Gazeta do Povo
Para especialistas, texto em discussão ainda é impreciso sobre a obrigatoriedade de o Estado incluir os estudantes no ensino regular
Apenas uma palavra foi suficiente para aumentar o debate. Defensores do ensino regular afirmam que a palavra “preferencialmente” – presente no trecho que diz que a universalização do atendimento escolar para os alunos com deficiência vai se dar “preferencialmente na rede regular de ensino” – seria uma brecha para as escolas comuns recusarem alunos com deficiência. “Hoje, que é obrigatório, há escolas que recusam. Imagina se você coloca uma brecha dessa”, diz Marie Dorión, mãe de dois meninos autistas.
O filho mais novo, Luís, de 8 anos, frequenta uma escola regular privada. O mais velho, Pedro, de 10, com autismo severo, não foi aceito por nenhum colégio particular, conta Marie, que teve de ir à Justiça para conseguir vaga para ele numa escola municipal de Jundiaí (SP), onde moram. Foi preciso ser feito um acordo na Justiça entre ela e a prefeitura.
“E, no caso do Luís, a escola me fez assinar um documento dizendo que não se responsabilizava se tivesse problemas de aprendizado. Ele está no 3.º ano do fundamental. Nunca foi reprovado”, diz a mãe, fundadora do Grupo de Pais e Familiares de Pessoas com Autismo.
Relator do PNE no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) afirma que tentou garantir o direito de escolha dos pais. E que um trecho do texto veda a recusa de crianças com deficiência. “O Estado tem a obrigação de oferecer as duas alternativas para as famílias. A liberdade de escolha dos pais precisa existir. Além disso, há crianças que, pelo grau da deficiência, realmente não têm condições de frequentar uma escola comum.”
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