terça-feira, 4 de setembro de 2012

Quem serão analfabetos do século 21?


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É Bi na bocha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mãe de brasileiro que venceu Pistorius fala da dificuldade de conseguir próteses no SUS

A mãe do para-atleta brasileiro Alan Fonteles afirma que conseguir próteses pelo SUS (Sistema Único de Saúde) foi uma das maiores dificuldades enfrentadas durante a infância do campeão paraolímpico dos 200 m.

Folha SP

"A primeira prótese que ele teve, aos nove meses, nós tivemos que comprar. As outras, conseguimos pelo SUS", disse Cláudia Fonteles.
"Era muito difícil. Tem dias que não gosto nem de me lembrar. Mas Alan sempre me diz: 'Mãe, o passado é o passado, o importante é agora. Tanto eu ensinei para ele quanto aprendi.'"
Fonteles, que no último domingo venceu o favorito Oscar Pistorius e levou o ouro nos 200 m rasos, correu até os 13 anos de idade com as próteses de madeira que usava para caminhar.


Julian Stratenschulte - 2.set.12/Efe
O brasileiro Alan Fonteles (à esq.) ultrapassa o sul-africano Oscar Pistorius nos metros finais dos 200 m
O brasileiro Alan Fonteles (à esq.) ultrapassa o sul-africano Oscar Pistorius nos metros finais dos 200 m
O atleta paraense, de 20 anos, começou a correr aos 8 anos em um projeto de iniciação esportiva ligado ao governo do Pará.
Sua primeira treinadora, Suzete Montalvão, disse que ficou "assustada" e "preocupada" ao ouvir da mãe de Alan o pedido para que treinasse o menino. "Aquilo era novo para mim. Nunca tinha treinado um atleta paraolímpico."
Montalvão, que acompanhou Alan até o fim do ano passado, quando ele se juntou à equipe permanente paraolímpica, diz que foi preciso adaptar os movimentos do atleta às próteses de madeira. Por causa da falta de flexibilidade dos membros, ele tinha que correr com as pernas mais abertas.
"É muito difícil, imagine correr com uma perna de pau. Mas trabalhávamos com o que tínhamos, isso não podia ser um fator de desestímulo para ele. Eu tinha que mostrar que ele podia fazer o melhor para ele com essa condição", disse.
"Muitas vezes ele sangrava na hora do treinamento, mas ele sempre dizia para continuarmos. Me doía o coração, mas era da condição dele mesmo. O atleta olímpico também trabalha em cima da dor."


Stefan Wermuth/Reuters
O brasileiro Alan Fonteles (à dir.) posa com a medalha de ouro ao lado do sul-africano Oscar Pistorius, prata
O brasileiro Alan Fonteles (à dir.) posa com a medalha de ouro ao lado do sul-africano Oscar Pistorius, prata
*'PREOCUPAÇÃO DE MÃE'
A dona de casa Cláudia Fonteles, de 39 anos, foi quem pediu a Suzete Montalvão que treinasse Alan para ser um atleta. No entanto, ela disse que foi convencida a deixá-lo correr.
"Os meninos próximos a ele, amigos e vizinhos, já corriam e ele começou a insistir que queria ir para o atletismo, mas eu não queria deixar. Era preocupação de mãe", disse ela à BBC Brasil.
"Mas o vizinho veio falar comigo e disse que seria bom para ele. Aí nós fomos na escolinha de educação física e ele começou."
Nascido em Marabá, Alan Fonteles teve uma septicemia - infecção geral no organismo - causada por uma infecção intestinal, aos 21 dias de vida. Por causa disso, ele teve as duas pernas amputadas acima do joelho ainda bebê.
Além da fisioterapia diária até os três anos de idade, para aprender a andar, ele também praticou natação durante a infância, por recomendação médica.
"Ele é um menino que não reclama, que 'fica na dele'. Não se queixava de dificuldades", disse a mãe.
"Sempre acreditei nele, nunca tive medo de ele cair ou se machucar."
Segundo Suzete Montalvão, o apoio familiar foi determinante na trajetória do medalhista olímpico. "Um dos maiores problemas que temos para treinar crianças com deficiências é que as famílias não acreditam que eles conseguem fazer as atividades", disse.
"A família do Alan foi diferente. A mãe dele é uma guerreira, o levava para os treinos e sempre o acompanhou."
VONTADE
Fonteles tornou-se um dos nomes mais conhecidos dos Jogos Paraolímpicos de Londres, após uma arrancada na final dos 200m e as críticas do atleta sul-africano, que disse que suas próteses eram "altas demais".
Nesta segunda-feira, Oscar Pistorius pediu desculpas por ter feito os comentários sobre as próteses de Fonteles no final da corrida, mas manteve o questionamento.
O Comitê Paraolímpico, no entanto, voltou a afirmar que o equipamento do brasileiro está dentro dos padrões dos Jogos e que ele é, de fato, o campeão da prova.
"Ele (Oscar Pistorius) quer questionar, é do direito dele, mas o Alan está dentro dos padrões e das regras. Alan cresceu, não é mais o menino de Pequim. Ele é um homem. Por isso as próteses dele têm que acompanhar o crescimento, biomecanicamente. Se os ossos do corpo cresceram, os ossos da perna também tem que ser maiores", afirmou Suzete Montalvão.
"Alan ganhou do Pistorius na raça, na vontade, por causa da técnica dele e do treinamento."
O paraense havia conquistado uma medalha de prata no revezamento 4x100m nas Paraolimpíadas de Pequim 2008, a prata nos 200m e o bronze nos 100m nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara 2011 e o bronze nos 100m no Mundial de Christchurch, em 2011.
"Ele sempre falava que o sonho dele era ir nas Olimpíadas e que ele iria. Desde pequeno", afirmou Cláudia Fonteles.
A disputa da final dos 200m rasos foi assistida pela família de Alan Fonteles em casa, na companhia de amigos, colegas e vizinhos.
"É uma emoção muito grande, não consigo nem explicar", disse a mãe do para-atleta, com a voz embargada, ao telefone.
Depois de conquistar a medalha, Alan falou com a família. "Falei para ele que eu amava muito ele e ele agradeceu por tudo que a gente já passou. Foi isso. Não tem muito mais o que dizer."
Já Suzete Montalvão preferiu assitir a prova decisiva em sua própria casa, "quietinha".
"Na sexta-feira à noite eu conversei muito com ele, fizemos uma retrospectiva da vida dele, das dificuldades pelas quais passamos aqui em Belém. Disse que ele sabia onde queria chegar, agora era só mostrar que veio para ficar."

