criancinhas é tão linda…
E a primeira música acaba. E começa uma segunda, com uma brincadeira de roda. Theo ainda parece não se dar conta do que acontece. Não acompanha a dancinha no tempo certo, não rebola quando tem que rebolar, também não abaixa ao fim da música. Parece bem perdido. Chega mesmo a largar a mão da coleguinha em um certo momento.
A apresentação acaba. Muitos aplausos! Fico, ali, triste, pensando no meu filho como a única criança que não cantou, não acompanhou tudo, não fez a dancinha, não fez os gestos. Até demorar pra me achar ele demorou. Isso, sim, é um dia das mães triste.”

Perceberam como poderia ter sido diferente? Pois é. Sai pra lá! Aqui, não! Eu escolho como vou me sentir nesse momento! Eu escolho olhar o lado cheio do copo, sempre! Há 2 anos atrás, o Theo nem teria ficado no palco! Esse ano, ficou o tempo todo, se comportou muito bem e até participou da brincadeira de roda! Meu filho está evoluindo e só tenho o que comemorar!
E, pra coroar isso, ainda ouço a frase “nunca vi uma criança mais carinhosa”. É ou não pra me matar de orgulho??