segunda-feira, 14 de maio de 2012

Em escola de Minas Gerais, alunos entram em contato com o computador pela primeira vez


por Leonardo Neiva
13 ABRIL 2012
Alcione Rocha
Alunos da escola Maria Coeli Ribas Andrade e Silva durante atividade de pesquisa nos computadores
Há educadores e especialistas em TICs que defendem que o laboratório de informática na escola, naquele modelo tradicional, montado em uma sala em separado e com computadores lado a lado, é algo ultrapassado. Na Escola Municipal Maria Coeli Ribas Andrade e Silva, em Pirapora (MG), as máquinas estão assim dispostas, mas basta chegar ao laboratório e acompanhar o trabalho que lá é feito para se ter certeza de que o termo ultrapassado, ao menos ali, não se encaixa.

O colégio atende jovens carentes da região. Grande parte deles não possui computador em casa e entrou em contato com essa tecnologia por meio justamente do laboratório da escola, que está inserido na dinâmica do projeto Infoeduc desde 2008 e atende 600 crianças por semana. No início do projeto, eram 10 máquinas. Hoje, são 28. O investimento no incremento do número não foi à toa. As atividades, voltadas a jovens alunos com dificuldades de aprendizagem, vêm sendo bem sucedidas.

No início de cada semestre, os professores da escola fornecem um planejamento das suas aulas para que a professora Alcione Rocha, coordenadora do Infoeduc, encontre conteúdos, jogos e atividades que sirvam para reforçar essa aprendizagem, pois as aulas no laboratório de informática são utilizadas principalmente como reforço para os conteúdos vistos nas disciplinas do currículo escolar. Além disso, o educador de cada uma das matérias acompanha a ação dos estudantes no laboratório, tirando dúvidas e se envolvendo também nesse momento.

“O principal objetivo é despertar o interesse dos alunos para o conteúdo das aulas por meio de jogos virtuais, pesquisas e pelo uso de ferramentas da rede”, afirma Alcione Rocha. Ela diz que um dos maiores desafios da iniciativa é trabalhar somente com softwares, arquivos e recursos disponibilizados gratuitamente na internet, uma vez que não há verba disponível para compra desses recursos. Exemplo de educador que mesmo diante de dificuldades presentes no dia a dia de escolas públicas busca melhoras nas práticas de ensino e aprendizagem, Alcione reconhece, entretanto, que o projeto poderia ser aperfeiçoado com a utilização de novas ferramentas digitais e melhorias no espaço físico, por exemplo.

Além das horas obrigatórias

Aos sábados, o laboratório fica aberto para atender casos especiais, de alunos da escola que apresentam bastante dificuldade aprendizagem e também transtornos mentais. “Muitos vivem num ambiente de pobreza, fome e lidam com famílias desestruturadas e com violência doméstica”, afirma Alcione Rocha.

A disposição de trabalhar com estes e com os outros alunos da instituição mesmo fora da sala de aula levou também à criação, em 2009, do blog da escola. No espaço virtual, atividades realizadas com os alunos são compartilhadas. E são protagonistas do blog.

“Este é um projeto que realmente utiliza a tecnologia na educação”, destaca Zilda Tavares, supervisora de ensino da escola. Para ela, um ponto alto da iniciativa é o nível de interação entre as disciplinas no trabalho com a internet. Outro fator importante é o forte envolvimento dos educadores no conteúdo visto em laboratório.

Resultados

Alcione Rocha
Alunos aprendem com o uso de jogos e de recursos web
Tanto empenho e envolvimento multidisciplinar fizeram com que os resultados logo aparecessem. Além de os professores concordarem quanto à evolução e interesse do aluno serem maiores depois do Infoeduc, já em 2009 o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) apontou melhoria no desenvolvimento da escola, com a média saltando de 3.8 para 4.7. Os resultados do Ideb 2011 para a escola ainda não estão disponíveis, mas Alcione Rocha se mostra otimista sobre o avanço no ensino.

“É gratificante ver o entusiasmo de todos os alunos, a superação de muitos e as possibilidades que se desenham”, conta Alcione. Segundo ela, a aprendizagem dos jovens frequentadores do laboratório tem alcançado níveis cada vez mais altos. É o caso do estudante do 8º ano Marcos Paulo dos Reis, de 13 anos. Em parceria com mais quatro colegas, Marcos está desenvolvendo um jornal, que será redigido no laboratório e distribuído para toda a escola. A iniciativa partiu dos próprios alunos, mostrando que o projeto tem incentivado a criatividade dos estudantes e os estimulado a irem além das disciplinas do currículo.

“O jornal vai ter notícias sobre a escola e sobre o nosso bairro. Vamos colocar diversas curiosidades sobre as coisas que vemos na aula. Os leitores também terão espaço para enviar sugestões”, conta Marcos.

Assim como alguns dos moradores da região, o jovem já viveu em uma casa de lona e não tem computador em casa. O laboratório foi sua primeira oportunidade de entrar em contato com a informática. “Agora, quando não entendemos alguma coisa sobre a matéria que o professor está explicando, podemos usar a tecnologia em nosso dia a dia para aprender melhor.”

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/fonte-fonte-www.institutoclaro.org.br

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