quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Intocáveis


intocáveisEsse final de semana fui assistir ao filme “Intocáveis”. Apesar de ter ouvido falar muito bem do filme, não coloquei muita fé. Tenho um pé atrás com filme francês. Achei que seria legal, mas nada de mais. Porém, me enganei. Saí do cinema encantada com a história. O filme é sobre a amizade entre um tetraplégico milionário e seu ajudante, chamado Driss, personagem pelo qual fiquei apaixonada. A deficiência passa longe do tema central, é apenas um pano de fundo para a amizade e cumplicidade dos dois personagens. Em um momento da história perguntam ao milionário porque escolheu alguém tão fora dos padrões, sem qualificação e provavelmente nenhuma compaixão. A resposta dele é simples: “É isso mesmo. É exatamente o que quero, nenhuma compaixão. Ele sempre me passa o telefone. Sabe por quê? Ele esquece”. Achei a resposta fantástica, e fiquei pensando nos “Driss” que conheço.
Tenho um amigo que não se cansa de me chamar pra correr na Lagoa ou subir a Pedra da Gávea. Há quem diga que é distração ou até insensibilidade. Eu diria que é pelo simples fato de que a minha lesão/ deficiência/ limitação não tem nenhum impacto sobre ele, e por isso o poder ou não fazer algo acaba sendo subjetivo, pois ele simplesmente esquece que existe uma limitação.  O que dá um certo alívio e acaba sendo engraçado muitas vezes. Claro que as pessoas são diferentes, e nem acho que todos tem que ser assim, cada um tem seu jeito. Mas quando se é deficiente e encontra alguém assim, te faz questionar muita coisa, pelo menos acontece comigo. Fico pensando o quanto da limitação tá em mim. O poder ou não fazer algo é muito relativo, e provavelmente é diretamente proporcional ao desejo de se concretizar algo. Ok, não acho que vá subir a pedra da Gávea, mas sei que se fosse algo que realmente quisesse veria as possibilidades e correria atrás. É importante se abrir, a vida é curta e tem tanta coisa bacana pra  se viver! Muitas vezes me pego fechada no meu mundico, zona de conforto, e esqueço quanta coisa ainda posso fazer e querer. É bom, se não fundamental, ter pessoas que abram a nossa cabeça, ampliem nossos horizontes. Né, não?
Sei que infelizmente nem todo mundo é do mesmo jeito. Muitos já tiveram seus “Driss”, mas por estarem tão fechados no seu mundinho, não conseguem se abrir pro novo. Uma pena.  Acho que a beleza do filme tá nessa amizade que só foi possível porque os dois estavam abertos para o diferente. Enfim, chega de filosofia de botequim, mas acho que é um filme que qualquer um pode se identificar, deficiente ou não. Basta estar aberto para o mundo. Quem puder corre pro cinema, vale muito a pena!

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