segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Meu príncipe não veio num cavalo branco, mas numa cadeira de rodas" A história de Juliana e Stefan é a prova de que o amor supera tudo



Na real (Foto: Raquel Espírito Santo)

olhar da foto acima diz muito, mas não diz tudo sobre a história da empresáriaJuliana Françozo, uma bambambã da decoração de festas infantis, e do engenheiro mecatrônico Stefan Janzen. Ele ficou paraplégico num acidente, em 2001. Os dois se conheceram um ano depois – foi ela que insistiu para namorar. Stefan apostou que Ju desistiria ao deparar com sua rotina de deficiente. Mas ela enxergou o homem, e não a deficiência. “Meu príncipe não chegou em cavalo branco, mas numa cadeira de rodas”


Bati o olho no Stefan pela primeira vez em meados de 2002. Ele passou por mim de cadeira de rodas. Estávamos na igreja que ele frequentava e eu visitava pela primeira vez. Falei para a minha mãe, em tom de piada: “Poderia namorar esse cara...”. Só tornaria a vê-lo no ano seguinte, quando voltei à igreja depois de um período conturbado. Estava me curando de uma dengue e havia perdido dez quilos... Apesar do desânimo que sentia, observei de longe uma cena que me tocou: o Stefan tirou o próprio casaco e ofereceu a um morador de rua que apareceu na igreja com frio. Passados alguns dias, quando chegou o aniversário dele de 21 anos, uma amiga em comum me ligou pedindo que eu telefonasse para levantar seu astral – Stefan estava chateado por passar mais um ano na cadeira de rodas [o acidente de moto que o deixou paraplégico foi em abril de 2001, e ele ainda não havia se conformado.

Na real (Foto: Arquivo pessoal)
Conversamos muito, e falei para ele me ligar quando quisesse. E não é que Stefan ligou de novo no mesmo dia? Começaram aí longos bate-papos diários com hora marcada.Eu não entendia bem o que ele queria comigo... Conversávamos como amigos, mas óbvio que eu esperava algo mais. Até que finalmente marcamos um cinema.Lembro que, na hora de me arrumar, cogitei escolher um sapato baixo, mas pensei: “Se estivesse saindo com outro cara, eu deixaria de usar meu salto? Não!”. Então me vesti, me perfumei e fui. Entrei no carro [Stefan dirige um veículo adaptado], e bateu um arrependimento: “O que eu estou fazendo aqui?”.

Mas ele logo quebrou o gelo, colocou um CD e falou qualquer coisa que me deixou à vontade. Fiquei bem atenta a seus movimentos, curiosa para entender quanto ele se movimentava, quão independente era. Stefan não move do peito para baixo e só precisou de ajuda para retirar a cadeira do carro. Assistimos ao filme de mãos dadas, bem namoradinhos. Um pouco antes dos créditos, ele me deu um beijo no rosto... que virou um beijo de verdade! Combinamos de nos ver de novo. Nunca esqueço que, quando estava a caminho desse segundo encontro, fui abordada na rua. Levei um susto. Um rapaz que não conhecia me olhou fundo nos olhos e disse: “Deus manda dizer que está chegando sua vez, que tudo está perto de acontecer!”. Achei o cara apenas doido, mas ele estava certo. Fico arrepiada ao me lembrar disso. Bem, saí desse date completamente apaixonada, mas Stefan me jogou um balde de água fria logo depois, ao telefone: avisou com todas as letras que não queria nada sério. Mas não passava um só dia sem ligar. Precisei dar uma intimada: “E aí, vamos namorar? Do contrário, pode me esquecer!”. Como ele reagiu? Aparecendo em casa com lírios laranjas para me pedir em namoro.

