Criança tem sete anos e participa de corridas diariamente com o pai.
Pai superou preconceitos e sonha correr em São Paulo com o filho.
Um mundo de igualdade e respeito. É isso que os pais de Gabriel, de 7 anos, sonham para o futuro do filho. A criança tem paralisia cerebral e é totalmente dependente dos dois. Para dar o exemplo, Michel de Oliveira e Vilma de Oliveira deram uma lição ao superar as limitações do filho. Eles prepararam uma rotina especial para o garoto e fazem com que ele fique menos tempo em casa, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e pratique mais atividades físicas. As atividades diárias incluem sessões de equoterapia, fisioterapia e terapia ocupacional, mas o que o garoto gosta mesmo de fazer são as corridas na companhia do pai.
Como Gabriel não consegue se manter em pé, Michel precisou usar a criatividade. Ele criou um equipamento com partes de uma bicicleta e uma cadeira de rodas. A engenhoca, como ele mesmo chama, é o "brinquedo" favorito do filho. "Foi uma das formas que eu encontrei para que ele pudesse participar das corridas, mesmo que seja sentado em uma cadeira de rodas", contou o pai.
"Quando ele [ Gabriel] percebe que vamos sair para correr, começa a ficar agitado. É possível perceber no brilho do olhar a alegria que sente. Não só pelo fato de correr comigo, mas também por sair de casa, ver pessoas, conhecer lugares diferentes", conta o pai. As corridas são diárias. Para o filho, fica a diversão, já o pai se considera um atleta. Assista ao vídeo.
E as corridas diárias com Gabriel fizeram tão bem e deram tão certo, que Michel agora decidiu concretizar um outro sonho – levar o filho para participar da Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo. Ao G1, Michel relatou que já conseguiu uma ajuda financeira para fazer a inscrição e para hospedagem na capital paulista, mas que ainda não conseguiu o transporte. "Só falta isso para participarmos da corrida. Tomara que dê certo, vai ser emocionante", disse.
O pedido da família por igualdade e respeito está diretamente relacionado ao preconceito e à acessibilidade. Michel lembra de uma situação triste, mas que acabou refletindo para o bem. "Foi quando eu levei o Gabriel para cortar o cabelo pela primeira vez e o cabeleireiro me disse que não cortava cabelos de pessoas com deficiência. Aquilo me derrubou", lembrou o pai. Gabriel tinha três anos quando isso aconteceu.
Contudo, ao passar em uma farmácia no caminho de volta para casa, ele teve a ideia que mudou a vida da família. "Logo que entrei na farmácia me deparei com uma máquina de cortar cabelos. E aquilo foi o fim de um dos preconceitos. Eu mesmo cortei o cabelo do meu filho", contou.
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Quatro anos depois, Michel ainda é o cabeleireiro oficial do filho. Aliás, da família toda. Ao fazer o primeiro corte ele gostou tanto que decidiu largar a profissão de mecânico industrial para se especializar no assunto. O salão foi improvisado em um dos cômodos da casa mesmo e, atualmente, é um complemento para a renda da família.
"Foi uma maneira de poder ficar mais perto do meu filho. Eu procuro me dividir entre cuidar do Gabriel e trabalhar no salão, mas a maior parte do tempo preciso me dedicar a ele mesmo", ressaltou.
A doença
"Me recordo de quando ele nasceu. Ficamos em desespero porque os médicos forçaram o parto normal e ele precisou ficar internado por 23 dias. Foi muito tenso, rezamos muito para que ele saísse daquela situação", disse Vilma. Os primeiros sinais da doença apareceram aos cinco meses de idade. "Nós percebemos que ele não firmava o pescoço e decidimos levá-lo a uma especialista. Uma médica foi muito direta ao relatar o problema e nós ficamos chocados, mas nem por isso abaixamos a cabeça. Percebemos que tínhamos uma criança especial e que Deus colocou ela na Terra para uma missão", acrescentou a mãe.
"Me recordo de quando ele nasceu. Ficamos em desespero porque os médicos forçaram o parto normal e ele precisou ficar internado por 23 dias. Foi muito tenso, rezamos muito para que ele saísse daquela situação", disse Vilma. Os primeiros sinais da doença apareceram aos cinco meses de idade. "Nós percebemos que ele não firmava o pescoço e decidimos levá-lo a uma especialista. Uma médica foi muito direta ao relatar o problema e nós ficamos chocados, mas nem por isso abaixamos a cabeça. Percebemos que tínhamos uma criança especial e que Deus colocou ela na Terra para uma missão", acrescentou a mãe.
A missão, garante Vilma, é mostrar que a deficiência não impõe limites e que basta um pouco de compreensão para que as coisas aconteçam. "É isso que nós fazemos em todos os momentos desde que ele nasceu. Nós compreendemos as dificuldades e fazemos de tudo para que ele se sinta como uma pessoa normal. Ele tem que viver, não importa como", finalizou, emocionada, a mãe.
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