terça-feira, 1 de outubro de 2013

Tá chegando o dia

Lei define reserva de 20% ingressos em eventos socioculturais para pessoas com deficiência em Montes Claros

Ingressos gratuitos devem ser reservados de acordo com lei municipal. Apenas cadastrados poderão receber benefício.

Rolo de filme de cinema meio desenrolado
Foi sancionada neste mês de setembro a lei que garante a reserva de ingressos gratuitos emeventos socioculturais para pessoas com deficiência em Montes Claros (MG)Site externo.. A alteração foi na lei municipal nº 4.383, de 2011.

Com a alteração, 20% dos ingressos e vagas nos eventos socioculturais devem estar reservados para pessoas com deficiência. Integram a esta classificação os realizados para oferecer lazer, entretenimento, informações, cultura, dentre os quais, ocorridos em feiras, exposições, cinemas, teatros, circos, entre outros.

"A mudança na lei ocorreu ao estipular a quantidade de vagas que deveriam ser reservadas pelos estabelecimentos e organizadores. Isso não existia antes", afirma o autor do projeto de mudança, vereador Valcir da Ademoc (PTB).

A legislação considera como deficiente físico, pessoas com alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo, que comprometem a função física, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

deficiente auditivo é definido como aquele que tem perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hz. Deficientes visuais, pessoas com cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica, a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica, os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.

"Só poderão usar deste direito os deficientes que se identificaram usando o cadastro deles nas associações que representam eles, e que são fiscalizadas pelos conselhos de Assistência Social e do Direito da Pessoa com Deficiência", diz o vereador.

Como surgiu o Outubro Rosa?

O POVO

Movimento popular internacional de prevenção ao câncer de mama, que traz um laço de cor rosa como símbolo, o "Outubro Rosa" foi lançado há 23 anos, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, durante a primeira Corrida pela Cura, realizada na cidade de Nova York, nos EUA. Desde então, a campanha vem estimulando a participação da população, de empresas e entidades em ações direcionadas à conscientização da prevenção pelo diagnóstico precoce.

Além dos laços rosa que enfeitam cidades de todo o mundo, no mês de outubro, monumentos, prédios públicos, pontes, teatros, recebem iluminação em rosa, no sentido de sensibilizar cada vez mais a população. Corridas, desfiles de moda com sobreviventes (de câncer de mama), partidas de boliche, estão entre as ações do Outubro Rosa.

No Brasil, o primeiro ato da campanha ocorreu no dia 2 de outubro de 2002, com a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista, mais conhecido como Obelisco do Ibirapuera, localizado na cidade de São Paulo. A iniciativa partiu de um grupo de mulheres simpatizantes com a causa do câncer de mama, tendo o apoio de uma empresa europeia de cosméticos.

No dia 11 maio de 2008, a Fortaleza da Barra, monumento histórico-militar situado na cidade de Santos, em São Paulo, recebeu iluminação de cor rosa, colocada pelo Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, para comemorar o Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama, celebrado todo terceiro domingo de maio em São Paulo, e também o Dia das Mães. O objetivo da ação era alertar as mulheres da Baixada Santista a participarem do mutirão de mamografias realizado duas vezes ao ano pelo Governo do Estado de São Paulo.

Em outubro do mesmo ano, entidades relacionadas ao câncer de mama iluminaram de rosa monumentos e prédios em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Salvador (BA), Teresina (PI), Poços de Caldas (MG). No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor recebeu a iluminação rosada.

A cada ano, o Outubro Rosa envolve, cada vez mais, a população mundial em torno da prevenção da doença, principal causa de mortes de mulheres por tumor no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Perde apenas para os problemas cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Deficiente leva meses para obter desconto em carro, mas valor compensa


Em 2011, depois de enfrentar o lúpus (doença autoimune) por vários anos, a aposentada Márcia Maria Cestari, 44 anos, decidiu voltar a dirigir. Por conta das sequelas provocadas pela enfermidade, que incluem perda de parte dos movimentos dos pés, das pernas e das mãos, ela conseguiu comprar um Volkswagen Fox com isenção total de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
  • Renata Turbiani/UOL
    Só estacionar em vaga especial não resolve: pessoas com deficiência têm direito a abatimentos no preço de carros, mas o caminho para chegar a eles é longo
Segundo a motorista, moradora de São Bernardo do Campo (SP), devido à dispensa no pagamento dos tributos o veículo, que custaria cerca de R$ 50 mil na época já com os opcionais incluídos, saiu por menos de R$ 37 mil (cerca de 26% de desconto).

Os benefícios concedidos a Márcia, além de praticamente indispensáveis devido aos custos de adaptação posterior do veículo, não são privilégio dela.

