segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Voz da Pedra


Diáspora acelera avanço do Islã no PR

Muçulmanos se fortalecem no estado, alterando cenário cultural e econômico de mais de 20 cidades
  • O xeque Cubilas Juma, na Mesquita de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná. Região próspera vê avanço com a chegada dos estrangeiros: impacto cultural
  • O atual fluxo migratório de muçulmanos vindos da Ásia e da África está reconfigurando a cultura e a economia de pequenas e médias cidades do Paraná, um estado historicamente multifacetado na composição étnico-cultural. Já são 24 os enclaves islâmicos, um fenômeno impulsionado nos últimos quatro anos pela diáspora oriunda de 18 países, por causa da fome ou de perseguições políticas. Em 20 cidades paranaenses os muçulmanos estão organizados ou se organizando em torno de uma mesquita, o templo religioso propriamente dito, ou de uma mussala, uma espécie de capela.
    VÍDEO: Veja o avanço do Islã no interior do Paraná
    INFOGRÁFICO: Veja o crescimento do Islã no Paraná
    A contínua chegada de muçulmanos propagou os locais sagrados para o Islã no Paraná. O número de espaços dedicados à devoção a Alá é uma forma de medir o crescimento e seu nível de organização. O estado é o segundo do Brasil em templos islâmicos depois de São Paulo, metade aberta nos últimos quatro anos. São 13 mesquitas e oito mussalas. A primeira mesquita paranaense, inaugurada em 1968 em Londrina, é a segunda mais antiga do país depois da de São Paulo, de 1952. Desde então, o número cresceu lentamente até a rápida expansão a partir de 2010.
    Quantos?
    Não se sabe ao certo quantos são os muçulmanos no Brasil. O Censo 2010 do IBGE registra 35 mil, mas entidades islâmicas falam em 1,5 milhão. Essa conta não bate desde 1500. Alguns historiadores mencionam a vinda dos muçulmanos Chuhabidin Bin Májid e Mussa Bin Sáte na expedição de Pedro Álvares Cabral, embora os livros de História ignorem o fato. A colonização do país deu início a migrações esparsas, com a vinda de muçulmanos portugueses e espanhóis, ou a chegada de muçulmanos negros trazidos como escravos (resultando na Revolta do Malês, em 1835, na Bahia).
    No Paraná, os primeiros muçulmanos começaram a chegar na década de 1920, atraídos pelo libanês Hussein Ibrahim Omairi. Estabelecido primeiro em Ponta Grossa, ele viu em Curitiba melhores oportunidades e passou a chamar os parentes. O começo foi como mascate. Em 1957, fundaram uma sociedade beneficente como espaço recreativo e de apoio aos recém-chegados. Em 1972, inauguraram a mesquita. A comunidade islâmica de Curitiba tem hoje em torno de 5 mil membros, entre imigrantes e descendentes, segundo o diretor religioso da Sociedade Muçulmana Beneficente do Paraná, Gamal Omairi.
    A atual migração muçulmana ao Paraná difere daquela iniciada na década de 1920 e intensificada a partir dos anos 50, dando origem às suas três maiores irmandades islâmicas, em Foz do Iguaçu, Londrina e Curitiba. Antes, vinham imigrantes sírios, libaneses e palestinos; hoje vêm muçulmanos da África, da Ásia e do Oriente Médio. Os de antes se dedicavam ao comércio varejista, os de agora seguem o lastro das oportunidades de emprego no abate halal de aves e bovinos. Há por trás desse fenômeno um caráter econômico que tem moldado a expansão do Islã no Brasil.
    Método halal
    Maior exportador mundial de carne de frango, o país abateu 5,6 bilhões de aves em 2013 e exportou 1,8 milhão de toneladas de aves abatidas pelo método halal. Outras 318 mil toneladas de carne bovina renderam US$ 4 bilhões em vendas a países árabes. O Paraná é o maior produtor do país e o primeiro em exportação de frangos, líder também no abate halal, com US$ 2 bilhões em vendas externas em 2013. Como o abate segundo os rituais islâmicos só pode ser feito por muçulmanos, eles estão cada vez mais presentes nas cidades cuja avicultura é o motor econômico.
    Chegam fugindo da fome ou de perseguições políticas em países como Bangladesh, Afeganistão, Paquistão, Angola, Moçambique, Palestina, Iraque, Jordânia, Índia, Síria, Gana, Líbano, Guiné, Senegal, Egito, Congo, Somália e do território da Caxemira. O perfil do novo imigrante islâmico dinamiza a economia e a cultura no interior paranaense, com a instalação de um núcleo ainda que pequeno onde há o abate halal. Unidos pela crença comum e pelo local de trabalho, esse núcleo tende a estabelecer uma comunidade.
    Quando atinge um melhor grau de organização, essa comunidade costuma se tornar uma congregação, reunindo-se em um local de oração coletiva, que pode ser uma sala, uma mussala ou mesquita. Se o nível de organização aumenta, estão dadas as condições para a constituição de uma associação ou entidade beneficente muçulmana na comunidade, pontua Eonio Cunha, colaborador do Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos. “E para o uso de ferramentas digitais visando à difusão do Islã, como Facebook, blogs e sites na internet”, salienta.
    Uma verdadeira Conquista do Oeste
    As exportações de carne para o Oriente Médio têm determinado os rumos dos novos imigrantes muçulmanos no Brasil. A maioria chega por São Paulo ou Brasília, onde legalizam a permanência. Depois, ao buscar trabalho acabam parando nos frigoríficos, que têm motivos de sobra para contratar esses imigrantes. Apenas no ano passado foram exportadas 318 mil toneladas de carne bovina e 1,8 milhão de tonelada de aves abatidas pelo método halal, que só pode ser feito por muçulmanos.
    “O Paraná é o estado com maior número de frigoríficos e todos têm o abate halal. Daí terem vindo mais muçulmanos para essa região”, diz Muhammad Imran, supervisor desse tipo de abate pela certificadora Siil Halal no frigorífico da Copagril em Marechal Cândido Rondon, na Região Oeste. O estado tem hoje 24 cidades que atendem às exigências do islamismo para a degola de animais destinados às exportações. Em 20 delas a comunidade muçulmana já está organizada ou está se organizando em torno de uma mussala ou uma mesquita, a exemplo de Francisco Beltrão, no Sudoeste, e de Jaguapitã, no Norte.
    Em Francisco Beltrão, de 85 mil habitantes, a mesquita foi inaugurada em março de 2014. A comunidade islâmica é formada por 70 pessoas, a maioria empregada no abate . São oriundos de Bangladesh, Paquistão, Marrocos e Somália. Também há alguns árabes e brasileiros convertidos ao Islã. Em Jaguapitã, cidade de 12 mil habitantes, a mesquita foi aberta em outubro de 2013. A maioria é de bengalis e grande parte trabalha no abate halal nos frigoríficos das avícolas Avebom e Jaguafrangos.



