quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Adolescente não consegue fazer tratamento por falta de ônibus do transporte especial

Serviço é prestado de forma irregular, o que a impede de ir às sessões de fisioterapia e consultas

Sabrina Souza
sabrina.souza@jcruzeiro.com.br 

programa de estágio 

Em recuperação após ficar em coma por conta de uma queda durante um passeio a cavalo, em dezembro de 2012, a jovem sorocabana Valquíria Leilaine da Silva, de 17 anos, não consegue realizar o tratamento indicado pelos médicos por falta de transporte adequado. De acordo com relatos da mãe, Silvana Pereira da Silva, mesmo com o cadastro no Serviço de Transporte Especial de Sorocaba, que só foi possível há cerca de um mês, o serviço vem acontecendo de forma irregular, o que impede a adolescente de ir às sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e às consultas com o psicólogo. 

A preocupação, conta Silvana, aumenta cada vez mais, pois o tempo estabelecido pelos médicos para a recuperação está se esgotando. "Eles falaram que o que não melhorar depois de dois anos ficará como sequela", afirma. Valquíria, que teve traumatismo craniano e chegou a ficar tetraplégica, hoje já recuperou a maior parte dos movimentos, mas ainda fala e anda com dificuldade. "Estamos numa corrida contra o tempo", desabafa a mãe. 

Valquíria depende do transporte especial em, pelo menos, três dias da semana. Porém o único dia em que o micro-ônibus da Prefeitura estaria buscando a jovem na casa e levando-a ao seu destino é no sábado. "Eles alegam que nesse dia a demanda é menor", destaca Silvana. Na segunda-feira retrasada, lembra, a filha chegou a ir e voltar da sessão de fonoaudiologia com o transporte especial, o que não ocorreu mais. "Eles disseram para mudar o horário do atendimento, nós fomos lá e mudamos, mas mesmo assim não adiantou porque o ônibus não passa conforme o combinado", reclama. 

Um episódio, no entanto, revoltou Silvana na manhã da última segunda-feira. Segundo cita, Valquíria teria se arrumado para ir à fonoaudióloga, mas meia hora antes de o veículo passar, um telefonema informou a mãe de que não seria possível ir até o local. "Ela ficou esperando dar o horário mas não pôde ir. Já é difícil conseguir pagar as terapias dela, mas sem transporte fica ainda mais complicado", reclama. 

Déficit 

Reportagem publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul no mês passado mostrava que, em toda a cidade, 89 pessoas aguardavam a abertura de novas vagas para a utilização do Serviço de Transporte Especial, que é voltado ao atendimento de indivíduos com deficiência motora e impossibilitadas de usar os coletivos convencionais. 

Na época, a Urbes informou que o déficit seria minimizado ainda este ano, com a inclusão de dois novos micro-ônibus para melhorar e ampliar o atendimento aos munícipes. Atualmente, a frota conta com 18 veículos e atente 673 usuários e 328 acompanhantes. Sobre a situação de Valquíria, a empresa pública alegou que o atendimento não está sendo realizado nos dias úteis devido à "alta demanda pelo transporte no horário solicitado", o que depende da ampliação do serviço, previsto para novembro. 

Acidente 

A adolescente esteve em Montes Claros, em Minas Gerais, no dia 22 de dezembro de 2012 para conhecer a família de seu namorado. O casal retornaria a Sorocaba no dia 5 de janeiro, mas durante um passeio a cavalo ela sofreu uma queda, que a deixou em coma no hospital Irmandade Nossa Senhora das Mercês, em Montes Claros. A ocorrência foi no dia 29 de dezembro, data em que seus pais foram acionados. 

A jovem ficou 42 dias no hospital: 14 dias internada na UTI, 12 dias no semi-intensivo e o restante do tempo no quarto, até a alta do médico. Valquíria teve traumatismo craniano encefálico e precisou de cuidados especiais durante sua recuperação. Na época em que o acidente aconteceu, familiares e amigos do Jardim São Guilherme - onde Valquíria mora - se mobilizaram para ajudar nos custos do tratamento e manutenção, como compra de fraldas, cadeira de rodas, cama hospitalar e cadeira para banho. (Supervisão: Daniela Jacinto)



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