terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Auto-exame... Mamografia... E oque mais?

De ginástica até a polêmica retirada do seio antes mesmo do tumor aparecer, conheça as novidades contra o câncer de mama


Um pequeno nódulo indolor no seio. Que mulher nunca tremeu de medo só de imaginar essa cena? E é para temer mesmo, principalmente porque, nas últimas décadas, a incidência desse tipo de câncer vem aumentando significativamente mundo afora. Tanto que se tornou o tumor maligno mais comum entre as mulheres. Na Europa e na América do Norte, só perde para o de pele.
Mas apesar da incidência, nesses locais a mortalidade tem diminuído bastante. Isso ocorreu graças aos exames cada vez mais modernos que detectam pre co ce mente alterações no tecido da mama. E aos medicamentos que, ingeridos pelas mulheres mais propensas ao problema, minimizam as chances da doença surgir.
No Brasil, estima-se que, a cada ano, 50 mil mulheres sejam atingidas por esse câncer. A diferença é que, por aqui, ele continua fazendo vítimas fatais. Segundo José Roberto Filassi, médico do núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, isso ocorre porque no país a prevenção ainda é muito deficiente. Vale lembrar que muitas mulheres, por falta de FOTOS: SÍMBOLO IMAGENScondições, preconceito ou desconhecimento, não realizam o auto-exame das mamas e passam longe dos consultórios ginecológicos.
Por conta disso, o que se observa é o aumento no número de casos em todas as idades - embora o risco seja maior após os 50 anos
Todas correm risco
Para Luiz Henrique Gebrim, chefe do Setor de Mastologia da Universidade Federal de São Paulo, há várias causas que estimulam o aparecimento da doença, mas em geral o que se vê são pessoas que desenvolvem o câncer sem ter histórico familiar - ao contrário do que se via há algumas décadas. "Os casos de hereditariedade estão em torno de 10%", confirma.
O estresse é outro dos grandes vilões que empurram as estatísticas para cima. Hoje, mulheres que fumam, bebem, são sedentárias, obesas, consomem alimentos ricos em gorduras de origem animal e fazem uso de hormônios por longos períodos também estão sujeitas à doença. Ou seja, a vida moderna pesa no aparecimento do câncer. A boa notícia é que a medicina oferece cada vez mais recursos para detectar e afastar os tumores.

EXERCÍCIOS DIÁRIOS
Pode até parecer recomendação antiga ou batida, mas quando o assunto é câncer de mama ela faz toda a diferença. Sabe-se hoje que a atividade física é o fator que mais contribui para afastar os tumores da mama. "Meia hora de ginástica por dia já contribui", assegura o mastologista Luiz Henrique Gebrim. Segundo ele, tudo indica que a prática esportiva diminui a atividade do hormônio feminino estrogênio que, quando estimulado em excesso, pode propiciar o desenvolvimento de células anormais, que levam ao câncer.

DROGA EFICAZ 
Pelo menos um medicamento preventivo e poderoso, o tamoxifeno, já está disponível no Brasil. Trata-se de um anti-hormonal, indicado para mulheres com alto risco de ter a doença. O medicamento impede o rápido desenvolvimento do estrogênio. "Reduz sua atividade na mama e o crescimento da célula", explica o mastologista Luiz Henrique Gebrim. Seu uso - indicado por um período de cinco anos - reduz em 50%, segundo o médico, as chances da mulher desenvolver esse tipo de tumor. Por outro lado, a administração regular pode estimular o desenvolvimento de pequenos cistos benignos no ovário, interrompendo a ovulação. "Por isso, é importante definir o número de filhos que se pretende ter antes do tratamento", observa Gebrim. Caso contrário, a mulher pode ter problemas para engravidar.


3 A GRANDE VEDETE

A ressonância magnética tem sido a aposta dos médicos para identificar tumores que não são percebidos em exames tradicionais, como a mamografia ou o autoexame. Pesquisa realizada pela Universidade de Bonn, na Alemanha, mostrou que, num grupo de 7 mil mulheres, esse exame detectou 98% dos casos agressivos da doença, contra 52% identificados pela mamografia. Gebrim explica que esse é o único método capaz de detectar um nódulo muito pequeno e não palpável - sobretudo dos 40 aos 50 anos, quando a mulher apresenta uma mama mais densa. "Caro e demorado, não é um exame acessível a todas", observa. Para o médico, a única deficiência da ressonância é não detectar pontos de calcificação microscópicos que a mamografia vê. "Trata-se de um método complementar. Como detecta tudo o que encontra, inclusive o que
"Eu fiz a cirurgia"
Independentemente da polêmica que o tema gera, a paulistana Egle Seid, 49 anos, consultora do mercado internacional, não pensou duas vezes para se submeter à mastectomia preventiva. Ela até seguiu os conselhos de sua médica, mas acabou vencida pelo temor. Tudo porque seus exames detectaram calcifi cações na mama - resultado que se repetiu posteriormente, mesmo depois do controle e da biópsia do tecido. Foi aí que sua médica prescreveu o tamoxifeno para evitar a mastectomia. Mas Egle não queria tomar um medicamento que provocaria efeitos colaterais e nem lhe garantiria sucesso. "Fiz a cirurgia em 2003, junto com a reconstrução da mama", relembra. O resultado da biópsia feita na época mostrou que o seio esquerdo já apresentava calcifi cações e um pequeno nódulo em formação. Em resumo: se ela não tivesse optado pela atitude - que pareceu tão radical - teria problemas sérios no futuro. Hoje, Egle realiza exames periódicos e se considera satisfeita com os resultados.
não é tumor, gera dúvidas também", alerta José Roberto Filassi, do Hospital Sírio Libanês. Esse exame é indicado para pacientes com alto risco de ter câncer de mama e quando há dúvidas no diagnóstico. Mas deve ser feito após a mamografia e o ultra-som, que os médicos não descartam.

DECISÃO AGRESSIVA E POLÊMICA

Dos métodos atuais para evitar o câncer de mama, o mais invasivo e o que mais gera dúvidas é a retirada do seio (mastectomia) antes mesmo do tumor se desenvolver. Segundo estudos, esse procedimento - considerado preventivo para muitos - garante 90% de chances de evitar a doença. Pesquisa realizada em 2005 em seis países, incluindo o Brasil, mostrou que 20% das mulheres tirariam os seios para evitar o câncer. Uma em cada cinco, conforme o estudo, consideraria essa possibilidade se descobrissem que têm propensão a desenvolver a doença. Os mastologistas explicam que a cirurgia é indicada quando há risco alto de aparecer o tumor: casos em que as biópsias apresentam lesões de risco ou nos quais medicamentos como o tamoxifeno não surtiram efeito. Mesmo assim, a indicação é para mulheres jovens com risco de ter câncer, as que já tiveram câncer de ovário ou mesmo quem tem um gene defeituoso que pode desencadear a doença. Os especialistas esperam que a indicação seja feita dentro de critérios rigorosos. Afinal, a sensibilidade pode ser diminuída e a mulher pode ter complicações, como hemorragia ou infecção. Sem falar da estética, que deixa a desejar. Menos radical é a cirurgia que remove a glândula mamária, mas preserva a pele e o mamilo.
A retirada da mama sem tumor, como prevenção, é uma indicação médica para casos especiais













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