terça-feira, 29 de janeiro de 2013

OS DESAFIOS DO TERAPEUTA OCUPACIONAL


Se você assistiu à novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, deve ter visto as profissionais que estão sempre ao lado da personagem Luciana, interpretada pela atriz Alinne Moraes. Tetraplégica após um acidente de trânsito, ela precisou ter seus movimentos estimulados por pessoas pacientes, atenciosas e precisas. Essas especialistas são terapeutas ocupacionais.

A Terapia Ocupacional, conhecida no meio técnico como TO, é uma profissão de nível superior e com formação e regulamentação próprias, mas muita gente ainda não sabe como funciona esse trabalho. A profissão começou a ser conhecida como é atualmente, a partir 1915.

Foi nessa época que o norte-americano William Dunton publicou o livro “Occupational Therapy: manual for nurses” (Terapia Ocupacional: manual para enfermeiras) e criou a primeira escola na área, em Chicago (EUA). Ele foi impulsionado pela necessidade de tratar os soldados que voltaram feridos da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, o primeiro curso surgiu na Universidade de São Paulo (USP), no fim da década de 1950. A profissão, no entanto, só foi regulamentada em 1969.

Preocupados em melhorar o dia a dia de seus pacientes, os terapeutas possibilitam meios para que os clientes realizem as atividades elementares para suas vidas de maneira autônoma. Por isso, em geral, atendem pessoas que passaram a lidar com dificuldades físicas, emocionais e mentais bruscamente, devido a acidentes, ou que já nasceram com limitações. O tratamento é baseado, no geral, em três pilares: a busca do autoconhecimento desse indivíduo, a aceitação dele e a adaptação à realidade vivida.

 

"Minha Casa Minha Rua"


A terapeuta ocupacional Renata Queiroz trabalha há quatro anos na Associação Minha Casa Minha Rua, ONG da área social que mantém um centro de convivência para a população adulta que vive embaixo do viaduto do Glicério, em São Paulo. O local, chamado de casa pelos participantes, funciona somente durante o dia e oferece, devido a um convênio com a prefeitura, alimentação e banho para 200 pessoas por dia.

Renata explica que o objetivo da ONG não é oferecer serviços básicos, e sim “reconhecer as pessoas em situação de rua como sujeitos de direito, construir trabalhos socioeducativos para eles e estimular a motivação para que reconheçam que são capazes de produzir mudanças em suas vidas.”

A Associação tem vários grupos, dos quais quem se associa pode participar. E Renata explica que são os próprios moradores de rua que fazem o trabalho acontecer. “Eles são estimulados a participar do atendimento que é oferecido na casa, onde tudo é feito em esquema de mutirão. Essa é uma forma de estimular quem participa a se sentir útil e produtivo.”A terapeuta ocupacional revela que muitas dessas pessoas conseguem recuperar a autoestima, podendo, então, cuidar de si mesmas e ajudar nas atividades da casa. Algumas obtém empregos, saem das ruas e retomam suas vidas, mantendo ainda os laços com a instituição, que se tornou referência para a população de rua.

A ex-moradora de rua Lúcia (nome fictício) frequentou o grupo de artesanato por cerca de dois anos. Ela tem uma certa dificuldade no raciocínio e aprendizado, mas sob a supervisão de profissionais como Renata, aprendeu a fazer bijuterias e começou a vendê-las. Depois de um tempo, voltou para a casa da mãe, em São Vicente, no litoral paulista. Hoje, vende colares em uma barraca na praia e ainda faz visitas regulares aos amigos da associação.

Igor (nome fictício) também frequentou o local durante muito tempo e conseguiu se recuperar. Como a maioria dos moradores de rua, era alcoolatra. Atualmente, ele trabalha na casa como técnico de manutenção, saiu das ruas e está completamente saudável.


http://www.portalvital.com/sua-vida/terapeuta-ocupacional/os-desafios-do-terapeuta-ocupacional

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