sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O que é dislexia


Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes e,até, geniais experimentarem dificuldades paralelas em seu caminho diferencial do aprendizado, é desafio que a Ciência vem paulatinamente, em 130 anos de pesquisas. E com o avanço tecnológico denossos dias, com destaque ao apoio da técnica de ressonância magnética funcional, as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas significativas sobre o que é Dislexia.
A evolução progressiva de entendimento do que é Disléxia, resultando trabalho cooperativo de mentes brilhantes que têm-se doado persistentes estudos, tem marcadores claros do progresso que vem sendo conquistado. Durante esse longo período de pesquisas que transcendeu gerações, o desencontro de opiniões sobre o que é Dislexia redundou emmais de cem nomes para designar essas específicas dificuldades deaprendizado, e em cerca de 40 definições, sem que nenhuma delas tenhasido universalmente aceita. Recentemente, porém, no entrelaçamento dedescobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos campos daEducação e da Saúde, foram surgindo respostas importantes e conclusivas como:
Que Dislexia tem base neurológica, e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um genetica uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante,torna Dislexia altamente hereditária, o que justifica que se repita nas mesmas famílias;
Que o disléxico tem mais desenvolvida área específica de seu hemisfério cerebral lateral-direito do que leitores normais. Condição que, segundo estudiosos, justificaria seus "dons" como expressão significativa desse potencial, que está relacionado à sensibilidade,artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimenões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas;
Que, com a conquista científica de uma avaliação mais clara da dinâmica de comando cerebral em Dislexia, pesquisadores da equipe da Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, anunciaram, recentemente, uma significativa descoberta neurofisiológica, que justifica ser a falta de consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura;
Que o Dr. Breitmeyer descobriu que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular que, mais tarde, foram estudados peloDr. William Lovegrove e seus colaboradores, e demonstraram quecrianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença nafixação visual ao ler; mas que os disléxicos, porém, encontraramdificuldades significativas em seu mecanismo de transição no correrdos olhos, em seu ato de mudança de foco de uma sílaba à seguinte,fazendo com que a palavra passasse a ser percebida, visualmente, comose estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que formavam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã, "... É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico".

A dificuldade de conhecimento e de definição do que é Dislexia, faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que confunde e desinforma. Além do que a mídia, no Brasil, as poucas vezes em que aborda esse grave problema, somente o faz de maneira parcial,quando não de forma inadequada e, mesmo, fora do contexto global das descobertas atuais da Ciência.
Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e umadas causas do chamado "analfabetismo funcional" que, por permanecerenvolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos noaprendizado.
Hoje, os mais abrangentes e sérios estudos a respeito desse assunto,registram 20% da população americana como disléxica, com a observaçãoadicional: "existem muitos disléxicos não diagnosticados em nossopaís". Para sublinhar, de cada 10 alunos em sala de aula, dois são disléxicos, com algum grau significativo de dificuldades. Graus leves,embora importantes, não costumam sequer ser considerados.
Também para realçar a grande importância da posição do disléxico em sala de aula cabe, além de considerar o seríssimo problema da violência infanto-juvenil, citar o lamentável fenômeno do suicídio decrianças que, nos USA, traz o gravíssimo registro de que 40 (quarenta)crianças se suicidam todos os dias, naquele país. E que dificuldades na escola e decepção que eles não gostariam de dar a seus pais estão citadas entre as causas determinantes dessa tragédia.
Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, queprovam ser de 70% a 80% o número de jovens delinqüentes nos USA, queapresentam algum tipo de dificuldades de aprendizado. E que também é comum que crimes violentos sejam praticados por pessoas que têmdificuldades para ler. E quando, na prisão, eles aprendem a ler, seunível de agressividade diminui consideravelmente.
Por toda complexidade do que, realmente, é Dislexia; por muitacontradição derivada de diferentes focos e ângulos pessoais eprofissionais de visão; porque os caminhos de descobertas científicasque trazem respostas sobre essas específicas dificuldades deaprendizado têm sido longos e extremamente laboriosos, necessitando,sempre, de consenso, é imprescindível um olhar humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do que é Dislexia.
Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Nãotem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva comocausa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente...
Pesquisa feita : Arthur Costenaro