terça-feira, 7 de abril de 2015

NA MESMA CENA, ESPETÁCULO DE DANÇA, DA CIA SEM FRONTEIRAS NO MAM COM AUDIODESCRIÇÃO

FLYER NA MESMA CENA. Descrição no final do convite.
O espetáculo de dança NA MESMA CENA com a Cia. DANÇA SEM FRONTEIRAS será apresentado com audiodescrição no MAM.
Data: 11 de abril, sábado, às 15:00 horas. 
Local: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo / Parque Ibirapuera, portão 3 – (Av. Pedro Alvares Cabral, s/n° – São Paulo).
Evento gratuito.
Sobre o espetáculo: Através da dança, a coreógrafa Fernanda Amaral e os bailarinos conduzem a criação de uma paisagem diversa onde bailarinos com e sem deficiências dançam e atuam juntos com o público. A intervenção utiliza uma metodologia desenvolvida nos últimos vinte e cinco anos pela coreógrafa que incorpora, elementos das técnicas de dança contemporânea, Contato Improvisation, DanceAbility e dança-teatro, dialogando com o público e os transeuntes, usando como elemento de criação os diferentes potenciais e habilidades dos bailarinos, focando na igualdade e na quebra de paradigmas.
Músicos experientes em improviso, baseados em um escore pré-estabelecido criam ao vivo uma trilha sonora para cada intervenção, construindo e desconstruindo melodias e universos rítmicos. 
“Na mesma Cena” vai diretamente ao encontro do cerne do trabalho do Dança sem Fronteiras e da Fernanda Amaral que a mais de uma década tem demonstrado em seu trabalho um comprometimento em promover oportunidades para o público no plural, participando de forma ativa na criação de um produto artístico contemporâneo.
Sobre a companhia: *Dança sem Fronteiras foi criado em 2010, em São Paulo, por Fernanda Amaral, bailarina, coreógrafa e educadora, reunindo diferentes linguagens artísticas, entendendo cada sujeito em suas dimensões cognitivas e motoras, numa abordagem que focaliza a cultura corporal do movimento e dialoga com as várias formas de expressões artísticas.
Ficha técnica:
Direção Artística e bailarina: Fernanda Amaral 
Bailarinos: Beto Amorim, Camila Rodrigues do Carmo Barbosa, Lucinéia Felipe dos Santos (bailarina c/ baixa visão) e Rafael Barbosa (bailarino c/ síndrome dos ossos de vidro)
Músicos: Beto Sporleder –sopro, Daniel Muller – acordeon e Bruno Duarte – percussão
Dramaturga colaboradora com o processo artístico das intervenções: Teresa Athayde
Figurinos e cenografia: David Schumaker 
Foto: Ricardo Teles
Duração: 60 minutos 
Classificação: livre
Descrição do flyer: o flyer é ilustrado por três fotos em preto e branco dos bailarinos Fernanda Amaral e Rafael Barbosa, ambos descalços, usando calça e camiseta escuras em poses de dança. Fernanda é uma mulher de pele clara, cabelos castanhos, repartidos ao meio, na altura dos ombros; Rafael é um jovem negro, cadeirante, de cabelos pretos curtos, olhos pequenos. Na primeira foto, Fernanda está sentada no chão com as pernas esticadas embaixo da cadeira, nas costas de Rafael, que está com o corpo inclinado para trás segurando as mãos dela. Na segunda, Fernanda empurra suavemente a cadeira de Rafael que está com os braços abertos. E na terceira, Fernanda está sentada no braço da cadeira com um braço aberto e o outro tocando no ombro de Rafael. Um músico está sentado no chão com as pernas cruzadas, tocando um instrumento de sopro, no canto direito, na segunda e terceira fotos
http://www.vercompalavras.com.br/blog/?p=2535#.VSST8j0-t4g.facebook

Gibi: Nossa Turma



 GIBI com 4 histórias infantis abordando temas como Preconceito, Acessibilidade, Educação, Trabalho na vida das pessoas com deficiências.
http://blog.amigosdaabpst.com/category/campanhas/

