quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Cadeirantes derrubam mitos sobre sexualidade

IG


A lesão não impede uma vida sexual ativa e satisfatória. Conheça as histórias de quem superou os próprios desafios

Nas últimas semanas, a modelo e Miss Bumbum Dai Macedo e o advogado Rafael Machado, juntos há quase dez meses, viram uma reação inusitada à relação deles. Rafael, de 31 anos, é cadeirante.
“Pessoas com diferenças muito visíveis aos outros sempre são percebidas como incapazes ou sem os mesmos direitos às expressões sexuais”, afirma Oswaldo Rodrigues, psicólogo e especialista do Instituto Paulista de Sexo. Dai e Rafael ficaram impressionados com a reação das pessoas ao fato do casal ter uma vida sexual ativa. “É tão normal, tranquilo e gostoso. Acho que as pessoas precisam conhecer e saber o que a gente vive, para depois falar”, desabafou a modelo em entrevista ao iG Gente.
Getty Images
Cadeirantes podem -- e têm -- uma vida sexual saudável e ativa

Um dos orgasmos mais marcantes que eu tive foi justamente depois da lesão", diz Juliana Carvalho
O caso de Rafael, que sofreu um acidente há 10 anos, é de lesão medular, que acaba comprometendo as habilidades motoras e sensitivas do corpo. Mesmo com a sensibilidade do corpo alterada, é possível ter prazer por meio de outros estímulos, menos óbvios que a penetração.
“Não existe nenhuma informação de que o orgasmo seja atingido única e exclusivamente pela penetração. Então, é completamente possível atingir o prazer de outras formas, descobrindo novas zonas erógenas, como a nuca, mamilos, lóbulo da orelha, entre outras partes. O casal precisa tentar”, aconselha a médica fisiatra Rosane Chamlian, da Escola Paulista de Medicina.
Nem todos os cadeirantes, porém, sofreram lesão na coluna. Às vezes, o problema pode ser uma doença progressiva que afete a habilidade motora, sem prejudicar a sensibilidade. Em casos assim, ter uma vida sexual ativa também é possível, mesmo com o obstáculo da falta de locomoção.
Arquivo pessoal
Juliana é autora do livro 'Na Minha Cadeira ou na Sua?': orgasmo mais marcante depois da lesão
Sexo antes, sexo depois
Náusea, dor de cabeça e dores pelo corpo. A publicitária Juliana Carvalho, que na época tinha 19 anos, estava certa de que aqueles sintomas eram de uma ressaca qualquer. Quando precisou ser internada, porém, recebeu um diagnóstico mais grave. Ela teve mielite transversa, espécie de inflamação na medula, e 48 horas depois de ter entrado no hospital caminhando, ficou tetraplégica.
Com a ajuda da fisioterapia e a convicção de que estar na cadeira de rodas era apenas algo temporário, Juliana conseguiu reconquistar o movimento dos braços, mas da cintura para baixo nada mudou. “Depois de oito anos recusando a ideia de ser paraplégica, entendi que voltar a andar não era a coisa mais importante da minha vida. Ser uma referência para outras pessoas com alguma deficiência valia mais a pena, mostrar que a gente pode fazer tudo o que quiser, apesar da exclusão e do preconceito”, conta ela, que encarou isso como uma missão e publicou o livro "Na Minha Cadeira ou na Tua?" (Editora Terceiro Nome), com o relato de suas experiências como cadeirante, em 2010.
A ideia de que tudo é possível também se aplicou à vida sexual. Ela, que já tinha se relacionado com outras pessoas, precisou se adaptar a um “novo” jeito de transar. Juliana se sentiu travada no começo, com medo de que a relação não fosse tão prazerosa como antes. Pela experiência, ela percebeu que o medo era apenas um engano.
No centro de reabilitação do hospital, conversando com outros cadeirantes e compartilhando experiências, Juliana percebeu que poderia ter uma vida sexual tão satisfatória como a de qualquer outra pessoa, lesionada ou não. “Um dos orgasmos mais marcantes que eu tive foi justamente depois da lesão, quando eu já estava há cinco anos sem transar com ninguém”, lembra.
Divulgação
Mara Gabrili: 'nova primeira vez' ainda no hospital
Assim como Juliana, a psicóloga, publicitária e deputada federal Mara Gabrilli precisou se redescobrir sexualmente após um acidente que a deixou tetraplégica aos 26 anos, em 1994. “Essa foi a minha maior preocupação quando recebi o diagnóstico: fiquei com medo de não ter uma vida sexual saudável, já que eu estava na cama, sem conseguir me mexer ou respirar direito”, relembra ela.
Ainda na UTI, Mara resolveu arriscar e acabou tendo sua “nova primeira vez” atrás das cortinas do hospital, com seu então namorado. “Foi muito bom porque eu vi que várias coisas estavam vivas em mim, desde o desejo até a lubrificação. A sensibilidade era diferente, mas não estava perdida”, diz. Nesse ponto, ficou até melhor: depois do acidente, Mara sentiu que os orgasmos se tornaram mais duradouros. “O nosso corpo não é estático, não está congelado. A cada dia descubro um lugar onde a sensibilidade aumentou”, explica.
Ao contrário de Mara e Juliana, a estudante de Pedagogia Tuigue Venzon teve as habilidades motoras e sensitivas comprometidas por conta de uma má formação arteriovenosa, que a impediu de caminhar sozinha aos 20 anos. Até então, Tuigue não tinha se relacionado com ninguém. “Eu tinha medo, achava que ninguém ia me querer. Acabou rolando com meu ex-namorado e foi ótimo! Hoje, entendo que e experimentar é a melhor coisa podemos fazer, para tirar qualquer dúvida”, acredita ela.
Arquivo pessoal
Rafael e os filhos: se lamentar pela própria situação nunca foi uma escolha
Coragem e criatividade
O mais importante durante a fase de recuperação é não se deixar intimidar pelas dificuldades e não abrir mão de uma vida sexual ativa, que traz uma série de benefícios para o organismo. “A pessoa que redescobre a sexualidade fica com a autoestima lá em cima, aproveita melhor a vida e tudo isso se reflete na saúde”, afirma Rosane Chamlian.
Para o advogado Rafael Marajó, cadeirante há quase três anos, se lamentar pela própria situação nunca foi uma escolha. Em agosto de 2011, durante um assalto, ele levou um tiro que o deixou paraplégico. O contato com outros cadeirantes foi fundamental para que ele entendesse que, a partir dali, a experiência sexual seria completamente diferente, mas nem por isso menos prazerosa.
“A cultura masculina é a de que o prazer só é atingido com a ejaculação. O que a gente descobre é que uma coisa é totalmente diferente da outra, e mesmo que o cara não consiga ter um orgasmo, a relação vale a pena. Não tem coisa mais legal do que estar com a parceira e vê-la sentindo prazer”, conta.
Com os homens, a questão da sexualidade é um pouco diferente. Segundo a especialista Rosane Chamlian, a ereção é possível, a única coisa que varia é a sua duração. “A cumplicidade e o conhecimento entre o casal é o segredo para fazer com quem essa ereção se mantenha durante a relação”, ressalta ela.
Além disso, existem outras alternativas que prolongam ereção, como o anel peniano, Viagra e injeções estimulantes. Mesmo assim, vale lembrar: nenhum medicamento deve ser utilizado sem a devida prescrição médica e cadeirantes também estão sujeitos à contaminação por DST’s (doenças sexualmente transmissíveis), por isso, a proteção é indispensável.
“Sexo é uma coisa tão boa, não tem por que se esconder ou se culpar. Se der alguma coisa errada, qual o problema? Que homem nunca broxou na vida e que mulher nunca deixou de gozar? O fato de estar numa cadeira de rodas não é um obstáculo para conhecer novas pessoas”, reforça Rafael.

