domingo, 27 de julho de 2014

Menino com paralisia cerebral ganha colete para andar em escola no RS

Sabrina criou macacão para ajudar Lucas, de 5 anos, a se locomover (Foto: Escola Vivendo a Infância/Divulgação)Sabrina criou colete para ajudar Lucas a se
locomover (Foto: Vivendo a Infância/Divulgação)
Há pouco mais de um ano, a auxiliar de inclusão Sabrina Machado Minhos, 36 anos, tornou-se quase uma extensão do pequeno Lucas Natã da Silva, cinco anos. Pelo menos por algumas horas ao dia. O menino de Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, tem paralisia cerebral, lesão que limita seus movimentos. Graças a um colete confeccionado por ela com uso de tecido e argolas, que sustentam o peso do corpo, ele agora pode se locomover e dividir o pátio da escola com os colegas.
“Ele sempre teve um desejo imenso de participar das atividades, de estar junto com todos. É um menino muito sociável, apesar de tudo. Sempre disse que tinha vontade de arrancar as minhas próprias pernas para ele andar”, disse Sabrina ao G1.
Funcionária da Escola Municipal de Educação Infantil Vivendo a Infância, a mulher, que também é costureira, foi efetivada por meio de um contrato emergencial para atuar como monitora e acompanhar de perto o cotidiano do garoto durante a permanência no colégio. Devido às dificuldades motoras, ele tem pouco equilíbrio e dificuldade para se manter de pé. No entanto, a ajuda dela não se restringiu apenas a fazer companhia e empurrar a cadeira de rodas.
Usando suas habilidades com agulha e tecido, Sabrina resolveu testar-se e fazer um experimento. Durante as férias de verão, colocou a idéia em prática. As tentativas, inicialmente frustradas, resultaram no colete confeccionado com jeans e uma armação feita com garrafas de detergente e argolas. Fixado a alças como a de uma mochila, o menino, de 15 quilos, se mantém preso ao corpo dela, sem riscos.
“Quando coloquei o colete nele, foi uma festa. A gente levou ele até a praça, ele se embalava como as outras crianças. A felicidade dele era incrível. Esse sentimento de igualdade é a maior emoção”, conta Sabrina. Na hora do intervalo, Lucas já sabe que é hora de vestir o acessório para brincar: Além de arriscar uns chutes na bola de futebol, o balanço e o escorregador da pracinha são os passatempos favoritos do menino.
“É possível ver no olho dele a alegria de poder brincar como os outros. Ele tem a deficiência dele, sim, mas é uma criança para cima, que cativa a qualquer um. Quero que ele lembre da professora que ajudou ele a brincar com os colegas”, emociona-se.
Com o colete, menino fica preso com segurança (Foto: Escola Vivendo a Infância/Divulgação)Com o colete, menino fica preso com segurança
(Foto: Escola Vivendo a Infância/Divulgação)
A auxiliar, inclusive, já se comprometeu a confeccionar outro colete para ajudar mais uma criança. “Uma professora de São Leopoldo [também na Região Metropolitana de Porto Alegre] me procurou, disse que tem um sobrinho com as mesmas limitações do Lucas. Vou ver se faço um colete para ele também, até semana que vem. Fico feliz de poder ajudar de alguma forma”, orgulha-se de sua invenção. O material utilizado na confecção do acessório foi custeado pela própria escola.
Atualmente com 158 alunos, a escola Vivendo a Infância recebe ano após ano a matrícula de crianças com necessidades especiais. Para atendê-las da melhor maneira possível, a Prefeitura de Esteio realiza a contratação de auxiliares de inclusão. A função desses profissionais é acompanhar os alunos na higiene, locomoção e alimentação, além de dar apoio pedagógico em sala de aula para os professores. No total, 47 auxiliares de inclusão já atuam na rede de ensino do município, segundo a prefeitura.
G1

Nenhum comentário: