quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Câncer de mama em questão

Altas taxas de cura se relacionam a diagnósticos precoces. Os índices de incidência estão em queda. Mas ainda é preciso mudar o estilo de vida para proteger-se


Arte: Amanda Matsuda e Ruben Moreira>
O câncer de mama é o mais frequente e mata mais mulheres do que qualquer outro tipo da doença na América Latina, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No mundo, ele é o segundo tipo mais frequente, correspondendo a 22% dos casos novos a cada ano. Embora a genética possa ser um fator importante, ela só é relevante em 5% a 10% dos casos. Nos outros 90% a 95%, as mutações celulares surgem a partir de hábitos e estilo de vida. Conversamos com Antonio Buzaid, oncologista clínico especializado em câncer de mama, e chefe geral do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo, para saber sobre os avanços nas estratégias de prevenção e tratamento para essa patologia. Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu à VivaSaúde.

Qual é a definição dessa doença?
Antonio Buzaid -
 É um tipo de câncer que nasce nas células que compõem o tecido mamário. O que é diferente de uma pessoa que tem câncer de pele na região das mamas, mas que não será um câncer de mama.
Como é feito o diagnóstico?
Buzaid -
 Ele pode ser diagnosticado por meio da palpação, mamografia e biópsia. O diagnóstico precoce é importante porque a probabilidade de cura é muito elevada. O ultrassom é bastante útil para diagnosticar a doença logo no seu início, aumentando as chances de cura. O ideal é que a partir dos 40 anos a mulher faça exames anuais.
Onde há maior incidência?
Buzaid - 
Nos Estados Unidos: uma em cada oito mulheres é acometida pela doença. No Brasil, estima-se um número próximo a 50 mil por ano. O que define esse número norte-americano é a nutrição, o peso e o estilo de vida. Isso se comprova ao analisarmos o baixo número de mulheres com câncer de mama no Japão, cuja cultura de vida é mais saudável.
Há perspectivas de crescimento ou diminuição nos próximos anos?
Buzaid -
 A incidência só aumentou até o ano 2000. Agora está em queda. Isto se deve, em parte, à menor utilização da reposição hormonal com hormonioterapia combinada (estrógeno e progesterona). Ademais, a mortalidade está caindo, graças a diagnósticos feitos precocemente e às inovações nos tratamentos.
Quais são as principais causas?
Buzaid -
 Os hábitos e estilo de vida podem definir o risco de câncer de mama. Quanto mais a pessoa leva uma vida saudável, menor as chances desse e de outros cânceres. Os hormônios femininos também afetam o risco. Por exemplo, mulheres que iniciam ciclos menstruais em idade muito jovem, têm menopausa tardia, concebem tardiamente ou nunca tiveram filhos estão sob maior risco. No passado, a incidência deste câncer esteve associada à reposição hormonal dupla: estrogênio e progesterona. Juntos, eles mexem com o gene dentro da célula e aumentam a chance de tumor maligno. Hoje, esse tipo de reposição já não é mais utilizado e usamos somente estrógeno em dose baixa. Por outro lado, as pílulas anticoncepcionais oferecem mínimo risco, ao contrário do que muita gente pensa, e protegem contra o desenvolvimento do câncer de ovário. Outro fator que pode causar a doença é a genética, mas ele só corresponde a 5% a 10% dos casos. Na maioria, a doença está relacionada aos fatores não genéticos, o que rotulamos como ambientais.
Em que idade ele se manifesta?
Buzaid -
 As chances de desenvolver o câncer aumentam de acordo com a idade. Isto é, quanto mais idosa a paciente, maior o risco.
A alimentação pode influenciar?
Buzaid -
 Sim, muito. A meu ver, um dos maiores venenos da alimentação são os carboidratos. Ele é, provavelmente, um dos maiores causadores de câncer. Isso porque, quando ingerido, faz que haja o aumento da insulina, evitando que o açúcar do corpo aumente de nível e seu efeito é estimular a célula cancerosa. O carboidrato é encontrado em pequena quantidade na natureza, mas o homem, principalmente ocidental, inclui este veneno em grande parte da alimentação. A carne vermelha também é vilã, principalmente quando feita na churrasqueira. Ela aumenta não só o risco de cânceres, mas também de doenças cardiovasculares. O ideal é consumi-la o mínimo possível.


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