UFSCar cria centro modelo para tratar autismo

Projeto pretende ser referência para o tratamento com técnica de apoio personalizado
MONIQUE OLIVEIRADE SÃO PAULOA UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) vai inaugurar um centro de referência para tratar o transtorno do espectro autista.
Além do atendimento personalizado, o projeto permitirá intervenções na comunidade que ajudarão pacientes a enfrentar a dificuldade de sociabilização, um sintoma evidente do autismo.
A inauguração do instituto, que também capacitará profissionais de todo o Brasil, está prevista para o ano que vem e atenderá inicialmente seis alunos. O prédio da sede está pronto. "Há muitas sintomas específicos para os quais ainda não existem propostas adequadas", diz Celso Goyos, idealizador do projeto na UFSCar.
O centro terá por base o ABA (Applied Behavior Analysis), técnica de observação personalizada que ajuda no desenvolvimento de competências individuais.
"Muitas manifestações motoras e de linguagem são meras reações e podem ser revertidas", explica Giovana Escobal, vice-coordenadora do projeto.
Outra meta é capacitar profissionais da instituição e de todo o país. "A experiência americana com esse método foi muito positiva", diz Thomas S. Higbee, professor do Departamento de Educação Especial da Universidade de Utah, e parceiro da UFSCar.

    Terapia com uso de fitas adesivas de kinésio

    Tratamento com fitas de kinésio ajudou Vito Bonomo a sentar corretamente antes dos seis meses. Crédito: arquivo pessoal
    A terapia com o uso de fitas adesivas de kinésio pode ser uma aliada importante para ajudar a criança com síndrome de Down a desenvolver uma postura adequada e ajustar grupos musculares mais fracos. Cada pessoa é diferente e pode precisar da aplicação das fitas em locais específicos do corpo, mas geralmente elas são utilizadas com as seguintes finalidades:
    - Abdome e braços: ativar maior força muscular em movimentos como engatinhas e andar.
    - Pescoço e costas: ajustar a postura.
    - Abaixo do queixo: ajudar a criança a manter a língua dentro da boca.
    Para iniciar um tratamento com as fitas adesivas de kinésio, é necessário contar com o apoio de um profissional especializado na terapia. Ele poderá atuar nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia ou terapia ocupacional e poderá auxiliar a família em questões como o uso das fitas, trocas e posicionamento correto.
    Como funciona?
    “Quinesiologia” é o estudo científico do movimento do corpo humano. Para se locomover, o corpo utiliza, além do cérebro que comanda os movimentos, ossos, músculos, articulações e tendões. A origem do uso de fita adesiva de kinésio é dos anos 1970 e foi desenvolvida por um quiroprata japonês, Kenzo Kase, para ajudar na recuperação de lesões musculares. Com o tempo, a técnica passou a ser adotada por praticantes de esportes e, mas recentemente, para pessoas com hipotonia (flacidez muscular), como o caso das pessoas com síndrome de Down.
    As fitas de kinésio ajudam a ajustar e/ou corrigir articulações desalinhadas e aliviam as tensões mecânicas sobre estas regiões. Seu principal objetivo é melhorar a amplitude e a qualidade de movimento. O material possui espessura e peso semelhantes aos da pele, com marcas na parte adesiva que simulam as impressões digitais ou veias da pele humana. Como pode ser esticado em até 140% do seu comprimento original, oferece apoio de forma seletiva aos músculos, favorecendo seu fortalecimento. Além disso, é 100% acrílico hipoalérgico, sensível ao calor e não contém quaisquer substâncias químicas ou medicinais impregnadas à fita.
    Exemplo de uso
    Vito Bonomo começou a usar as fidas de kinésio com quatro meses e sentou-se antes dos seis meses. Os pais e profissionais que trabalham com o Vito relatam grande melhora na postura do bebê com a aplicação das faixas.
    Vito Bonomo utilizou fitas de kinésio até em passeios. Segundo pais e profissionais, tratamento trouxe resultados expressivos. Crédito: arquivo pessoal

     http://www.movimentodown.org.br/2013/05/terapia-com-uso-de-fitas-adesivas-de-kinesio/#sthash.pYGNggOr.dpuf

    Os veículos conduzidos por pessoas com deficiência podem ficar isentos do pagamento de pedágio em rodovias

     A mudança é o objetivo do Projeto de Lei do Senado (PLS)  452/2012, que está na pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A reunião da comissão está marcada para terça-feira (18).

    De autoria da senadora Ana Amélia (PP-RS), o projeto condiciona a isenção ao princípio da preservação do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de rodovias. A relatora na CAE, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), observa que o projeto não menciona recursos orçamentários para a despesa decorrente. Assim, "conclui-se que o benefício seria custeado pelo aumento do valor do pedágio para os demais motoristas", o que poderia gerar aumento de cerca de 15% nas tarifas.

    Para assegurar a viabilidade econômica do projeto, a relatora considera necessário impor limite à gratuidade. O limite, segundo Lúcia Vânia, pode se dar em função de fatores como a renda da pessoa com deficiência, o grau de comprometimento da acessibilidade e os recursos médico-hospitalares que necessita alcançar pela rodovia.

    Por considerar a matéria eminentemente técnica e sujeita a atualizações constantes, a relatora não considera conveniente fixar os parâmetros em lei e optou por emenda que remete a matéria à regulamentação do Poder Executivo.

    A decisão da comissão é terminativa, ou seja: se a matéria for aprovada na CAE e não houver recurso para a tramitação em Plenário, segue para a apreciação da Câmara dos Deputados.

    http://www.cenariomt.com.br/