Estreante ‘bate na trave’ no salto em altura

Com a perna amputada aos 15 anos, paranaense é quinto colocado uma década depois, em sua primeira competição internacional
 
Gazeta do Povo



Londres - O paranaense Flávio Reitz relutou, mas quando se rendeu ao salto em altura paralímpico mostrou ser o melhor do país na classe F42. Nessa segunda-feira (3), ele participou da final da modalidade e terminou em quinto lugar nos Jogos de Londres, nesta que foi a estreia dele em competições internacionais.
Kerim Okten/ EFE / Flávio Reitz melhorou sua marca, mas ficou fora do pódio“Eu treino na modalidade há apenas um ano e meio. Esta foi minha primeira Paralimpíada, foi a minha primeira convocação para a seleção, minha primeira viagem para fora do país”, enumera o atleta de 25 anos. “Nunca fiquei tão ansioso na minha vida como no dia da final. Não dormi, não almocei direito. Nervosismo de quem está nos Jogos e quase não acredita”, complementa.
Olho na medalha
A halterofilista Márcia Menezes, de Londrina, disputa hoje sua prova na Paralimpíada de Londres e terá de se acostumar com um ambiente diferente. Assim como quase todas as sedes olímpicas, o ginásio da modalidade na Arena Excel tem ficado lotado durante os dias de competição, o que não é usual nas disputas do esporte. “No último Parapan, em Guadalajara [México], tinha pouco público. É algo surpreendente, estou encantada. Nunca vi tanta gente para nos ver competir”, conta. Serão os primeiros Jogos da atleta de 44 anos, que disputa a categoria até 82,5 kg. Com paralisia na perna direita, Márcia já buscou, sem sucesso, a vaga paralímpica na natação e no arremesso de peso. Foi no halterofilismo, que começou a praticar há quatro anos, que alcançou o objetivo. “Eu tenho recorde brasileiro, estou em terceira no ranking mundial e minha meta aqui é brigar por pódio”, diz.
Natural de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, Reitz teve de amputar a perna esquerda por causa de um tumor no fêmur (maior osso do corpo humano), descoberto aos 15 anos de idade. Na cidade natal, ele praticou handebol em cadeira de rodas, antes de se mudar para Itajaí (SC), onde iniciou, de fato, o contato com o atletismo.
No entanto, ele “teimou” em não ir para o salto em altura. Apesar de mostrar facilidade em pular pequenos muros e cadeiras somente com a perna direita, ele começou no arremesso de peso e no lançamento de dardo. “Minha técnica [Luci de Barros] me incentivou a praticar essa prova diferente para amputados. Ela viu [o esporte] em um vídeo e ficou me provocando, me instigando a praticar os saltos. Eu fiquei meio relutante, mas, com o tempo, ela me dobrou”, relembra.
E a aposta foi certeira. Com pouco tempo de prática, Reitz tornou-se o destaque do país em uma das modalidades mais complicadas disputada pelos paratletas no atletismo. Com uma perna, eles precisam coordenar a corrida, a impulsão e o posicionamento do corpo para superar o obstáculo. “Salto em altura é complicado. Já com as duas pernas, é difícil tecnicamente. Como uma perna só, é muito mais, mas estou aí dando a cara para bater”, diz o atual recordista brasileiro.
A melhor marca pessoal de Reitz era de junho deste ano: 1,65 m. Em Londres, ele melhorou e alcançou o salto de 1,68 m. Valeu, segundo ele, a experiência para poder brigar pelo alto do pódio no Rio, em 2016. “Vim para aprender com o ambiente, a estrutura, as pessoas. Saio daqui acreditando que é possível [ser o melhor do mundo]. Meus adversários são fortes, mas com mais treino acho que posso superá-los. Vou tentar ganhar em casa daqui a quatro anos”, projeta Reitz que, agora, terá um ciclo paralímpico completo antes dos Jogos no Brasil.
O ouro da prova foi para as Ilhas Fiji (Illiesa Delana). Girisha Nagarajegowda (Índia) e Lukasz Mamczarz (Polônia) completaram o pódio. Todos pularam 1,74 m.
* O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro