sexta-feira, 27 de junho de 2014

De lacres de latas a cadeiras de rodas

Solidariedade motiva mulher a criar campanha de arrecadação de lacres de latas de alumínio para trocar por cadeiras de rodas para deficientes ou pessoas com mobilidade física reduzida

Foto: Divulgação
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As doações são entregues em recipientes diferentes. Com isso, o grupo se reúne para colocar os lacres em garrafas de dois litros.
Um simples lacre de latas de alumínio que armazenam refrigerantes pode mudar a vida de muitas pessoas. Isso porque, 140 garrafas pet de dois litros cheias desses anéis podem ser trocadas por uma cadeira de rodas. Empresas de reciclagem desse tipo de material deram suporte a campanhas que fazem o trabalho de arrecadação e, desde então, muitos são beneficiados.
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Toninho vivia deitado em uma cama até receber a doação do Fazer o Bem Transforma
Movida pelo sentimento de solidariedade, Cristina Faviere, proprietária de uma corretora de seguros, resolveu criar a campanha “Fazer o Bem Transforma”. Em uma festa junina, a corretora de seguros foi comprar um refrigerante e viu uma caixa que pedia a doação dos lacres das latas da bebida. Intrigada, ela decidiu saber mais sobre e decidiu se dedicar a essa prática.
Voluntária em instituições sociais e de apoio a deficientes, Faviere nunca se conformou com a quantidade de pessoas que entravam em contato em busca de doações de cadeiras de rodas. “A vontade de ajudar as pessoas da fila a resolverem seus problemas me motivou muito”, disse.
Os lacres chegam à sede da campanha, localizada na zona oeste de São Paulo, em sacolas, caixas ou galões de água, ou seja, sem a quantidade definida do material. Por esse motivo, a equipe que participa da ação se reúne mensalmente para organizar os anéis, colocando um por um nas garrafas de dois litros.
Após conseguir a quantidade suficiente de lacres, os voluntários da campanha se unem para levar os 140 recipientes que equivalem a uma cadeira para a empresa Frato Ferramentas. O aparelho é entregue após dois meses.
O reaproveitamento do material por essa indústria metalúrgica possibilita a fabricação de outros produtos feitos de alumínio. Além disso, a prática combate o descarte do metal no meio-ambiente.
Segundo a voluntária, muitos se perguntam o motivo pelo qual é necessária apenas a reciclagem dos anéis e não da lata inteira. A explicação está na química. A liga de alumínio do lacre tem um teor mais alto de magnésio. A separação do material evita a mistura de dois tipos diferentes do metal.
Com um ano de campanhas pelas redes sociais, a empresária já conseguiu ajudar muitas pessoas. Seis cadeiras do tipo simples foram adquiridas a partir da arrecadação de lacres. Outras cinco foram doadas para o programa e entregues para os deficientes.
Foto: Divulgação
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A fundadora da campanha, Cristina Faviere, é uma das responsáveis por levar as garrafas na empresa onde é realizada a troca pelas cadeiras
Apesar das dificuldades de manter a inciativa, a empresária não pensa em desistir. A felicidade no rosto das pessoas que recebem o aparato motiva Cristina a continuar nessa empreitada.
“A minha vida muda muito a cada dia. Tenho uma lista de oito pessoas esperando as cadeiras. Nosso público são pessoas que sofreram acidente, tiveram um AVC (Acidente Vascular Cerebral), ou mesmo uma amputação. Fico enlouquecida, reúno a minha turma e inventamos ações para atender de forma mais rápida os necessitados”, declarou Faviere.

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