Na real (Foto: Arquivo pessoal)

Veio então a fase de conhecer as famílias, trocar alianças de compromisso... E, como era de se esperar, apareceram as primeiras dificuldades. Ouvi coisas bem absurdas por causa da deficiência dele! Tinha gente que dizia que eu nunca seria feliz, que teria de cuidar dele para sempre. Uma pessoa chegou a perguntar à minha mãe como eu, “uma mulher vivida”, poderia ficar sem sexo. Como assim? Aquilo me machucava e me indignava na mesma medida. Naigreja que frequentávamos, boa parte dos “amigos” do Stefan se afastou. Alguns abusavam de seu jeito gentil, e comigo por perto ficava mais difícil se aproveitarem dele. Quando completamos quatro meses de namoro, a família dele viajou para a Alemanha, para o casamento de sua irmã. Ele preferiu ficar. E foi aí que vivi com Stefan todas as limitações de sua deficiência. Como ele acreditava num milagre, a casa não havia sido adaptada, e eu tinha de ajudá-lo a entrar e sair do banho, a coletar a sonda... Mas nunca pensei algo do tipo “onde foi que me enfiei?”. Ao contrário: nesse momento tive certeza de que queria viver com ele. Amava aquele homem com todo o pacote que ele me oferecia. Simplesmente não conseguia isolar sua condição física de todo o resto. Era o Stefan inteiro, por acaso com uma limitação.

Ficamos noivos e, naquele mesmo ano, Stefan se formou engenheiro mecatrônico. Ele, que estava na faculdade na época do acidente, fez provas em casa no início da reabilitação para não perder o ano letivo. Só impus uma condição para nos casarmos: queria que a casa fosse adaptada. Acredito, sim, numa possível recuperação, mas, enquanto ela não chega, defendo que o Stefan tenha qualidade de vida. Foram dez meses de preparação e uma enxurrada de gente se metendo na nossa vida, palpitando maldosamente. Cheguei a desconvidar uma pessoa para o casamento por ela dizer na minha cara que “casar com cadeirante era acabar com o próprio futuro”.

Na real (Foto: Arquivo pessoal)

Esse tipo de coisa, por mais que me desgastasse, só me dava ainda mais certeza do meu amor e da minha vontade de fazer dar certo. E deu: em 2005, numa festa para 300 pessoas, confirmamos nosso amor com um sonoro “sim”. Estamos há nove anos juntos. Minha rotina é bem corrida com a Happy Happenings, empresa de festas infantis que criei em 2006. Me esforço muito, como toda mulher, para sempre achar um tempinho só para nós dois. Nos entendemos pelo olhar, sabemos quando falar e quando calar. Só um amor maduro traz isso. E como amadureci! Hoje, valorizo o simples fato de tomar banho sozinhaou vestir uma meia... Aprendi a me colocar no lugar dele. Na reforma da casa, por exemplo, sentei na cadeira de rodas e percorri o ambiente para saber onde era preciso mexer. Nossa rotina é quase como a dos outros casais. Não dá para irmos a qualquer restaurante, cinema, hotel... Quando vamos sair, precisamos ligar, confirmar se o local pode nos receber com dignidade. Tem muito estabelecimento que acha que um banheiro com barras basta para ser considerado adaptado... E o que era para ser um programa bacana, leve, se torna um horror! É cada vez menos frequente, já que aprendi a deixar a vida do Stefan mais confortável. Por exemplo, carrego material de higiene e roupa extra para ele no carro, porque às vezes há imprevistos – por causa da paralisia, ele não controla as necessidades fisiológicas. Acidentes acontecem. 

Também não podemos fazer de tudo juntos. Dançar abraçados de pé é impossível. Mas e daí? Adaptamos a nossa dança. Ele fica na cadeira e me vira com as mãos, eu sento no seu colo e o giro também. É mais uma bagunça que uma dança propriamente dita, mas eu adoro. No sexo, também tivemos de... ser criativos. Não temos a mesma mobilidade de um casal comum, então aprendemos quais posições nos favorecem e recorremos a remédios que nos ajudam a ter uma vida sexual saudável. O Stefan lesionou as vértebras T7 e T8 e, apesar de ter perdido os movimentos do peito para baixo, isso não significa que ele não tenha nenhum tipo de sensibilidade. Como a ereção natural dura pouco tempo, usamos uma injeção no pênis. É ele que aplica porque sabe direitinho a área onde sangra menos. É um sangramento pequeno, nada que interfira no sexo. Temos de uma a três horas de estímulo. E é sempre bom, a despeito dessas “dificuldades técnicas”. O prazer dele também está em me ver, então é como se eu tivesse orgasmo por mim e por ele. Como não há ejaculação, não poderemos ter filhos pelas vias normais – quando decidirmos que é hora de aumentar a família, faremos inseminação artificial. Mas é engraçado, as pessoas se surpreendem quando digo que não me falta sexo! Muito pelo contrário, eu é que fujo das investidas dele, na maioria das vezes. Ou seja: enfrentamos percalços, mas nunca nos vitimizamos. Quem não tem nossos problemas tem outros. A única coisa que nos tira do sério é preconceito. As pessoas apontam, comentam quando nos veem de mãos dadas. Não entendem que o que sentimos é simplesmente amor, querem nos rotular. Quando eu era criança, me disseram que o príncipe encantado viria num cavalo branco, e não numa cadeira de rodas. Mas isso não me impediu de encontrá--lo, amá-lo e ser feliz para sempre a seu lado.