No Brasil, desde 24 de fevereiro de 1995, com a entrada em vigor da lei 8.989 (vigência prevista até 31 de dezembro de 2014), portadores de deficiência física, ainda que menores de 18 anos, têm o direito de adquirir diretamente ou por intermédio de seu representante legal veículos sem a cobrança do IPI. Em 2003, o auxílio também passou a valer para pessoas com deficiência visual, mental severa ou profunda e autistas.

A isenção do ICMS veio mais tarde, em 2007, e por enquanto pode ser solicitada até 31 de dezembro deste ano – provavelmente haverá prorrogação. A Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com validade indeterminada, já concedia a isenção de IOF (Imposto sobre Operação de Crédito, Câmbio e Seguro). Em muitos Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná, os portadores de deficiência contam ainda com outra desobrigação, a do pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). Na capital paulista o benefício é concedido desde 2008 e não tem prazo para ser encerrado.

PACIÊNCIA
O processo para obtenção das isenções é bastante demorado (pode passar de seis meses) e cheio de exigências. De acordo com Thayse Kessuane Gil Moreira, analista de documentos do Lyon Despachantes, filiada à Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência (Abridef), o primeiro passo é pedir ao médico um laudo com a CID (Classificação Internacional de Doenças) da enfermidade e as restrições provocadas por ela.

APOIO AO CLIENTE ESPECIAL

  • Renata Turbiani/UOL
    A Fiat, com o Autonomy, e a Honda, com o Conduz, são duas das várias montadoras que têm programas e treinamento específicos para atentimento a deficientes (leia no box)
Em seguida, se o próprio solicitante for o condutor, ele tem de procurar uma autoescola especializada para obter a troca da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mas a mesma só será emitida após a realização dos exames médico, psicotécnico e prático. "Na nova carta deverão constar todas as condições necessárias para a direção e também as relacionadas às adaptações do veículo. Por exemplo, se o motorista só puder pilotar carros automáticos, essa informação irá aparecerá lá", explica Thayse.

MONTADORAS AJUDAM

Para conseguir as isenções, o solicitante pode fazer todo o processo sozinho, procurando o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e os postos locais da Receita Federal e da Secretaria da Fazenda, ou então contratar os serviços de um despachante. As próprias montadoras podem ser boas conselheiras neste processo.
Atualmente, muitas oferecem programas que orientam os portadores de deficiência a conseguir os benefícios. A Honda, por exemplo, oferece o Conduz.
Segundo Ricardo Rodrigues da Silva, supervisor de vendas especiais da marca, o serviço foi criado em 1997 e inclui o treinamento das equipes de vendas, orientações com relação à obtenção das isenções e informações detalhadas sobre a preservação da garantia oferecida. "Mais de 57 mil veículos já foram vendidos nos 16 anos do programa", conta.
Outra fabricante que investe no auxílio aos deficientes para escolher o carro adequado e solicitar isenções fiscais é a Fiat. "O Autonomy nasceu em 1994, na Itália, e chegou ao Brasil dois anos depois", explica Ricardo Francisco de Souza, supervisor de vendas diretas do programa. E ele acrescenta: "Por mês vendemos 600 unidades".
Além de atendimento diferenciado, a montadora oferece descontos no valor final do carro (que pode chegar a 5%), certificação das empresas adaptadoras, um ano de garantia adicional e assistência estendida. Volkswagen, Renault, Peugeot e Toyota também têm programas de assistência aos portadores de deficiência. Devido a preço e origem, nem todos os modelos podem receber isenções: o ideal é consultar a marca de preferência e conhecer as opções.
A próxima etapa é requerer junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), ou nas clínicas credenciadas, o Laudo para Condutor. Nele, o médico indicado atestará o tipo de deficiência, a eventual incapacidade física para dirigir veículos com câmbio manual, e indicará o tipo de carro ideal, com suas características e adaptações necessárias. Caso o pleiteante não seja o condutor do veículo, no laudo deverá constar apenas o código CID e o grau de deficiência física ou visual.

FEDERAL, ESTADUAL
Com tudo isso em mãos, o solicitante deve ir até a Receita Federal, responsável pela concessão da isenção de IPI e IOF, e apresentar uma série de documentos, como declaração de disponibilidade financeira ou patrimonial, cópia da CNH, do RG e do CPF e prova de contribuição ao INSS (holerite ou extrato da aposentadoria são algumas aceitas), além dos formulários de pedido de dispensa do pagamento dos impostos fornecidos pela própria Receita Federal.

