sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Inclusão no mercado de trabalho

Felipe Carvalho faz parte do programa Iluminar, da Light, no Rio de Janeiro. Crédito: Vitor Madeira/Imagens do Povo
A entrada no mercado de trabalho é um passo importante para que os jovens possam fazer a transição entre o mundo da infância e o mundo adulto. O excesso de preocupação por parte de familiares e amigos muitas vezes torna essa passagem difícil para as pessoas com síndrome de Down, principalmente pela forma com que elas são tratadas e pelas baixas expectativas em relação à sua função na sociedade.
As pessoas que não estão empregadas tendem a ter mais depressão e menos autoestima. Isso acontece porque o ambiente de trabalho ajuda os indivíduos a ganhar responsabilidades e desenvolver relacionamentos com grupos diversos. Além disso, favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, mecânicas e de adaptação a diferentes situações, inclusive na vida pessoal.
Reconhecer-se como parte do mundo do trabalho fortalece o sentido de cidadania de jovens e adultos. No caso de pessoas com síndrome de Down, muitas vezes as próprias famílias se surpreendem com mudanças de atitude, uma vez que elas se sentem mais independentes e capazes de realizar seus desejos.
O artigo 27 da convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência estabelece que todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho. Muitos países, assim como o Brasil, contam com uma legislação trabalhista que favorece a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, seja através de cotas ou de subsídios para as empresas contratantes.
É importante ressaltar que o trabalho não envolve apenas a pessoa e a empresa. Família, escola e sociedade precisam caminhar juntas na defesa da inclusão efetiva para que a entrada no mercado de trabalho de pessoas com síndrome de Down possa se tornar uma realidade para todos.
Na seção “Trabalho” do Movimento Down, você encontra informações sobre como contratar uma pessoa com síndrome de Down, experiências inclusivas no mercado de trabalho e um banco de dados com vagas disponíveis para pessoas com a trissomia em todo o Brasil. Se você representa uma instituição interessada em oferecer oportunidades a este público, não deixe de se cadastrar. Profissionais com síndrome de Down que desejam se candidatar a uma vaga de emprego também podem se cadastrar no banco de dados de prestadores de serviços.
Dicas para contratar pessoas com síndrome de Down
Empregar pessoas com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais traz benefícios não apenas para os indivíduos, mas para as organizações. Para que a experiência seja positiva para todos, é fundamental enxergar as oportunidades de acordo com as potencialidades de cada um. Confira abaixo dicas importantes que podem facilitar este processo:
Além da deficiência
Compreender que o (a) profissional com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais é um ser humano com particularidades e potencialidades é um passo importante na hora de pensar nas oportunidades que serão oferecidas. Assim, embora seja importante compreender quais são as limitações e questões relacionadas à deficiência, é fundamental conversar com o (a) novo (a) empregado (a) para definir de que maneiras ele (a) poderá contribuir para a empresa de acordo com suas características pessoais.
Prazer, mundo do trabalho
Em virtude da falta de expectativas em relação ao futuro profissional no ambiente familiar e escolar, muitos jovens e adultos com síndrome de Down não foram apresentados ao mundo do trabalho. Assim, questões como o comportamento adequado, responsabilidade e hierarquia podem ser novidades para o (a) empregado (a) que acaba de chegar. Porém, isso não significa que essas pessoas não sejam capazes de se adaptar à rotina da empresa, muito pelo contrário. Trata-se apenas de ter disposição para facilitar sua entrada neste novo universo e explicar, sempre que necessário, quais são os direitos e os deveres relacionados ao vínculo com a organização.
Segundo a Fundação Síndrome de Down, é importante trabalhar com o exemplo dos colegas de trabalho para mostrar ao jovem que determinados comportamentos são inadequados, como por exemplo:
 Atrasos e faltas sem justificativas
 Higiene inadequada
 Confundir papel do chefe ou da equipe de trabalho
 Se negar a realizar determinadas tarefas sem motivo aparente
É importante ressaltar que uma adaptação adequada e o acompanhamento do desenvolvimento do (a) funcionário (a) dentro da empresa são fundamentais para que situações semelhantes às citadas acima sejam encaradas com tranquilidade e resolvidas com uma conversa franca entre as partes. Em alguns casos, pode ser benéfico entrar em contato com a família ou com o (a) profissional responsável pelo acompanhamento terapêutico do (a) empregado (a), se houver.
Referência é fundamental
É muito importante que cada pessoa com síndrome de Down empregada na organização saiba de forma clara que existe uma referência dentro da empresa. Um outro funcionário – não necessariamente o seu chefe – a quem ele (a) pode recorrer em caso de dúvidas e que também acompanhe de perto a sua adaptação ao trabalho para discutir questões relacionadas com a área de relações humanas da empresa caso seja necessário. Esse apoio traz segurança para o (a) profissional com síndrome de Down, que muitas vezes se torna ansioso (a) diante da incerteza sobre diversos assuntos ligados a um ambiente desconhecido.
O tempo de cada um
A síndrome de Down está relacionada a dificuldades de aprendizado, o que significa que os funcionários com a trissomia provavelmente vão demorar um pouco mais de tempo para realizar determinadas tarefas. Isso não quer dizer que elas não serão feitas, ou que serão feitas de forma inadequada. Assim, é importante acompanhar sempre o processo de adaptação da pessoa ao trabalho para determinar, de preferência junto com o (a) funcionário (a) em questão, quais serão as suas responsabilidades e tarefas a cumprir.
A relação com os pais
Para empresas como a Light e a Oi, que empregam pessoas com síndrome de Down, a parceria com os pais é fundamental no processo de adaptação ao mundo do trabalho. Muitas vezes, os pais podem se sentir inseguros em relação à convivência de seu filho ou filha em um ambiente desconhecido, pois eles também precisam se adaptar à ideia de que a pessoa com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais pode trabalhar. No entanto, com o passar do tempo, percebem que a experiência pode trazer benefícios inclusive no ambiente familiar. Na fase inicial, pode ser benéfico entrar em contato com eles no sentido de tranquiliza-los ou com o profissional responsável pelo acompanhamento psicológico do (a) empregado (a), se houver.
Orientações aos colegas de trabalho
A falta de acesso a ambientes inclusivos pode fazer com que algumas pessoas apresentem diversas dúvidas relacionadas à síndrome de Down. A falta de conhecimento pode gerar distanciamento e até mal-entendidos entre funcionários, prejudicando a cultura de inclusão e o ambiente de trabalho da empresa. Por isso, é importante que um profissional especializado converse com a equipe que receberá o (a) novo (a) empregado (a) sobre o assunto para criar um ambiente adequado e propício para a adaptação da pessoa com deficiência.
Cota para pessoas com deficiência
A legislação estabeleceu a obrigatoriedade de as empresas com cem (100) ou mais empregados preencherem uma parcela de seus cargos com pessoas com deficiência. A reserva legal de cargos é também conhecida como Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91). A cota depende do número geral de empregados que a empresa tem no seu quadro, na seguinte proporção, conforme estabeleceu o art. 93 da Lei nº 8.213/91:
I – de 100 a 200 empregados ……………… 2%
II – de 201 a 500 …………………………………….. 3%III – de 501 a 1.000 …………………………………. 4%
IV – de 1.001 em diante ……………………….. 5% 


Saiba mais: leia o artigo de Marina da Silveira Rodrigues Almeida, consultora em educação inclusiva, sobre a empregabilidade da pessoa com síndrome de Down.

 http://www.movimentodown.org.br/trabalho/inclusao-no-mercado-de-trabalho/#sthash.Yc6sWYJj.dpuf

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