Lei que regula a contratação de pessoas com deficiência completa 21 anos

Marcelo Casal Jr/Agência BrasilLei que completa 21 anos assegura contratação profissional de pessoas com deficiência
Lei que completa 21 anos assegura contratação profissional de pessoas com deficiência
A Lei de Cotas foi criada em 1991 e de acordo com o Ministério do Trabalho existem, atualmente, cerca de 306 mil pessoas com deficiência empregadas formalmente no país 
A chamada Lei de Cotas (Lei 8.213 de 24 de julho 1991) completou na última terça-feira (24) 21 anos desde a sua sanção. Atualmente, existem cerca de 306 mil pessoas com deficiência formalmente empregadas no Brasil. Desse total, cerca de 223 mil foram contratadas beneficiadas pela Lei de Cotas, o que comprova a importância da Lei.
Ela prevê que toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% (dependendo do total de empregados) dos postos de trabalho a pessoas com alguma deficiência.
O desafio da empregabilidade para quem possui alguma deficiência, segundo o secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio José Ferreira, é fazer com que os empresários acreditem em sua capacidade produtiva. 
De acordo com a Secretaria, se todas as empresas do país cumprissem a Lei de Cotas, mais de 900 mil pessoas com deficiência estariam empregadas. “Hoje nós já temos avanços em relação a capacitação destes profissionais. O governo federal está disponibilizando 150 mil vagas do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) para qualificação de pessoas com deficiência, justamente para que elas possam acessar as vagas que a Lei de Cotas assegura”, afirma Ferreira.
“Junto ao Ministério do Trabalho, estamos fazendo uma grande campanha de sensibilização para os empresários. Não tratando só na questão de aplicar multa, mas também de conscientizar e de capacitar o empresariado”. A empresa que desrespeitar a Lei de Cotas e negar oportunidade de trabalho às pessoas com deficiência poderá pagar multa de R$ 1.617,12 a R$ 161.710,08.
Lei de Cotas
Lei de Cotas, define que todas as empresas privadas com mais de 100 funcionários devem preencher entre 2 e 5% de suas vagas com trabalhadores que tenham algum tipo de deficiência. As empresas que possuem de 100 a 200 funcionários devem reservar, obrigatoriamente, 2% de suas vagas para pessoas com deficiência; entre 201 e 500 funcionários, 3%; entre 501 e 1000 funcionários, 4%; empresas com mais de 1001 funcionários, 5% das suas vagas. 
A baixa escolaridade e a falta de qualificação profissional são apontadas como as principais causas da não contratação de pessoas com deficiência, além da adaptação necessária na estrutura física das organizações, para que os espaços possam ser adequados ao trabalho e ao deslocamento dos profissionais.
De acordo com o art. 2º da Lei 10.098/2000, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. 

Leia mais:

Ergonomia & Acessibilidade – áreas que se complementam


Ergonomia & Acessibilidade – áreas que se complementam

O que é Ergonomia?

