domingo, 12 de outubro de 2014

Aluno com paralisia cerebral é finalista da Olimpíada Brasileira de Matemática


Aluno com paralisia cerebral é finalista em olimpíada de matemática 6 fotos

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O estudante Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, está próximo de realizar a última etapa da 9ª Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), marcada para setembro. O aluno de Itanhaém, cidade no litoral sul de São Paulo, tem paralisia cerebral e a deficiência afeta a coordenação motora do menino, que possui capacidade intelectual igual a de outras crianças da mesma idade Leia mais Arquivo pessoal
O estudante Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, está próximo de realizar a última etapa da 9ª Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), marcada para setembro. O aluno de Itanhaém, cidade no litoral sul de São Paulo, se destaca não só por estar entre os finalistas, mas principalmente pelo exemplo de superação. Arthur tem paralisia cerebral e a deficiência afeta a coordenação motora do menino, que possui capacidade intelectual igual a de outras crianças da mesma idade.
Aluno da educação inclusiva na classe 6ªD do ensino fundamental na Escola Municipal Noêmia Salles Padovan, Arthur está entre os melhores da classe, motivo de orgulho para a mãe. "Se eu falo que estou muito orgulhosa é pouco. Foi um salto para ele ter passado na 2ª fase. Ele já é um campeão para mim. Não só na matemática, mas campeão da vida, de tudo. Ele é meu campeão", diz Valéria dos Santos Silva, 46.
A família reconhece a responsabilidade do estudante. "Meu filho é muito inteligente. Sabemos que não é fácil, mas ele está aí para provar que nada é impossível, basta acreditar. O exemplo dele serve de incentivo aos demais alunos. Agradeço às professoras que o inscreveram na Olimpíada. Elas não olharam a deficiência do meu Arthur e sim a capacidade dele", se emociona Valéria.
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19.abr.2012 - Menina que nasceu sem as mãos ganha concurso de caligrafia nos Estados Unidos Leia mais Reprodução
Arthur tem dificuldade para falar e, por isso, utiliza o computador portátil como extensão da sua voz. Recurso utilizado apenas às vezes pela mãe, que diz entender o que o filho quer com a pronúncia de algumas sílabas. "Sou a mãe, entendo meu filho, apesar dele só falar algumas palavras. Quando ele quer me contar como foi o dia na escola, usamos o notebook".
Embora seja bom com os números, o itanhaense já sabe o que vai querer para o futuro. Os mistérios e curiosidades que envolvem os planetas, as galáxias, o sistema solar e a lua ganham notoriedade na vida do garoto. "Quando o assunto é astronomia, os olhos do meu filho brilham. Ele até balbucia algumas palavras", conta a mãe.

Sem ajuda especial

Para executar as tarefas do dia a dia escolar, ele conta com o auxílio de um notebook (para expressar o que quer dizer) e da estagiária Marina Alves Carvalho Ferreira, responsável por acompanhar o desempenho do estudante durante as aulas. Mas todo o esforço -- reforça a mãe -- fica por conta dele. "A estagiária é como uma 2ª mãe para ele, sou muito grata a ela. A Marina na sala de aula funciona como um porta voz para o pequeno Arthur", diz Valéria.
"Ele é exemplo para os demais estudantes. É inteligente, engajado e adora estudar e não gosta de faltar à escola. Inclusive, quando tem consulta marcada e precisa sair mais cedo da unidade, ele fica nervoso", conta a estagiária.
A mãe explica que, apesar da deficiência, o aluno não sofre preconceito no ambiente escolar: "Todos o adoram e os amiguinhos e professores estão sempre ajudando. Ele é um menino especial, não pela deficiência, mas pela pessoa carinhosa que ele é. Está sempre sorrindo e feliz".
O aluno está sempre na companhia de Wesley Rodrigues, 11, o amigo inseparável. "Quando ele tem dificuldade eu o ajudo, mas grande parte do dia ele não precisa. Ele é muito inteligente". No intervalo das aulas, o passatempo predileto de Arthur é jogar damas e dominó. "Ele é bom com os números". Mas adverte: "Eu também ganho as partidas", brinca Wesley.

