sexta-feira, 24 de abril de 2015

Professores e alunos podem ser amigos nas redes sociais?

Documentário produzido pela UFF retrata como a comunidade escolar de um colégio carioca usa e se relaciona pelo Facebook
Não existe um consenso sobre como deve ser a relação de professores e alunos nas redes sociais. Eles podem ser amigos no Facebook? As informações pessoais divulgadas nas redes interferem na relação em sala de aula? As redes podem ser usadas a favor da aprendizagem? Divulgado em 2013, o documentário “Uma escola entre redes sociais” abordou o tema ao retratar o cotidiano de utilização do Facebook por professores e alunos do ensino médio do Colégio Estadual Brigadeiro Schoert, no Rio de Janeiro.
O objetivo era revelar as dinâmicas de como essa interação fora da escola acontece e para isso docentes e estudantes foram incentivados, em grupos, a debater o tema. O documentário é um dos resultados da pesquisa Redes Sociais na Escola, realizada pelo Observatório Jovem, da Universidade Federal Fluminense (UFF). “O espaço pedagógico da escola é pouco aberto para surpresas e as redes sociais nos abrem para o inesperado. A interação de professores e alunos nesse espaço permite que um conheça uma faceta do outro que não é demonstrada na escola”, afirma Paulo Carrano, coordenador do observatório e docente na faculdade e educação da UFF.
Professor Aluno Redes SociaisCrédito: Robert Kneschke / Fotolia.com

“Eu não tinha nenhum aluno no meu Facebook, muito porque eu usava a rede para me comunicar com os meus amigos. Mas quando vi que as turmas do ensino médio tinham grupos das salas na rede, enxerguei isso como um canal de comunicação com eles”, contou no vídeo a professora de geografia Claudia Rodrigues. Segundo os relatos, o grupo é bastante utilizado pelos estudantes para a troca de materiais que os ajudam a estudar para provas, a realizar trabalhos e mesmo para continuar o debate sobre algum tema inicialmente abordado em classe.
Mas alguns dos estudantes entrevistados dizem que não costumam adicionar os professores como amigos na rede por “questões de privacidade”. Já outros dizem que não se importam, como a estudante do 2oano Ana Caroline de Araújo Gaspar que diz não ter nada contra. “A postura do aluno no Facebook pode ser bem diferente da que ele tem na escola, mas isso não significa que ele é bagunceiro ou tira notas baixas. Mesmo o professor vendo o que a gente faz fora, isso não interfere na relação dentro da classe”. Já Ygor Marcolino de Oliveira, aluno do 3o ano, vê pontos positivos na amizade virtual. “Alguns professores postam coisas interessantes para a gente, postam matérias de prova para estudarmos e ajuda muito”, relatou.
A professora de história Luciana Dias, adota uma postura diferente de sua colega de geografia que disse ter criado um segundo perfil na rede apenas para essa interação com os alunos. Dias defende essa relação como um estímulo a aceitação individual. “É uma oportunidade que a gente tem de ensinar nossos alunos a sermos respeitados pelo que somos. Eu não vejo essa diferença, eu não sou a professora e a não professora. Eu sou eu, Luciana”.
“Não há um consenso sobre essas condutas e acho que nunca vai ter. Mas as instituições precisam encarar o fenômeno das redes sociais como um desafio e também como uma possibilidade educacional”
Em um artigo publicado pela Universidade Federal de Goiás os autores Delcides Rodrigues de Assis e Leonardo Antonio Alves ressaltam a importância do papel da internet na interação social, principalmente no que diz respeito a mistura da vida dentro das instituições de ensino com a pessoal. “É na junção desses planos através das redes sociais que a reação professor-aluno pode progredir. Apropriando-se das redes como meio de comunicação, o aprendizado será uma conquista mútua, dos alunos que conseguem tirar proveito de uma relação amistosa com seus professores, e destes, que na medida em que admitem as redes sociais como um novo ambiente de aprendizagem, podem utilizá-la, por exemplo, para postar os conteúdos propostos para as disciplinas”.
Mas ao mesmo tempo, essa postura é questionada por Carrano, pois quando os docentes estão usando seu tempo e recursos pessoais para disponibilizarem nas redes conteúdos educacionais, estão fazendo trabalho extra e sem remuneração. “O professor acaba levando trabalho para casa, pois muitas escolas não possuem internet ou computadores para eles usarem e ainda não enxergam isso como parte de seu trabalho”, explica.
“Não há um consenso sobre essas condutas e acho que nunca vai ter. Mas espero que as instituições apoiem mais seus professores, que levem esse debate para o planejamento político-pedagógico, que encarem o fenômeno das redes sociais como um desafio e também como uma possibilidade educacional”, completa o professor.
“Nas redes sociais vemos religião, carinho, rebeldia. Descobrimos um outro lado do aluno”
Aproximação
Um ponto importante ressaltado pela professora de biologia Cristina Magella é sobre como essa interação virtual pode aproximar os docentes de seus alunos. Segundo ela, nenhum professor consegue ter uma relação mais próxima com todos os estudantes de uma turma, pois além delas serem numerosas, alguns alunos são mais tímidos ou simplesmente não se sentem confortáveis em se expor pessoalmente.
“É uma forma de estar com o aluno no horário em que ele não está na escola. Estreita as relações e com isso ficamos sabendo um pouquinho da vida deles, o que também é bastante importante no processo de aprendizado”, afirma. E sua colega, Rodrigues, completa e vai além: “Descobrimos que muitas vezes eles são diferentes do comportamento que tem em sala de aula. Nas redes sociais vemos religião, carinho, rebeldia. Descobrimos um outro lado do aluno”.
Para ela, o que se descobre na relação pela internet pode ser comparado a momentos de interação extracurricular. “No meio do grupo o aluno é um e separado é outro. Se pegamos um ônibus junto com um aluno ou batemos um papo num passeio fora da escola é outra coisa, todo professor sabe disso. Essa aproximação que fazemos fora da escola, também pode ser feita pelo Facebook”.
Assista a íntegra do documentário “Uma escola entre redes sociais”:
http://porvir.org/porpensar/professores-alunos-podem-ser-amigos-nas-redes-sociais/20150224

Inclusão digital e desenvolvimento humano: Cláudio Luciano Dusik at TEDx...


Cláudio Luciano Dusik defendeu a dissertação "Tecnologia Virtual Silábico-alfabético: tecnologia assistiva para pessoas com deficiência", junto ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFRGS. Sendo o primeiro aluno com necessidades especiais a concluir mestrado no programa.

Cláudio é formado em Psicologia Claudio é mestre em educação pela UFRGS, na Linha de Pesquisa em Informática na Educação Especial, ênfase em Ambientes Digitais/Virtuais no processo de ensino-aprendizagem, inclusão digital e desenvolvimento humano, é Bacharel em Psicologia e especialista em Psicologia da Saúde pela Universidade Luterana do Brasil.

Com seu conhecimento em Informática e desenvolveu o Mousekey (teclado virtual), sob a orientação da Professora Lucila Maria Costi Santarosa. 

In the spirit of ideas worth spreading, TEDx is a program of local, self-organized events that bring people together to share a TED-like experience. At a TEDx event, TEDTalks video and live speakers combine to spark deep discussion and connection in a small group. These local, self-organized events are branded TEDx, where x = independently organized TED event. The TED Conference provides general guidance for the TEDx program, but individual TEDx events are self-organized.* (*Subject to certain rules and regulations)

SENADO DEBATE O AUTISMO E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

DESTAQUESenado debate o autismo e os desafios da educação inclusiva
"Um dos nossos objetivos é retirar das sombras as pessoas com autismo". Esse foi o recado dado pelo senador Romário (PSB-RJ) ao abrir o seminário Autismo e os Desafios da Educação Inclusiva, nesta quinta-feira (23), no Senado.
O encontro, marcado para o auditório do Interlegis – com capacidade para 200 pessoas - atraiu mais interessados e telões tiveram que ser instalados em três salas de comissões do Senado. Mesmo assim, teve quem acompanhasse as discussões de pé. Eram pais, educadores e outros profissionais que reservaram a calorenta tarde de quinta para tentar tirar da sombra o tema autismo.
A sombra convida ao preconceito. No debate, que reuniu experiências no Brasil e no Reino Unido nos cuidados ao autismo, o embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, fez um relato sobre as muitas vezes em que percebeu seu filho ser mal tratado nas escolas.
Alex é pai de Thomas, que tem síndrome de Asperger, um transtorno bastante relacionado ao autismo. De acordo com o embaixador, o preconceito, no entanto, nunca veio dos colegas de colégio nem tampouco dos professores, mas dos pais das crianças. Eles temiam que o baixo desempenho de Thomas prejudicasse os resultados da escola.
— Por favor, nas festas de aniversário das crianças do colégio convidem todas. Não excluam os deficientes. Isso é muito importante — pediu o embaixador.
As experiências de Alex são como pai de um jovem com síndrome de Asperger. No outro lado do balcão está Di Roberts, que é da Associação das Escolas Técnicas do Reino Unido e reitora do Brockenhurst College. Na escola estudam cerca de três mil alunos entre 16 e 18 anos em regime de tempo integral. Deste total, mil têm necessidades especiais de educação e 150 são autistas. No atendimento a esse público, segundo ela, são desenvolvidas técnicas especiais para possibilitar a esses jovens uma vida mais independente, além de prepará-los ao mercado de trabalho e ao ensino superior.
A realidade das escolas brasileiras é bastante distinta, como revelou a pedagoga Cláudia Moraes. Ela lembrou que a educação é um problema no país e não apenas para as crianças com necessidades especiais, mas para quase todas. Salientou ainda que são imensos os desafios para uma educação inclusiva no Brasil.
— Para construirmos um programa inclusivo de resultados devemos manter equipes de especialistas nas escolas, como psicólogos e fonoaudiólogos. Estabelecer parceria com profissionais que atuam com esses alunos fora dos colégios. Precisamos também de treinamento continuo de todos os profissionais da escolas, além de desenvolver um trabalho em conjunto com as famílias, explicou a pedagoga.
A cumprimento à Lei 12.764/12, que traz a política nacional de proteção aos direitos dos autistas, foi bastante cobrada durante as discussões. O senador Romário ressaltou que o Brasil está longe do ideal em políticas públicas para os cuidados das pessoas com deficiências e autistas.
Somado a isso, segundo Romário, a sociedade ainda resiste e discrimina esses indivíduos. Daí a urgência de uma revolução na cultura ao tratamento aos que têm necessidades especiais, sejam elas quais forem.
— Eu tenho a certeza que depois deste evento as pessoas deverão se conscientizar melhor e começar olhar de uma forma diferenciada e mais humana para todos esses indivíduos — disse o senador.
A Organização das Nações Unidas estima que há 70 milhões de autistas no mundo. No Brasil faltam dados precisos, mas são estimados dois milhões. O transtorno autista afeta a capacidade de interação social, a comunicação e o comportamento. É mais comum em meninos do que em meninas e os sinais ficam mais evidentes após os três anos de idade.
Fonte: Agência Senado