    Vida e Cidadania | 19:33

    Islã cresce no interior do Paraná

    O estado é o segundo do Brasil em templos islâmicos, atrás apenas de São Paulo. O fluxo migratório tem reconfigurado a cultura e a economia de pequenas e médias cidades do interior do Paraná.

    O que é halal?
    Ritual islâmico movimenta mercado internacional
    Em árabe, halal significa legal ou permitido, termo usado para descrever aquilo que é permitido pelas leis da Allah (Deus). Muçulmanos só podem consumir alimentos halal, obtidos conforme os preceitos do Alcorão e da Jurisprudência Islâmica. Animais só são considerados halal se abatidos segundo os rituais islâmicos.
    Apenas muçulmano pode fazer o abate, em local separado do convencional, precedido pela frase “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais misericordioso”. Para permitir uma sangria única e que o animal morra sem sofrimento, o corte deve atingir a traqueia, o esôfago, artérias e a veia jugular, para todo o sangue escoar.
    A inspeção da carne necessita da presença de certificadoras halal, que garantem a procedência. As quatro principais certificadoras no país são a Alimentos Halal Brasil, a Cdial Halal, a Cibal Halal/Fambras e a Siil Halal.
    http://www.gazetadopovo.com.br/m/conteudo.phtml?tl=1&id=1524074&tit=Diaspora-acelera-avanco-do-Isla-no-PR

    Leite essencial para crianças com deficiência está em falta há 20 dias, dizem famílias

    Por Elizangela Jubanski e Bruno Henrique / Banda B.

    leite
    Cada lata tem 400 gramas, custa R$ 70 e é distribuída nas unidades de saúde de Curitiba às famílias cadastradas. Foto: BH/Banda B

    Um leite essencial para a alimentação de crianças com deficiência está em falta na rede municipal de saúde. Na manhã desta segunda-feira (5), cerca de vinte famílias se reuniram em frente a Prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico, para protestar. A Prefeitura de Curitiba informou que o abastecimento voltará ao normal até o fim da semana.
    As famílias contaram à Banda B que o leite é um complemento de uma alimentação especial para crianças que têm deficiência física e/ou mental. Cada lata tem 400 gramas, custa R$ 70 e é distribuída nas unidades de saúde de Curitiba às famílias cadastradas.
    Entretanto, desde o último dia 13, os responsáveis por retirar as latas de leite enfrentam problemas. “Não conseguimos mais as latas e disseram pra gente que ia demorar porque a Prefeitura teria que abrir uma licitação. O problema é que a gente usa esse leite todo dia”, disse a mãe de uma criança especial, em entrevista à Banda B.
    De acordo com as manifestantes, cerca de 400 famílias estão cadastradas para receber o leite. A média mensal de uso é entre 10 a 20 latas.
    Resposta
    A Banda B entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba que enviou à redação uma nota sobre o caso. Segue, na íntegra: “A Secretaria Municipal da Saúde informa que já restabeleceu o fornecimento das fórmulas nutricionais Nutren Jr e Nutrison Soya e similares, que haviam apresentado problemas de fornecimento no mês de dezembro. A entrega do produto aos usuários ocorre até o fim desta semana. Em 27 de outubro de 2014, a empresa distribuidora Nutrosul, responsável pela venda da fórmula Nutren Jr, informou à Prefeitura que não poderia cumprir sua obrigação de entrega alegando dificuldades financeiras. A administração notificou e multou a companhia e simultaneamente abriu um novo processo licitatório para a aquisição do alimento. Duas tentativas infundadas de impugnação do edital afetaram o cronograma de entrega do Nutren Jr e do Nutrison Soya e, após ter de cumprir os prazos legais para respostas aos questionamentos, a Secretaria da Saúde recebeu os produtos de ambas as marcas ou similares, como Pediasure Complete e Trophic Basic, que serão entregues às unidades de saúde nos próximos dias”.
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