Associação Brasileira de Engenharia de Produção define Ergonomia como: o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.
O projetista que se preocupa com a acessibilidade e a necessidade das pessoas com deficiência pode ser definido dentro do mesmo conceito dado pela Associação Internacional de Ergonomia (em agosto de 2000) aos ergonomistas: “contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.”
Este conceito permite enxergar a ligação direta entre a ergonomia e a acessibilidade, visto que as duas “ciências” buscam a adequação do ambiente ao homem.
Campos da Ergonomia
Os domínios de especialização da ergonomia dividem-se, de maneira geral, em física, cognitiva e organizacional. Podemos entender cada um em sua aplicação na acessibilidade:
  • Ergonomia física: relacionada às características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica. Podemos avaliar o posto de trabalho de um cadeirante, por exemplo, levando em consideração sua postura na atividade e o manuseio dos materiais à sua volta. Com isso, projetar de uma forma que lhe proporcione segurança e saúde, aumentando sua produtividade.
  • Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora. Estudamos as respostas motoras de pessoas com deficiência visual e suas tomadas de decisões durante seu deslocamento. Porque foi para um lado e não para o outro? Porque tocou primeiro aqui eu não ali? Isso resulta no aparecimento de problemas que possibilitam a criação de um projeto que atenda às suas necessidades reais de orientabilidade.
  • Ergonomia organizacional: trabalha com a otimização dos sistemas sóciotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Tomemos como exemplo uma Instituição de Longa Permanência para Idosos que aumentou o número de quedas nos últimos meses. Um trabalho em grupo com projetos participativos poderá investigar o problema de acessibilidade por meio dos relatos dos idosos ou funcionários da casa, buscando solucioná-lo através de uma ação conjunta.
Aproveitando o último domínio, lembramos a importância da Ergonomia Participativa junto à acessibilidade para obter bons resultados através da participação de todos os interessados na ação ergonômica. “Os saberes que outros detêm, suas representações do problema ou das saídas possíveis, os projetos que eles alimentam, devem ser levados em conta. O ergonomista deve, portanto, se dar os meios de uma confrontação positiva entre o ponto de vista, do qual é portador, e os outros pontos de vista representados.”Daniellou e Béguin (2007)
Interdisciplinaridade
Profissionais de diversas áreas têm unido seus conhecimentos para encontrar formas de incluir as pessoas com deficiência no cotidiano de toda a sociedade, promovendo, ao mesmo tempo, saúde, conforto, segurança e autonomia através da acessibilidade.
Como uma área interdisciplinar, a ergonomia está cada vez mais presente em outras ciências, adicionando informações a profissionais que também se preocupam com a acessibilidade, como: Médicos do trabalho, engenheiros de projeto, engenheiros de produção, engenheiros de segurança e manutenção, desenhistas industriais, arquitetos, designers, analistas do trabalho, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, administradores, etc.
Uma ação ergonômica deve atender e satisfazer ao maior número de pessoas e excluir o menos possível, ela deve estar preparada para analisar todas as pessoas e solucionar problemas que elas enfrentam. Logo, atender, também, às pessoas que possuem necessidades específicas, buscando adequar os espaços vivenciados por elas.
O próprio Itiro Iida – autor do livro “Ergonomia – Projeto e Produção” – reconhece que, atualmente, a contribuição da ergonomia não se restringe às indústrias. Os estudos ergonômicos são muito amplos, podendo contribuir para melhorar as residências, a circulação de pedestres em locais públicos, ajudar pessoas idosas, crianças em idade escolar, pessoas com deficiência e assim por diante.
A ergonomia em projetos para pessoas com deficiência
O desenvolvimento de suportes informáticos para os deficientes visuais, por exemplo, foi acompanhado por um esforço significativo de pesquisas em ergonomia, abordando não só a avaliação de protótipos e as melhorias desejadas, mas também um conhecimento melhor da função visual deficitária e, paralelamente, um conhecimento melhor das funções auditivas e hápticas (ou seja, o tato associado a movimentos) enquanto funções substitutivas privilegiadas.
Ao projetar um ambiente público consideramos a média antropométrica, desenvolvida para cobrir a faixa de 5 a 95% de uma população, baseando-se na idéia que isso aumenta o conforto para a maioria, mas em projetos particulares para pessoas com deficiência, o ergonomista deve se referir a características fora das normas e dos dados obtidos habitualmente na população em geral. Os estudos em ergonomia mostraram que projetar para atender à média da população não é uma forma de inclusão, pois todas as pessoas possuem características próprias e assim também acontece com as pessoas com deficiência, que mantém suas especificidades mesmo fazendo parte de uma mesma categoria de deficiências.
Uma das formas de inserir acessibilidade e aproximar-se do Desenho Universal – que atende à maior parte dos tipos humanos – é adotar a abordagem ergonômica no desenvolvimento dos projetos de espaços e de produtos, antevendo sua utilização por um maior número de pessoas. Integrar a ergonomia e a acessibilidade é uma questão de ampliação das áreas, principalmente da Ergonomia, que por muito tempo foi apenas relacionada à adequação do trabalho ao ser humano.
Larissa Santos
*Imagens adaptadas do livro Ergonomia: Projeto e Produção. Itiro Iida, 2005.

Mitos sobre as deficiências: você conhece todos?

Certa vez, em um dos almoços de reunião realizados quando ainda era Secretária da Pessoa com Deficiência, fui informada de que me seria servida na ocasião uma generosa “papinha”. Pensaram: se ela não se mexe sozinha, não mastiga também. Depois da explicação óbvia, o episódio se tornou algo engraçado e hoje serve para ilustrar como a deficiência écercada de mitos. Alguns, como esse que contei, são bem simples de reverter: foi só mastigar um bife. Mas muitos outros precisam ser desmistificados para todo mundo.
Cadeirantes não têm sensibilidade
Sim, todos nós temos. O que muda é a forma como as sensações se manifestam – elas variam muito de pessoa para pessoa. Eu, por exemplo, tenho muita sensibilidade do peito para cima. Um lençol colocado por cima do meu peito me faz sentir sua presença em excesso. Assim como o vento, que depois da lesão medular passou a ter outro efeito no meu corpo. Essa mudança também vale para as temperaturas, como quente e frio. Elas continuam ali, mas diferentes.
Pessoas com deficiência não fazem sexo ou não sentem prazer
Essa história de que tudo desligou e nunca mais se sente prazer é pura balela. Uma pessoa com deficiência pode sentir muito prazer e também proporcionar o mesmo. A primeira vez que fiz sexo depois de perder movimentos foi enquanto ainda estava na UTI, e foi um grande alívio saber que eu ainda ficava lubrificada com o toque do meu namorado. O mesmo vale para os homens com deficiência, que também continuam a vida sexual depois da lesão medular e podem ter ereção, sim. E, tanto o homem, quanto a mulher com deficiência podem fazer e gerar filhos. Conheço vários homens e mulheres com deficiência que são pais e mães incríveis.
Todo surdo é mudo
A verdade é que não existem mudos, mas pessoas com deficiência auditiva que se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outras que utilizam a Língua Portuguesa. O fato de uma pessoa não ouvir não significa que ela não possa falar, são apenas formas diferentes de se comunicar.
Todas as pessoas com paralisia cerebral não têm capacidade de raciocinar
A paralisia cerebral pode afetar o intelecto de certas pessoas, mas isso não ocorre em todos os casos. Embora apresente algumas dificuldades de coordenação e fala, muitas pessoas com paralisia cerebral são capazes de aprender como qualquer outra. Basta contar com o ferramental necessário para que se desenvolva, cada uma ao seu tempo. O mesmo vale para as pessoas com deficiência intelectual.

A cegueira é a pior deficiência a se encarar

Conheço diversos cegos capazes, autônomos e felizes. Ser cego não é sinônimo de tristeza. O fato de não enxergar desperta na pessoa com deficiência visual outros sentidos que a fazem ver muito além, acredite.
Pessoas com deficiência são infelizes e deprimidas
A deficiência não é um estado de espírito. O que interfere no humor de uma pessoa com deficiência é ser barrada de fazer algo por falta de acesso, mas isso não nos torna infelizes. Pelo contrário: nos faz querer derrubar barreiras todos os dias para buscar a felicidade. Está cheio de gente “normal” por aí buscando um sentido para viver.

Agora que você sabe de tudo isso, que tal colocar as informações em prática e conviver de forma leve e verdadeira com a diversidade humana? Sempre lembre que perguntar não ofende ninguém. Bora derrubar outros mitos?

Mara Gabrilli

A superação do 1.º juiz cego do Brasil


Ricardo Tadeu Marques da Fonseca em seu escritório. Tornou-se desembargador  do TRT-PR em 2009. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Ricardo Tadeu Marques da Fonseca venceu 
as próprias limitações e hoje é desembargador do TRT-PR