Fanático pelo Corinthians

As atividades diárias do Arthur não se resumem à escola. Neste mês de férias, além de repassar as matérias para a participação na Olimpíada de Matemática, o menino aproveita para brincar, torcer pelo time de coração e ver TV.
"Ele é fanático pelo Corinthians, adora futebol. Quando não está no computador conversando ou jogando no Facebook, ele está vendo desenho na televisão ou brincando. O Arthur aproveita as férias como os coleguinhas da classe", diz a mãe.
Além das brincadeiras, o finalista ainda tem na agenda sessões de terapia ocupacional, fisioterapia e natação. E o que Arthur tem a dizer sobre a participação dele na Obmep? Letra por letra, ele vai formando a frase na tela do computador: "Gosto muito de estudar. Obrigado. Estou muito feliz".
UOL

Adaptações que garantem alegrias para as crianças

Antônio More/Gazeta do Povo
Antônio More/Gazeta do Povo / O casal Shirley Ordonio e Marco Antonio Zeni, com os filhos Leonardo e as gêmeas Letícia e Camila: estimulação cognitiva, motora e sensorial O casal Shirley Ordonio e Marco Antonio Zeni, com os filhos Leonardo e as gêmeas Letícia e Camila: estimulação cognitiva, motora e sensorialLazer

Adaptações que garantem alegrias para as crianças

Cansada de ver a filha cadeirante não poder brincar com os irmãos, curitibana idealiza projeto de inclusão em parquinhos
Publicado em 12/10/2014 |

“Criança com deficiência não precisa só de terapias, precisa ser criança.” Assim a secretária executiva Shirley Ordonio, 38 anos, resume o projeto Lazer, Inclusão e Acessibilidade (LIA), que idealizou e tenta colocar em prática em parques de Curitiba. Ela recorda que estava cansada de levar os três filhos a parquinhos e ver Letícia, de 4 anos, apenas observar os irmãos se divertindo. No início do ano passado, aproveitou um balanço antigo, cercado de madeira dos quatro lados, para fazer uma experiência. “Coloquei as almofadas da cadeira de rodas e sentei a Letícia. Ela se divertiu um monte. Foi a gargalhada mais linda que já ouvi no mundo! Comecei a chorar na hora, porque foi a primeira vez que ouvi minha filha gargalhar. Meu marido também ficou emocionado”, recorda.

Antônio More/Gazeta do Povo
Antônio More/Gazeta do Povo /

 

Alternativa

Pais brincam com a filha no colo
Sem alternativas por enquanto, Shirley Ordonio e o marido – o cirurgião dentista Marco Antonio Zeni, 50 anos – se revezam com a filha Letícia no colo, na hora da brincadeira em espaços públicos. “Mas ela está crescendo, já está com 15 quilos, vai ficando mais difícil”, lamenta a mãe. Ao lado da irmã gêmea Camila, 4 anos, e de Leonardo, 6 anos, a menina demonstra com sorrisos a alegria que sente em poder brincar com os irmãos. “Muitas pessoas não levam os filhos com paralisia cerebral para esses espaços, porque é sofrido. Eu me obriguei a levar, porque eles [Camila e Leonardo] brincam. Quero que ela [Letícia] brinque também. E ela adora, ri de gargalhar.”

 

A partir daquele dia, Shirley começou a pesquisar possibilidades e percebeu que não é necessário muito investimento para adaptar um parque infantil. “Não encontrei nenhum parque público que tenha adaptações, só algumas iniciativas dentro de instituições. Em Joinville tem um, mas é em uma praça fechada.” Foi daí que surgiu a ideia de levar a acessibilidade para os equipamentos públicos, no modelo das academias ao ar livre. “Claro que é importante esse tipo de espaço para os idosos, é uma ideia legal. Mas por que não pensar nas crianças também?”, reflete.
Shirley recorda que, embora o direito ao lazer seja garantido na Constituição e no Estatuto da Pessoa com Deficiência, a inclusão ainda se restringe muito à saúde e à educação. “Só quero que a lei seja cumprida, nada além disso.” Segundo ela, para construir um parque adaptado, nos moldes das academias ao ar livre, o custo seria de aproximadamente R$ 150 mil. “Mas, se adaptarem um balanço ao lado de um comum, já funciona. E gasta o quê? Três mil reais, que seja, é muito pouco.”
O projeto já foi apresentado à secretária municipal da pessoa com deficiência de Curitiba, Mirella Prosdócimo, em duas reuniões. “Ela me disse que vai em qualquer reunião que eu conseguir marcar com a secretaria do Meio Ambiente. Mas eu trabalho, cuido dos filhos, da casa, não tenho muito tempo. Se eu tivesse tempo livre, já teria viabilizado.” No mês passado, Shirley teve mais uma prova de que vale a pena lutar pelo projeto. Foi aplaudida em diversos momentos, durante uma apresentação que fez no Seminário Estadual sobre Saúde e a Pessoa com Deficiência. “Brincar com outras crianças proporciona a estimulação cognitiva, motora, sensorial. Temos que investir. Sem contar que essas crianças que brincam ao lado, e serão nossos futuros engenheiros e arquitetos, já crescerão com a consciência dessa cultura inclusiva.”
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1505622&tit=Adaptacoes-que-garantem-alegrias-para-as-criancas