sábado, 4 de maio de 2013

Deficiente É O Meu País!!!



face:Deficiente É O Meu País

O que ensinar a seus filhos sobre crianças com deficiência

Postado por  

http://www.deficienteciente.com.br/2012/03/o-que-ensinar-a-seus-filhos-sobre-criancas-especiais.html 


Ellen Seidman, do blog “Love That Max”; mãe do Max, que tem paralisia cerebral
Ellen Seidman, do blog “Love That Max”; mãe do Max, que tem paralisia cerebral
Caro leitor,
A matéria abaixo foi extraída do site Inclusive – Inclusão e Cidadania. O texto foi traduzido por Andréa Werner, do blog “Lagarta Vira Pupa”.
O título original traduzido é “O que ensinar a seus filhos sobre crianças especiais”.
Por Ellen Seidman, do blog “Love That Max
Eu cresci sem conhecer nenhuma outra criança com necessidades especiais*  além do Adam, um visitante frequente do resort ao qual nossas famílias iam todos os verões. Ele tinha deficiência cognitiva. As crianças zombavam dele. Fico envergonhada de admitir que eu zombei também; meus pais não faziam idéia. Eles eram pais maravilhosos, mas nunca pensaram em ter uma conversa comigo sobre crianças com necessidades especiais.
E, então, eu tive meu filho Max; ele teve um AVC no nascimento que levou à paralisia cerebral. De repente, eu tinha uma criança para quem outras crianças olhavam e cochichavam a respeito. E eu desejei tanto que seus pais falassem com elas sobre crianças com necessidades especiais.
Já que ninguém recebe um “manual de instruções da paternidade”, algumas vezes, pais e mães não sabem muito o que dizer. Eu entendo totalmente; se eu não tivesse um filho especial, eu também me sentiria meio perdida. Então, eu procurei mães de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down e doenças genéticas para ouvir o que elas gostariam que os pais ensinassem a seus filhos sobre os nossos filhos. Considere como um guia, não a bíblia!
Pra começar, não tenha pena de mim
“Sim, algumas vezes, eu tenho um monte de coisas pra lidar — mas o que eu não tenho é uma tragédia. Meu filho é um menino brilhante, engraçado e incrível que me traz muita alegria e que me enlouquece às vezes. Você sabe, como qualquer criança. Se você tiver pena de mim, seu filho vai ter também. Aja como você agiria perto de qualquer outro pai ou mãe. Aja como você agiria perto de qualquer criança.”
Shannon Wells, do blog “Cerebral Palsy Baby”; mãe da Darsie, que tem paralisia cerebral
Shannon Wells, do blog “Cerebral Palsy Baby”; mãe da Darsie, que tem paralisia cerebral
Ensine seus filhos a não sentir pena dos nossos
“Quando a Darsie vê crianças (e adultos!) olhando e encarando, ela fica incomodada. Minha filha não se sente mal por ser quem ela é. Ela não se importa com o aparelho em seu pé. Ela não tem autopiedade. Ela é uma ótima garota que ama tudo, de cavalos a livros. Ela é uma criança que quer ser tratada como qualquer outra criança—independente dela mancar. Nossa família celebra as diferenças ao invés de lamentá-las, então nós te convidamos a fazer o mesmo.”
Michelle, do blog “Big Blueberry Eyes”; mãe da Kayla, que tem Síndrome de Down
Michelle, do blog “Big Blueberry Eyes”; mãe da Kayla, que tem Síndrome de Down
Use o que eles tem em comum
