domingo, 6 de janeiro de 2013

Cientista acredita que seres humanos poderão viver mais de mil anos


Ideia não é levada a sério por muitos cientistas, mas há outros que acreditam nessa possibilidade.



G1

Eles já estão entre nós. Os primeiros seres humanos a passar dos 150 anos de idade já nasceram, segundo pesquisadores e futurólogos. Estão entre as crianças e os jovens de hoje. Agora, parece impossível, mas, quando eles se tornarem adultos, terão ao alcance fontes da juventude que, em breve, sairão dos laboratórios. O Japão, país com o maior número de centenários do planeta, quer prolongar ainda mais a vida e com saúde.
Para viver mais, teremos que descobrir as doenças antes mesmo de sentir o primeiro sintoma. Isso será possível em breve e não precisaremos nem ir ao médico. A nossa casa vai nos avisar se estivermos doentes.
A residência do futuro deverá ser parecida com um apartamento-modelo criado pela Universidade de Kanazawa. Dentro dele, a pessoa tem a saúde monitorada o tempo todo, enquanto dorme, na hora em que vai ao banheiro. Já é possível fazer 14 exames médicos. Até na hora do banho, porque a banheira é um aparelho de eletrocardiograma. Basta colocar as duas mãos dentro da água para ter uma ideia de como está o coração.
O aparelho que faz o exame tradicional tem eletrodos, que captam as variações elétricas do coração. Assim, é possível saber se ele está funcionando bem. O médico aplica um gel para facilitar a condução dos sinais elétricos.
A banheira faz o exame, porque tem seis eletrodos e a água funciona como um gel usado pelo médico. O equipamento também é capaz de identificar se a pessoa está se afogando e dispara um alarme.
Na hora das necessidades, a privada faz seis exames. Ela mede, por exemplo, a pressão do jato da urina. Na experiência, eles usam água. No caso dos homens, explica o professor Kenichi Yamakoshi, uma variação na pressão pode indicar o início de um câncer de próstata.
No futuro, a privada vai analisar a urina, como faz um laboratório hoje para saber, por exemplo, se há algum sinal de infecção - e vai mandar o resultado via internet para o médico. E quando o morador sentar na privada, um sensor encostará na perna para medir, por exemplo, a pressão.
Alguns dos principais exames serão feitos enquanto a gente dorme. A cama tem sensores que medem o batimento cardíaco, a distribuição do peso no corpo, a respiração e até o ronco.
Todos esses dados vão para um computador que identifica se há alguma variação preocupante e informa ao médico, que poderá estar a muitos quilômetros de distância.
"Viver mais, com saúde é o sonho de muita gente", diz o professor Yamakoshi, "e todos preferem viver sem ter de ir ao médico. Mas com a idade avançada, as pessoas tendem a adoecer com mais frequência. Quando isso acontece, é melhor descobrir logo para se curar o mais rapidamente possível".
E com mais uma vantagem. Imagine, numa chuva, ter de sair de casa para ir ao médico. É um problema que seu Toshio Shouchi, de 80 anos, não tem mais. Ele é um dos oito voluntários que estão testando a casa inteligente. Ele sofre de insuficiência cardíaca e mora sozinho. Há dois anos, os sinais vitais dele são medidos pelos sensores e ele faz uma consulta diária, pela internet, com uma médica, de plantão no hospital. Descreve o que sente, mostra, por exemplo, que surgiram manchas nos braços. Do outro lado, ela avalia os sintomas e os resultados dos exames e indica se ele deve aumentar ou diminuir os remédios. Seu Toshio diz que, sem esse sistema, teria que viver num hospital.
"Eu me sinto muito mais seguro. Eles até descobriram que eu estava com sinais de um derrame cerebral no ano passado e mandaram que eu fosse ao hospital para receber tratamento. Foi uma coisa temporária e passageira", diz Seu Toshio.
E, no futuro, a cura virá de forma invisível aos olhos. No Centro de Pesquisa de Micromáquinas Médicas da Universidade de Tóquio, só com microscópios dá para enxergar o que professor Koji Ikuta e seus alunos estão inventando.
Na imagem, uma linha no alto é um fio de cabelo humano. Abaixo, há alguns pontos que se parecem, à primeira vista, com grãos de poeira. Mas é só a gente aproximar mais a imagem que eles ganham forma. São estruturas construídas pelo homem. São os "microrrobôs", equipamentos que, daqui há alguns anos, poderão entrar no nosso corpo para curar doenças e recuperar pedaços danificados.
Para entrar na fábrica desses robôs, é preciso vestir uma roupa especial.  Sujeira ou poeira podem provocar falhas na produção. Os robôs são construídos a partir de uma única gota de um polímero, uma substância química parecida com plástico líquido.
A fabricação ocorre na lâmina do microscópio, que é acoplado a um monitor de TV, o único jeito de ver o que acontece ali. Um feixe de raio-laser, que torna o polímero sólido. Aos poucos, o robô vai ganhando forma.
O professor Ikuta explica que, primeiro, eles projetam o robô num computador. "Depois, transferimos os dados para este sistema. Automaticamente, podemos criar qualquer estrutura em três dimensões".
De uma única gota, podem ser produzidos 50 robôs ou mais. Em 4 minutos, ficam prontos. Por enquanto, têm uma forma muito simples.  Um, por exemplo, parece uma ferradura com um pino no meio, mas ele já tem algumas habilidades.
