domingo, 27 de janeiro de 2013

Alguns Paralisados Cerebrais Vencedores.

Muito embora a sociedade manifeste desconhecimento ou preconceito em relação ao paralisado cerebral, existem vários exemplos de pessoas que se destacam com maestria em suas áreas de atuação. São vencedores, sobreviventes da realidade excludente a que são submetidos, desde o nascimento, uns mais outros menos, dependendo da gravidade do quadro. 


Ricardo Tadeu Marques da Fonseca. 
Um exemplo clássico é o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que nasceu no sexto mês de gestação e o excesso de oxigenação no cérebro e problemas no parto ocasionaram deficiência visual e paralisia cerebral. Ele é um exemplo de paralisia cerebral leve. Hoje, aos 48 anos, é cego, com PC e um dos mais brilhantes defensores dos direitos das pessoas com deficiência. A paralisia cerebral afetou seus membros superiores e inferiores, mas realizou fisioterapia e várias cirurgias na infância e adolescência, ficando com poucas seqüelas. 


Antonio Carlos Viviane. 


Um exemplo de pessoa com paralisia cerebral não tão leve é Antonio Carlos Viviani, o Carlinhos, escritor e poeta. Com 31 anos, tem deficiência física nos membros superiores e inferiores. Quando escreve, expressa nas letras seu lado romântico e terno com amplo alcance. Quando fala é pouco entendido, pois a PC lhe deixou sérias seqüelas que prejudicam a comunicação oral. Mesmo assim, sente-se diferente apenas porque utiliza cadeira de rodas para se locomover. Cadeira, aliás, que empurra com o próprio pé de ré, para que ninguém a empurre, pois gosta de enfatizar que é independente. 

Para ele, as maiores dificuldades que enfrenta no dia-a-dia são a comunicação, o preconceito e a falta de informação de algumas pessoas. "Dependendo do caso, algumas coisas não consigo fazer, como tirar a barba, porém me alimento sozinho e faço quase tudo", destaca. 

No fundo, Carlinhos alimenta o sonho de um dia ser tratado como qualquer um. "Afinal, a gente é igual", afirma. Carlinhos destaca, ainda, que no caso dele, a PC não lhe afetou a mente. "O mais importante é a força de vontade. É preciso ter força de vontade para colocar o dom para fora. Eu escrevo porque gosto! As pessoas começaram a elogiar e saiu o livro. Para vender é difícil, mas eu gosto de escrever", observa. 

Suely Harumi Satow.


Sueli Harumi Satow. 

Outro exemplo é a comunicadora e filósofa Suely Harumi Satow, 54 anos, com 
mestrado e doutorado em Psicologia Social, pela PUC de São Paulo. Apesar da titulação, ela destaca que, em geral, os atendentes de lojas e médicos a tratam como se tivesse deficiência intelectual. 

Ela atribui seu desenvolvimento ao apoio da família. Seus pais a incentivavam sempre, mesmo nas situações mais difíceis. "Na escola também havia um outro extremo, na classe me consideravam a aluna exemplar por causa das seqüelas, mas na hora do lanche eu ficava com as excluídas (a mais gorda, a mais feia, etc.). Estas circunstâncias levaram-me a um desequilíbrio psíquico muito forte, que quase me colocaram em um hospício", afirma. 

Suely gostaria que a sociedade a tratasse como as outras pessoas, vendo-a como ser humano, apesar das diferenças, e não como um ser incapaz com necessidade de tutela. "A sociedade deveria rever sua hipocrisia, fingindo que não é preconceituosa, e olhar profundamente para ela mesma, os indivíduos que a compõem, e se conhecer melhor. Talvez, agindo assim, as diferenças diminuiriam gradativamente", observa. 



Felipe Sales. 

Também o pequeno Felipe, de quatro anos, é um garoto com PC, mas isso não é sequer imaginado por quem o vê serelepe pelos corredores da Divisão de Medicina de Reabilitação do HC (DMR), onde faz reabilitação e conquista a todos com seu sorriso maroto. Sua mãe, Maria Paula Sales, psicóloga, conta que sua gravidez foi sem intercorrências, calma e normal. O filho apresenta pequena dificuldade motora em membros inferiores e braço esquerdo. 

"Ele tem uma rotina normal, como qualquer outra criança, brinca, vai à escola, adora cantar e dançar, enfim, é uma criança muito alegre", destaca a mãe. Com a reabilitação, ela espera que as seqüelas, que não são acentuadas, sejam ainda mais amenizadas e que ele consiga cada vez com mais facilidade realizar as atividades de vida diária. "Espero que ele se realize como pessoa e que a pequena deficiência que ele apresenta não o impeça de fazer o que ele gostar e quiser", afirma. 

Maria Isabel da Silva - Jornalista DMR HC FMUSP. Editora do Jornal da AME. 

http://www.bengalalegal.com/paralisia.php



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