“Vai chegar uma hora em que o seu filhinho vai começar a te fazer perguntas sobre por que a cor de uma pessoa é aquela, ou por que aquele homem é tão grande, ou aquela moça é tão pequena. Quando você estiver explicando a ele que todas as pessoas são diferentes e que nós não somos todos feitos do mesmo jeito, mencione pessoas com deficiências também. Mas tenha o cuidado de falar sobre as similaridades também—que uma criança na cadeira de rodas também gosta de ouvir música, e ver TV, e de se divertir, e de fazer amigos. Ensine aos seus filhos que as crianças com deficiências são mais parecidas com eles do que são diferentes.”( Michelle,  mãe da Kayla, que tem Síndrome de Down)
Jana Banin, do blog “I Hate Your Kids (And Other Things Autism Parents Won’t Say Out Loud)”; mãe de Benjamin, que é autista
Jana Banin, do blog “I Hate Your Kids (And Other Things Autism Parents Won’t Say Out Loud)”; mãe de Benjamin, que é autista
Ensine as crianças a entender que há várias formas de se expressar
“Meu filho Bejjamin faz barulhos altos e bem agudos quando ele está animado. Algumas vezes, ele pula pra cima e pra baixo e sacode os braços também. Diga aos seus filhos que a razão pela qual crianças autistas ou com outras necessidades especiais fazem isso é porque elas tem dificuldades pra falar, e é assim que elas se expressam quando estão felizes, frustradas ou, algumas vezes, até mesmo por alguma coisa que estão sentindo em seus corpos. Quando Benjamim faz barulhos, isso pode chamar a atenção, especialmente se estamos em um restaurante ou cinema. Então, é importante saber que ele não pode, sempre, evitar isso. E que isso é, normalmente, um sinal de que ele está se divertindo”(Jana Banin, mãe de Benjamin, que é autista).
Holly Robinson Peete, fundadora (com o marido Rodney Peete) da Hollyrod Roundation; mãe do RJ, que é autista
Holly Robinson Peete, fundadora (com o marido Rodney Peete) da Hollyrod Roundation; mãe do RJ, que é autista)
Saiba que fazer amizade com uma criança especial é bom para as duas crianças
“Em 2000, quando meu filho foi diagnosticado com autismo, eu tive muita dificuldade em arrumar amiguinhos para brincar com ele. Vários pais se assustaram, a maior parte por medo e desconhecimento. Fiquei sabendo que uma mãe tinha medo do autismo do meu filho ser “contagioso”. Ui. Treze anos mais tarde, sou tão abençoada por ter por perto várias famílias que acolheram meu filho de uma forma que foi tão benéfica para o seu desenvolvimento social. Fico arrepiada de pensar nisso. Amelhor coisa que já ouvi de uma mãe foi o quanto a amizade com o meu filho foi importante para o filho dela! Que a sua proximidade com o RJ fez dele uma pessoa melhor! Foi uma coisa tão bonita de se dizer. Quando tivemos o diagnóstico, ouvimos que ele nunca teria amigos. Os amigos que ele tem, agora, adorariam discordar. Foram os pais deles que facilitaram essa amizade e, por isso, serei eternamente grata” (Holly Robinson Peete,  mãe do RJ, que é autista).
Katy Monot, do blog “Bird On The Street”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral.
Katy Monot, do blog “Bird On The Street”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral.
Encoraje seu filho a dizer “oi”
