quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Preconceito dos professores impede inclusão de aluno com Down, diz USP

Ana Luisa está pintando a casinha de bonecas que ganhou no Natal (Foto: Adriano Oliveira/G1)

Docentes avaliados acham que crianças com deficiência não aprendem.
Pesquisadora concluiu que problema é cultural e pode ser generalizado.

Ana Luisa está pintando a casinha de bonecas que ganhou no Natal (Foto: Adriano Oliveira/G1)
Aos 9 anos, Ana Luiza cursa o terceiro ano do Ensino Fundamental, como qualquer criança da mesma idade. Apesar de ter Síndrome de Down, está matriculada em uma escola regular, como manda a lei, e recebe todo apoio da direção. Na sala dela, por exemplo, trabalham mais duas educadoras, além da professora. A mãe explica, porém, que todos os cuidados nem sempre garantem um tratamento igualitário. “A gente percebe que eles ainda não sabem lidar com o que é diferente, não agem com naturalidade”, diz a relações públicas Sheyla Dutra.
Ela parece ter razão. Um estudo desenvolvido na Escola de Enfermagem da USP em Ribeirão Preto (SP) aponta que a inserção de alunos com deficiência em escolas comuns não garante a inclusão na prática. Isso porque, o preconceito dos próprios professores faz com que o resultado seja justamente o inverso, o que a fonoaudióloga e pesquisadora Flávia Mendonça Luiz chama de “exclusão dentro da inclusão.”
Durante dois anos, Flávia se reuniu toda semana com 10 professores da rede municipal de Araraquara (SP) que lecionavam para crianças com Down. Os encontros surpreenderam a pesquisadora, ao constatar que os educadores têm uma concepção prévia de que crianças com deficiência não são capazes de aprender, principalmente aquelas com deficiência intelectual, como a Síndrome de Down. Apesar de a amostragem ser pequena - apenas 10 educadores -, Flávia explica que o resultado pode ser generalizado, por se tratar de uma questão cultural.
“Todos os professores da minha pesquisa neutralizavam as crianças em sala de aula, ou seja, davam um brinquedo a parte. Então, enquanto todos faziam uma atividade, em vez de a professora incluir a criança, usando outra estratégia, ela dava um brinquedo que a criança gostasse, ou uma folha sulfite e giz de cera. As professoras já têm isso como certo: criança com Down não aprende. Então, como ela faz para ensinar?”, questionou.
Discriminação
A mãe de Ana Luiza, a relações públicas Sheyla Dutra, concorda com a pesquisadora. Ela conta que tentou matricular a filha, sem sucesso, em 16 escolas regulares em Ribeirão Preto, entre públicas e particulares, antes de encontrar a atual instituição onde a garota estuda. “Cada uma respondia uma coisa para não recebê-la. Uma chegou ao absurdo de dizer: a gente pode até aceitar, mas não matricula de verdade, fica como aluno ouvinte.”
A fonoaudióloga Flávia Luiz diz que professores precisam de espaço para reflexão e exercitar um novo olhar (Foto: Adriano Oliveira/G1)Flávia Luiz diz que professores precisam de espaço
para refletir sobre trabalho (Foto: Adriano Oliveira/G1)
Atualmente, Ana recebe toda a atenção da professora e da direção do colégio, tem suas limitações respeitadas e participa das aulas como qualquer outro aluno. Mesmo assim, a mãe afirma que ainda percebe certas dificuldades por parte dos educadores. “Quando a criança sai um pouco do padrão, as professoras se sentem despreparadas. Eu peço para elas darem aula de olho fechado. Assim, não existe diferença entre os alunos”, diz Sheyla, que também é presidente de uma ONG de valorização da diversidade e ministra palestras sobre inclusão para educadores.
Novo olhar
A pesquisadora concorda que a formação dos professores tem como base o ensino para alunos que seguem o mesmo padrão de aprendizagem. Entretanto, explica que a questão transcende a graduação ou a capacitação dos profissionais. “A formação está diretamente ligada com a cultura. Precisa de outro currículo? Na verdade não, mas os professores acham que sim, porque eles dizem ‘eu não aprendi a ensinar crianças assim’. Na verdade, eles aprenderam a ensinar qualquer um. O problema está no preconceito, na bagagem cultural.”
Flávia reforça que o cuidador ou mediador, profissional destacado em sala de aula para auxiliar o aluno com deficiência, como previsto em lei federal, deve se preocupar também em não excluir ainda mais a criança com Down dos demais colegas. Segundo Flávia, este educador deve auxiliar o professor e não a criança.
“Não é apenas inserir um cuidador dentro da sala de aula ou mudar a política educacional. O que falta é um outro olhar. É olhar para a criança não pelas deficiências, mas pelas potencialidades. Por isso, os professores precisam refletir, ultrapassar essa esfera cognitiva, refletir sobre seus valores, crenças. Precisa haver um espaço para que esse tipo de debate ocorra. Isso é o que vai modificar a educação", conclui.
Quando a criança sai um pouco do padrão, a professora se sente despreparada, diz Sheyla (Foto: Adriano Oliveira/G1)'Quando a criança sai um pouco do padrão, a professora se sente despreparada', diz Sheyla, mãe de Ana (Foto: Adriano Oliveira/G1)

