domingo, 4 de dezembro de 2016

Inovação Educativa

http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/repensando-os-processos-de-ensino-aprendizagem/

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Estilistas criam coleção especial para quem tem algum tipo de deficiência física

Thailla Torres
Moda inclusiva busca incentivar a indústria da moda a olhar para o público com deficiência. (Foto: Lohana Holsbach) Moda inclusiva busca incentivar a indústria da moda a olhar para o público com deficiência. (Foto: Lohana Holsbach)

Comprar uma roupa confortável, sem a necessidade de ajuste, ou toda vez ter que escolher um modelo infantil de sapato são só algumas situações que pessoas com deficiência física acabam enfrentando. Mas um desfile em Campo Grande pretende mostrar que é possível produzir uma coleção que atenda a essas necessidades. O conceito é de "moda inclusiva", para ir além da modinha consumista convencional.
A ideia do desfile é despertar em estilistas e no mercado da moda o olhar para peças que contribuam com a autonomia de pessoas que dependem, por exemplo, da cadeira de rodas. A proposta foi da jornalista Ana Paula Cardoso, que é cadeirante por conta de um acidente de trânsito em 2009.
Para realizar o evento, tem o apoio da AMDEF (Associação de Mulheres com Deficiência de Campo Grande). A presidente da entidade, Mirella Ballatore, lembra que o projeto é novo, mas avalia que é um avanço. “Não existe moda para a pessoa com deficiência aqui e eu nunca vi. A gente compra as roupas normais e a única solução é adaptar, o que nem sempre é confortável. Então a ideia é conscientizar esse universo da moda”, explica.
Jardineira infantil foi pensada para vestir a criança sem tirá-la da cadeira de rodas.  (Foto: Antônio Arguello)Jardineira infantil foi pensada para vestir a criança sem tirá-la da cadeira de rodas. (Foto: Antônio Arguello)
Mirella tem a Síndrome dos Ossos de Cristal e é cadeirante. Ela já perdeu as contas de quantas vezes precisou ajustar uma peça de roupa. “A gente acaba adaptando para vestir. Tira um fecho, coloca um zíper, insere um velcro ou no fim acaba cortando parte da roupa”, comenta.
Sem falar do sapato, uma das maiores dificuldades. “Só uso sapato infantil. Quem tem uma deficiência e precisa de um sapato menor, tem que se contentar com as estampas infantis porque não acha nada adequado. As vezes, manda fazer, mas nem sempre fica a mesma coisa. É preciso entender que também somos consumidores, queremos nos vestir bem e pagamos os mesmos impostos”, reclama.
Quem abraçou a ideia e confeccionou 12 peças que serão reveladas só no desfile deste sábado foram os alunos do curso de Moda da Uniderp. A coordenadora Carolina Debus explica que o desafio dos jovens estilistas foi criar roupas que facilitem as atividades no dia a dia. “A ideia é facilitar na hora de vestir, dar conforto, não incomodar e até ajudar o deficiente na hora de ir ao banheiro”, explica.
Entre os modelos, foram produzidas, por exemplos, peças para caldeirantes e deficientes visuais. “É um vestido com um zíper que facilita a retirada, uma jardineira com abertura entre as pernas para ajudar na colocação e também peças com detalhes em braile para que a o cego identifique a roupa com mais facilidade. Tudo é para dar a liberdade de escolher o que vestir e se sentir bem”.
Foram criadas duas saias, uma mais curta e outra longa, com a função de cobrir a prótese. Foram criadas duas saias, uma mais curta e outra longa, com a função de cobrir a prótese.
A moda inclusiva é feita em detalhes. A jardineira infantil tem a parte inferior ligada à parte de cima, com botões de pressão no cós. Então, ela pode ser usada apenas como saia. A modelagem em corte godê facilita vestir, pode ser colocada por cima, enquanto a criança está sentada na cadeira de rodas. "Usualmente, o mercado disponibiliza jardineiras com saias retas e inteiras, sem a opção de remoção da parte superior", detalha a coordenadora.
Outra peça foi criada para quem usa prótese. São duas saias, uma mais curta e outra longa, usada em cima da outra com a função de cobrir a prótese. "A saia longa tem medidas assimétricas para acompanhar a anatomia do corpo, mas isso não é perceptível. O conjunto garante versatilidade e suas peças podem ser usadas de maneira separada", explica. 
Já com o macacão, o desafio dos acadêmicos era produzir uma peça em que a modelo conseguisse vestir sozinho. Por isso, foi confeccionada peça sem mangas e ganhou um decote profundo nas costas. Na foto não dá pra ver, mas com o movimento do corpo, a modelo consegue tirar sozinha.
Macacão feito de maneira que ela conseguisse vestir sozinha.e suas peças podem ser usadas de maneira sMacacão feito de maneira que ela conseguisse vestir sozinha.e suas peças podem ser usadas de maneira s
O processo desde a teoria até a produção começou há seis meses, dentro da disciplina ergonomia e design. Os alunos tiveram contato com 12 modelos com deficiência, que pontuaram as necessidades.
“Na indústria da moda, se trabalha uma modelagem industrial com as opções que todo mundo já conhece e isso dificulta muito a acessibilidade. Então, é importante voltar a produção para esse público também. Em um dos encontros, os alunos tiveram contato com a realidade e o direito de se vestir bem. Teve modelo que chegou a contar que há anos não utilizava uma saia”, conta.
Depois da confecção, o grupo preparou um editorial lembrando o colorido marcante da pintora mexicana Frida Kahlo. As fotografias farão parte de um calendário para 2017.
Algumas fotos não foram divulgadas para fazer surpresa no 1º Concurso e Desfile de Moda Inclusiva, que acontece hoje no Shopping Bosque dos Ipês, às 19h30. Os projetos serão detalhados e avaliados por jurados da área da moda e envolvidos na defesa dos direitos femininos.
http://www.campograndenews.com.br/lado-b/consumo/estilistas-criam-colecao-especial-para-quem-tem-algum-tipo-de-deficiencia-fisica

Um dia na vida de… uma pessoa com deficiência física

Infantilizar, usar espaços reservados, ter pena, chamar de herói… Perguntamos para pessoas com deficiências físicas quais são as situações mais constrangedoras e ofensivas que elas passam no dia a dia delas e desenhamos para você.
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo têm algum tipo de deficiência – o número equivale à população do Brasil, Rússia, Estados Unidos, Japão e Indonésia juntos. Esse grande contingente faz delas a maior minoria do mundo. Apesar de terem seus direitos garantidos por um conjunto de regras nacionais e internacionais, nem sempre essas normas são colocadas em prática por falta de respeito, verba ou mesmo por desconhecimento.
E é justamente sobre as sutilezas da falta de informação que queremos discutir com a série “Um dia na vida”: muitas vezes não sabemos que nossas atitudes ofendem, interferem na liberdade individual do outro ou que ignoramos a voz de uma parcela da população que quer e merece ser tratada com dignidade. Eles não são excepcionais, especiais, aleijados, incapazes ou heróis: são pessoas com algum tipo de deficiência que querem levar uma vida autônoma e livre. Pedir respeito, acessibilidade e inclusão não tem nada a ver com mimimi.
Sabemos que cada tipo de deficiência gera uma necessidade específica para quem a possui. Pensando em evitar generalizações sobre as particularidades de cada uma e cientes de que querer abordar todas em apenasum quadrinho é também uma forma de reduzi-las, preferimos dar prioridade aos tipos mais frequentes de deficiência física.
Todos os quadrinhos a seguir foram inspirados em casos reais de pessoas que passam por essas situações diariamente. Agradecemos à Bruna Define, Gabriela Abrunheiro, Veri Helfstein, Maria Paula Vieira, Viviane Alvarez, Jorge Rodrigues e Gustavo Torniero pela colaboração.
superacessivel-banheiros-e-outros-espacos-reservados-para-pessoas-com-deficiencia-facilitam-o-acesso-e-a-vida-dessas-pessoasSuperAcessível – Banheiros e outros espaços reservados para pessoas com deficiência facilitam o acesso e a vida dessas pessoas
No primeiro quadrinho, um cara ruivo sem deficiência está entrando no banheiro reservado para pessoas com deficiência. Ele tem uma expressão encabulada, porque um rapaz de muletas está esperando para usar o banheiro. O cara ruivo diz: “É rapidinho, juro! É que só consigo usar esse banheiro para fazer o número dois…”. No segundo quadrinho, o rapaz de muletas pensa: “Que cara folgado! Eu é que não consigo usar o outro banheiro?”.
Nosso conselho nesse caso: Banheiros e outros espaços reservados para pessoas com deficiência, como vagas de estacionamento e assentos preferenciais, existem por uma razão: eles facilitam o acesso e a vida dessas pessoas. Evite usar esses espaços.
superacessivel-uma-deficiencia-fisica-e-uma-caracteristica-que-pode-ou-nao-influenciar-na-aparencia-da-pessoaSuperAcessível – Uma deficiência física é uma característica que pode ou não influenciar na aparência da pessoa
No primeiro quadrinho, um homem está conversando com uma menina cadeirante. O homem diz: “Você é bonita demais pra ser deficiente!”. No segundo quadrinho, aparece apenas o rosto da menina, com uma expressão de irritação. Ela pensa: “o que uma coisa tem a ver com a outra?”.
Nosso conselho nesse caso: Uma deficiência física é uma característica que pode(ou não) influenciar na aparência da pessoa. É desrespeitoso elogiar alguém “apesar” da deficiência que ela possui. Você gostaria de ser elogiado “apesar” de alguma característica física sua?
superacessivel-tratar-uma-pessoa-com-deficiencia-como-heroi-ou-heroina-e-presumir-que-a-sociedade-pode-se-isentar-da-responsabilidade-de-inclui-laSuperAcessível – Tratar uma pessoa com deficiência como herói ou heroína é presumir que a sociedade pode se isentar da responsabilidade de incluí-la
No primeiro quadrinho, uma mulher cega está de pé em um vagão do metrô. Ao lado dela, um senhor também está de pé. O senhor diz, sorrindo: ” Nossa, que legal você andando de metrô! Que exemplo de superação!”. No segundo quadrinho, a moça aparece de saco cheio. E pensa: “Mas eu só tô pegando o metrô! O que tem de superação nisso?”.
Nosso conselho nesse caso: Dizer que alguém é um exemplo de superação pode até parecer um elogio, mas não é. Tratar uma pessoa com deficiência como herói ou heroína é presumir que a sociedade pode se isentar da responsabilidade de inclui-la. Afinal, por essa lógica, ela tem “super poderes”, não é mesmo?
superacessivel-nao-existe-uma-cara-de-pessoa-com-deficiencia-e-ninguem-precisa-provar-que-tem-uma-deficienciaSuperAcessível – Não existe uma ‘cara’ de pessoa com deficiência e ninguém precisa provar que tem uma deficiência
No primeiro quadrinho, uma menina está sentada no banco preferencial do ônibus. Uma mulher cheia de sacolas, chega perto da menina e diz:”Estou cheia de sacolas e você aí, sentada! Você é folgada mesmo, hein?”. No segundo quadrinho, a menina levanta a barra da calça e mostra uma prótese na perna. A mulher diz: “Desculpa,é que você não tem cara de deficiente? “. A menina pensa: “E você não tem cara de preconceituosa!”.
Nosso conselho nesse caso: Não existe uma “cara” de pessoa com deficiência. Ninguém precisa provar que tem uma deficiência.