“Se você pegar seu filho olhando pro meu, não fique chateada — você só deve se preocupar se ele estiver sendo rude, mas crianças costumar reparar umas nas outras. Sim, apontar, obviamente, não é super educado, e se seu filho apontar para uma criança com necessidades especiais, você deve dizer a ele que isso é indelicado. Mas quando você vir seu filho olhando para o meu, diga a ele que a melhor coisa a fazer é sorrir pra ele ou dizer “oi”. Se você quiser ir mais fundo no assunto, diga a ele que crianças com necessidades especiais nem sempre respondem da forma como a gente espera, mas, ainda assim, é importante tratá-las como tratamos as outras pessoas” (Katy Monot, mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral).
Lisa Quinones-Fontanez, do blog “Autism Wonderland”; mãe do Norrin, que é autista
Lisa Quinones-Fontanez, do blog “Autism Wonderland”; mãe do Norrin, que é autista
Encoraje as crianças a continuar falando
“As crianças sempre se perguntam se o Norrin pode falar, especialmente quando ele faz seu “barulhinho alto corriqueiro”. Explique ao seu filho que é normal se aproximar de outra criança que soa um pouco diferente. Algumas crianças podem não conseguir responder tão rápido, mas isso não significa que elas não tem nada a dizer. Peça ao seu filho para pensar no seu filme favorito, lugar ou livro—há grandes chances da outra criança gostar disso também. E a única forma dele descobrir isso é perguntando, da mesma forma que faria com qualquer outra criança.”
Kimberly Easterling, do blog “Driving With No Hands”; mãe do William e da Mary, ambos com Síndrome de Down
Kimberly Easterling, do blog “Driving With No Hands”; mãe do William e da Mary, ambos com Síndrome de Down
Dê explicações simples
“Algumas vezes, eu penso que nós, pais, tendemos a complicar as coisas. Usando alguma coisa que seus filhos já conhecem, algo que faça sentido pra eles, você faz com que a “necessidade especial” se torne algo pessoal e fácil de entender. Eu captei isso uns anos atrás, quando meu priminho me perguntou “por que o William se comunicava de forma tão diferente dele e de seus irmãos”. Quando eu respondi que ele simplesmente nasceu assim, a resposta dele pegou no ponto: “Ah, assim como eu nasci com alergias”. Ele sabia como era viver com algo que se tem e gerenciar isso para viver diariamente. Se eu tivesse dito a ele que os músculos da boca de William tem dificuldade em formar palavras, o conceito teria se perdido na cabeça dele. Mas alergia fazia sentido pra ele. Simplicidade é a chave” (Kimberly Easterling, mãe do William e da Mary, ambos com Síndrome de Down).
Debbie Smith, do blog “Finding Normal”; mãe de Addison, que tem Trissomina 9
Debbie Smith, do blog “Finding Normal”; mãe de Addison, que tem Trissomina 9
Ensine respeito às crianças com seus próprios atos
“Crianças aprendem mais com suas ações que com suas palavras. Diga “oi” para a minha filha. Não tenha medo ou fique nervosa perto dela. Nós realmente não somos tão diferentes de vocês. Trate minha filha como trataria qualquer outra criança (e ganhe um bônus se fizer um comentário sobre o lindo cabelo dela!). Se tiver uma pergunta, faça. Fale para o seu filho sobre como todo mundo é bom em coisas diferentes, e como todo mundo tem dificuldades a trabalhar. Se todo o resto falhar, cite a frase do irmão de Addison: “bem, todo mundo é diferente!” (Debbie Smith, do blog “Finding Normal”; mãe de Addison, que tem Trissomina 9).
Jennifer Byde Myers, dos blogs “Into The Woods” e “The Thinking Person’s Guide To Autism”; mãe do Jack, que tem autismo e paralisia cerebral
Jennifer Byde Myers, dos blogs “Into The Woods” e “The Thinking Person’s Guide To Autism”; mãe do Jack, que tem autismo e paralisia cerebral
Ajude as crianças a ver que, mesmo crianças que não falam, entendem
“Nós estávamos andando pelo playground e a coleguinha da minha filha não parava de encarar o meu filho, que é autista e tem paralisia cerebral. Minha filha chamou a atenção da colega rapidinho: “Você pode dizer “oi” pro meu irmão, você sabe. Só porque ele não fala, não significa que ele não ouve você”. Jack não costuma falar muito, mas ele ouve tudo ao redor dele. Ensine aos seus filhos que eles devem sempre assumir que crianças especiais entendem o que está sendo dito, mesmo sem poderem falar. É por isso que eles não vão dizer “o que ele tem de errado?”, mas poderão até dizer “Como vai?”.”(Jennifer Byde Myers, mãe do Jack, que tem autismo e paralisia cerebral).
Sarah Myers, do blog “Sarah & Joe (And Charlie Too!)”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral
Sarah Myers, do blog “Sarah & Joe (And Charlie Too!)”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral
Inicie uma conversa
“Nós estávamos no children’s museum e um garotinho não parava de olhar para Charlie com seu andandor, e a mãe dele sussurrou em seu ouvido para não encarar porque isso era indelicado. Ao invés disso, eu adoraria que ela tivesse dito “esse é um andador muito interessante, você gostaria de perguntar ao garotinho e à sua mãe mais a respeito dele?”.”(Sarah Myers, mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral).
Dana Nieder, do blog “Uncommon Sense”; mãe da Maya, que tem uma síndrome genética não diagnosticada
Dana Nieder, do blog “Uncommon Sense”; mãe da Maya, que tem uma síndrome genética não diagnosticada
Não se preocupe com o constrangimento
“Vamos combinar de não entrar em pânico caso seu filho diga algo embaraçoso. Você sabe, tipo se nós estivermos na fila do Starbucks e o seu filho olhar para a Maya e pra mim e disser algo como “Eca! Por que ela está babando?” ou “Você é mais gorda que a minha mãe”. Embora esses não sejam exemplos ideais de início de conversa, eles mostram que o seu filho está interessado e curioso o suficiente para fazer contato e perguntar. Por favor, não gagueje um “mil desculpas” e arraste seu filho pra longe. Vá em frente e diga baixinho o pedido de desculpas, se você precisar, mas deixe-me aproveitar a oportunidade: vou explicar a parte da baba e apresentar Maya e contar da paixão dela por crocodilos, e você pode ser a coadjuvante no processo, dizendo “lembra quando nós vimos crocodilos no zoológico?” ou coisa parecida. Quando chegarmos ao caixa, o constrangimento vai ter passado, Maya terá curtido conhecer alguém novo, e eu terei esperanças de que seu filho conseguiu ver Maya como uma criança divertida, ao invés de uma “criança que baba”. (E eu irei simplesmente fingir que não ouvi a parte do “mais gorda que a minha mãe”).”(Dana Nieder,mãe de Maya, que tem uma síndrome genética não diagnosticada).
Texto original em inglês: http://blogs.babble.com/babble-voices/ellen-seidman-1000-perplexing-things-about-parenthood/2012/02/29/what-to-teach-your-children-about-kids-with-special-needs/
*criança com deficiência
Veja:

