Um debate acerca das barreiras sociais enfrentadas pela pessoa com deficiência norteou o evento “A OAB por uma Sociedade Acessível e Inclusiva”, promovido pela Comissão Acessibilidade da OAB Paraná, na noite de terça-feira (13). O encontro marcou o início de uma campanha da Seccional pela promoção da acessibilidade como um direito de todos.
A busca da autonomia e independência foi destacada pela presidente da Comissão de Acessibilidade da Seccional, Berenice Lessa, ao citar a luta histórica da pessoa com deficiência por direitos específicos, posteriormente conquistados na Constituição de 1988. “Voltamos a esta casa após 26 anos para trabalhar não mais na reivindicação, mas na conscientização da sociedade”, afirmou. “Acessibilidade é retirar obstáculos que impedem uma pessoa de ter uma vida melhor. É se colocar no lugar do outro”, acrescentou Berenice. O diretor-tesoureiro da OAB Paraná, Guilherme Kloss Neto, representou o presidente da Seccional, José Lucio Glomb.
O evento contou também com a presença do procurador do Ministério Público de Contas Sérgio Ricardo Costa Caribé, coordenador da campanha pela acessibilidade total no Tribunal de Contas da União; do secretário da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência da prefeitura de Curitiba, Irajá de Brito Vaz, da advogada Sueli Glomb, entre outros convidados.
O desembargador federal do Trabalho da 9a Região, Ricardo Tadeu Fonseca, um dos colaboradores junto à delegação brasileira para a redação da Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU, em Nova Iorque, falou sobre sua experiência como deficiente visual. “Ser cego não é um problema meu, é uma característica. A sociedade é que tem problemas para conviver com isto. E precisa superar este problema”, disse.
“Falta superarmos uma postura assistencialista com relação a este segmento e entender que são pessoas que têm plena cidadania. E para que esta cidadania possa ser exercida é necessário que a sociedade assuma que tem deficiências culturais, arquitetônicas, tecnológicas, que impedem o exercicio de cidadania destas pessoas. A sociedade precisa corrigir suas próprias deficiências”, sustentou o desembargador.
Outra história de esperança e superação é o exemplo de Roberto Carlos II, o Dudu Braga, deficiente visual aos 22 anos de idade. “Tive a experiência dos dois lados da história, inclusive acompanhando todos os avanços que tem tido a questão da inclusão da pessoa com deficiência. É um processo lento, não podemos mudar toda esta história de uma hora pra outra, avanços a gente consegue gradativamente com muita luta”, disse.
“Existem vários setores dentro da inclusão, o meu é o da sensibilização. Tem o setor da reivindicação, que é o jurídico, as ONGs que fazem pressão. Por meio disso tudo e somada a conscientização, é possível que mudanças aconteçam. Hoje vemos mais pessoas com deficiência nas ruas e isso já é um fator bem positivo, que prova que as coisas estão mudando. Adaptações são perfeitamente normais e é uma questão de tempo”, afirmou Dudu Braga. “A gente ficava escondido antigamente porque tinha vergonha, porque dava muito trabalho aos nossos amigos, porque nada era adaptado”, finalizou.
Advogados com deficiências física e sensorial também dividiram suas experiências, apresentando um panorama das barreiras que enfrentam no dia a dia da advocacia nos fóruns e Tribunais de Curitiba.
Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões e 600 mil pessoas se declararam com algum tipo de deficiência em todo o país ou seja, quase 24% da população brasileira.
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