As vistas de Ricardo Tadeu Marques da Fonseca se escureceram definitivamente quando ele tinha 23 anos. Cursava, então, o terceiro ano de Direito na tradicional Faculdade do Largo São Francisco, na Universidade de São Paulo (USP). Com o apoio de colegas – que gravavam em fitas cassete a leitura dos livros, para que ele pudesse estudar –, Fonseca se formou com louvor. Seria apenas mais um capítulo da história de superação, estoicismo e trabalho. Pouco mais de duas décadas depois, ele se tornava o primeiro juiz cego do Brasil.
Fonseca foi nomeado desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) em 2009, indicado pelo então presidente Lula (PT). Com perfil sério e decidido de quem teve que brigar para vencer as adversidades, imprimiu seu ritmo de trabalho à equipe. Em quatro anos, zerou a fila de mais de mil processos que aguardavam julgamento. Analisa, em média, 400 casos por mês. “Aqui, o trabalho se impôs”, ressalta.
Para suprir a falta da visão, teve de se adaptar e criar um método próprio. Em sala, uma assessora lê os autos em voz alta. A partir de então, Fonseca memoriza o caso, destacando palavras-chave. No tribunal, a servidora menciona as palavras-chave e pronto: o processo brota na mente do desembargador que, então, pode dar andamento ao julgamento. “Ela é meu olho nas sessões”, sintetiza.
Desta forma, o desembargador se consolidou avesso a qualquer sentimento de pena ou de incapacidade. “Eu sempre quis ser juiz e nunca acreditei que não iria conseguir”, diz. Menciona outros grandes que superaram deficiências – como Beethoven (que compôs a nona sinfonia depois de surdo), o escultor Aleijadinho e o físico Stephen Hawking. “Não existe o ‘não pode’. Tudo é método. É questão de se encontrar o método adequado para fazer o que se quer.”
As dificuldades, no entanto, começaram já nos primeiros instantes de vida. Fonseca veio ao mundo prematuramente – aos 6 meses de gestação. Por isso, nasceu com retinopatia da prematuridade, doença que lhe deixou com baixíssima visão. Enxergava apenas borrões coloridos, sem contornos nem detalhes. “Eu não distinguia rostos ou flores. Tinha uma visão impressionista”, define.
Filho de um executivo de multinacional e de dona-de-casa, Fonseca teve as primeiras lições ainda em casa. Em meio a brincadeiras, a mãe o ensinou a ler e a fazer as primeiras contas, grafando grandes letras e números em uma lousa. Quando veio a idade escolar, a família optou por matriculá-lo em um colégio normal, e não em escola especial.
Como não conseguia ler os livros, as professoras copiavam a matéria em letras maiores. “Foi um esforço maravilhoso da minha mãe, que nunca me deixou pensar que eu era incapaz, que eu não podia. Eu sempre pude”, observa.

Da rejeição à carreira no MPT do Paraná

Em 1990, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca foi aprovado em um concurso para ocupar uma vaga de juiz no Tribunal Regional de São Paulo (TRT-SP), então presidido por Nicolau dos Santos Neto, o “Lalau”. Foi desclassificado por não enxergar. “Alegavam que um cego não poderia ser juiz. Aquilo me bateu forte, porque eu não esperava algo semelhante da Justiça”, disse.
Depois de uma semana sem dormir, deu o caso por sepultado. Voltou aos estudos e, no ano seguinte, foi aprovado em sexto lugar em um concurso para o Ministério Público do Trabalho (MPT) – do qual participaram mais de 4,5 mil candidatos. Em 18 anos na instituição, trilhou uma carreira destacada, primeiro como promotor, depois como procurador.
Deu de ombros à sua condição e foi à campo. Participou de vistorias, fiscalizações e investigações. Em uma delas, ele e sua equipe fizeram campana em uma fazenda que mantinha 37 mil trabalhadores, no interior paulista. Descobriram que os lavradores eram pulverizados com agrotóxicos antes de entrarem nos pomares de laranja.
“Eu mesmo tomei banho de veneno para comprovar que aquilo afetava a pele dos trabalhadores”, conta. “Eu nem lembrava que era cego. Eu era só um procurador atuante, querendo fazer meu trabalho da melhor forma possível”, acrescenta.
Fonseca promoveu incontáveis audiência públicas na região de Campinas, São Paulo, orientando empresas quanto aos menores-aprendizes. “Eu consegui fazer com que se registrassem dez mil ‘guardinhas mirins’, em contratos formais de aprendizagem”, aponta. Esta atuação virou referência para a lei federal 10.097, a lei da aprendizagem.
Em 2006, foi convidado a integrar o grupo que redigiu a convenção internacional sobre o direito da pessoa com deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Refuta o rótulo de “defensor dos deficientes”. Diz defender todas as minorias. “Ser cego é um atributo, não uma incapacidade. A deficiência não está na pessoa. Está na sociedade que não dá condições a essa pessoa de fruir seus direitos”, afirma.
Gazeta do Povo