Oficina gratuita de dança para pessoas com e sem deficiência



Em são Paulo, a população vai contar com oficinas gratuitas de danças para pessoas com e sem deficiência. As inscrições já podem ser feitas para 3ª edição da Oficina de Dança DanceAbility do Núcleo Dança Aberta. Ótimo exemplo para se expandir para o Brasil. Veja mais: http://bit.ly/Xfedfj
Estão abertas as inscrições gratuitas para a 3ª edição da Oficina de Dança DanceAbility do Núcleo Dança Aberta. O método utiliza a improvisação de movimento para promover a expressão e a troca artística entre pessoas com e sem deficiência. As aulas acontecem na Pulsarte, em Pinheiros, de 2 de setembro a 23 de outubro, terças e quintas, das 14h30 às 17h30.

Os participantes são divididos em dois grupos com objetivos distintos. O Grupo I (Núcleo Didático) é formado por pessoas interessadas na abordagem aprofundada do método DanceAbility para aplicação em seu trabalho ou profissão. São 15 vagas disponibilizadas que devem ser preenchidas por meio de seleção pública, que vai levar em conta também o potencial multiplicador de informação dos candidatos.
Já do Grupo II participam pessoas que têm vontade de conhecer e experimentar o DanceAbility. Ambos os grupos são compostos por pessoas com e sem deficiência, com ou sem experiência em dança.
Interessados podem se inscrever até 13 de agosto, pelo site do Núcleo Dança Aberta; ou enviando seus dados, profissão, currículo resumido e carta de interesse para contato@nucleodancaaberta.com. É necessário também informar se possuem deficiência e se precisam de transporte disponibilizado pelo projeto.
A divulgação dos selecionados é feita também pelo site do Núcleo Dança Aberta, no dia 29 de agosto. Após os dois meses de trabalho, a oficina termina com uma performance dos participantes do Núcleo Didático, aberta ao público.
https://catracalivre.com.br/sp/cursos-e-palestras/gratis/oficina-gratuita-de-danca-para-pessoas-com-e-sem-deficiencia/


O teleférico para a cachoeira

POR JAIRO MARQUES



Nas três cidades da Serra Gaúcha com mais apelo turístico, Gramado, Canela e Nova Petrópolis, o conceito de acessibilidade já é bastante difundido e aplicado.
São regras rampas de acesso (as de Gramado são ruins, mas as de Canela são amplas e exemplares), vários locais possuem piso tátil, é comum encontrar banheiros acessíveis e pessoas com deficiência são bem recebidas.
Claro que ainda há construções com improvisações nada adequadas e pontos sem acesso, mas é importante registrar que um movimento inclusivo já existe.
Algo que muito me chamou a atenção e me deixou mais contente que vendedor de pastel em dia de feira foi o Teleférico do Caracol, uma instalação novinha que permite aos turistas que vão até a cidade de Canela apreciarem beeeem do alto as belezas da serra e o desbunde de uma cachoeira de 130 metros de queda.
foto 4 (2)
Fui até o local bem ressabiado e sem grandes expectativas. Normalmente, essas instalações alegam questões de segurança apartar os quebrados da brincadeira.
Qual não foi minha surpresa ao saber que todo o complexo era “malacabado friendly” :) … A empresa que explora o serviço investiu R$ 15 milhões para que todos pudessem desfrutar de um passeio mega blaster gostosão!
Saquem um videozinho que a patroa fez comigo lá no altão, todo no desfrute …. ;)

O valor da entrada é salgado: R$ 35 (deficientes pagam meia :) ), o que inclui subir e descer o quanto quiser nas três estações do teleférico, estacionamento (há vagas inclusivas), passeio por uma pequena trilha ecológica e apreciar de um ângulo privilegiado a cachoeira.
estacionamento
Os bondinhos são novos, seguros e acomodam tranquilamente uma cadeira de rodas. Quando uma pessoa com mobilidade reduzida quer entrar no equipamento, os técnicos param os motores e auxiliam no embarque, tudo “bem xuxu”.
foto 4 (1)
É possível acomodar uma rampa na entrada dos bondinhos, caso seja necessário. Em uma das estações, há banheiros acessíveis, lanchonetes e lojas de bugigangas.
Na primeira estação, os visitantes já conseguem ver a cachoeira (de longe!) e podem relaxar em uma trilha (com piso super de boa para todos) cheia de árvores, bichos e plantas.
foto 3 (2)
No ponto de maior interesse das pessoas, a terceira estação, que leva para uma visão ‘maraviwonderful’ da cachoeira do Caracol, mais uma surpresa bacanuda: para quem não se dá bem como as escadas, há um elevador que transporta até o deck de observação.
foto 1 (3)
foto 5 (1)
O espaço é amplo, seguro e proporciona uma experiência visual e sensorial (com o vento, o cheiro, o barulho da água) incríveis e para todos!
foto 2 (2)
O ônibus turístico que leva até o teleférico e a outros parques também é acessível. Então, qualquer pessoa pode aproveitar o passeio. Como não sou de ferro, na saída, passei em uma adega que faz experimentação de vinhos… para dar uma esquentada! kkkkkkk

O Que um Pai é Capaz de Fazer Por Seu Filho?