quinta-feira, 4 de abril de 2013

Descaso em Matinhos: Deficiente físico implora por lei de acessibilidade


Do Litoral Online – Morador da Rua Realeza por quase 20 anos, há pelo menos 15, Alexandre Pepi (37) vem lutando contra uma deficiência que lhe impede de sair de dentro de sua própria casa: os buracos na rua.
Alexandre é cadeirante, porém, nem isso o atrapalha de viver uma vida normal, em sociedade, de poder ir à praia, de sair com os amigos, de comprar pão… Ou melhor, não atrapalhava, até que os pequenos buracos que faziam parte da rua durante sua adolescência, assim como ele, também cresceram, e da mesma maneira, ambos acabaram sendo esquecidos no local por parte do Poder Público. Hoje, ele tem medo de sair de casa sozinho, cair e sofrer algum acidente. “À noite, então, nem pensar”.
Cansado de procurar a Prefeitura para reclamar da situação e pedir uma solução para o problema, nesses últimos meses, Alexandre resolveu usar o Facebook para chamar a atenção para o seu caso, mas, ainda assim, as fotos e mensagens publicadas por ele, parecem só ter dado resultado entre seus amigos e familiares. Ou seja, mais uma vez, quem tinha que ver não viu, ou fingiu não ter visto.
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Nesta segunda-feira (01), o rapaz publicou no YouTube, um vídeo de quase três minutos mostrando a dificuldade que passa todos os dias e pediu que lhe seja devolvido pelo menos o direito de poder ir até o mercado e voltar.
Em uma conversa com a nossa equipe, Alexandre disse que já perdeu uma cadeira e que está quase perdendo a segunda. De acordo com ele, uma cadeira igual à estas custa cerca de R$ 20 mil hoje, e deveria ter vida útil de 20 anos. No entanto, a primeira não durou nem 5.
Questionado sobre uma notícia encontrada na internet onde a Prefeitura afirmava estar realizando a pavimentação de ruas na cidade, entre elas a Realeza, Alexandre explicou que a mesma rua corta os bairros Vila Nova e Tabuleiro, e que a obra foi feita apenas neste primeiro, ou seja, passou longe de sua casa. Ele disse que só nos últimos 4 anos, já esteve duas vezes na ouvidoria do município, e que funcionários da Prefeitura até estiveram no local, porém, só passaram a patrola e foram embora. “Tudo o que fazem aqui é passar a máquina, e eu já havia dito que só isso piora ainda mais a situação, e é só o que acontece”, afirmou.
“Às vezes eu me arrumo pra sair e, olhando no espelho eu penso: minha deficiência começa do portão pra fora, porque é ela que me impede de ir na esquina de casa, e só eu sei o quanto isso é doloroso. Não estou exagerando, faça o teste você mesmo”, desabafou.
Vale lembrar que a situação das ruas tem sido motivo de reclamação por parte de muitas pessoas em quase todas as regiões da cidade. E vale lembrar também que muitas outras ruas nesta situação já tiveram seus problemas resolvidos ou pelo menos amenizados nesses últimos anos. No entanto, neste caso, o que nos deixa indignado não é apenas a falta de compromisso com promessas de campanha, mas sim a falta de respeito que tira o direito de ir e vir de um cidadão.
No início da noite, nossa equipe ainda entrou em contato com o assessor de Comunicação da Prefeitura, Douglas Gabriel da Silva. Ele informou que a Prefeitura irá retomar os serviços de pavimentação de ruas e avenidas da cidade em breve, e que este trecho da Rua Realeza com certeza será contemplado nesta etapa das obras. “É bem possível que desta vez ela (a rua) receba Anti-Pó. Porém, quanto a prazo, de imediato não sei responder. Estamos passando por um momento difícil para arrumar as ruas, pois a chuva não tem dado trégua. Desde dezembro que não para de chover. Tem material, tem gente e tem maquinário. O que nós precisamos agora é que o tempo firme para poder dar início aos trabalhos”, garantiu.


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