Com a palavra... Stefan Janzen
Em abril de 2001, derrapei numa poça de óleo numa curva da Rodovia Anchieta, em São Paulo, meu corpo se prendeu na moto e acabei parando só quando a minha cabeça bateu no concreto. Fiquei paraplégico. Nunca, porém, me passou pela cabeça que poderia morrer e sempre acreditei que voltaria a andar. Ainda acredito, aliás. Comecei a ir à igreja que minha mãe frequentava e entrei para o grupo de louvor (toco saxofone e guitarra). Foi lá que conheci a Juliana. No início, claro, fiquei inseguro, mas sabia que quem se aproximasse de mim naquelas circunstâncias estaria com o coração puro. Óbvio que passou pela minha cabeça que ela desistiria assim que conhecesse meus altos e baixos emocionais, deparasse com meu descontrole fisiológico. Mas tenho a sorte de ter uma esposa que não mede esforços para me ajudar e aliviar as coisas para mim. Tivemos momentos inesquecíveis, brigamos um pelo outro, nos unimos e amadurecemos. Seria mais fácil desistir. Só que sabemos que a vitória só vem com a luta.

“Stefan perdeu os movimentos do peito para baixo, mas tem sensibilidade! Quase sempre sou eu que fujo de suas investidas sexuais”.

Assembleia preta homenagem aos atletas de power soccer de Curitiba


A homenagem foi proposta pelo deputado Rasca Rodrigues, do PV, em comemoração à conquista do vice-campeonato pela equipe curitibana Quatro por Quatro.//  
Ouça: 
 
Clique aqui para fazer o download do boletim 

A Assembleia Legislativa recebeu os atletas da Associação de Power Soccer de Curitiba para homenageá-los com a entrega de menções honrosas pela conquista do vice-campeonato brasileiro da modalidade.//
O power soccer é uma modalidade paradesportiva, praticado por cadeirantes que usam cadeiras motorizadas.//
Para o atleta Lucas de Aguiar a homenagem tem grande importância para todos os envolvidos com a atividade.
SONORA LUCAS

Alex GarciaUma das Pessoas Surdocegas e Pessoa com Doença Rara mais conhecidas do mundo


Alex Garcia. Uma das Pessoas Surdocegas e Pessoa com Doença Rara mais conhecidas do mundo. Graduado e Especialista em Educação Especial pela UFSM/RS. Alex Garcia é o primeiro Surdocego brasileiro que cursou uma Universidade. É pioneiro no Brasil ao desenvolver a primeira pesquisa em campo para localização de Surdocegos que abrangeu o Estado do Rio Grande do Sul e teve como principais apoiadores a Federação Sueca de Surdocegos e a Federação Mundial de Surdocegos. É considerado o "Pai" da Surdocegueira no Estado do Rio Grande do Sul. Desde 2004, de forma voluntária, pela primeira vez no Brasil, estruturou trabalho de atendimento domiciliar com as famílias de Surdocegos para informações e orientações educacionais, encaminhamentos médicos e sociais, preparação de profissionais para atuação com Surdocegos em seus locais de origem, adaptando locais e programas especiais em escolas de ensino regular ou especial. Alex Garcia é escritor, sendo a 1ª Pessoa Surdocega à escrever um livro sobre Educação na América Latina. Sua obra "Surdocegueira: empírica e científica" foi editada em 2008. Em 2010 editou a obra infantil "A Grande Revolução". Jamais abdicando de sua soberania, Alex Garcia é Registrado na Biblioteca Nacional como Editor Pessoa Física - Prefixo Editorial 908690. Em 2009 vence o Prêmio Sentidos, concurso nacional, tendo sua história de superação sido eleita a maior do ano no Brasil. É Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga-RS e Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência - Professional Program on International Leadership, Employment, and Disability - formado pela Mobility International USA - MIUSA, sendo a 1ª Pessoa Surdocega a ser aluno desta organização americana em 27 anos de história. Alex Garcia foi a primeira Pessoa Surdocega, no Brasil e América Latina, a ministrar curso de formação de professores com total soberania, este aconteceu em Cuiabá / MT. Também foi a primeira Pessoa Surdocega, no Brasil e América Latina, a ministrar curso de formação de professores com total soberania onde teve como alunos duas pessoas com deficiência - uma jovem educadora cega e um jovem educador surdo - este curso aconteceu em Niterói / RJ. É Fundador - Presidente da Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes - Agapasm e Coordenador do Núcleo Regional Rio Grande do Sul do Instituto Baresi - Doenças Raras. É Membro da World Federation of Deafblind - WFDB, colunista da Revista REAÇÃO e do Portal Planeta Educação. É consultor da Rede Educativa Mundial - REDEM e do Instituto Inclusão Brasil. (Texto informado pelo autor)

Construtora terá de pagar indenização por não contratar pessoas com deficiência


Notícia completa:

A Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10) manteve decisão que condenou a Construtora RV a pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais por não ter cumprido a legislação sobre a contratação de pessoas portadoras de deficiência.

Seguindo voto do relator, desembargador Douglas Alencar (foto), a Terceira Turma condenou a empresa comprovar até 12 de agosto deste ano que atingiu o percentual previsto no artigo 93 da Lei 8.213/91, com base em seu quadro de pessoal efetivo, desconsiderando-se os postos de trabalho que, por suas particularidades, não possam ser ocupados deficientes físicos ou reabilitados. Em caso de descumprimento, a construtora pagará multa diária de R$ 2 mil por vaga reservada não preenchida.

De acordo com o magistrado, a empresa não cumpriu a citada legislação mesmo depois que a Coordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência do Distrito Federal, atendendo solicitação da própria construtora, encaminhou a ela vinte currículos de pessoas com deficiência à procura de emprego, alguns deles com experiência profissional como pedreiro ou carpinteiro. Além do pedido à coordenadoria, a empresa publicou dois anúncios em jornal na tentativa de contratar pessoas com deficiência, sem sucesso.

“A existência de trabalhadores com necessidades especiais e com experiência profissional nas funções requeridas nos anúncios publicados em jornal (pedreiro e carpinteiro) enfraquece a tese recursal de que o segmento de atuação empresarial da ré dificulta o cumprimento da regra escrita no artigo 93 da Lei 8.213/91.

Além disso, não há como justificar o fato de não possuir a ré nenhum trabalhador deficiente ou reabilitado em setores administrativos”, apontou o desembargador Douglas Alencar.

Prazo - Segundo o magistrado, a construtora aderiu a um “Pacto Coletivo para Inclusão de Pessoas com Deficiência” em agosto de 2010, comprometendo-se a atingir a cota prevista na legislação no prazo de três anos.

“Em razão das especificidades e dificuldades que decorrem do labor demandado no segmento empresarial em que atua a ré, entendo cabível uma modulação da condenação ao cumprimento da obrigação de contratar trabalhadores deficientes ou reabilitados.

Desse modo, entendo deva ser fixado prazo razoável para o atingimento do percentual previsto no artigo 93 da Lei 8.213/91, que ora estabeleço em 12/8/2013, lapso temporal idêntico ao previsto no Pacto Coletivo para Inclusão de Pessoas com Deficiência”, sustentou o relator.

O desembargador Douglas Alencar apontou que, devido às particularidades do setor de construção civil, é razoável desconsiderar os postos de trabalho que não podem ser ocupados por esses trabalhadores especiais (como, por exemplo, as funções que demandem carregamento de peso) da base do número de empregados da ré na apuração das vagas a serem preenchidos por deficientes.

Em relação à indenização de R$ 100 mil por danos morais, imposta pelo juiz Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim, em exercício na 4ª Vara do Trabalho de Brasília, a Terceira Turma do TRT10 acompanhou o voto do relator, que manteve o valor.

“Considerando a condição econômica da ré e o caráter corretivo e pedagógico da medida aplicada - como meio de inibir a reincidência da conduta ilegal -, entendo razoável o valor fixado na origem”, fundamentou o desembargador Douglas Alencar.

( RO 01991.2011.004.10.00.0 )

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho 10ª Região Brasília, 24.04.2013

Pessoas com deficiência ganham as passarelas da moda



Jornal Inclusão Brasil

Salão iluminado, telões acesos e público ansioso pelo início do desfile. Nos bastidores, Carina Queiroz se prepara para mostrar sua desenvoltura na passarela. Este poderia ser um dia de trabalho comum para uma modelo, mas é apenas o início de uma história de superação. A protagonista, de 33 anos, desde os 18 utiliza uma cadeira de rodas para se locomover. Um acidente de carro, em 1998, a deixou paraplégica, mas não interrompeu seus sonhos pessoais e profissionais.

Carina se formou em enfermagem e, atualmente, trabalha como gerente em uma instituição financeira de Salvador. Esta é a profissão que a "sustenta", mas a relação com os flashes permanece desde 2008, quando conheceu o trabalho da fotógrafa paulista Kica de Castro. A ideia inicial era fazer apenas um book mas, após uma viagem para São Paulo, Carina foi convidada para participar do casting de modelos da agência de Kica.

Algum tempo depois do início da parceria, a enfermeira-modelo realizou seu primeiro trabalho: um desfile em uma feira de reabilitação de deficientes físicos na cidade de Goiânia, em Goiás. "Por ter sido uma coisa nova, foi o mais marcante de todos", relembra ela. A partir daí, participou de um desfile em João Pessoa, na Paraíba, e de campanhas em São Paulo, entre elas a mostra "Vidas em Cenas", que expôs em uma estação de metrô 15 imagens sobre o dia a dia de pessoas com deficiência.

Com curadoria de Antônia Yamashita, a exposição - que após o metrô esteve em cartaz no Memorial da América Latina e na XII Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade - foi organizada a partir de uma linha do tempo, da infância até a terceira idade. As fotos mostravam pessoas com deficiência realizando atividades de lazer, trabalho, namoro e esporte, entre outras. Carina estava devidamente representada em uma das imagens, que retratava a cerimônia de seu casamento.

A ideia de registrar o momento partiu da própria modelo. "Kica veio para Salvador como convidada e fotógrafa do meu casamento. O que eu gosto deste trabalho é que ela tem uma visão diferente, não são aquelas fotos básicas com pessoas com deficiência. No meu caso, a cadeira é um complemento e não chama mais atenção do que eu", explica Carina.

Foto técnica x artística - "Se uma modelo dita 'normal' fica fazendo caras e bocas em uma cadeira, então por que esta cadeira não pode ser a de rodas?". O questionamento parte da própria Kica de Castro, que é publicitária de formação mas sempre teve grande paixão pela fotografia, área em que se profissionalizou há 13 anos. Em 2002, ela aproveitou uma oportunidade de trabalho em um centro de reabilitação para deficientes físicos e passou a exercer a função de chefe do setor de fotografia.

Apesar de estar na área que escolheu como profissão, Kica ainda não se sentia realizada, já que as fotos dos pacientes eram muito técnicas. "Não era agradável para mim nem para eles, porque as imagens eram feitas em roupas íntimas e algumas em nu. Eles ficavam constrangidos e eu não me sentia fotógrafa, porque tinha de me restringir às quatro posições globais: frente, costas e os dois lados. Os pacientes se comparavam a presidiários", explica Kica.

Foi então que, após uma conversa com uma psicóloga do centro, a fotógrafa resolveu mudar a forma de atuação e tratar os pacientes de "igual para igual". No dia seguinte, foi à Rua 25 de Março - o maior centro comercial de rua do país - e comprou bijuterias, enfeites, espelhos, pentes, gel para cabelo, algumas revistas de moda e outras voltadas para o público adulto.

Com o material disponível no estúdio improvisado, Kica passou a "quebrar o gelo" com os pacientes. "Quando eles chegavam ao setor, eu dizia que era um teste para um editorial de moda e mostrava as revistas. As pessoas passaram a ser mais receptivas, me procuravam para fazer books e indicavam os conhecidos", revela.

Casa acessível é segura para crianças, idosos e deficientes; veja


  • uol

  • No projeto de Robson Gonzales, a bancada com vão livre de 0,73 m permite o encaixe da cadeira de rodas
    No projeto de Robson Gonzales, a bancada com vão livre de 0,73 m permite o encaixe da cadeira de rodas
Como ter uma casa que acolha com segurança e acessibilidade tanto às crianças, aos idosos e aos deficientes? A solução de um espaço acessível está no projeto que, ao ser idealizado por um arquiteto ou um designer de interiores, deve considerar as diversas etapas da vida de um ser humano e os variados tipos de usuários, sejam eles moradores ou visitantes, seja um bebê ou um idoso, sejam portadores de deficiência, com mobilidade reduzida ou não.
Todos têm direito a espaços adaptados e seguros. Segundo define a norma técnica 9050, da ABNT, a acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento para o uso com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.  
 
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Veja ambientes adaptados para idosos, deficientes e crianças19 fotos

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A mesa redonda é o elemento chave da sala de jantar, idealizada pela arquiteta Daniela Afrodite Velloza e as designers Virginia Costa Velloza e Elizabeth de Souza Barros. Além de não possuir quinas, o móvel favorece a circulação e deixa um vão livre de 0,75 m, de acordo com as normas técnicas, propiciando o uso adequado tanto a um cadeirante quanto de uma pessoa da terceira idade. O buffet tem 0,70 m de altura e porta de correr, permitindo uma boa aproximação Martin Szmick/Divulgação
 
A NT 9050 se baseianos conceitos do Desenho Universal, que estabelece parâmetros para o design e a arquitetura, de modo a garantir autonomia e segurança a mais pessoas. 
 
Adotado inicialmente pelos EUA, nos anos 1980, o Desenho Universal surgiu para atender as necessidades não só de cadeirantes, mas de todos aqueles que apresentam necessidades especiais como os deficientes visuais e intelectuais, assim como os idosos e os que usam muletas ou andador.
 
O Desenho Universal, expressão usada pela primeira vez pelo arquiteto americano Ron Mace, também considera os usuários com deficiência temporária e a diversidade humana e suas características antropométricas e sensoriais.
 
  • Divulgação
    Na área do box, as barras dão maior segurança ao morador
"Quando se executa um projeto com base no Desenho Universal, levamos em conta que o ser humano evolui ao longo da vida e suas necessidades e características mudam conforme a faixa etária", explica a arquiteta Daniela Velloza.
 
Espaços democráticos
Para que o espaço seja acessível e de uso abrangente, seu dimensionamento deve estar correto. Veja algumas funções que o projeto de arquitetura deve cumprir, segundo os conceitos do Desenho Universal:
 
- Permitir o acesso e uso confortáveis para os usuários, sentados ou em pé; 
- Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé; 
- Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e contato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e pegada; 
- Permitir a utilização dos espaços por pessoas com órteses, como cadeira de rodas, muletas, entre outras, de acordo com suas necessidades para atividades cotidianas. 
 
Projeto adequado
No projeto de arquitetura, vários itens de acessibilidade podem ser contemplados. Confira abaixo dicas dos profissionais Daniela Velloza, Robson Gonzales e da arquiteta do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito:
 
Arquitetura inclusiva
- 0,90 m é a largura mínima de corredores e portas de passagem
- 0,80 m é a largura mínima do vão de outras portas
- 0,80 x 1,20 m é o maior módulo referência pois comporta um cadeirante
- 1,50 x 1,20 m é a área necessária para a rotação de 180 graus de uma cadeira de rodas 
- Entre 0,60 m e 1,00 m do piso é a altura média de interruptores e comandos
- 0,50 cm é o desnível máximo permitido
- 0,60 m é a altura máxima para os peitoris de janelas
 
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Acessibilidade: projetos pensados para a terceira idade17 fotos

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Projeção feita pelo escritório de arquitetura Aflalo e Gasperini para o Vila Dignidade desenvolvido pela Secretaria da Habitação e Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). O projeto consiste em vilas de até 24 casas adequadas à moradia de idosos Leia mais Aflalo e Gasperini/ Divulgação
 