Surdo lembra obstáculos que enfrentou durante a vida acadêmica


Kléber Nascimento teve o primeiro intérprete na faculdade.
Hoje ele é pedagogo e professor de Libras


Hudson PimentelDo G1 RO

Hoje como professor, Kléber é um exemplo para muitos (Foto: Hudson Pimentel/G1 RO)Hoje como professor, Kléber é um exemplo para muitos (Foto: Hudson Pimentel/G1 RO)
“Na escola eu nunca tive intérprete e não conhecia nada de Libras”, diz Kléber Nascimento Santos sobre as dificuldades que passou na vida acadêmica por ser surdo. Hoje Kléber é pedagogo e professor de Língua Brasileira de Sinais em Ji-Paraná,RO.
Durante uma das aulas de Libras para mais de 20 alunos, Kleber Nascimento, de 33 anos contou ao G1 sua história de vida.
Segundo Kléber, os desafios começaram cedo pra ele. Logo depois do parto foi descoberto que o menino nasceu cego e surdo. A mãe dele, Ide Nascimento, atualmente com 63 anos, sofria de hipertensão arterial e o filho ficou com as sequelas de uma crise na hora do nascimento. A cegueira foi revertida e a criança recuperou a visão, mas a surdez permaneceria pela vida toda. 
Aos sete anos Kléber teve que se adequar às aulas dadas pelos professores tradicionais da época. “A metodologia deles era dar aulas mais explicativas com texto no quadro. Eu tentava interagir com meus colegas observando como eles faziam os exercícios e assim fui aprendendo”, relembra.
Sofri muito porque eram 10 disciplinas, cada uma com um professor com um jeito diferente de lecionar, mas todos cobravam para estudar mais"
Kléber Nascimento Santos, pedagogo
Foi olhando e aprendendo que conseguiu chegar à quinta série. Kléber lembra que o desempenho escolar era cobrado pelos professores, mas ele não tinha possibilidade de um bom rendimento como as outras crianças. “Sofri muito porque eram 10 disciplinas, cada uma com um professor com um jeito diferente de lecionar, mas todos cobravam para estudar mais”, comenta.
A surdez na adolescência o fez deixar as brincadeiras com os amigos de lado e se aproximar mais dos familiares. Era em casa com a ajuda dos pais e dos irmãos que Kléber contava para rever o conteúdo das aulas. “Quando acabava a aula você acha que eu ia brincar com os amigos? Que nada, eu pedia aos meus pais e meus dois irmãos que me ajudassem, eram horas e horas de estudo”, diz.
O empenho do único garoto surdo da sala deu resultado. Com notas acima dos demais, o aluno se tornou referência e passou de ajudado para ajudante. “Acabei servindo de exemplo para os outros. Os professores me parabenizavam e perguntavam: vocês que são ouvintes estão perdendo para o Kléber que é surdo?”, comenta Kléber que completa: “eu questionava a mesma coisa, como posso estar melhor se eles ouvem?”.
Após dois vestibulares, sem intérpretes, ele ingressou em uma faculdade de pedagogia e passou o primeiro semestre como nas primeiras aulas quando era menino. “No primeiro dia de aula quando eu coloquei a mão na orelha pra demonstrar que era surdo, meu professor fez uma cara como quem dizia, e agora?”, brinca.
Olga, primeira intérprete de Kléber na faculdade (Foto: Hudson Pimentel/G1 RO)Olga, primeira intérprete de Kléber na faculdade
(Foto: Hudson Pimentel/G1 RO)
“No início do segundo semestre conheci a Olga, foi um alívio”, comenta Kléber se referindo à Olga Maria da Mota, professora de Libras que deixou de ensinar na rede pública para ajudá-lo. “Eu o acompanhei pelos três anos e meio da faculdade, eu meio que me formei novamente com ele”, diz Olga.
O começo, segundo a professora, não foi fácil porque a novidade acabava chamando mais a atenção do que as aulas. “No início era meio constrangedor porque era novidade ter um intérprete. Às vezes deixavam de ver o professor pra ficar me olhando”, lembra.
Segundo Olga, nas primeiras aulas os alunos duvidavam se aquilo que ela dizia era realmente o que Kléber expressava. “Quando tinha apresentação de algum trabalho é que a coisa ficava boa, ele me dizia por Libras e eu apresentava à classe que ficava boquiaberta”, explica.
Formado em pedagogia e professor na primeira escola bilíngue de Rondônia, Kléber dá aula de Libras para crianças surdas e para professores. “Hoje sou muito grato aos meus pais, irmão e aos meus professores que tiveram paciência e me ajudaram a ser o que sou hoje”, ressalta.
Kléber lembra que aula de Libras é muito importante e quem fizer poderá ajudar outras pessoas no futuro. “Da mesma forma que eu me esforcei pra ler e escrever gostaria que se esforçassem para aprender Libras, assim poderemos nos comunicar melhor”, finaliza.
Ao final da história interpretada por Olga, Kléber foi ovacionado sob os aplausos silenciosos da turma.

Romeu Sassaki: Declaração de Durban


Declaração de Durban

09/03/2013 – OMPD – Organização Mundial de Pessoas com Deficiência. 
Tradução: Romeu Kazumi Sassaki
NÓS, as pessoas com deficiência e as organizações de pessoas com deficiência de 66 países do mundo, que participamos da 8ª Assembleia Mundial da Organização Mundial de Pessoas com Deficiência (OMPD, na sigla em português) [Disabled Peoples' International (DPI, na sigla em inglês)], celebrada nos dias 10 a 13 de outubro de 2011, em Durban, República da África do Sul,EXPRESSAMOS nosso reconhecimento ao Governo da África do Sul, em particular ao Departamento de Mulheres, Crianças e Pessoas com Deficiência, ao Governo de Kwazulu Natal e ao Município de eThekwini pelo apoio brindado à bem-sucedida organização desta Assembleia Mundial,ALÉM DISSO, estendemos nosso reconhecimento a todos os nossos colaboradores, à Junta de Loterias Nacionais, à Sanlam, à Corporação de Radiodifusão da África do Sul (SABC, na sigla em inglês), à Confederação de Esportes e Comitê Olímpico da África do Sul (SASOC, na sigla em inglês) e a todas as organizações de pessoas com deficiência,
RECONHECENDO que estamos congregados na região de ícones internacionais, Nelson Mandela e Mahatma Gandhi, e reconhecendo que esta terra brindou ao mundo exemplos de lutas bem-sucedidas contra a discriminação e pelo movimento das pessoas pela igualdade e pelos direitos humanos,
CRENDO que a implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD, na sigla em português) é o fundamento que sustenta o real empoderamento das pessoas com deficiência;
CONVOCAMOS todos os Estados para:
  • RATIFICAR a CDPD e o seu Protocolo Facultativo e desenvolver sólidas estratégias para sua eficaz implementação durante o tempo que transcorrerá até que nos reunamos de novo daqui a quatro anos;
  • RECONHECER o imperativo das Obrigações Gerais dos Estados Partes conforme refletidas no Artigo 4 da CDPD para a plena e eficaz implementação e o monitoramento dos diversos Artigos;
  • INCLUIR e envolver as pessoas com deficiência para que elas participem ativamente e tomem parte das estratégias para a implementação e o monitoramento da CDPD;
  • ENCORAJAR e assegurar a participação política e a construção de liderança entre as pessoas com deficiência;
  • VALORIZAR e apreciar as habilidades e a igualdade de participação das pessoas com deficiência;
  • ASSEGURAR que todos os nossos programas incluam a perspectiva de gênero e focalizem sobre o desenvolvimento das capacidades de jovens e mulheres com deficiência;
  • ASSEGURAR que se adotem programas transparentes de transição para preparar os jovens que terminam o ensino médio para que tenham acesso ao ensino superior, ao treinamento profissional e ao emprego;
  • PARTICIPAR e envolver-se no processo de desenvolvimento de tecnologia acessível em todo o mundo a fim de assegurar que pessoas com deficiência tenham o direito à informação em formatos acessíveis que enfatizem sua capacidade;
  • ASSEGURAR que a deficiência seja uma parte intrínseca dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e também de todos os programas de desenvolvimento pós-2015;
  • ENFATIZAR sobre a necessidade da cooperação no desenvolvimento que inclua a deficiência;
  • REAFIRMAR que uma atenção especial deve ser dada a mulheres, crianças e jovens com deficiência, deficiência intelectual, deficiência de desenvolvimento, deficiência psicossocial e outros grupos vulneráveis;
  • RECONHECER a urgente atenção necessária para prevenir o abuso e a violência sexuais contra as mulheres e crianças com deficiência;
  • ALÉM DISSO, atender às necessidades das pessoas com deficiência em emergências e situações de riscos humanitários;
  • INSTAR as Nações Unidas para que empoderem o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência;
  • ALÉM DISSO, reconhecer que a OMPD fixou os fundamentos sobre os quais o movimento mundial das pessoas com deficiência está se desenvolvendo rumo a novas alturas;
  • COMPREENDER que a OMPD sente a necessidade de reafirmar sua forte crença na abordagem com todos os tipos de deficiência e o compromisso de ser realmente representativa de todas as pessoas com deficiência;
  • ASSEGURAR que a diversidade de regiões, idiomas e culturas que a OMPD representa esteja refletida em nossas ações;
  • NÓS nos comprometemos, unanimemente, a continuar trabalhando pela eliminação de todas as barreiras – tanto físicas como de quaisquer outras formas -, no caminho da verdadeira emancipação das pessoas com deficiência e impedir a discriminação sob qualquer forma, baseada em qualquer tipo de deficiência – em particular, a deficiência intelectual e a deficiência psicossocial.
Aprovada na 8ª Assembleia Mundial da OMPD (Organização Mundial de Pessoas com Deficiência), em 10 a 13 de outubro de 2011, em Durban, República da África do Sul.
Nota de Romeu Kazumi Sassaki:
Nós, gente do mundo inteiro, temos agora mais um instrumento internacional que se posiciona fortemente pelos direitos das pessoas com quaisquer tipos de deficiência – é a Declaração de Durban. Ela foi aprovada pela Assembleia Mundial da DPI (Disabled Peoples’ International) ou OMPD (Organização Mundial de Pessoas com Deficiência), em outubro de 2011, na África do Sul.
(*) retirado do site Bengala Legal <http://www.bengalalegal.com/declaracao-de-durban>.

