terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cadeirantes dão exemplo de superação


O principal objetivo do programa é promover a inclusão social por meio do esporte. Além do tênis, São Caetano do Sul também oferece cursos em outras modalidades, que ocorrem desde o ano passado.
Publicada em 13 de novembro de 2012 - 09:00
Pessoa em cadeira de rodas jogando tênis
Há pouco mais de um mês Beatriz Radomille, 15 anos, vai ao São Caetano Esporte Clubeàs sextas-feiras para ter aulas detênis. A estudante é atleta desde pequena, porque já praticou basquete e natação, além de ter disputado alguns campeonatos.

Cadeirante, Beatriz é uma das alunas do programa de esporte adaptado, promovido pelas secretarias de Esportes e Turismo eDireitos da Pessoa com Deficiência de São CaetanoSite externo.. Além do tênis, a cidade também oferece cursos em outras modalidades, que ocorrem desde o ano passado.

"Fizemos um levantamento com os alunos cadeirantes das escolas da cidade. Eles escolheram os esportes que gostariam de praticar e o tênis foi um deles. As aulas começaram agora porque estávamos esperando as cadeiras chegarem", contou a secretária de Direitos da Pessoa com Deficiência, Lilian Fernandes. O projeto também tem apoio da CR Tênis, empresa que presta serviços para o município.

A prefeitura comprou duas cadeiras de rodas apropriadas para a prática esportiva. De acordo com a secretária, elas são suficientes para a demanda de alunos que são atendidos no momento (duas, mas outros cinco devem começar as aulas nas próximas semanas). As cadeiras são mais baixas, com rodas mais inclinadas, há ainda faixas que seguram as atletas presas à cadeira, além de uma rodinha na parte traseira para dar mais firmeza no chão. 

O principal objetivo do programa é promover a inclusão social por meio do esporte. Apesar disso, Lilian não descarta a possibilidade de investimento em atletas de alto rendimento. "O projeto não serve apenas para o lazer, mas também como um caça-talento", avaliou a secretária.

Segundo Lilian Fernandes, não há restrições de idade para participação no projeto, mas os interessados devem morar em São Caetano. Para participar das aulas, basta fazer inscrição na sede da Secretaria de Esportes e Turismo, que fica na rua Osvaldo Cruz, 2010.

Beatriz aprovou os treinos e já sente reflexo no corpo. "Antes não tinha muita mobilidade, andava mais devagar. Além disso, agora tenho uma cabeça melhor, porque tem pessoas com problemas muito piores do que os meus que conseguem se superar", avaliou a garota, que nasceu com problema na espinha.

ADAPTAÇÃO
O tênis adaptado praticamente não sofre alterações em suas estruturas ou regras. A única diferença, explicou o professor Luiz Otavio Martins França, é que a bola pode dar dois quiques no chão antes de ser rebatida pelo jogador. Isso porque os atletas levam mais tempo para se locomover, pois precisam empurrar a cadeira e ainda segurar a raquete.

O treinador também explicou que não sente diferença na hora da aula. "Para mim, não vejo dificuldade gritante ou acentuada ao ensinar. A única coisa é que passamos por expectativas diferentes com cada um dos alunos. Como qualquer um, eles têm suas dificuldades", disse Luiz.

Além disso, o professor encara as aulas com uma grande troca de experiências. "A própria superação de estarem aqui diz tudo sobre essas alunas. São muito esforçadas, alegres. Depois de uma aula a gente sai diferente da quadra", declarou o treinador.

Modalidade ajuda recuperação de aluna

Modalidade é responsável pela recuperação da aluna Ana Ribas Dalcollina, 53 anos, daquelas pessoas que contagiam qualquer um a sua volta. Quem a vê hoje nas aulas de tênis adaptado em São Caetano nem imagina o que ela passou há 22 anos.

Um acidente de carro no trajeto entre Curitiba e São Paulo foi responsável por impedir que a aposentada voltasse a andar. Na época, ela atuava como instrutora de tênis. A modalidade estava presente em sua vida desde os onze anos, quando começou a jogar. "Passei quatro meses hospitalizada com uma série de problemas para superar."

Ana até esboçou retorno às quadras algumas vezes, mas sem sucesso. "Não tinha tempo porque cuidava da minha mãe que estava doente e também tinha meu filho. Mas agora estou numa fase que posso pensar em mim", comentou. O segredo da superação? Ana explicou: "Todo mundo diz que sou uma pessoa alto astral, mas passei por problemas e fui em frente. Devo tudo isso ao tênis, porque quando fui atleta aprendi a ter disciplina, determinação. Foi isso que meu deu forças para continuar", declarou.

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