segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Após ficar tetraplégico, veterinário cria blog para fiscalizar acessibilidade em Campo Grande



Folha.com

O paraibano Frederico Rio, 32, é médico veterinário e mestre em produção e gestão da agroindústria. Trabalhava cuidando de animais de grande porte, porém, em 2008, teve sua trajetória interrompida por um acidente de moto. Ficou tetraplégico e teve de abandonar a clínica.
Fred, como é chamado pelos amigos, gostava bastante de sair e curtir a cidade de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, onde mora, mas o acidente o deixou em casa por dois anos. "A partir do momento em que existe dificuldade desde a porta de casa até chegar ao lugar em que deseja ir, você acaba desanimando, pedindo para alguém fazer o favor", relembra.
Inconformado com a falta de informação e consciência das pessoas sobre as dificuldades de acessibilidade, em 2010, Fred resolveu montar um blog para fiscalizar, informar, denunciar e conscientizar a população.
A intenção do veterinário foi direcionar o conteúdo publicado no "Acessibilidade na Prática" para, principalmente, pessoas sem deficiência. "Aos poucos, dentro do seu objetivo, o blog foi sendo conhecido e tendo um papel importante, principalmente para Campo Grande", conta.
Com o crescimento do blog, Fred resolveu ampliar a fiscalização e chamou amigos de diferentes áreas para reforçar o time de colaboradores. Atualmente, o "Acessibilidade na Prática" conta com a ajuda de arquiteto, terapeuta ocupacional, publicitário, veterinários e advogados, entre outros.
Para Maria Alice Furrer, fisioterapeuta e colaboradora do blog, o melhor resultado de escrever é ver pessoas que não têm deficiência tomando consciência da causa depois de ler algum post. "O blog me dá mais sensibilidade porque junto o que sei da teoria e da prática com os pacientes com o que eles vão enfrentar lá fora", diz.
Diego Rios é outro colaborador. Advogado e especialista em direito tributário, vê o sistema jurídico brasileiro, principalmente o que diz respeito à acessibilidade, bastante complexo. "Porque existem normas federais, estaduais e municipais. Várias hierarquias que disciplinam a acessibilidade", considera. "Precisamos impregnar a acessibilidade na cultura da sociedade", completa.
"A nossa legislação é muito boa, mas falta conseguir tirar do papel e pôr na prática. Somos cidadãos de papel", afirma a advogada Tânia Regina.
Para ela, falta a consciência da sociedade sobre os seus deveres, não basta apenas o poder público executar a fiscalização. "Não é somente a pessoa com deficiência a responsável por se incluir na sociedade. A sociedade é responsável por eliminar as barreiras que obstruem a pessoa com deficiência", considera.
O fundador do projeto conta que, desde que o conteúdo começou a ir para o ar, já recebeu muitos relatos de leitores que pouco sabiam sobre acessibilidade e hoje tomaram consciência da causa após ler o blog. "Cultura não se muda da noite para o dia, essa mudança estrutural também depende da nossa cultura, da dos políticos e demais profissionais", considera Rios. "Devagarinho a gente chega lá, mas ainda falta bastante."
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