Jovem com paralisia cerebral publica livro de poesias em Curitiba


Dimitri do Valle
 


O jovem Marcio Sakyo Poffo Taniguti, 23, nasceu com paralisia cerebral, que lhe comprometeu os movimentos do corpo e da fala. Os obstáculos, no entanto, não foram suficientes para barrar sua vontade de vencer desafios, como a recente conclusão de um livro de poesias.
Taniguti publicou neste mês em Curitiba a obra batizada de “Meus Primeiros Passos”, em que conta e canta sob a forma de rimas e metáforas o que é sua vida e as lições de superação, angústias e expectativas que marcam sua trajetória ao lado de familiares e amigos.
Estudante da faculdade de jornalismo, Marcio precisa da ajuda de uma cadeira de rodas para se locomover e usou uma ponteira presa à testa para digitar os versos. As poesias falam de superação, amor, medo e agradecimento aos pais e da consciência de viver rodeado de limitações físicas impostas desde as complicações sofridas no parto, mas que não fizeram desisti-lo de viver.
O caldeirão de emoções exposto por Marcio pode ser resumido no poema “Sobre as pedras”, que abre o prefácio do livro: “Caminhando sobre as pedras/ Tentando me equilibrar/ Elas em movimento o tempo todo/ Com os meus passos/ Percebo que estou caminhando/ Em cima da minha vida”.  
Marcio digitou na tela de seu computador uma resposta ao ser perguntado pelo UOL Notícias sobre a ideia de escrever o livro: "Um dia eu estava no PC, fiz um poema e mostrei para minha mãe, ela gostou. Levei para a minha fonoaudióloga, que me deu a ideia de lançar um livro. E então eu não parei mais de escrever". Desde 2009, já são mais de 600 poemas, dos quais 70 fazem parte do livro.
"Ele se superou em tudo. O Márcio sempre teve força de vontade. O livro é mais um exemplo disso. Não pudemos ter presente maior. Desde que ele começou a faculdade de jornalismo (está no segundo semestre), nunca faltou. Sempre procuramos tratá-lo como uma pessoa normal", disse a dona de casa e mãe de Márcio, Márcia Taniguti, que acompanha o filho às aulas.
O pai, o aposentado Márcio Taniguti, contou que as sequelas da falta de oxigenação no cérebro, ocorrida durante o parto, começaram a ser percebidas quando o filho tinha seis meses de idade. A partir daí, eles começaram um tratamento intenso para que ele pudesse enfrentar todos as consequências que a paralisia cerebral provoca no corpo.
"Desde os seis meses de idade, quando foi detectado o problema, o tratamento do Márcio foi direto. Nunca pensamos em colocar ele numa cadeira de rodas e deixar num canto. Não foi o caso dele", afirmou o pai.
 
 

Inclusão | O que as escolas precisam mudar?

#INCLUSÃO 
O que precisa mudar nas escolas para atender adequadamente às pessoas com deficiência? Em um universo de 2 milhões de docentes, há apenas 6.149 professores/as com deficiência na Educação Básica (até o 9º ano). A professora Eliane Correa, do CEU Navegantes, em São Paulo, mostra os desafios da profissão para quem tem deficiência. Confira a videorreportagem em http://abr.io/ISy6