O termo Comunicação Alternativa e Ampliada é utilizado para definir outras formas de comunicação como o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto ou símbolos pictográficos, até o uso de sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada (Glennen, 1997).
A comunicação é considerada alternativa quando o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação e, considerada ampliada quando o indivíduo possui alguma comunicação, mas essa não é suficiente para suas trocas sociais.
No Brasil a CAA vem sendo traduzida de diferentes maneiras:
- Comunicação Alternativa e Aumentativa
- Comunicação Alternativa e Suplementar
- Comunicação Alternativa e Ampliada Estaremos utilizando Comunicação
Alternativa e Ampliada, tradução utilizada pelo grupo de pesquisa da UERJ.
Para a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA, 1991) um sistema de Comunicação Alternativa é "o uso integrado de componentes incluindo símbolos, recursos, estratégias e técnicas utilizadas pelos indivíduos a fim de complementar a comunicação" (apud Gill 1997, p. 34).
Símbolos
Os símbolos são as representações visuais, auditivas ou táteis de um conceito.
Na CAA utiliza-se vários símbolos como os objetos, a fala, os gestos, a linguagem de sinais, as fotografias, os desenhos e a escrita.
Há vários tipos de símbolos que são usados para representar mensagens. Eles podem ser divididos:
- Símbolos que não necessitam de recursos externos- o indivíduo utiliza apenas o seu corpo para se comunicar. São exemplos desse sistema os gestos, os sinais manuais, as vocalizações e as expressões faciais.
- Símbolos que necessitam de recursos externos- requerem instrumentos ou equipamentos além do corpo do usuário para produzir uma mensagem. Esses sistemas podem ser muito simples, ou de baixa tecnologia ou tecnologicamente complexos ou de alta tecnologia.
SÍMBOLOS GRÁFICOS
Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especias:
- Picture Communication Symbols (PCS)
- Rebus Symbols
- Picsyms
- Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC) Blissyymbolics
- COMPIC
- Self Talk
- Pick 'N Stick
- Brady-Dobson Alternative Communication (B-DAC)
- Talking Pictures I, II e III
- Oakland Schools Picture Dictionary, entre outros.
RECURSOS DE BAIXA TECNOLOGIA:
- Objetos reais - Os objetos reais podem ser idênticos ao que estão representando ou similares, onde há variações quanto ao tamanho, cor ou outra característica.
- Miniaturas - Os objetos em miniatura precisam ser selecionados com cuidado para que possam ser utilizados como recursos de comunicação. Devem ser consideradas as possibilidades visuais e intelectuais dos indivíduos na sua utilização.
- Objetos parciais- Em situações onde os objetos a serem representados são muito grandes a utilização de parte do objeto pode ser muito apropriada.
- Fotografias - Fotos coloridas ou preto e branco podem ser utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares ou atividades. Nas escolas muitas vezes são utilizados recortes de revistas ou embalagem de produtos.
- Símbolos gráficos- Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especias. Alguns deles são o Picture Communication Symbols (PCS), o Rebus Symbols, o Picsyms, o Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC), o Blissyymbolics, o COMPIC, o Self Talk, o Pick 'N Stick, o Brady-Dobson Alternative Communication (B-DAC), o Talking Pictures I, II e III, o Oakland Schools Picture Dictionary entre outros (Beukelman & Mirenda, 1995).
-Pranchas de comunicação - As pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando-se objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números . As pranchas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário. Essas pranchas podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora.
- Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que são confeccionadas em formato de ferradura ( "U" ao contrário) e que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando a resposta desejada.
- Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e a criança responde através do olhar.
- Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa. Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do ponteiro apertando um botão .
RECURSOS DE ALTA TECNOLOGIA:
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Comunicadores com voz gravada - são comunicadores onde as mensagens podem ser gravadas pelo parceiro de comunicação.
- Comunicadores com voz sintetizada - No comunicador com voz sintetizada o texto é transformado eletronicamente em voz.
- Computadores - Com o avanço da tecnologia têm surgido novos sistemas de CAA para as pessoas com necessidades especiais como o Comunique, o IntelliPics, o OverlayMaker, o ClickIt, o Boardmaker, entre outros.
Técnicas
As técnicas de seleção referem-se à forma pela qual o usuário escolhe os símbolos no seu sistema de comunicação.
É importante determinar a técnica de seleção mais eficiente para cada indivíduo. Um terapeuta ocupacional é geralmente um membro importante da equipe de avaliação. Deve ser determinado o posicionamento ideal da prancha e do usuário. A precisão, a taxa de fadiga e a velocidade são fatores a serem considerados (Johnson, 1998, p.14).
As técnicas de seleção são:
- Seleção direta - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou com uma luz fixada à cabeça (Suárez, Aguilar, Rosell & Basil, 1998).
- Técnica de varredura- exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária consistente como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar sua resposta. Nos recursos de baixa tecnologia o usuário vai necessitar de um facilitador para apontar os símbolos. Os métodos de varredura podem ser linear, circular, de linhas e colunas ou grupos.
