sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Falta de verba e má utilização são desafios para parques inclusivos em Curitiba



Projeto já chegou a dez endereços, mas com custos que variaram de R$ 26 mil a R$ 230 mil ; Nos portais do Futuro, má utilização forçou gestores a guarderem os brinquedos em sala trancada


Parquinho  inclusivo instalado no Parque São Lourenço é  o mais completo da cidade | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
GAZETA DO POVO 
Curitiba ganhou há pouco mais de um ano o seu primeiro parque acessível a crianças com deficiência. Instalado no Passeio Público, o projeto logo se expandiu e foi levado a outros três parques da cidade, a uma praça e a cinco Portais do Futuro. Mas a ação voltada para que crianças com ou sem deficiência possam se divertir juntas ainda tem desafios a serem superados. Em alguns locais, a má utilização forçou gestores a retirarem os brinquedos.
O primeiro entrave dos parques é a falta de padronização dos projetos devido à falta de recursos. O do Parque São Lourenço é o mais completo. A estrutura tem brinquedos tradicionais, como o carrossel e o balanço, também possui um equipamento que estimula o equilíbrio e um pictograma para ajudar na memória das crianças. Ela foi viabilizada graças a R$ 231 mil oriundos de uma medida compensatória aplicada ao shopping Pátio Batel.
Já os parques instalados no Passeio Público, na Praça Presidente Eisenhower (Jardim social) e no Parque Mairi (CIC) contam com menos brinquedos.
O primeiro local a ganhar os equipamentos foi o Passeio Público. A estrutura ali tem três brinquedos (balanço frente a frente para cadeira de rodas, uma mesa de areia e um painel com xilofone e jogo da velha) e teve custo aproximado R$ 65 mil, segundo secretária municipal da pessoa com deficiência de Curitiba, Mirella Prosdócimo.
Parte desses recursos veio da iniciativa privada e do Rotary Club, após amobilização da secretária executiva Shirley Ordonio. Ela é idealizadora do projeto Lazer, Inclusão e Acessibilidade (LIA). O parque da Praça Presidente Eisenhower tem apenas dois brinquedos. Ele foi instalado com R$ 26 mil de uma emenda parlamentar do vereador Felipe Braga Côrtes (PSDB).
Mirella diz que o sonho da secretaria é que todos os parques inclusivos sejam como o do Parque São Lourenço. “Mas tudo vai depender do espaço disponível para instalação e do recurso existente. Tínhamos uma licitação para o Parque Barigui, mas esse processo está parado por conta do fim da gestão. Esperamos que a próxima gestão o retome”.
Segundo a secretária, a atual gestão definiu que qualquer novo parque instalado na cidade terá de contar com os brinquedos inclusivos para crianças com deficiência. O mesmo vale para parques já existentes que futuramente passem por reformas. A atual gestão chegou a abrir um procedimento licitatório para instalar um parque inclusivo no Parque Barigui, mas a conclusão do processo ficará para a próxima gestão municipal.
“O ganho principal é o da convivência entre crianças com sem deficiência, mas principalmente o de também oferecer lazer para um público que antes não tinha opção. Algo tão simples e que nunca havia sido implantado na cidade”, afirmou Mirella.

Em Portal do Futuro, balanço foi guardado após virar “barco viking”

Os moradores do entorno dos Portais do Futuro do Cajuru, Bairro Novo, Boqueirão, CIC e Tatuquara comemoraram a chegada dos brinquedos inclusivos nessas unidades. Mas a alegria durou pouco. Gestores de pelo menos duas dessas unidades guardaram os brinquedos dentro de uma sala e os retiram apenas quando uma criança. Os demais estão conversando entre si para tomar a mesma medida após verem adolescentes sem deficiência quebrarem os equipamentos.
Alguns desses equipamentos, como o carrossel, o balanço e o vai-vem são maiores para que caiba uma cadeira de rodas. Segundo funcionários ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato, até dez adolescentes chegavam a entrar ao mesmo tempo nos brinquedos. O balanço, dizem eles, virou “barco viking” na mão dos adolescentes e a estrutura que segura o brinquedo em um desses espaços chegou a ficar amassada em apenas um fim de semana de utilização.
“Realmente alguns brinquedos sofreram vandalismo. Por isso, precisamos contar com a sociedade. A apropriação desses espaços por ela ajuda a cuidar do equipamento. A prefeitura Em caso de vandalismo, a prefeitura vai ter um custo pra repor e é toda a sociedade quem paga”, lamentou Mirella.

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