sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Terra à vista!



Plano do governo federal dá perspectivas de avanços na educação especial com investimento maior que 1 bilhão de reais


Por Priscila Sampaio / Fotos: Shutterstock

FONTES:  http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/68/artigo244876-1.asp


“Viver sem Limites”, é o objetivo do governo federal para 2012. E para alcançar esse estágio é necessário que a população com deficiência tenha acesso à educação, que deve ser inclusiva nas escolas, sejam regulares ou especiais, mas que haja uma inclusão real, onde o aluno possa fazer parte da turma e aprender como os outros para poder ter as mesmas chances profissionais e uma carreira acadêmica e, assim, poder exigir seus direitos e cumprir seus deveres.
O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o “ Viver sem Limites”, investirá R$ 1,8 bilhão, que será aplicado em ações para promover a acessibilidade nas escolas e garantir a educação. Entre as ações estaria a readequação de 42 mil escolas, que serão reformadas para instalar rampas, banheiros acessíveis e a acessibilidade dentro da sala de aula. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), aproximadamente, existem 29 mil colégios que já possibilitam a frequência do estudante com deficiência. No entanto, a inclusão não se limita à questão estrutural, mas sim a um conjunto de ações articuladas. “Não se melhora a qualidade do ensino considerando somente a sala de aula, seus agentes e espaços. É necessário que os pais se comprometam em manter o filho na escola e que os professores se dediquem a educá-lo pelo poder público”, afirma Rogério Draga, pedagogo e professor do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Há cursos para o ensino especial pela prefeitura, pelo estado, pelas universidades, mas é algo ainda muito genérico
O investimento para a área de educação será além dos muros da escola. Dentro do plano está a aquisição de 2.600 ônibus escolares adaptados para o transporte dos alunos. Essa medida está dentro da Lei de Salamanca, assinada há 11 anos. A Declaração de Salamanca, na Espanha, estabeleceu garantias de educação a todas as pessoas com deficiência. O documento foi aprovado por unanimidade por representantes de 88 governos e 25 organizações internacionais na Conferência Mundial de Educação Especial das Nações Unidas, realizada em junho de 1994.

Recursos 
Nas salas de aula regulares está sendo cada vez mais comum o número de alunos com deficiência. O censo escolar de 2010 apontou mais de 700 mil matrículas na rede pública e privada. Houve um aumento de 10% comparado a 2009. Contudo ainda não há uma seleção de professores especializados para assistir determinados estudantes. “Temos cursos pela prefeitura, pelo estado, as universidades têm oferecidos pósgraduações para o ensino especial. Mas, infelizmente, é algo ainda muito genérico. Eu já tive um aluno cego e um outro com autismo. Me senti desorientada de como poderia trabalhar cada um deles junto com a turma, pois apresentavam dificuldades e habilidades distintas”, diz Neila Oliveira, professora de Português da rede pública de São Paulo.
Perante esse fato, o MEC desenvolveu o Programa de Implantação de Recursos Multifuncionais. São salas que trabalham com materiais pedagógicos para desenvolver o aluno que frequenta a sala comum. O programa, que atende atualmente mais de 24 mil unidades de ensino pelo Brasil, foca o desenvolvimento cognitivo, o nível de escolaridade, os recursos específicos para o aprendizado e as atividades de complementação e suplementação curricular. Esse é o apoio que professores, como a Neila, poderão ter para auxiliar os estudantes. No plano anunciado pela presidente Dilma Rousseff serão criadas mais 17 mil salas de recursos multifuncionais.

 Plano Nacional criará, até 2014, cursos de letras-libras nos 27 estados

Capacitação 
Dentro do valor de R$ 1, 8 bilhão, o MEC terá o compromisso de implantar ações para a capacitação de professores. Para Ana Lúcia Scagnolato, coordenadora de projetos sociais na ArcelorMittal Piracicaba, é muito importante o governo fomentar centros de estudos para a educação especial. “É desafiador trabalhar a inclusão escolar, por isso, fazer com que os profissionais estudem juntos proporcionará, além do conhecimento técnico, a troca de experiência, que será válida tanto quanto a absorção dos conceitos teóricos da inclusão”, analisa.
Para atender a comunidade surda do Brasil, que hoje está representando quase 10 milhões, como revelou o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Plano Nacional criará, até 2014, cursos de letras-libras nos 27 estados e serão instalados em núcleos de acessibilidade nas instituições federais de ensino superior.