- Técnica da codificação- permite a ampliação de significados a partir de um número limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para usuários com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstração
Estratégias
As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa são utilizados. Por exemplo:
Adaptação do livro de história
- Letras maiúsculas ampliadas
- A associação de brinquedos ao conteúdo do livro como os bichinhos da história
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- A construção de pranchas de comunicação relacionadas com a história
Tecnologia Assistiva
A tecnologia , e mais especificamente a tecnologia assistiva não é uma descoberta recente do homem. As pessoas nas mais diferentes culturas através da história criaram adaptações e utilizaram ferramentas especiais e, equipamentos para ajudar as pessoas com necessidades especiais em suas sociedades (King, 1999).
A Tecnologia Assistiva engloba áreas como:
- Comunicação Alternativa e Ampliada
- Adaptações de acesso ao computador
- Equipamentos de auxílio para visão e audição
- controle do meio ambiente
- Adaptação de jogos e brincadeiras
- Adaptações da postura sentada
- Mobilidade alternativa
- Próteses e a integração dessa tecnologia nos diferentes ambientes como a casa, a escola, a comunidade e o local de trabalho.
Muitos profissionais podem estar envolvidos no trabalho da tecnologia assistiva como engenheiros, educadores, terapeutas ocupacionais, protéticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, oftalmologistas, enfermeiras, assistentes sociais, especialistas em audição, entre outras áreas.
O terapeuta ocupacional no trabalho da tecnologia assistiva tem um papel central nas discussões sobre as diferentes formas de acesso, na integração das funções sensoriais e motoras, no desenvolvimento da funcionalidade dos membros superiores e outras partes do corpo para o controle do meio ambiente e na aquisição da independência nas atividades de vida diária, na avaliação e adaptação da postura sentada e outras posturas para a realização das atividades diárias (King, 1999).
Para atender às necessidades de cada cliente, no trabalho com a tecnologia assistiva, é função do terapeuta ocupacional conhecer e analisar os recursos existentes e determinar quais os dispositivos que melhor se aplicam às diferentes situações do dia a dia. Cada recurso deve ser vivenciado pelo terapeuta ocupacional e incorporado à sua prática com os usuários da tecnologia assistiva.
Computador
As formas de acesso ao computador podem ser divididas em quatro grupos:
1. Crianças que não precisam de recursos especiais: são as crianças que apresentam alguma dificuldade de acesso mas não o suficiente para necessitar de adaptações.
2. Crianças que necessitam de adaptações em seu próprio corpo: são as crianças que se beneficiam de órteses colocadas nas mãos ou dedos que facilitam o teclar. Algumas necessitam de pulseira de peso para diminuir a incoordenação e outras de faixas para restringir o movimento dos braços. A indicação desses recursos deve ser feita por um terapeuta ocupacional. Essas crianças vão utilizar o computador sem modificações.
3. Crianças que necessitam de adaptação do próprio computador: são as crianças para as quais a introdução de recursos no próprio corpo não são suficientes ou não são eficazes.
ADAPTAÇÕES:
Colmeia de acrílico- colmeia é uma placa confeccionada de acrílico transparente onde são feitos furos do tamanho das teclas. A função dos furos é facilitar o acesso da criança ao teclado sem que ela aperte todas as teclas ao mesmo tempo. Esse recurso é também utilizado para o teclado da máquina elétrica.
Teclados alternativos - Os teclados alternativos podem ser reduzidos ou ampliados. O teclado expandido possui letras maiores, em alto contraste e com menor número de informações na prancha. O teclado reduzido é utilizado quando a pessoa tem boa coordenação, mas pequena amplitude de movimento.
Teclado sensível - O teclado sensível é uma prancha que pode ser programada em zonas de tamanhos variáveis. Funciona associado a um programa que realiza a programação do número de informações, local de pressão e que pode estar ou não associado a um sintetizador de voz.
Mouse adaptado - existem vários modelos: mouse com 5 botões, cada um deles faz o cursor andar para uma direção e o último é o do click ou double click; mouse cujo movimento do cursor acontece através de rolos; mouse em formato de caneta, entre outros.
Tela sensível ao toque- onde a criança com o dedo na tela comanda o cursor do mouse.
4. Crianças que necessitam de programas especiais: as crianças que necessitam de programas especiais são aquelas que vão interagir com o computador com o auxílio de acionadores externos, por não serem capazes de utilizar o teclado e o mouse, mesmo adaptados.
Um exemplo de programa especial criado no Brasil para trabalhar a CAA é o Software Comunique.
- Software Comunique
O Comunique é um software de comunicação que tem como objetivo desenvolver a comunicação alternativa oral e escrita de crianças com problemas motores. Foi desenvolvido pela terapeuta ocupacional Miryam Pelosi e vem sendo distribuído gratuitamente pelo Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro.
velocidade. O software permite diferentes possibilidades de acesso através do uso dos periféricos do próprio computador como o teclado, mouse, joystick ou através de recursos mais sofisticados como a tela sensível ao toque ou acionadores externos de pressão, tração, sopro, voz, entre outros.
Apresenta possibilidades de ajuste quanto ao número de informações na tela que podem variar de 1 a 64 células; o tamanho e tipo de letras e o contraste utilizado. Os símbolos podem estar organizados em uma mesma tela ou em telas encadeadas e há cinco diferentes maneiras de escaneamento.
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