Francisco José Branco Pessoa, coordenador estratégico da Equipe de Isenção de IPI e IOF no Estado de São Paulo (8ª Região Fiscal) da Receita Federal, diz que o tempo para a obtenção das autorizações varia em todo o Brasil. "Na capital paulista a análise é feita por uma equipe regional de especialistas, constituída em julho de 2012, e, atualmente, o tempo médio de espera é de 40 dias", relata.

Após essa primeira liberação, o postulante tem 180 dias para procurar a Secretaria da Fazenda e pedir o benefício do ICMS. Entre os documentos exigidos estão os mesmos determinados pela Receita Federal, o que inclui os laudos médicos, além de declaração da concessionária onde será feita a compra do automóvel, comprovante de residência, extrato bancário, requerimento fornecido pelo órgão e autorização expedida pela Receita para aquisição do veículo com isenção do IPI e do IOF. Se deferido, o que normalmente ocorre em 30 dias, será dada a licença, também válida por 180 dias a partir da data de emissão.

Já a petição da isenção do IPVA só é feita após a aquisição do carro. O prazo para a solicitação, também junto à Secretaria da Fazenda, é de até 30 dias da data do documento fiscal. Para isso, deve-se apresentar todos os documentos anteriores e mais cópia da nota fiscal ou do Danfe (Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica) e declaração de que não possui outro veículo com o benefício.

As isenções de IPI e ICMS valem para automóveis de passageiros ou de uso misto, fabricados no Brasil ou nos países do Mercosul, e com preço até R$ 70 mil. Elas podem ser solicitadas a cada dois anos, tanto pelo condutor quanto por seu representante legal. Caso o portador da deficiência não seja o condutor do carro, este será dirigido por motorista autorizado pelo requerente (podem ser indicadas até três pessoas). Para o IPI, as alíquotas mudam de acordo com o tipo de veículo a ser adquirido e, até 31 de dezembro deste ano, vão de 2% (carro 1.0) a 25% (carro a gasolina acima de 2 litros).

PÉS PELAS MÃOS

  • Renata Turbiani/UOL
    Itamar Garcia e seu Fit, adquirido com cerca de 20% de desconto; ele não move as pernas, e por isso acelera e freia manualmente (note a alavanca à esquerda do volante)
Já o valor do ICMS muda em cada Estado. Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro é de 12%; na Bahia, de 17%. No caso do IOF, adianta Pessoa, existem algumas restrições para se conseguir a dispensa do pagamento: a potência do carro não deve ultrapassar 127 cavalos e o benefício só pode ser usufruído uma vez -- e somente pelo condutor.

TIPOS DE DEFICIÊNCIA

FÍSICA
Apresenta alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções
VISUAL
Acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º, ou ocorrência simultânea de ambas situações
MENTAL
Incluindo severa ou profunda: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação anterior aos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas
AUTISMO
Transtorno autista ou autismo atípico
Fonte: Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)
"O benefício varia em função do valor que for financiado, observando que, se a aquisição for feita por arrendamento mercantil [leasing], o requerente não terá direito à isenção de IPI. As alíquotas vigentes de IOF são de 0,0041% ao dia mais o adicional de 0,38% sobre as operações de crédito, independentemente do prazo do financiamento contratado pela pessoa física", explica Pessoa, da Receita Federal.

Assim como no IOF, a isenção do IPVA vale apenas para o condutor do automóvel. As alíquotas atuais variam entre 3% e 4%, dependendo do tipo de veículo e do Estado onde será feita a compra. A analista de documentos Thayse diz que a autorização pode levar até seis meses para ser aprovada.

RECOMPENSA
Apesar da demora e da burocracia, quem já conseguiu o benefício diz que valeu a pena. É o caso de Itamar Tavares Garcia, 48 anos, sócio do Lyon Despachantes. Em abril do ano passado ele solicitou as isenções pela quarta vez. O veículo escolhido, que só pôde ser comprado quase 11 meses depois, foi um Honda Fit. "O preço de tabela do carro era de cerca de R$ 56 mil, mas paguei R$ 45 mil", lembra (desconto de 20%).

Garcia teve poliomielite aos oito anos de idade. Como não movimenta os membros inferiores, seu carro precisou ser adaptado com acelerador e freio manuais.

Márcia Cestari, a vítima do lúpus, também garante que a espera é recompensada. "Gastei R$ 500 no processo todo e ainda tive de esperar as autorizações por quase quatro meses, mas o desconto de R$ 13 mil que consegui foi ótimo, até porque ainda tive de desembolsar mais de R$ 1 mil para a instalação de freio e acelerador no volante", conta.
 
A aposentada ficou tão satisfeita que até já deu entrada em novas isenções. Ela pretende trocar o Volkswagen Fox que dirige no dia-a-dia por um modelo da Honda. "Ainda estou em dúvida, mas provavelmente será um Fit", finaliza.