sábado, 27 de fevereiro de 2010

Educar na diversidade é aceitar desafios
Alunos deficientes e não deficientes na mesma sala de aula. Muito mais do que um sonho: essa já é a realidade para alguns brasileiros
Por Katia Deutner


A importância da conscientização

Na teoria, tudo parece bonito. Mas e na prática, como são as coisas? "Um professor não capacitado pode excluir o deficiente ainda mais do processo de aprendizado, repassando atividades diferentes ou até ignorando sua presença em sala de aula", alerta Zulmira Braga, gerente de educação da Fundação ArcelorMittal Brasil e coordenadora do programa "Educar na Diversidade". Na verdade, o profissional se sente despreparado para trabalhar com um aluno em ritmo diferente dos demais, exigindo uma atenção especial. "Por exemplo, uma professora me disse que nunca havia recebido um aluno com deficiência em sua classe e não tinha ideia de como lidar com a situação. Resolveu conversar com a turma antes, explicando que chegaria um colega diferente deles e que precisariam respeitá-lo. Como o menino não conseguiu acompanhar o ritmo da turma, a professora pediu à escola uma estagiária, que durante a aula, ficava jogando bola com o garoto, enquanto o resto dos alunos, de fato, estudava. Esta educadora estava o excluindo de duas formas: destacando a sua diferença em relação aos demais e designando atividades que impediam sua integração na classe", conta a gerente.

De acordo com Zulmira, problemas como este são cada vez menores. E isso graças à captação de professores para a inclusão. Os governos regionais estão despertando para essa necessidade e tomando medidas para que se concretize. "Seja criando leis ou buscando parceiros para viabilizar as capacitações", exemplifica a coordenadora.

A Prefeitura da Cidade de São Paulo também tomou providências estabelecendo metas para a capacitação dos professores. Atualmente, frequentam a rede municipal 13.697 estudantes com deficiências, matriculados em classes comuns. São oferecidos serviços de apoio educacional especializado em 157 Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão, instaladas nas unidades educacionais. Há ainda o grupo Professor de Apoio e Acompanhamento à Inclusão, que realiza serviço de itinerância nas escolas, para orientar toda a equipe educacional. Fora isso, a cidade conta com seis Escolas Municipais de Educação Especial (EMEE), que atendem mais de 1.430 estudantes com surdez e outros quadros de deficiência. Está previsto ainda para este ano um curso de formação específica para supervisores, diretores e coordenadores pedagógicos sobre gestão da escola inclusiva.

Revista Sentidos

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