Decoração inclusiva
- Prefira mesas em geral sem quinas retas e que não sejam de materiais cortantes, evitando acidentes
- 0,73 m é a altura média de mesas de cozinha e/ou jantar
- Escolha sempre estofados e colchões firmes que facilitam a pessoa a se levantar
- 0,46 m é a altura média de camas e estofados
- Evite armários altos
- Use gabinetes com rodízio
- O fogão tipo cooktop permite cozinhar sentado
 
Banheiro para cadeirantes
- Para a instalação do vaso sanitário, consideram-se as áreas de transferência lateral, perpendicular e diagonal
- Instale as barras de apoio na lateral e no fundo do vaso sanitário que devem ter no mínimo 0,80 m de comprimento mínimo e a 0,75 m do piso acabado
- 1,5 cm é o desnível máximo permitido entre o piso do boxe e do restante do banheiro
- Aplique piso antiderrapante em todo o banheiro 
- Os módulos com rodízios embaixo da pia em vez de marcenaria facilitam a retirada, aumentando a  circulação de uma cadeira de rodas
 
Segurança
A arquiteta do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito, elenca alguns dispositivos e soluções que evitam ou alertam para possíveis acidentes:
 
Para crianças
- Use grade/telas nas janelas
- Instale corrimão com duas alturas para o alcance dos adultos e das crianças
- Não coloque mobiliário perto de janelas para evitar o efeito "escadinha"
- Utilize tapa-tomadas como as cantoneiras plásticas para as quinas de móveis
- Opte por corrediças com amortecedor para as gavetas
- Os armários e gavetas que guardem medicamentos, materiais de limpeza e os talheres devem ser fechados à chave 
 
Para idosos
- Coloque luminária de emergência e luz de balizamento nas áreas de circulação
- Instale sensor de presença nas luminárias em áreas de circulação noturna
- Os abajures devem ser acionados por interruptor
- Use os Interruptores com led
- O topo de degraus ou desníveis devem ter cor contrastante com o piso
- Coloque piso antiderrapante e eliminar o uso de tapetes
- Prefira o mobiliário robusto, pesado e sem quinas retas

Projetor cria ambientes virtuais para crianças com deficiência Simulação propicia interações pouco acessíveis no mundo "real"


Afundar os pés na areia ou tocar folhas e insetos em um jardim são ações aparentemente simples e cotidianas. No entanto, pessoas com limitações motoras podem passar a vida inteira sem ter experiências. “Crianças com paralisia cerebral, por exemplo, costumam ficar muito tempo em casa, ociosas, principalmente as que têm limitações mais severas. A tecnologia é muito importante para elas, pois pode mudar sua relação com o mundo e as pessoas”, observa a terapeuta ocupacional israelense Yael Press, criadora de um sistema de realidade virtual que simula ambientes onde crianças com deficiência podem fazer atividades pouco acessíveis para elas. 

“O cérebro percebe esses estímulos como “reais” e os processa, exercitando as habilidades cognitivas”, explica Yael, que adaptou um tipo de projetor desenvolvido por pesquisadores israelenses, para a abertura dos jogos olímpicos na Grécia em 2004, que permite refletir imagens do mundo físico em qualquer superfície – e interagir com elas. Por exemplo, é possível tocar conchas na imagem de uma praia ou borboletas na de um campo. Ela adaptou a tecnologia testando-a em mais de 100 pacientes entre seis e 30 anos da instituição Aleh, em Israel, que abriga jovens e crianças com deficiência. De acordo com Yael, cada vez mais pesquisadores estão enxergando o potencial terapêutico da “interação cérebro-máquina”. “Por serem de manipulação fácil e intuitiva – basta um arrastar de dedos para acessar novas informações e explorar imagens – os tablets estão ajudando crianças com dificuldades motoras e de fala a se expressarem melhor. A tendência é que cada vez mais terapeutas as usem para se comunicar melhor com seus pacientes”, diz.

Leia mais:

Paralisia cerebral e qualidade de vida
Inaugurado no Rio o maior centro de neuroreabilitação da América do Sul
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/criancas_com_deficiencia_experimentam_novas_sensacoes_em_ambientes_virtuais.html