Os cientistas fazem o robozinho entrar em ação dentro de uma cabine escura, para impedir a interferência da luz externa. O vídeo de uma experiência mostra o robozinho empurrando a célula do sangue de uma galinha, um glóbulo vermelho, contra uma estrutura microscópica, parecida com um muro. É como se ele estivesse rebatendo uma bolinha de tênis numa parede.
O robô é movimentado por um raio laser. Ao empurrar a célula, ele consegue perceber a resistência dela. O professor Ikuta prevê que, em 5 anos, esse robô será usado em laboratórios para estudar porque uma célula muda seu formato, porque se torna cancerígena, por exemplo. Em 10 anos, acredita ele, os robôs poderão ser introduzidos dentro do nosso corpo. Vão identificar as células doentes e curá-las.
"Este robô, muito pequenininho, pode prolongar a vida humana de forma segura. E este é o grande objetivo de minha pesquisa", diz o professor Ikuta.
Para fazer isso terão que ficar ainda menores, serão os "nanorrobôs", tão pequenos que nem pelo microscópio será possível enxergá-los. Veja o que os cientistas imaginam que vai acontecer dentro do nosso corpo daqui alguns anos.
Um exército de nanorrobôs poderá reparar órgãos ou músculos, como se fossem operários consertando as paredes de uma casa.
Outros funcionarão como faxineiros dos nossos pulmões, retirando todas as impurezas que possam provocar doenças.
Um robô especializado em combater micróbios vai identificá-los e destruí-los.
Com tantos avanços da ciência, será que um dia poderemos viver para sempre? Rejuvenescer em vez de envelhecer? Impossível? Não para uma água-viva, que está sendo estudada no Japão. A não ser que vire comida de outro bicho ou pegue uma doença, ela é biologicamente imortal.
E ela realiza outro antigo sonho da humanidade: depois de envelhecer, voltar a ser criança. O professor Shin Kubota, da Universidade de Kyoto, já identificou três espécies de águas-vivas do gênero "turritopsis" que são capazes dessa façanha. Cada ciclo de vida dura em média 2 meses. Ela cresce até a forma de medusa, a que estamos acostumados a ver nas praias. É a fase adulta, quando se reproduz e põe ovos.
Ao envelhecer, ela não morre, mas realiza um fenômeno único na natureza: volta a ser um pólipo, fica parecida com um minúsculo galho de árvore. É um dos primeiros estágios da vida da água-viva, quando ainda não é capaz de se reproduzir. Ou seja, é como se voltasse a ser criança.
Há 35 anos, o professor Shin estuda essas águas-vivas em busca do segredo da eterna juventude. Ele explica que ela desenvolveu essa habilidade para permitir a sobrevivência da espécie. Muito pequenas e frágeis, elas são vulneráveis, além de servir de alimento a muitos animais. A informação de que não pode morrer por envelhecimento ficou registrada nos genes da água-viva.  Mas será que é possível transferir essa informação para o gene de um ser humano?
O professor acredita que sim. "Os genes de uma água-viva não são tão diferentes", diz ele.
Parece inacreditável, até maluquice, mas ele garante: "Ainda neste século, nos tornaremos imortais".
A ideia não é levada a sério por muitos cientistas, mas há outros que acreditam nessa possibilidade.
Um deles é o britânico Aubrey de Gray. Ele tem uma cara de hippie, mas é um cientista da conceituada universidade de Cambridge e especialista em envelhecimento. De Gray acha que, em breve, o ser humano poderá viver facilmente mil anos.
Ele diz que a medicina vai regenerar o corpo humano da mesma forma como fazemos a manutenção periódica de nosso carro ou da nossa casa. Com isso, eles duram muito mais tempo do que foram projetados.
Outro profeta da imortalidade é o inventor e futurólogo americano Ray Kurzweil. Ele acha que, num futuro bem próximo, o homem poderá deixar de ser apenas de carne e osso. Cada parte do nosso organismo, que não funcionar bem, será substituído por uma máquina.
"Daqui a 25 anos, quando você falar com um ser humano, como nós, estará falando com um ciborgue, um híbrido de biologia e máquina.", disse o cientista Raymond Kurzweil.
Desde o início do século 20, a humanidade ganha 3 meses de vida a cada ano que passa com os avanços da medicina, os novos remédios e tratamentos, e os cuidados com higiene e alimentação.
São eles que permitem que Kyuzo Andou, de 101 anos, leve todos os dias - de bicicleta - as encomendas dos clientes. Ele é dono de uma loja de cafés especiais em Tóquio, negócio que abriu aos 85 anos de idade, quando cansou de ser empregado e decidiu virar patrão. Ele já subiu o monte Fuji - a montanha mais alta do Japão - 70 vezes. E diz que pretende seguir trabalhando e subindo montanhas enquanto for possível.
"O segredo é boa alimentação, exercícios físicos e mentais. E não falar mal dos outros nem ficar lamentando a vida", conta ele.
Quando seu Kyuzo nasceu no começo do século passado, seria difícil acreditar que poderia viver tanto. A expectativa de vida nos países desenvolvidos não chegava a 50 anos. Hoje é de mais de 80. Por isso, talvez seja possível que, dentro de algumas décadas, centenários tão saudáveis como ele não sejam exceções, mas pessoas com um longo futuro pela frente.

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