Tive a honra de ser convidado para a pré-estréia do filme ILEGAL que é um belo documentário sobre o uso medicinal da maconha. Nele, podemos nos envolver com as emocionantes histórias de mães e pais que lutaram pela manutenção do uso medicinal de derivados de maconha a fim de controlar doenças refratárias nos seus filhos. Os sintomas de tais doenças não foram controlados pelos medicamentos habituais. Só lhes restavam estes derivados, porém a legislação brasileira proibia a importação.
Em função disto, inicia-se uma peregrinação e luta contra a burocracia, o pensar retrógrado e as mentes e instituições conservadoras. Luta esta, inicialmente, solitária e que gradativamente foi ganhando adeptos. As inúmeras derrotas no processo de buscar a proteção dos seus filhos não os fizeram esmorecer. O Estado e a sociedade tentaram miná-los, mas, para o bem social e da democracia, eles não desistiram. O amor deles para com os seus amados criou uma espécie de escudo incapaz de ser ultrapassado e, sempre que o desespero batia nos seus corações, borbulhava a energia capaz de manter a trajetória de luta.
Nesta jornada, eles encararam lobos selvagens e lobos travestidos de cordeiros. Como uma avalanche, eles passaram por cima de tudo. Eles fizeram história. Eles calaram os preconceituosos. Eles mexeram com o Congresso Nacional. Eles obrigaram que as instituições arcaicas da administração pública brasileira pensassem. Eles sensibilizaram o judiciário. Eles, amorosamente e liminarmente, fizeram fazer valer o direito de ter uma vida digna e o dever deles (de pais) de proteger seus filhos. Eles foram maiores que a ciência, pois conseguiram avançar muito mais rápido, mesmo sem saber usar e interpretar regressões logísticas. Eles foram fantásticos e permitiram que, em meio a tanto caos social, encontrássemos bondade, força e coragem - sentimentos cada vez mais raros.
A película é uma tapa no rosto dos preconceituosos e um soco no estômago dos interesses diversos por detrás das proibições. A dor deles só pode ser descrita por eles. Mesmo que tentássemos imaginar e nos transportássemos para dentro desta vivência, não conseguiríamos sentir tamanha dor. Lembrei-me de Shakespeare, que refletiu sobre a dor da seguinte forma: "todos podemos controlar a dor exceto aquele que a sente". Diante da dor deles, muitos se calaram e se esquivaram em ajudar, mas eles nunca desistiram.
Enfim, a sociedade há de melhorar e as pessoas hão de evoluir. Talvez, isto demore e, até lá, espero encontrar pessoas como estas que participaram deste filme. Pois, só assim, poderei falar para os meus filhos que vale muito a pena viver.
Dr. Régis Eric Maia Barros – Médico Psiquiatra
Mestre e Doutor em Saúde Mental pela FMRP – USP
psiquiatria@stabilispsiquiatria.com.br
Em função disto, inicia-se uma peregrinação e luta contra a burocracia, o pensar retrógrado e as mentes e instituições conservadoras. Luta esta, inicialmente, solitária e que gradativamente foi ganhando adeptos. As inúmeras derrotas no processo de buscar a proteção dos seus filhos não os fizeram esmorecer. O Estado e a sociedade tentaram miná-los, mas, para o bem social e da democracia, eles não desistiram. O amor deles para com os seus amados criou uma espécie de escudo incapaz de ser ultrapassado e, sempre que o desespero batia nos seus corações, borbulhava a energia capaz de manter a trajetória de luta.
Nesta jornada, eles encararam lobos selvagens e lobos travestidos de cordeiros. Como uma avalanche, eles passaram por cima de tudo. Eles fizeram história. Eles calaram os preconceituosos. Eles mexeram com o Congresso Nacional. Eles obrigaram que as instituições arcaicas da administração pública brasileira pensassem. Eles sensibilizaram o judiciário. Eles, amorosamente e liminarmente, fizeram fazer valer o direito de ter uma vida digna e o dever deles (de pais) de proteger seus filhos. Eles foram maiores que a ciência, pois conseguiram avançar muito mais rápido, mesmo sem saber usar e interpretar regressões logísticas. Eles foram fantásticos e permitiram que, em meio a tanto caos social, encontrássemos bondade, força e coragem - sentimentos cada vez mais raros.
A película é uma tapa no rosto dos preconceituosos e um soco no estômago dos interesses diversos por detrás das proibições. A dor deles só pode ser descrita por eles. Mesmo que tentássemos imaginar e nos transportássemos para dentro desta vivência, não conseguiríamos sentir tamanha dor. Lembrei-me de Shakespeare, que refletiu sobre a dor da seguinte forma: "todos podemos controlar a dor exceto aquele que a sente". Diante da dor deles, muitos se calaram e se esquivaram em ajudar, mas eles nunca desistiram.
Enfim, a sociedade há de melhorar e as pessoas hão de evoluir. Talvez, isto demore e, até lá, espero encontrar pessoas como estas que participaram deste filme. Pois, só assim, poderei falar para os meus filhos que vale muito a pena viver.
Dr. Régis Eric Maia Barros – Médico Psiquiatra
Mestre e Doutor em Saúde Mental pela FMRP – USP
psiquiatria@stabilispsiquiatria.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário