sábado, 8 de setembro de 2012

Bad boys fazem a fama da “bola assassina”

Eddie Keogh/ Reuters / Cara de mau: britânico David Anthony incorpora o estilo do rúgbi em cadeira de rodas



GAZETA DO POVO
 
Ao som de rock e com contato liberado, os choques são frequentes na modalidade mais violenta dos Jogos



Londres - Cabelo moicano pintado de azul, tatuagem no braço e cara de mau. Ao olhar para David Anthony na Paralimpíada, dá para imaginar que ele está em um esporte “barra pesada”. E está mesmo. O britânico é um dos atletas do rúgbi em cadeira de rodas, a modalidade mais violenta dos Jogos.

A disputa – criada na década de 1970 no Canadá – é popularmente conhecida como “murderball” (“bola assassina”), o que dá ideia das características das partidas. No jogo, o objetivo é levar a bola à área de gol adversário. Para atacar e defender, o choque entre as cadeiras de rodas é totalmente liberado, ao melhor estilo carrinho bate-bate dos parques de diversão.


Uma equipe de manutenção sempre fica a postos à beira da quadra para consertar possíveis danos nos equipamentos. Ontem, por exemplo, na vitória do Japão sobre a Grã-Bretanha, os assistentes tiveram que entrar três vezes na área do jogo para trocar as rodas de cadeiras de jogadores do time asiático.

“O esporte é de contato total. A cadeira absorve um pouco o impacto, mas você ainda sente. Se um atleta acha que a partida é muito dura, melhor não jogar”, diz o capitão britânico Steve Brown. “Eu não penso em nada. Só entro em quadra e dou tudo de mim lá”, emenda o moicano Anthony.

O rúgbi foi uma das modalidades cujos ingressos foram esgotados rapidamente antes da Paralimpíada. Na arena onde as partidas são realizadas, no Parque Olímpico, o público é convidado a entrar no clima das disputas acirradas. O que predomina no sistema de som é o rock pesado. A única música pop é de Michael Jackson: “Bad” (Mau). Poderia ser outra?

Nem tudo é só impacto no esporte. O jogo exige muita habilidade, afinal é preciso usar a cadeira para desviar dos oponentes. Além disso, a velocidade é outra característica. As equipes têm apenas 12 segundos para passar, pelo menos, do meio da quadra. Ao todo, a jogada pode durar, no máximo, 40 segundos. Não há tempo para enrolação.

O Brasil não teve um time em 2012. No entanto, na Rio-2016, como país sede, a vaga está garantida. Oportunidade para homens e mulheres, já que, por incrível que pareça, a modalidade é mista. A britânica Kylie Grimes é uma das duas únicas mulheres em Londres. “Eu sempre digo para eles: podem bater [com a cadeira] o mais forte que puderem. Eu aguento”, responde ela, ao melhor “estilo rúgbi de ser”.

*O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

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