segunda-feira, 6 de abril de 2015

SÉRIE DE ENTREVISTAS “GUERREIRAS”: TUIGUE VENZON

Nossa entrevistada e aniversariante de hoje chama-se Tuigue Venzon, nascida em  Tijucas, Santa Catarina no dia 13 de março de 1981. Nascida com mal formação na arteriovenosa ou MAV que também é progressiva. ( é um distúrbio congênito dos vasos sanguíneos, causando passagem anormal de sangue entre artéria e veia. Não se conhece sua causa. As malformações arteriovenosas variam muito de pessoa para pessoa. As lesões também variam, desde as muito volumosas envolvendo muitos vasos sanguíneos, até as lesões tão pequenas que dificultam sua identificação nos exames.
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As malformações extensas podem envolver um fluxo sanguíneo suficiente para estressar a capacidade de bombeamento do coração.) No caso dela a má formação afetou mais a parte da coluna e também o lado esquerdo. No começo os médicos não sabiam o que havia.
“Fui levada a tantos especialistas, e cada um dizia uma coisa diferente.  Que minha expectativa de vida não era animadora, que não iria andar e que não conseguiria falar e até minha coordenação motora seria prejudicada drasticamente. Mas contrariei todas as expectativas e com 3 anos e 6 meses comecei a caminhar. Mas minha doença só veio me afetar com mais ênfase a partir dos 12 anos. Cada ano ela, a doença, ficava mais agressiva, até que com 20 anos não consegui mais andar sozinha, então vieram as muletas e a cadeira de rodas que usava esporadicamente, mesmo assim a doença dava seus sinais a cada dia que passava, com 29 anos não consegui mais me manter em pé, e a cadeira de rodas foi a única solução.” conta ela.

Como foi sua infância e adolescência?

No geral minha infância foi muito boa, sempre fui tratada igual como qualquer outra criança, na época minha deficiência estava na fase inicial, então eu só mancava. Sempre era incluída nas brincadeiras com meus primos, e amigos, corria, pulava mesmo com um pouco de limitação. Por ter pernas fracas, caia muito e meus joelhos viviam machucados.
Na adolescência uma fase conturbada para qualquer pessoa, imagina ser deficiente, as mudanças do seu corpo, neuras e tudo mais. Entre botas ortopédicas, órteses e o início da minha vida de “muletante” sobrevivi a tudo, sã e salva.  Como toda adolescente, tive uma fase de rebeldia, sempre me questionei dentre tantas pessoas, porque eu? Como Platão disse um dia: “Uma vida não questionada, não merece ser vivida.” Não aceitava o fato de não poder caminhar sozinha.  Esperneei, chorei, mas hoje vejo como elas, as muletas, me ajudaram a crescer como ser humano, além de servir como um apoio por quase dez anos. Hoje ainda tenho questionamentos, só que diferentes.
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Qual seu nível de instrução escolar? Fale um pouco de como foi sua vida escolar e acadêmica?

Estou cursando Pedagogia.
No ensino infantil até o médio não tive nenhum problema quanto à minha deficiência, professores, alunos e funcionários dos colégios que estudei sempre me trataram de igual para igual.  Lembro que até na educação física eu era incluída com meus colegas, tínhamos que fazer aquecimento, e correr cinco voltas em volta da quadra, e a Professora sempre me dava uma trégua, como eu sempre era a atrasada, fazia apenas quatro voltas.  Em um determinado tempo jogávamos handebol e eu era a goleira da equipe feminina. No final do ensino médio minha deficiência começou a se manifestar com mais ênfase, também nessa mesma época sofri bullyng (Ainda não tínhamos conhecimento sobre o mesmo) por parte de uma colega, porém sempre tirei de letra esses questionamentos.
Demorei um pouco para começar a faculdade, mas como disse minha Professora nunca é tarde quando realmente se tem um objetivo. Está sendo uma experiência sensacional, as meninas são muito recíprocas quanto a minha deficiência, às vezes até oferecem ajuda. Quanto ao prédio da faculdade, possuí rampa, apesar de um pouco íngreme, e também banheiro adaptado.
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Qual a sua profissão? Desde quando trabalha? Onde você trabalha? Como se deu sua entrada no mercado de trabalho? Como é sua relação com os demais colegas de trabalho? Enfrentou ou enfrenta dificuldades no trabalho ou no mercado de trabalho? Quais?

