quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Quando o preconceito vem da família

 
“No dia das crianças, minha mãe reuniu toda a família em sua casa. Comprou presentes iguais para todos os netos, exceto para meu filho.
Para ele, ela deu um presente diferente, mais simples, com a justificativa de que “ele não entende nada mesmo”.
Ela vive dizendo que não vale a pena comprar presente caro para meu filho, porque ele quebra tudo. Fala os maiores absurdos na frente dele e, quando eu chamo sua atenção, ela sempre alega que isto é bobagem, pois ele é alheio a tudo.
Não foi a primeira vez que isto aconteceu. E todas as vezes que acontece, meu coração fica machucado…”


“Minha sogra, minha cunhada e até mesmo minha irmã jamais se oferecem para ficar com minha filha autista quando eu preciso. A desculpa é sempre a mesma: “adoraria te ajudar, mas eu não sei lidar com ela”.
Sinto- me sozinha, exausta e tenho a clara certeza de que não posso contar com ninguém, somente com Deus.”

“Estou evitando frequentar as reuniões da família. Percebo que meu irmão e a esposa ficam cochichando a cada estereotipia que meu filho faz. No último encontro familiar, surpreendi os dois quando os flagrei conversando com os filhos e instruindo as crianças a não se aproximarem do primo, porque ele é muito “esquisito” e poderia agredi-los.
Apesar da raiva e da tristeza, não consegui falar nada…apenas comecei a chorar e fomos embora para casa.  Descobrir que meu próprio irmão tem preconceito em relação ao meu filho me causou nojo…”

“Eu já desisti de tentar explicar à família do meu marido o que é autismo. Eles vivem dizendo que é coisa da minha cabeça, que eu estou inventando coisas e que não há nada de diferente com o nosso menino.
Na verdade, eles não querem admitir que “ACONTECEU” com a família deles. Eles acreditam que a doença só acontece com o “filho dos outros”.”

“A minha família insiste em dizer que minha filha é autista porque puxou a genética “ruim” do meu marido. Meu pai, que sempre foi contra o nosso casamento, parece que se sente vitorioso ao afirmar que a neta é autista porque puxou ao genro. E sempre que pode, ele faz questão de frisar que me avisou para não me casar com ele, mas que eu não dei ouvidos e, agora, “deu no que deu”.”

Os relatos acima expostos são compilações de conversas, telefonemas e e-mails que recebo. Constatei, com muita tristeza, que estas situações são muito mais comuns e corriqueiras do que possamos imaginar. Desta forma, resolvi abordar o assunto neste post.

No primeiro relato é possível observar o típico estereótipo que diz que o autista não entende o que se passa ao seu redor.
Entretanto, torna-se vital desmistificar este conceito equivocado, pois o fato de não verbalizar NÃO significa que a pessoa com autismo seja incapaz de compreender o mundo à sua volta. Autistas não somente percebem, como também sofrem com a discriminação e a falta de compreensão alheia.
O segundo caso também é bastante comum. Familiares que não se envolvem, mas não admitem
meu marido. Meu pai, que sempre foi contra o nosso casamento, parece que se sente vitorioso ao afirmar que a neta é autista porque puxou ao genro. E sempre que pode, ele faz questão de frisar que me avisou para não me casar com ele, mas que eu não dei ouvidos e, agora, “deu no que deu”.”

Os relatos acima expostos são compilações de conversas, telefonemas e e-mails que recebo. Constatei, com muita tristeza, que estas situações são muito mais comuns e corriqueiras do que possamos imaginar. Desta forma, resolvi abordar o assunto neste post.

No primeiro relato é possível observar o típico estereótipo que diz que o autista não entende o que se passa ao seu redor.
Entretanto, torna-se vital desmistificar este conceito equivocado, pois o fato de não verbalizar NÃO significa que a pessoa com autismo seja incapaz de compreender o mundo à sua volta. Autistas não somente percebem, como também sofrem com a discriminação e a falta de compreensão alheia.
O segundo caso também é bastante comum. Familiares que não se envolvem, mas não admitem esta falta de participação, preferindo se esconder atrás da velha desculpa de que não sabem lidar com a criança ou com o jovem. Quando tivemos o diagnóstico de nossos filhos, também não sabíamos como agir com eles. Tivemos que aprender com a convivência, com o dia a dia. Ninguém aprende a conviver, senão convivendo. Da mesma forma, a omissão destes familiares NÃO é justificável, muito menos aceitável.
No terceiro exemplo, encontramos parentes que, para manter as aparências, fingem aceitar a situação, mas que, na verdade, são tão ou mais preconceituosos do que aqueles que admitem francamente ter preconceito.
A quarta história é um “clássico” da cultura dominante que impera entre nós. De acordo com esta “filosofia”, problemas, doenças ou qualquer outro aspecto que seja considerado fora da normalidade não acontecem com nossa família, ocorrendo apenas na família do vizinho.
O último relato também é muito conhecido entre nós, familiares deste grande universo azul.
Famílias que procuram eleger um “culpado” para o autismo de seus filhos. As pessoas ou famílias que agem desta forma parecem acreditar que, achando o responsável, o autismo desaparece de suas vidas.
Estas situações têm um ponto em comum: o preconceito e a falta de aceitação.
O preconceito é o motivador de atitudes odiosas como as que percebemos nos relatos, bem como é responsável também pelos comportamentos equivocados destes familiares.
Por estes e por outros motivos que insisto sempre na conscientização da sociedade através da divulgação de informações CORRETAS e VERDADEIRAS sobre o Transtorno do Espectro Autista.
Porque, muitas vezes, o preconceito convive conosco em nossa própria casa.
Agora, se você cumpriu sua parte e o trabalho de conscientização já foi feito e, ainda assim, sua família insiste nestas atitudes equivocadas e comportamentos deploráveis, siga em frente com sua vida e lamente.
Lamente, mas não por você ou por seu filho.
Lamente pela incapacidade de evoluir que seu familiar possui.
Lamente por tudo que ele está deixando de aprender.
E, principalmente, lamente por sua incapacidade de AMAR e compreender as diferenças!
Pois “a vida é muito curta para ser pequena”, já dizia Benjamim Disraeli.
Assim sendo, cuide de seu filho e vá ser feliz!!!

Denise Aragão
http://www.institutopriorit.com.br/?p=1609

A INCLUSÃO SOCIAL NO ENSINO SUPERIOR