quinta-feira, 16 de junho de 2011

Deficientes lutam pelo mercado de trabalho

- Censo apontou que apenas 5% das pessoas com limitações físicas ou mentais estão empregadas

por: Marcus Wagner

http://odiariodeteresopolis.com.br/leitura_noticias.asp?IdNoticia=17692

O Censo 2010 apontou que apenas 5% dos deficientes físicos no Brasil estão empregados, um índice que mostra que o país ainda tem muito a percorrer no caminho na inclusão destas pessoas e da implantação efetiva da acessibilidade.

Em Teresópolis, o posto do Sistema Nacional de Empregos, que é gerido pelo governo municipal, conduz há um ano uma parceria com o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência para conscientizar as empresas no sentido de contratar estas pessoas que muitas vezes não tem uma oferta de vagas para atendê-los.

Segundo a presidente do Conselho Simone Portela, muitas destas pessoas possuem deficiências que não impedem que seu desempenho seja igual ou até superior aos trabalhadores sem qualquer tipo de problema físico ou mental.

“Tem sido um grande desafio o cumprimento da lei de cotas de 5% e o maior obstáculo que a gente encontrou para empregar foi a capacitação. A gente quis cobrar do empresariado e esbarrou na realidade que nossos deficientes não tinham qualificação para o mercado. Fizemos uma parceria com a Firjan e com a secretaria do Trabalho. Encontramos vários desafios, as pessoas querem cumprir a cota, mas querem deficientes leves, que não precisem adaptar suas empresas. Algumas adaptaram e outras estão a caminho, como a Alterdata, que está construindo o prédio novo com acessibilidade”.

Simone explicou que a parceria com a secretaria de municipal de Trabalho visa levar os anseios do conselho aos empresários de Teresópolis para que mais vagas sejam disponibilizadas, sem que seja necessário fazer uma cobrança mais incisiva, por meio de notificações ou multas.

A Lei de Cotas estabelece que qualquer empresa acima de 100 funcionários deve ter entre 2% e 5% de trabalhadores portadores de deficiência, investimento em tecnologias voltadas para a melhoria da acessibilidade na educação e até Benefício de Prestação Continuada (BCP), programa que atende pessoas com deficiência de baixa renda. Porém, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de 2007 para 2009 o número de contratações de profissionais com deficiência diminuiu em torno de 17%.

O secretário Marcos Ferreira afirmou que já há empresários que se mostram sensibilizados com a causa dos deficientes e estão dando o exemplo, não só abrindo a porta para eles, como também promovendo a adaptação de suas instalações para que se sintam confortáveis em seu ambiente de trabalho e sejam mais produtivos.

“Esse é um problema nacional e a gente tem tentado na medida do possível responder, Teresópolis foi o primeiro a discutir o assunto com empresários e o conselho de deficientes. A gente fez um termo de ajuste de conduta com a Firjan, com o Ministério do Trabalho, com o Conselho e a secretaria, em que a gente capacitaria os deficientes e na medida que ocorresse isto eles contratariam. Nós estamos hoje no Sine e a Myth está com vagas para deficiente, já contratou e colocou mais duas vagas disponíveis, uma para auxiliar de serviços gerais e uma para costureira, para deficientes auditivos leves”, disse.

Outro fator que influencia neste baixo índice de empregabilidade é o medo que alguns deficientes tem de perder o benefício que recebem do INSS, mas a idéia do Conselho e da secretaria de Trabalho é que eles se entusiasmem a trabalhar e não se acomodem com o auxílio, já que é possível conquistar um bom salário através da progressão na carreira.

O contador Ronald da Silva Lima convive com uma doença degenerativa que o colocou em uma cadeira de rodas mas não o impede de ir onde quiser ou ser atuante no mercado de trabalho: “A minha vida sempre foi de trabalho, fora de Teresópolis, trabalhava em São Paulo, Rio, o interior todo do país, porque eu era auditor e esse meu problema veio a partir dos 35 anos de idade. Com o tempo, você vai sentindo passar o pior momento que é o início e vi que a tinha que continuar sendo produtivo. Se a pessoas não tiver uma ocupação mental, vai pensar em que. O problema da doença, eu lembro, tenho que ir em médico e tudo, mas acho que todas as pessoas com suas deficiências tem que buscar algo para fazer, sendo remunerado ou não”.

O Conselho do deficiente funciona na Rua Nilza Fadigas Chiapetta, na Casa dos Conselhos, e as pessoas com qualquer tipo de limitação física ou mental podem buscar sua inserção e almejar uma realização profissional com auxílio da entidade.