Por enquanto só curso Pedagogia, e pretendo me especializar em Psicopedagogia para trabalhar com crianças com dificuldade de aprendizagem. Tive uma experiência quando cursava o Magistério, no tão sonhado estágio, trabalhei com uma sala da terceira série de uma Escola Municipal. Foi uma experiência muito gratificante, além de emocionante.
Na época estava passando a novela “Torre de Babel” e na mesma havia uma personagem que estava fazendo o papel de uma pessoa deficiente (“manca”), cujo o nome era Schirley, as crianças me identificaram tanto com a personagem, e também por meu nome ser diferente que começaram me chamar de Tia Schirley. Mais tarde também trabalhei nos correios da minha cidade como atendente. O prédio não era adaptado, mas como tinha rampa na porta da frente, eu entrava pela mesma. Estava no começo da minha vida de “muletante”, e como toda atendente às vezes tínhamos que entregar encomendas (pacotes) para os clientes, como eu não conseguia pegar as caixas, sempre alguém se solicitava a ajudar. Sempre tive um bom relacionamento com meus colegas de trabalho, e os mesmos entendiam as minhas limitações e as respeitavam.
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Para você como é ser mulher com deficiência num país, cujo padrão de beleza é o da barbie (que é ser magra, alta, peituda, saudável, jovem, loira e ter um corpo “perfeito”)? Você acredita que as pessoas te veem a partir da maneira como você se sente e se percebe? E como você cuida da sua beleza? Enfrenta ou já enfrentou alguma dificuldade para ter acesso a salões de beleza, clínicas de estética etc? Quais?

Não é nada fácil, porém já foi muito mais difícil, acredito que hoje as pessoas estão mais conscientes quanto a beleza e a diferença entre as pessoas, a aceitação vem se tornando cada vez mais recíproca.  Ninguém é perfeito e na verdade o que trazemos de bonito são os defeitos e asingularidade de cada pessoa. Bonito mesmo é ser você!  Mesmo me achando sexy e bonita, e estando bem resolvida quanto ao meu corpo, isso pode ser percebido pelas outras pessoas, porém ainda não somos tratadas como merecemos. Muitos homens não estão acostumados com mulheres cadeirantes, sempre há o sentimento de pena e também de desconhecimento da vida sobre rodas e acima de tudo o preconceito.
Eu adoro me cuidar, cabelo, unhas, sobrancelhas, a maquiagem não só muito adepta, mas quando é preciso também faço. Também adoro um creme para o corpo, pois minha pele é muito seca,  precisa ser hidratada diariamente. No dia – a- dia sempre uso protetor solar e o batom que não abro mão.  O maior problema dos salões de beleza são o estacionamento e a acessibilidade, falta de espaço para a cadeira de rodas e a falta de banheiro adaptado, mas um ponto positivo nos salões de beleza é o espelho, na altura ideal, já que acabamos todas sentadas.

E quando o assunto é a sexualidade das mulheres com deficiência, ainda existem muitos empecilhos? Quais? Como esses empecilhos podem ser desfeitos?

Geralmente a família protege demais, nós deficientes, assim atrapalhando a vida sexual e afetiva. Muitos nos tratam como crianças e nem imaginam que sentimos desejos e vontades como qualquer pessoa. Aceitar que o deficiente tem direito de amar, e que precisamos de afeto e autonomia é o primeiro passo para nos tornarmos independente sexualmente.  Outra coisa é os caras que a maioria das vezes não nos percebem como mulheres atraentes, bonitas e capaz como qualquer outra.  Existe até quem acredite que somos seres assexuados, imagine isso.
O sexo é um tabu, e está sempre relacionado a cintura, bunda, pernas, então, as pessoas imaginam que como temos déficit nesses requisitos, a vida sexual não faz parte do nosso cotidiano. É bom lembrar que as pessoas em cadeiras de rodas são iguais a você em quase tudo, a única diferença é a mobilidade, e a gente sempre dá um jeitinho. (risos)
Eu acho que tendo informação mudaria alguns pré-conceitos formados pelas outras pessoas.

No tocante a saúde da mulher com deficiência, os consultórios ginecológicos estão preparados para nos receber? Você enfrenta ou já enfrentou alguma dificuldade para fazer consultas ou exames ginecológicos? Quais?