TREINE O SEU CÉREBRO



Como deixar a mente afiada
Que nosso cérebro é incrível, todo mundo sabe. Mas você sabia que é possível deixá-lo ainda mais poderoso? Basta fazer exercícios mentais que ajudam os neurônios (células que conduzem mensagens dentro do cérebro) a se ligarem entre si, num processo chamado sinapse.
Quanto mais você exercitar o cérebro, mais ligações desse tipo vão se formar. Aí, com um monte de conexões feitas, se torna mais fácil aprender, memorizar e raciocinar. Comece agora, com desafios de lógica e de matemática. E, nas próximas páginas, turbine também a memória e a criatividade. 
20 mil é o número de conexões (ou sinapses) que um único neurônio é capaz de fazer com outros neurônios. Quanto mais estímulo essas células recebem, mais elas se ligam entre si!

Memória rápida

O cérebro tem dois tipos de memória: a de curto prazo, que guarda dados por pouco tempo, como o nome de uma rua por onde você quase não passa; e a de longo prazo, que cuida das informações que precisamos lembrar sempre, como saber ler e escrever. Faça o teste a seguir para testar sua memória de curto prazo.

1) Comece pelo topo e leia cada linha de números em voz alta. A cada linha lida, cubra-a e tente se lembrar dos números, sem olhar. Siga até que não consiga mais se lembrar da sequência certa.

438
7209
18546
907513
2146307
50918243
480759162
1728406395

2) A maioria das pessoas consegue registrar, na memória de curto prazo, uma sequência de apenas sete números por vez. Se você conseguiu se lembrar das linhas com mais de sete números, se saiu muito bem!

Dividido é mais fácil
Já teve que decorar uma lista de palavras e achou muito difícil? Pode ficar mais simples se você dividi-las em grupos pequenos. Faça o exercício para descobrir.

1) Estude a lista de palavras a seguir por 30 segundos. Cubra a lista e tente escrever o maior número de itens que puder. Verifique quantas palavras acertou.

Pirâmide
Galho
Estufa
Inseto
Peixe-dourado
Trator
Garra
Botão
Elefante
Carpete
Sopa
Sobrado
Teclado
Bicicleta

Prova do tato

Você vai precisar de:
- 10 objetos pequenos
- 1 caixa
- 1 pano
- lápis e papel

1)   Chame os amigos. Na caixa, ponham objetos como lápis, moedas, borracha, botões, etc. Cubram com o pano e, um por vez, coloquem a mão dentro da caixa, sem olhar, e toquem os objetos.
2)   Sorteiem quem vai começar. O participante deve tirar um dos objetos da caixa, sem que ninguém veja. Depois, cada um coloca a mão lá dentro por 20 segundos e anota o que está faltando.
3)   Quem acertar é o próximo a tirar algo de dentro da caixa. Quando todo mundo já estiver craque no jogo, vocês podem trocar os objetos ou acrescentar outros.

Arquivo poderoso

Nossa memória funciona como uma biblioteca cheia de fileiras de arquivos que podem ser acessados a partir de qualquer estímulo, como um som ou um cheiro. Sempre há espaço para novidades, como a matéria da escola. Mas nem tudo fica guardado para sempre: se uma lembrança fica um tempão sem ser acessada, o cérebro entende que ela não é importante e a memória acaba esquecida.

