GAZETA DO POVO
 
Ao som de rock e com contato liberado, os choques são 
frequentes na modalidade mais violenta dos Jogos
Londres - Cabelo moicano pintado de azul, tatuagem no braço 
e cara de mau. Ao olhar para David Anthony na Paralimpíada, dá para imaginar que 
ele está em um esporte “barra pesada”. E está mesmo. O britânico é um dos 
atletas do rúgbi em cadeira de rodas, a modalidade mais violenta dos Jogos.
A disputa – criada na década de 1970 no Canadá – é popularmente conhecida 
como “murderball” (“bola assassina”), o que dá ideia das características das 
partidas. No jogo, o objetivo é levar a bola à área de gol adversário. Para 
atacar e defender, o choque entre as cadeiras de rodas é totalmente liberado, ao 
melhor estilo carrinho bate-bate dos parques de diversão. 
Uma equipe de manutenção sempre fica a postos à beira da quadra para 
consertar possíveis danos nos equipamentos. Ontem, por exemplo, na vitória do 
Japão sobre a Grã-Bretanha, os assistentes tiveram que entrar três vezes na área 
do jogo para trocar as rodas de cadeiras de jogadores do time asiático. 
“O esporte é de contato total. A cadeira absorve um pouco o impacto, mas você 
ainda sente. Se um atleta acha que a partida é muito dura, melhor não jogar”, 
diz o capitão britânico Steve Brown. “Eu não penso em nada. Só entro em quadra e 
dou tudo de mim lá”, emenda o moicano Anthony.
O rúgbi foi uma das modalidades cujos ingressos foram esgotados rapidamente 
antes da Paralimpíada. Na arena onde as partidas são realizadas, no Parque 
Olímpico, o público é convidado a entrar no clima das disputas acirradas. O que 
predomina no sistema de som é o rock pesado. A única música pop é de Michael 
Jackson: “Bad” (Mau). Poderia ser outra?
Nem tudo é só impacto no esporte. O jogo exige muita habilidade, afinal é 
preciso usar a cadeira para desviar dos oponentes. Além disso, a velocidade é 
outra característica. As equipes têm apenas 12 segundos para passar, pelo menos, 
do meio da quadra. Ao todo, a jogada pode durar, no máximo, 40 segundos. Não há 
tempo para enrolação.
O Brasil não teve um time em 2012. No entanto, na Rio-2016, como país sede, a 
vaga está garantida. Oportunidade para homens e mulheres, já que, por incrível 
que pareça, a modalidade é mista. A britânica Kylie Grimes é uma das duas únicas 
mulheres em Londres. “Eu sempre digo para eles: podem bater [com a cadeira] o 
mais forte que puderem. Eu aguento”, responde ela, ao melhor “estilo rúgbi de 
ser”. 
*O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro