quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Jovens com deficiência conversam com prefeito e secretária sobre políticas públicas


SEDPcD

Um grupo de jovens com deficiência participou de um bate-papo, na tarde desta terça-feira (03), com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, e a secretária especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Mirella Prosdocimo. O encontro, na sede da Prefeitura, contou com intérpretes para a linguagem brasileira de sinais (Libras) e integrou a agenda comemorativa ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
 
Os jovens questionaram, entre outros assuntos, a dificuldades de acessibilidade em espaços públicos, conteúdo de ensino e vagas em escolas especiais, necessidade de capacitação de servidores municipais para atendimento na linguagem de libra e melhorias para a inclusão das pessoas com deficiência junto ao setor produtivo. "Foram perguntas contundentes e com cobranças à Prefeitura, mas é preciso ser assim. É uma área sensível que precisamos ter atenção especial, seja na acessibilidade, na escola e atendimento à saúde. Um evento como este serve para mostrar à equipe que temos de estar abertos a esse tema e que ainda temos de enfrentar o preconceito e a desinformação", afirmou Fruet.  
Mirella destacou a importância do encontro, por demonstrar que a administração ouve o que pensa a comunidade na área da pessoa com deficiência. "Esse momento de troca, olho no olho, é inédito em Curitiba. É para mostrar à comunidade que a Prefeitura está aberta pra receber críticas, demandas e dificuldades porque queremos ter uma gestão participativa na qual as pessoas com deficiência possam dizer qual o encaminhamento que precisamos dar para as políticas públicas na área", comentou.
Participação
O jornalista Eduardo Silva Purpe, de 27 anos, que tem paralisia cerebral, elogiou a possibilidade de abertura de diálogo franco e direto com o prefeito, mas ressaltou que os problemas enfrentados pela pessoa com deficiência não devem ser abordados somente na data comemorativa ao Dia Internacional da Pessoa com deficiência. "Esse assunto não deve ser discutido somente hoje. A inclusão ainda tem muito a caminhar. É importante que as pessoas venham a eventos como esse e que o cidadão com deficiência também exponha suas dificuldades.", afirmou o jovem.  
Para a auxiliar administrativa, Cristiane Feliciano, de 28 anos, o encontro foi uma oportunidade de expor o que a pessoa com deficiência pensa sobre as situações adversas que encontram no dia a dia. "É uma grande oportunidade. Ocorreram melhoras na questão da acessibilidade em Curitiba, mas ainda falta muito para ser feito, principalmente em relação às calçadas , que são bem irregulares, o que acarreta em dificuldades", disse Cristiane, que tem dificuldade de locomoção.  
Libras
Uma novidade que pode ser implantada em breve e que vai facilitar o acesso das pessoas com deficiência auditiva a serviços públicos é a Central de Interpretação de Libras, um projeto do governo federal e que está disponível ao governo do estado, no qual três pessoas se revezam para atender os usuários diariamente. "Se uma pessoa com deficiência auditiva precisa fazer consulta ou atendimento de saúde, basta ligar para a central de libras e fazer agendamento que uma pessoa vai acompanhar esse atendimento", explicou Mirella sobre o funcionamento do equipamento.
Segundo a secretária, o Município está tentando uma parceria com o estado para trazer para dentro da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência os equipamentos da central. 
Sexualidade
Pela manhã, a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu a palestra "Sexualidade da Mulher e Deficiência: o prazer começa com a formação de consciências", que foi proferida pela Professora Doutora. Cláudia Bonfim na manhã. O evento marcou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e também fez parte dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. Segundo Cláudia, a sexualidade não é pouco discutida somente para as pessoas com deficiência, mas é pouco discutida em geral.
Ela salienta que, como todas as pessoas, a pessoa com deficiência é um ser sexuado. "Ter sexualidade é um direito humano, para que a pessoa possa desejar, ter namorado, ter marido e sentir prazer", diz. Para ela, a questão é tão silenciada porque os pais têm receio de que suas filhas com deficiência engravidem, sejam rejeitadas ou sofram abuso. Mas, ao mesmo tempo, nesta tentativa de proteção, os pais acabam impedindo suas filhas de amar e de ter uma relação afetiva. O caminho que ela aponta para a conscientização das pessoas com deficiência sobre sua sexualidade é a orientação e a educação sexual por parte da família.

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