segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Competição hípica socializa crianças com deficiência mental e possibilita superações


Competidor durante a VI Paralimpíada do Centro de Equoterapia da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul
Foto: Rafael Gaijim / Capital News

Interessante ver os competidores contar os passos medindo a distância dos obstáculos (cada quatro passos meu equivale a um galope, revelou uma delas). Outra cena evidente é o carinho que os animais recebem antes de entrar no circuito. “A Kodak está comigo há um ano e ela acalma com isso”, explicou a estudante Vitória Bráz, de 14 anos. O mais charmoso ainda são os nomes dos animais que o locutor vai narrando: Tereré. GF Scooby AL, GF Capitu e até um tal de Datena.
Está acontecendo neste sábado (14) no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) a VI Paralimpíada do Centro de Equoterapia da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), que segue até amanhã. São apresentações da equoterapia da PM e competições de sete equipes de Campo Grande.
Mais do que a competição em si, o evento é uma forma de igualar as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência mental com os competidores, explicou o vice-presidente do centro, o subtenente Celestino Herislandio. “Eleva a auto estima deles.” O oficial é um dos que compra os animais para o centro, que possui 120 alunos. “Não é a raça, e sim a índole do animal”, explicou acerca dos atributos que um cavalo deve ter para ajudar na terapia das pessoas, em sua maioria crianças.
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Professores do Centro de Equoterapia são das mais diversas especialidades
Foto: Rafael Gaijim / Capital News
Os profissionais que trabalham no centro são das mais diversas áreas, como fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional. Lidam dia a dia com casos de crianças que não conseguem montar no animal a até uma aluna de 75 anos, a decana do centro. “[A modalidade] relaxa, acalma, principalmente com autistas. Após [a aula], saem tranqüilos”, disse a pedagoga Andreia da Silva. No centro há vagas para os interessados em participar de forma gratuita, porém há fila de espera.
O estudante Caio Assis Vieira, de 14, é portador de síndrome de down. Há nada menos que dez anos está na equoterapida da Polícia Militar fazendo aulas. Vieira joga futebol e toca bateria, mas “gosto mesmo é de cavalo”, disse, muito reticente durante a entrevista. Mas, ao caminhar em direção à sua turma que estavam com os animais, percebe-se a alegria contaminar a feição do adolescente.
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Caio Assis Vieira, de 14 anos, joga futebol e toca bateria, mas o que gosta mesmo é de cavalos
Foto: Rafael Gaijim / Capital News
Equipes
A estudante Paola Stangherlin Raiter, de 16, é filha de fazendeiro, e desde os dois anos monta em cavalos. Apesar da alergia que tem dos animais — fica espirrando e seu corpo enche de manchas quando sai de um cavalo — e de um problema de ligamento das juntas, montar é o que mais gosta de fazer. “Não quero parar.” Ao lado do cavalo Montreal, com o qual competirá, disse que gosta do animal porque ele “é novo e nervoso”, ou seja, “é mais pra frente”, explicou.
Paola estava neste sábado com a turma da Hípica Soberano para competir no evento. A equipe pertence a também instrutora Márcia Toloi, que informou ter 100 alunos na escola. No Cras estavam oito hoje, todos medalhistas. “Em todas as provas eles trazem medalhas”, contou Márcia. A escola tem mais de 20 anos de atuação e está situada perto do Parque das Nações Indígenas.
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Paola Stangherlin Raiter, de 16, monta em cavalo desde os dois anos
Foto: Rafael Gaijim / Capital News
O instrutor e diretor da Escola Hípica Campo Grande, Maurício Alves, disse ter levado 15 dos 30 alunos da escola para competir neste evento. Profissional de hipismo há mais de 20 anos, e ganhador de várias competições, Alves fala que não há idade para participar. “É a única [modalidade] que pode praticar até ficar idoso.” O instrutor contou que, caso a pessoa tenha aptidão, ela começa a ser treinada para as competições na equipe, que funciona dentro da sede da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul).
Serviço:
Para os interessados em montar em cavalos, os telefones são:
Centro de Equoterapia da PMMS — 3326-0253
Hípica Soberano — 9217-3854 (Márcia)
Escola Hípica Campo Grande — 3045-7691 / 9234-8685 (Maurício)
 

Fonte: Gabriel Kabad - Capital News (www.capitalnews.com.br) 

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