domingo, 17 de março de 2013

Transtorno Bipolar


O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos, alternando-se com episódios de euforia (também chamados de mania), em diversos graus de intensidade. É uma condição médica que, nas suas formas clássicas, afeta cerca 2,2 % da população mundial. O TB pode ser dividido em: tipo I, quando ocorrem episódios de depressão alternados com episódios de mania; tipo II, caracteriza-se por episódios de manias mais leves (as hipomanias) e episódios de depressão. Além deles, se considerarmos os quadros de manias e hipomanias desencadeados por substâncias e outras formas não bem caracterizadas, a prevalência pode chegar até 8% da população, o que se costuma chamar de “espectro bipolar”. Assim, estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sejam portadores do transtorno bipolar, nas suas diferentes formas de apresentação.
 
Ainda não se conhece a causa da doença bipolar; porém, diversos estudos mostram que o seu aparecimento é resultante da interação entre fatores genéticos, do desenvolvimento intra-uterino e de estressores ambientais, tais como abuso sexual, catástrofes, dentre outras. O TB acarreta incapacitação e grave sofrimento para seus portadores e familiares.
 
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda na década de 1990, mostraram que o TB foi a sexta maior causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam que um portador que desenvolve os sintomas da doença aos 20 anos de idade, por exemplo, pode perder nove anos de vida e 14 anos de produtividade profissional, se não tratado de maneira adequada.
 
A mortalidade dos pacientes com TB é elevada, e o suicídio é a causa mais frequente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio, ao menos uma vez em sua vida, e 19% se suicidam. Outro fator agravante na doença bipolar é alta taxa de comorbidades com outras doenças psiquiátricas e não psiquiátricas, tais como transtornos de ansiedade e abuso e dependência de álcool e outras drogas, obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares. Vale ressaltar que a associação com a dependência de álcool e drogas é comum e agrava o curso do TB, piorando a adesão ao tratamento e elevando ainda mais o risco de suicídio.
 
O início dos sintomas na infância e na adolescência tem sido cada vez mais descrito e, em função das características típicas dessa faixa etária, o diagnóstico torna-se um desafio. Frequentemente, as crianças recebem outros diagnósticos, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), o que atrasa o tratamento adequado. Mais ainda, ao longo do curso da doença, muitos pacientes não identificam as hipomanias como doença, retardando também o diagnóstico correto.
 
Dessa forma, o objetivo do tratamento é retirar o indivíduo das fases agudas da doença e impedir episódios futuros, reduzindo a mortalidade e evitando a perda neuronal, devido às lesões causadas pela liberação de substâncias tóxicas no organismo. Por isso, para prevenir as consequências danosas da doença bipolar é importante identificar o seu aparecimento o mais breve possível, orientando a pessoa a procurar um profissional da área, de preferência psiquiatra, que é o médico treinado para esse tipo de atendimento.


Informe-se sobre a doençaAcesse a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, site www.abtb.org.br ou a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) - www.abrata.org.br.

"Diagnóstico do do Transtorno Bipolar (TB) pode demorar até 10 anos. O TB é uma doença mental que representa uma das principais causas de suicídio e promove morte neuronal."


Ângela Miranda Scippa - Professora M.D, Ph.D. associada do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA); e presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB)

A virada tecnológica nas mãos de poucos

Lei estadual, em vigor desde 27 de fevereiro, quer multiplicar casos de sucesso, mas, na prática, inovação ainda depende de iniciativas isoladas.




Henry Milleo/Gazeta do Povo / Leonardo Silva criou o BioFeed, um aparelho que lê e avalia os movimentos do corpo


Gazeta do Povo


Identificação civil e criminal pela biometria, melhor avaliação dos resultados da fisioterapia, controle de estoque em tempo real e próteses dentárias a preços acessíveis são apenas quatro das inovações tecnologias desenvolvidas por paranaenses que revolucionaram suas respectivas áreas.
Leitura da digital nas eleições é ideia curitibana
A princípio, o curitibano Ismael Akiyama só queria descobrir uma forma de oferecer relógios-ponto com identificação biométrica sem que fosse necessário um papiloscopista (policial civil especializado na leitura de digitais). A ideia acabou sendo encampada pelo setor público e no ano que vem será usada na identificação de mais de 10 milhões de eleitores no Brasil.
A popularização da tecnologia partiu do interesse dos seus clientes no produto, sem qualquer incentivo. “Eu já tinha noção de mercado, mas partimos do zero e crescemos sozinhos”, explica. Akiyama saiu de um capital inicial próprio de R$ 70 mil em 2005, quando começou, para chegar a uma receita líquida de R$ 28 milhões cinco anos mais tarde.
A experiência rendeu a responsabilidade de cadastrar todos os torcedores que frequentam estádios de futebol até a Copa de 2014. O projeto foi responsável pelo primeiro aporte recebido pela empresa por parte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de R$ 1,3 milhão.
O controle do negócio na palma da mão
Criador de uma das primeiras empresas de tecnologia da informação de Curitiba, Renato Bianco, usou de incentivos para colocar um de seus empreendimentos em prática. Experiente, a T.Info foi uma das primeiras empresas a fazer parte do programa do Tecnoparque e uma das 50 a entrar no Programa de Apoio à Pesquisa na Micro e Pequena Empresa (Pappe). A subvenção e os incentivos fiscais eram o que faltava para dar fôlego ao seu maior “filão”: através de um programa para dispositivos móveis, como celulares e tablets, o proprietário de postos de combustível pode acompanhar em tempo real toda a movimentação de vendas e estoques da empresa.
“O dispositivo também tem grande adesão nas empresas com frotas de carros e caminhões. É um dispositivo operacional que não existia no mercado”, explica. A alta adesão do empresariado ao programa deixa Bianco otimista. O proprietário da T.Info prevê crescimento de 25% da empresa nos próximos anos. “Também estamos desenvolvendo novas linhas de produtos na gestão de estoque para os próximos anos.”
James Marçal/Divulgação
James Marçal/Divulgação / Fabricação de implantes da Neodent começou nos fundos da clínica de Geni­­­nho ThoméAmpliar imagem
Fabricação de implantes da Neodent começou nos fundos da clínica de Geni­­­nho Thomé
Sem grandes incentivos para inovação na última década, inventos como estes dependeram muito mais da iniciativa empreendedora dos seus criadores do que de uma política de inovação atuante. Para dar escala a casos como estes, pesquisadores e empresas de tecnologia dependem da recém regulamentada Lei de Inovação, que vai destinar mais de R$ 300 milhões em investimentos diretos na área.
A lei prevê que o estado repasse 2% da sua receita tributária, sendo 1% destinado à complementação salarial das universidades estaduais, Iapar e Tecpar e o restante para financiamento de programas, projetos e fomento à pesquisa. A lei está em vigor desde o dia 27 de fevereiro.
O incremento, além de resultar benefício para a sociedade com novas tecnologias, rende bons resultados para seus investidores. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 1,7% das indústrias investem continuamente em inovação, mas elas são responsáveis por 25,9% do faturamento industrial e por 13,2% do emprego gerado no setor.
“A inovação é a chave para o desenvolvimento econômico, justo e sustentável”, afirma Filipe Cassapo, diretor-executivo do Centro Internacional de Inovação C2i.O sentimento é o mesmo daqueles que colocaram as ideas em prática. “Sim­ples­mente a patente não basta. É preciso que ela tenha aplicação de mercado e traga ganhos econômicos”, explica Is­mael Akiyama, responsável pela implantação da biometria no processo eleitoral.
Da tragédia para a evolução da fisioterapia
Sem um ambiente político favorável, o empreendedor Leonardo Rodrigues da Silva tirou de uma experiência pessoal trágica a inspiração para empreender. Após lesionar a coluna em um mergulho no litoral paulista e perder os movimentos das pernas e braços, o cientista viu como os diagnósticos da fisioterapia eram imprecisos. Inventou o BioFeed, um aparelho que avalia a execução dos movimentos do corpo e o progresso dos tratamentos de fisioterapia. “Não criei o programa com a pretensão de achar uma cura para o meu acidente, mas vi as deficiências do diagnóstico da evolução dos tratamentos”, confessa.
Depois de dez anos na universidade estudando sistemas de eletroestimulação, desenvolveu o aparelho e colocou no mercado. Para viabilizar o BioFeed, o engenheiro recebeu ajuda de um investidor-anjo, que arcou R$ 80 mil. De resto, Leonardo bancou mais de R$ 300 mil do próprio bolso. “O mais difícil de enfrentar esta empreitada sozinho, como eu fiz, é saber entrar no mercado. A experiência de uma empresa do ramo é fundamental”, afirma o pesquisador, admitindo que o ideal seria que o ambiente acadêmico tivesse mais proximidade com a iniciativa privada.
Implantes que “valem” R$ 550 milhões
Inovação é colocar uma invenção no mercado. Com esta convicção, o empresário Geninho Thomé criou a Neodent, empresa de implantes dentários. Com uma receita bruta de mais de R$ 200 milhões no ano passado, o dentista começou seus negócios ao produzir implantes para consumo dos seus pacientes há 20 anos.
Com um consultório mo­desto na Manoel Ribas, Thomé achava que os produtos importados, ósseointegrados e feitos à base de titânio, eram inacessíveis para grande parte dos pacientes. “A ideia era aprender a produzir meus próprios implantes para oferecer algo mais em conta e com qualidade”. O negócio começou nos fundos da clínica, com uma linha de produção artesanal.
Geninho passou a oferecer um tipo de implante que ainda não existia no Brasil e logo os colegas de profissão passaram a fazer pedidos.
O resultado concreto do sucesso apareceu no ano passado: 49% do capital da Neodent foi vendido à Straumann, multinacional suíça que é um gigante do setor, por R$ 550 milhões. A empresa ainda tem opção de compra de outros 50% nos próximos seis anos. “Foi um excelente negócio, porque nos permite um intercâmbio de tecnologia”, conta.