domingo, 27 de janeiro de 2013

‘Sinto que nasci de novo’, diz Pedro Leonardo após acidente


Fantástico visitou a fazenda do cantor Leonardo, onde seu filho, Pedro Leonardo, se prepara para a etapa final de sua recuperação


G1
O Fantástico foi até o interior de Goiás, para a fazenda do cantor Leonardo. É lá que seu filho, Pedro Leonardo, se prepara para a etapa final de sua recuperação. Pedro se acidentou depois de um show em Uberlândia (MG) em abril de 2012. Ficou 81 dias internado; 30 em coma.
São 40 minutos de voo de Goiânia até a fazenda. É lá que o Leonardo costuma reunir todos os anos os seis filhos durante as férias. Por isso, é um momento muito especial para o Pedro e para toda a família depois de tudo que aconteceu.
Renata Ceribelli: Olha só a mordomia em que a gente encontrou o Pedro. Só quer sossego?
Pedro Leonardo: Aqui é só sossego.
Tem bastante gente na fazenda. Dos seis filhos de Leonardo, cinco já chegaram. Além do Pedro, tem o Mateus, de 15 anos, a Jéssica de 18, o José Felipe, de 14, e o João de 10. Cada um de uma mãe diferente. E tem a Taís, que não é filha de Leonardo, mas também é irmã de Pedro por parte de mãe.
Pedro: Estar aí com a minha família neste momento é fantástico. Mas, para mim, voltar aqui depois de tudo, depois de tudo que eu passei. É a primeira vez que eu volto. É uma vitória, é uma luta, é uma paz, sabe? Estou aqui com a minha filha, vejo ela correndo na varanda dia e noite. Minha mãe atrás, a mãe dela atrás.

Renata: Como é que está a sua recuperação? De um a cem, você diria que você está.
Pedro: 98.
Renata: O que falta?
Pedro: Falta só o manguito do ombro. É um nervo que permite mexer o ombro. Não é uma cirurgia complicada nem de risco.
Renata: Sua fala está perfeita?
Pedro: A fala está melhorando. “Melhorando” era uma palavra que eu não falava de jeito nenhum.
Renata: Mas o que você já evoluiu com a fonoaudiologia já te permite subir em um palco e cantar?
Pedro: Sem problemas. Eu me sinto bem demais cantando. As dificuldades na hora em que você está cantando não são invencíveis. A dificuldade pode ser grande ou pequena, mas é certeza que você vai vencer.
Renata: Pedro, o que você se lembra do acidente? Qual a última imagem que você se lembra antes do acidente?
Pedro: Não me lembro. Nenhuma.
Renata: Quando você vê tudo que aconteceu com você o que você pensa? O que sente?
Pedro: Cara, eu sinto que eu nasci de novo.
Renata: Qual foi o momento mais difícil?
Pedro: O que mais me incomodou foi a voz. Minha extensão vocal diminuiu demais.
Renata: Isso para um cantor sertanejo é terrível, não é?
Pedro: É, porque eu sempre cantei lá em cima, sempre. Então, eu queria voltar a ser o que eu era.
Renata: Você já tá 98%...
Pedro: Só faltam esses dois. Relaxa, Relaxa.
Renata: A fonoaudióloga vai tirar essa graça do seu sotaque? Você vai falar só falta esses dois? Ou vai continuar falando só “farta” esses dois?
Pedro: Só “farta” esses dois. É isso mesmo. Esse é o Pedro Leonardo.
E o pai de Pedro Leonardo é de quem, com certeza, ele herdou o lado otimista e brincalhão.
“Tudo tem um gosto especial. A gente estar aqui podendo relembrar tudo que aconteceu com alegria hoje, porque foi uma vitória muito grande. A gente vê a melhora dele, a cada dia que passa ele está melhor”, diz o cantor Leonardo.
Leonardo está tão feliz com a recuperação de Pedro que faz um convite ousado: ele quer que o filho volte a montar a cavalo pela primeira vez depois do acidente. Pedro aceita. Ainda precisa de ajuda mas depois é só diversão.
Renata:  Pedro, você montar em um cavalo novamente é um desafio ainda maior hoje em dia?
Pedro: É gratificante. Era praticamente impossível. Subir em um cavalo eu nem pensava. A dificuldade era para andar.
Renata:  Você tinha medo de nunca mais conseguir estar em cima de um cavalo?
Pedro: Medo eu nunca tive. Eu acho que para Deus tudo tem o seu tempo. Sabia que tinha o tempo dele e tinha que esperar.
Renata: Mas você sabia que isso talvez pudesse acontecer, né Leonardo?
Leonardo: Com certeza. Estava difícil até para sobreviver, mas esta aí a prova de que tudo aconteceu e que a gente está forte.
Renata Ceribelli: A força da família foi fundamental?
Pedro: Uma força fundamental que eu tive acima de tudo foi minha filhinha, Maria Sofia. Queria ver ela crescer, andar..
Renata Ceribelli: Como vocês se sentem, os irmãos, de ver o Pedro bom?
“Inexplicável. A melhor coisa”, disse Matheus.
Renata Ceribelli: Vocês tinham medo dele não estar aqui com vocês novamente?
“Eu sempre acreditei. Deus parece que mostrou que nada ia acontecer, eu tinha certeza que nada ia acontecer”, disse Jéssica.
“Nos primeiros dias que eu o vi no hospital o ‘trem’ foi feio”, contou José Felipe.
“Foi muito bom vê-lo aqui de novo porque eu achei que ele não ia estar bom como agora, que não iria ser como antes”, disse João.
O próximo desafio do Pedro agora é voltar para o palco em um show para valer, junto com Tiago, o seu parceiro. Mas a família toda já está prometendo que vai estar presente e não só para homenagear, simplesmente. Vai todo mundo cantar.

ESTAMOS DE LUTO


Atletas de Santos se classificam para Parapan-Americano de Tênis de Mesa


Jennyfer Parinos e Israel Stroh qualificaram-se pela seletiva disputada em Piracicaba (SP), e vão integrar delegação brasileira em Curitiba (PR)

G1

Mesatenista Jennyfer Parinos, de Santos (Foto: Divulgação / CBTM)Jennyfer Parinos está classificada para o Parapan
(Foto: Divulgação / CBTM)
Dois atletas de Santos classificaram-se para o Campeonato Parapan-Americano de Tênis de Mesa. Israel Stroh e Jennyfer Parinos qualificaram-se na seletiva para o torneio, disputada em Piracicaba (SP), e vão integrar a delegação brasileira na competição, que ocorre de 2 e 7 de julho, em Curitiba (PR).
Jennyfer, de 16 anos, superou a concorrência de Carollna Maldonado e Elen Alves da Silva na categoria que reuniu as classes 8, 9 e 10 para ficar com a vaga. A mesatenista, que  tem Raquitismo Hipofosfatérmico (problema que impede o organismo de absorver o cálcio dos alimentos, deixando os ossos fracos e as pernas arcadas, por ter de sustentar o peso do corpo), participará pela terceira vez de uma competição internacional.
- Apesar de ter enfrentado atletas que estão uma classe abaixo da minha, não foram jogos fáceis. Tive que lutar muito para garantir essa classificação e vou treinar mais ainda a partir de agora para chegar bem preparada no Parapan - disse Jennyfer, em entrevista ao site da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM).
Israel, por sua vez, teve de superar Marcelo Cardim, Luiz Filipe Manara e Francisco Melo para ficar com a vaga na Classe 8 (voltada a atletas com amputações simples acima ou dupla abaixo do joelho; ou com grave deficiência em um ou dois membros inferiores). O mesatenistasonha com uma vaga direta para os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Alguns Paralisados Cerebrais Vencedores.

Muito embora a sociedade manifeste desconhecimento ou preconceito em relação ao paralisado cerebral, existem vários exemplos de pessoas que se destacam com maestria em suas áreas de atuação. São vencedores, sobreviventes da realidade excludente a que são submetidos, desde o nascimento, uns mais outros menos, dependendo da gravidade do quadro. 


Ricardo Tadeu Marques da Fonseca. 
Um exemplo clássico é o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que nasceu no sexto mês de gestação e o excesso de oxigenação no cérebro e problemas no parto ocasionaram deficiência visual e paralisia cerebral. Ele é um exemplo de paralisia cerebral leve. Hoje, aos 48 anos, é cego, com PC e um dos mais brilhantes defensores dos direitos das pessoas com deficiência. A paralisia cerebral afetou seus membros superiores e inferiores, mas realizou fisioterapia e várias cirurgias na infância e adolescência, ficando com poucas seqüelas. 


Antonio Carlos Viviane. 


Um exemplo de pessoa com paralisia cerebral não tão leve é Antonio Carlos Viviani, o Carlinhos, escritor e poeta. Com 31 anos, tem deficiência física nos membros superiores e inferiores. Quando escreve, expressa nas letras seu lado romântico e terno com amplo alcance. Quando fala é pouco entendido, pois a PC lhe deixou sérias seqüelas que prejudicam a comunicação oral. Mesmo assim, sente-se diferente apenas porque utiliza cadeira de rodas para se locomover. Cadeira, aliás, que empurra com o próprio pé de ré, para que ninguém a empurre, pois gosta de enfatizar que é independente. 

Para ele, as maiores dificuldades que enfrenta no dia-a-dia são a comunicação, o preconceito e a falta de informação de algumas pessoas. "Dependendo do caso, algumas coisas não consigo fazer, como tirar a barba, porém me alimento sozinho e faço quase tudo", destaca. 

No fundo, Carlinhos alimenta o sonho de um dia ser tratado como qualquer um. "Afinal, a gente é igual", afirma. Carlinhos destaca, ainda, que no caso dele, a PC não lhe afetou a mente. "O mais importante é a força de vontade. É preciso ter força de vontade para colocar o dom para fora. Eu escrevo porque gosto! As pessoas começaram a elogiar e saiu o livro. Para vender é difícil, mas eu gosto de escrever", observa. 

Suely Harumi Satow.


Sueli Harumi Satow. 

Outro exemplo é a comunicadora e filósofa Suely Harumi Satow, 54 anos, com 
mestrado e doutorado em Psicologia Social, pela PUC de São Paulo. Apesar da titulação, ela destaca que, em geral, os atendentes de lojas e médicos a tratam como se tivesse deficiência intelectual. 

Ela atribui seu desenvolvimento ao apoio da família. Seus pais a incentivavam sempre, mesmo nas situações mais difíceis. "Na escola também havia um outro extremo, na classe me consideravam a aluna exemplar por causa das seqüelas, mas na hora do lanche eu ficava com as excluídas (a mais gorda, a mais feia, etc.). Estas circunstâncias levaram-me a um desequilíbrio psíquico muito forte, que quase me colocaram em um hospício", afirma. 

Suely gostaria que a sociedade a tratasse como as outras pessoas, vendo-a como ser humano, apesar das diferenças, e não como um ser incapaz com necessidade de tutela. "A sociedade deveria rever sua hipocrisia, fingindo que não é preconceituosa, e olhar profundamente para ela mesma, os indivíduos que a compõem, e se conhecer melhor. Talvez, agindo assim, as diferenças diminuiriam gradativamente", observa. 



Felipe Sales. 

Também o pequeno Felipe, de quatro anos, é um garoto com PC, mas isso não é sequer imaginado por quem o vê serelepe pelos corredores da Divisão de Medicina de Reabilitação do HC (DMR), onde faz reabilitação e conquista a todos com seu sorriso maroto. Sua mãe, Maria Paula Sales, psicóloga, conta que sua gravidez foi sem intercorrências, calma e normal. O filho apresenta pequena dificuldade motora em membros inferiores e braço esquerdo. 

"Ele tem uma rotina normal, como qualquer outra criança, brinca, vai à escola, adora cantar e dançar, enfim, é uma criança muito alegre", destaca a mãe. Com a reabilitação, ela espera que as seqüelas, que não são acentuadas, sejam ainda mais amenizadas e que ele consiga cada vez com mais facilidade realizar as atividades de vida diária. "Espero que ele se realize como pessoa e que a pequena deficiência que ele apresenta não o impeça de fazer o que ele gostar e quiser", afirma. 

Maria Isabel da Silva - Jornalista DMR HC FMUSP. Editora do Jornal da AME. 

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