Memória em dia
Veja que atitudes ajudam a evitar o esquecimento

- Às vezes você se esquece dos trabalhos da escola? Faça associações! Por exemplo: se tem um trabalho de biologia para entregar, pense algo como “biologia – corpo – tomar banho”. Você vai se lembrar dele quando entrar no chuveiro.
- Esforce-se para decorar o telefone de três amigos em um mês. Nesse período, leia os números e disque sem olhar novamente.
- Sempre preste (muita!) atenção quando estiver aprendendo algo novo. Se você ficar distraído, as informações não serão registradas pelo cérebro e nunca estarão em sua memória.
- Durma cerca de oito horas por noite. É durante o sono que o cérebro organiza as informações que você registrou naquele dia: o que é importante fica guardado na memória e o resto é apagado.



Solte a imaginação!
Estimular a criatividade ajuda a mente a enxergar os desafios de formas diferentes as que você está acostumado. Assim, pode ficar mais fácil resolver problemas de raciocínio na escola ou até se dar bem num jogo com os amigos. Faça os exercícios e deixe as ideias viajarem!

Criatividade máxima
Dicas para você não deixar a imaginação perder força

- Antes de fazer um trabalho da escola com os amigos, reúna o grupo para uma tempestade de ideias (ou brainstorming, em inglês). Enquanto alguém anota, os outros dão todas as sugestões para o trabalho que puderem imaginar. No final, elejam as mais legais.
- Está difícil ter uma ideia criativa para uma redação? Dê uma caminhada ou ande de bicicleta. Durante exercícios físicos que não exigem raciocínio, sua mente fica livre para a imaginação. Aí, uma ideia genial pode surgir.
- Brinque muito! E não fique preso apenas às brincadeiras que você já conhece. Invente novos jogos ou crie regras diferentes para aqueles que você adora. É só deixar a criatividade falar mais alto! 

http://recreio.uol.com.br/noticias/corpo-humano/treine-o-seu-cerebro.phtml#.VSPkDvnF-n9

QUEM CABE FISCALIZAR A ACESSIBILIDADE?

Precisamos compreender a acessibilidade para além das questões arquitetônicas. São, pelo menos, mais cinco tipos: instrumental, metodológica, programática, atitudinal e comunicacional. E todos eles têm um único fim: eliminar as barreiras que impedem as pessoas com deficiência de ter as mesmas oportunidades que as demais.
Quais os locais precisam estar acessíveis? Todos aqueles de uso coletivo pois, conforme a Convenção da ONU dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a igualdade deve ser garantida a todos.
Conforme o Decreto 5.296/2004, “as entidades de fiscalização das atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, exigirão o atendimento às regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e na legislação específica. § 2o Para a emissão de certificado de projeto arquitetônico ou urbanístico, deverá ser atestado o atendimento às regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas da ABNT e na legislação específica.”
E quem fiscaliza? A acessibilidade deve ser feita por todo agente incumbido de prezar pelo cumprimento das leis. O agente de trânsito deve garantir as vagas prioritárias para as pessoas com deficiência. O fiscal de obras deve levar em conta as questões arquitetônicas. As prefeituras não devem emitir licenças para eventos que não tenham acessibilidade.
O Decreto diz que: “§ 1º Para concessão de alvará de funcionamento ou sua renovação, devem ser observadas as regras de acessibilidade previstas nas normas da ABNT.§ 2º Para emissão de carta de ‘habite-se’ ou habilitação equivalente, quando esta tiver sido emitida anteriormente às exigências de acessibilidade contidas na legislação, devem ser observadas as regras de acessibilidade previstas nas normas da ABNT.”
Os papéis e as normas são claras e envolvem União, Estados e Municípios e os poderes. Descumprir significa negar direitos. Se nenhum dos responsáveis cumprir sua competência, devem ser acionados o Ministério Público, a Defensoria Pública e ainda existe a possibilidade de fazer denúncias pelo Disque 100.
Numa sociedade ideal, não haveria necessidade de fiscalização pois seus membros garantiriam os mesmos direitos a todos. Isso segue como uma de nossas utopias. Por enquanto, nos resta denunciar toda violação aos direitos da pessoa com deficiência, para assim, um dia, termos espaços acessíveis e humanos.
[Fonte – Blog da Acessibilidade ]