 superacessivel-falar-com-voz-fina-ou-usar-diminutivos-deixa-a-entender-que-voce-acha-que-ela-tem-a-autonomia-e-o-discernimento-de-uma-criancaSuperAcessível – Falar com voz fina ou usar diminutivos, deixa a entender que você acha que ela tem a autonomia e o discernimento de uma criança
No primeiro quadrinho, uma mulher cadeirante está em uma loja de roupas. Uma vendedora se aproxima com algumas opções de blusinhas, se abaixa ao lado da cadeirante e, como quem conversa com um bebê, diz: “Oi, bonitinha! Já encontrou uma roupinha que você goste? Essa blusinha é lindinha!”. No segundo quadrinho, a cliente está com uma expressão de raiva e chateação. Ela pensa: “Que saco, não sou criança. Por que ela tá falando assim?”.
Nosso conselho nesse caso: Falar com voz mais fina, usar diminutivos e frases simples só porque a pessoa tem alguma deficiência deixa a entender que você acha que ela tem a autonomia e o discernimento de uma criança. Nem as crianças gostam de ser infantilizadas assim
superacessivel-supor-que-o-parceiro-esta-junto-por-pena-ou-bondade-e-ofensivo-as-pessoas-sao-mais-complexas-que-suas-deficienciasSuperAcessível – Supor que o parceiro está junto por pena ou ‘bondade’ é ofensivo. As pessoas são mais complexas que suas deficiências.
No primeiro quadrinho, um casal está em uma festa. A namorada não tem um dos braços. Uma senhora se aproxima dos dois e diz:”Nunca deixe ele ir embora. Vai saber quando alguém vai te amar tanto assim, apesar de tudo?”. No segundo quadrinho, a namorada está com uma expressão de impaciência. Ela pensa: “Ele não está comigo por pena! PQP!”.
Nosso conselho nesse caso:”Pessoas com deficiência são seres humanos, com desejos e vontades. Elas também se relacionam amorosamente – e supor que o parceiro está junto por pena ou “bondade” é ofensivo. As pessoas são mais complexas que suas deficiência. Não as reduza só a isso”.
Fonte: Super Interessante