Um dos maiores problemas são as clinicas nada adaptadas. Às vezes os consultórios são tão apertados que a cadeira de rodas mal entra. Outra coisa também são as escadas, alguns consultórios são de dois andares e não existe nenhum elevador. Já aconteceu comigo de o médico ter que me atender em um consultório reserva no térreo. E a maca, gente? Sempre tão desconfortável, estreita e super alta. Quando usava muletas com muito trabalho eu ainda conseguia subir pela aquela “escadinha”, hoje em dia só no colo mesmo.

Que recado você deixa para nossos gestores e para a sociedade em geral, incluindo os que visitam a Casadaptada?

Que todas as pessoas olhem mais para o mundo com um olhar de um cadeirante, precisamos de mais acessibilidade, para que nossos cadeirantes tenham mais oportunidades e a possibilidade de ir e vir sem algum problema. Também queremos sair, rodar por aí, ver o mar, viajar, ir ao cinema como qualquer pessoa, só que às vezes a falta de acesso é o que nos faz desistir.
Inspire-se com as histórias aqui contadas, pois cada uma tem uma lição, e temos muito em comum, mulheres, cadeirantes, bonitas e capazes de transformar um pouquinho o mundo para melhor.

PINCEL DE MAQUIAGEM CONTAMINADO QUASE DEIXA MÃE PARAPLÉGICA

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Foto - Reprodução/ArquivoPessoal
Embora muita gente não veja problema algum, compartilhar maquiagens e pincéis com as amigas pode ser mais perigoso do que se imagina. Foi assim, inimaginável, o caso da jovem mãe Jo Gilchrist, que perdeu totalmente o movimento das pernas por conta de nada mais que um pincel de maquiagem contaminado.


Dá para acreditar? Segundo o jornal britânicoDaily Mail, o caso aconteceu na Austrália e vem gerando uma verdadeira comoção na internet. Tudo começou quando a mãe de 27 anos usou a maquiagem e um pincel da sua melhor amiga para cobrir uma espinha na região das costas. Dias depois, Jo começou a sentir fortes dores na coluna. "Eu achei que era má postura, mas foi ficando pior e pior", disse.
Segundo ela, a dor ficou incrivelmente forte e nada que ela fizesse era capaz de parar a agonia. "Sinceramente, achei que iria morrer. Foi pior do que a dor do parto", afirma. A mãe disse que os médicos levaram muito tempo para descobrir o que de fato, havia desencadeado a dor. Para o seu desespero, o corpo de Jo começou a ficar dormente da cintura para baixo, tudo isso assim, sem explicação.
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Foto - Reprodução/ArquivoPessoal
Jo foi levada para a sua cidade natal para se submeter a uma cirurgia de emergência. Os médicos descobriram que tratava-se de uma infecção por estafilococos, uma bactéria que habita principalmente na pele e mucosas de mamíferos e aves. Os microrganismos atingem os tecidos subcutâneos e a musculatura. No caso de Jo, a bactéria dominou completamente sua espinha.
No hospital ela percebeu que a única coisa diferente que tinha colocado em seu corpo nos últimos dias era a maquiagem da amiga.
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Foto - Reprodução/ArquivoPessoal
"Ela tinha uma infecção no rosto e eu usei o pincel depois dela. Eu não tinha ideia de que isso poderia acontecer pois compartilho maquiagem o tempo todo", contou. Segundo ela, a melhor amiga está se sentindo péssima com o acontecimento, mas apesar disso, Jo não a culpa. "Não é culpa dela. Eu só estava com a imunidade baixa, o que transformou o local em um terreno fértil para as bactérias".
A infecção foi tão grave que Jo correu o risco de nunca mais andar novamente. Ela perdeu o controle do intestino e a bexiga. 
Hoje, ela se concentra na sua recuperação. "Estou lutando contra isso com todas as minhas forças. Alguns médicos já disseram que talvez eu possa ser capaz de caminhar durante uma ou duas horas por dia. Estou feliz, era mais do que eu esperava", confessa.
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Foto - Reprodução/ArquivoPessoal
A mulher está tomando antibióticos e daqui a três meses poderá ser liberada para ir para casa. "Tive muita sorte que a bactéria foi para a minha espinha... Se fosse para o cérebro eu poderia ter morrido e se fosse para os membros eu teria de ser amputada", disse.
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Foto - Reprodução/ArquivoPessoal
Com a ajuda do seu filho de dois anos, Tommy, ela retomou a fé. A mulher acredita que teve uma nova chance na vida. "Tudo acontece por uma razão".
Por Thamirys Teixeira